Guerra de Independencia da Irlanda

Este é um artigo bom. Clique aqui para mais informações.
Origem: Wikipedia, a enciclopedia livre.
Guerra de Independencia da Irlanda

Um memorial a Guerra da Independencia da Irlanda em Dublin .
Data 21 de janeiro de 1919 ? 11 de julho de 1921
(2 anos, 5 meses, 2 semanas e 6 dias)
Local Irlanda
Desfecho Cessar-fogo ; Tratado Anglo-Irlandes
Mudancas territoriais Particao da Irlanda , criacao do Estado Livre Irlandes e eclosao da guerra civil
Beligerantes
República da Irlanda Republica Irlandesa Reino Unido Reino Unido
Comandantes
Lideres militares :
Michael Collins
Richard Mulcahy
Cathal Brugha
Comandantes locais do IRA

Lideres politicos :
Eamon de Valera
Arthur Griffith
Lideres militares :
Frederick Shaw
Nevil Macready
Henry Hugh Tudor

Lideres politicos :
David Lloyd George
John French
Hamar Greenwood
Forcas
Exercito Republicano Irlandes : c. 15 000 Exercito Britanico :
c. 20 000
Royal Irish Constabulary :
9 700
Black and Tans :
7 000
Auxiliares :
1 400
Policia de Ulster:
4 000
Baixas
491 combatentes mortos [ 1 ] 523 mortos do RIC e policiais de Ulster [ 1 ]
413 soldados britanicos mortos [ 1 ]
900 civis mortos [ 1 ]
Total : 2 300 mortos (ambos os lados)

A Guerra de Independencia da Irlanda (em irlandes : Cogadh na Saoirse ), [ 2 ] ou Guerra Anglo-Irlandesa , foi um conflito armado assimetrico travado de 1919 a 1921 entre o Exercito Republicano Irlandes (as forcas da auto-proclamada Republica da Irlanda ) e o Exercito Britanico . Esta guerra foi o resultado de um desenrolar de eventos apos anos de tensao. Em dezembro de 1918, houve eleicoes gerais na Irlanda e o partido republicano Sinn Fein levou a grande maioria dos votos. Em 21 de janeiro de 1919, foi formado o primeiro governo de ruptura (na Dail Eireann ) e e declarada a independencia da Irlanda do Reino Unido . No mesmo dia, dois membros da policia real irlandesa (a Royal Irish Constabulary , ou RIC) foram mortos no condado de Tipperary. Este incidente e considerado o primeiro confronto armado da guerra. Durante boa parte de 1919, as atividades do IRA focaram em roubar armas e libertar prisioneiros republicanos. Em setembro o governo ingles em Londres baniu e declarou ilegal a Dail (o parlamento separatista) e o Sinn Fein , intensificando o conflito. Os rebeldes do IRA comecaram entao a emboscar policiais da RIC e militares britanicos nas ruas, alem de atacar seus quarteis, acuando-os. O Reino Unido decidiu enviar mais tropas, especialmente as milicias conhecidas como Black and Tans e a divisao auxiliar ? que ficaram conhecidos pelos problemas de comportamento e por brutalizar a populacao civil. O conflito foi marcado por agressoes mutuas, violencia e represalias contra civis irlandeses. [ 3 ]

Um dos eventos mais notorios foi o infame " Domingo Sangrento ", onde cerca de quatorze membros da inteligencia britanica foram mortos em Dublin em uma acao coordenada pelo IRA. A RIC e um grupo de soldados britanicos, em retaliacao, abriram fogo contra civis que assistiam a um jogo de futebol, matando quatorze inocentes e ferindo outros 65. Uma semana mais tarde, dezessete membros da divisao auxiliar inglesa foram mortos pelos militantes republicanos em Kilmichael, no condado de Cork . O governo britanico respondeu impondo a lei marcial em boa parte do sul da Irlanda . Apesar da luta ter se travado principalmente por guerrilhas e confrontos de baixa e media intensidade, grandes batalhas tradicionais chegaram a ser travadas. A cidade de Cork , por exemplo, foi destruida por soldados britanicos em dezembro de 1920. Nos meses seguintes mais embates violentos continuaram, matando mais de mil pessoas e terminando na prisao de pelo menos 4 500 republicanos irlandeses. A luta se concentrou principalmente na regiao sul, na area de Munster (particularmente no condado de Cork), em Dublin e em Belfast , no norte. Nestes locais foram registrados ate 75% das fatalidades desta guerra. A violencia na regiao de Ulster e, especialmente na area de Belfast, tomou um carater mais sectario e religioso, com catolicos e protestantes se digladiando em sangrentos confrontos. [ 4 ]

Depois de dois anos de conflito, foi acertado um cessar-fogo (ou "tregua") em 11 de julho de 1921. Em maio, a Irlanda foi oficialmente dividida em duas , respeitando uma lei previamente aprovada no parlamento britanico, que garantiu que os seis condados da Irlanda do Norte permanecessem parte do Reino Unido . As conversas entre ambos os lados terminou na assinatura do Tratado Anglo-Irlandes em 6 de dezembro de 1921. O acordo finalmente encerrou o governo britanico de boa parte da Irlanda e depois de dez meses acertou a transicao democratica para a independencia do pais, criando o chamado Estado Livre Irlandes que, embora continuasse como um Dominio , ainda ligado a Comunidade Britanica de Nacoes ( Commonwealth ), era na pratica uma nacao emancipada. Contudo, o norte seguiu como um territorio subordinado ao Reino Unido. Apos o cessar-fogo, a violencia sectaria entre os republicanos (em sua maioria catolicos) e os lealistas de Ulster (em sua maioria protestantes) continuou no norte da Irlanda. O Estado Livre deu ao menos 62 868 medalhas para veteranos por servicos na guerra de independencia. Mais de duas mil pessoas foram mortas diretamente nos combates. [ 5 ]

Em junho de 1922, desentendimentos dentro do movimento republicano a respeito do tratado anglo-irlandes levaram o pais a mergulhar em uma violenta guerra civil , que terminou como uma vitoria para o Estado Livre Irlandes e a confirmacao da independencia da nacao nos termos do tratado. A republica, que os mais extremistas membros do IRA exigiam com veemencia, so seria oficialmente proclamada em 18 de abril de 1949, desligando assim o pais completamente de seus lacos politicos com a coroa britanica . [ 6 ]

Origens [ editar | editar codigo-fonte ]

Ver artigo principal: Historia da Irlanda

Comeco da crise [ editar | editar codigo-fonte ]

Desde a decada de 1880 , nacionalistas irlandeses passaram a exigir direito de autogoverno ( Home Rule ) da Gra-Bretanha . [ 7 ] A Irlanda foi invadida pelos normandos no seculo XII e depois o Reino da Inglaterra fez outras tentativas de exercer total autoridade sobre a ilha nos seculos seguintes, mas a conquista militar completa so veio no seculo XVII. Mesmo assim, por quase setecentos anos, o pais nunca esteve completamente pacificado. [ 8 ]

Apos periodos de turbulencia politica e de algumas rebelioes, o direito ao autogoverno foi concedido parcialmente pelas autoridades britanicas em 1912, levando a uma prolongada crise dentro do Reino Unido quando o Partido Unionista do Ulster formou uma organizacao armada para resistir ao crescente movimento em favor da chamada " devolucao ", ao menos dentro do territorio que eles podiam controlar. Em contrapartida, os nacionalistas formaram seu proprio grupo paramilitar, os " Voluntarios Irlandeses " ( Oglaigh na hEireann ). [ 9 ]

Em 18 de setembro de 1914, o parlamento ingles passou o Third Home Rule Act como uma emenda ao projeto de Particao da Irlanda , introduzido pelos unionistas, mas esta lei foi atrasada devido a eclosao da Primeira Guerra Mundial . A maioria dos nacionalistas seguiram as ordens do Partido Parlamentar Irlandes de apoiar o Reino Unido e os Aliados no esforco de guerra. Contudo, os membros da milicia Voluntarios Irlandeses se dividiram e alguns viram nisso uma oportunidade para iniciar uma revolta contra a metropole inglesa. [ 9 ]

Revolta da Pascoa [ editar | editar codigo-fonte ]

Ver artigo principal: Revolta da Pascoa
A rua Sackville, em Dublin, apos os combates na revolta de Pascoa (1916).

Enquanto boa parte das forcas armadas britanicas estava ocupada lutando na Primeira Guerra Mundial , os nacionalistas irlandeses iniciaram uma nova rebeliao, que viria a ser conhecida como a Revolta da Pascoa de 1916, lideradas pelos chamados Voluntarios . Esta insurreicao se tornou uma das maiores na historia do pais e um marco na luta pela independencia. O levante, onde mais de quatrocentas pessoas morreram, se concentrou quase que exclusivamente na area de Dublin , a capital, e perdurou por uma semana ate que os ingleses sufocaram a revolta, prendendo varios envolvidos e executando seus lideres. A dura repressao fez aumentar a popularidade dos separatistas, que passaram a se representar pelo partido Sinn Fein . Os republicanos deste partido exploraram o sentimento de raiva da populacao ja que o esforco de guerra para apoiar o Reino Unido no fronte de batalha comecou a exigir muito do povo irlandes. Alem disso, o ressentimento era alto devido ao excesso de violencia que as forcas britanicas usaram para encerrar a rebeliao e tambem das subsequentes represalias que vieram na forma de diversas prisoes e na morte de algumas personalidades conhecidas do pais, como Francis Sheehy-Skeffington , um popular escritor. Apos a revolta, o governo ingles impos a lei marcial no pais. [ 9 ]

Em abril de 1918, o Reino Unido passava por problemas devido a Ofensiva da Primavera alema lancada perto do fim da Primeira Guerra Mundial , o que forcou o governo ingles a iniciar a conscricao em massa na Irlanda. Isso alienou ainda mais o eleitorado irlandes, o que levou a uma serie de manifestacoes e protestos ao fim de 1918. Em dezembro do mesmo ano, houve eleicoes gerais no pais e os republicanos separatistas da Sinn Fein se sairam muito bem. [ 10 ]

Para os republicanos da Irlanda, a guerra de independencia do pais comecou de fato durante a Revolta da Pascoa de 1916, quando os rebeldes proclamaram o nascimento da Republica Irlandesa . Os republicanos argumentam que o conflito travado entre 1919 e 21 (e a subsequente guerra civil de 1922) foram apenas lutas para garantir a sobrevivencia da nova republica. De fato, acoes contra soldados britanicos e representacoes do governo ingles na ilha continuaram apos a derrota da revolta, ainda que em nivel baixo entre 1916 e 1918. [ 11 ] Em resposta a escalada da violencia, a Inglaterra aumentou sua presenca militar no pais. [ 12 ]

A primeira Dail [ editar | editar codigo-fonte ]

Resultados das eleicoes gerais na Irlanda em 1918.

Nas eleicoes de 1918, os eleitores irlandeses mostraram nas urnas seu descontentamento com a administracao britanica da sua ilha. O Sinn Fein ganhou ao menos 70% (73 dos 105) dos assentos que o pais tinha direito no parlamento. O partido vencedor, contudo, decidiu nao tomar seu assento de direito no Parlamento Britanico em Westminster , preferindo se reunir no Parlamento Irlandes em Dublin. Este congresso ficou conhecido como First Dail (a Primeira Dail ) e seus ministerios foram chamados de Aireacht , e consistiam apenas de membros da Sinn Fein . Reunidos pela primeira vez em 21 de janeiro de 1919, na Mansion House, a Dail reafirmou a declaracao de 1916 e a reforcaram com uma declaracao formal de independencia . Eles ainda mandaram uma "mensagem para as nacoes livres do mundo" onde confirmaram que havia um "estado de guerra entre a Republica Irlandesa e a Inglaterra". Os milicianos dos "Voluntarios Irlandeses" se reorganizaram e formaram o chamado Irish Republican Army (ou IRA). Seus combatentes entao receberam autoridade de realizar ataques contra alvos ingleses em toda a ilha. [ 13 ]

A guerra [ editar | editar codigo-fonte ]

Comeco das hostilidades [ editar | editar codigo-fonte ]

No comeco de 1919 nao estava claro se a Dail (o parlamento) pretendia conquistar a independencia do pais pela via armada e a guerra nao estava no manifesto que a Sinn Fein fez pedindo a secessao do pais do Imperio Britanico , porem um incidente que aconteceria em 21 de janeiro de 1919, no primeiro dia em que a primeira Dail se reuniu, mudaria tudo. [ 14 ] Diversos membros do IRA, agindo de forma independente, atacaram a tiros dois oficiais da Royal Irish Constabulary (RIC), em Soloheadbeg , no condado de Tipperary. [ 15 ] [ 16 ] Dan Breen, um dos agressores, mais tarde recordou:

...tomamos a acao deliberadamente, pensando sobre o assunto e conversamos entre nos. Sean Treacy havia dito que a unica forma de comecar uma guerra era matando alguem e nos queriamos comecar esta guerra, entao nos planejamos matar alguns policiais da Royal Irish Constabulary , que sao um braco importante dos ingleses no pais. Nosso unico arrependimento era que havia apenas dois policiais la, em vez dos seis que esperavamos. [ 17 ]

O atentado contra o RIC , que foi uma acao unilateral, marcou o inicio da guerra de independencia. [ 18 ] [ 19 ] [ 20 ] [ 21 ] A guerra nao foi formalmente declarada pela Dail ate que o conflito ja estava em andamento. Em 10 de abril de 1919 a Dail afirmou:

Sobre os prisioneiros republicanos, nos devemos lembrar que nosso pais esta em guerra com a Inglaterra e nos precisamos considera-los baixas necessarias neste conflito. [ 22 ]

Contudo, foi so em 11 de marco de 1921, dois anos apos o comeco das hostilidades, que o presidente da Dail Eireann , Eamon de Valera , formalmente "aceitou" a existencia do "estado de guerra entre o pais e o Reino Unido". [ 23 ] O atraso permitiu um equilibrio entre as realidades militares e politicas. [ 24 ] [ 25 ]

Escalada da violencia [ editar | editar codigo-fonte ]

Eamon de Valera , auto-proclamado presidente da Republica Irlandesa de 1919 . Ele foi um dos principais lideres politicos da revolta.

Ainda em 1919, militantes republicanos irlandeses comecaram a atacar propriedades do governo britanico na ilha, invadindo delegacias e quarteis atras de armas e matando membros proeminentes da administracao inglesa local. Um dos primeiros grandes nomes a ser morto foi o magistrado John C. Milling, baleado em Westport. Ele havia sido responsavel pela prisao de diversos dissidentes na sua regiao. [ 26 ] Os membros do IRA usavam principalmente taticas de guerrilha , combatendo sem uniformes em acoes rapidas e violentas. Estas taticas nao eram aprovadas por alguns lideres republicanos, como Eamon de Valera , que preferia uma tatica de guerra mais "convencional" a fim de dar mais legitimidade a nova republica perante os olhos do mundo. Porem, varios lideres do IRA, especialmente Michael Collins , eram favoraveis as taticas de guerrilha, lembrando que da ultima vez que eles tentaram combater os britanicos de forma mais tradicional, eles acabaram derrotados (em 1916). Ja outros, como Arthur Griffith , prefeririam ter lancado uma campanha de desobediencia civil em vez da luta armada. [ 27 ] A violencia excessiva, como as emboscadas e assassinatos a luz do dia, se tornaram, inicialmente, impopulares entre o povo irlandes. Contudo, conforme o conflito se desenrolava, a populacao foi mudando de ideia, principalmente devido as represalias particularmente violentas do governo britanico. [ 28 ]

No comeco da guerra, entre 1919 e 1920, a violencia ainda nao acontecia de forma desenfreada pelo pais. Boa parte dos nacionalistas preferia continuar utilizando manifestacoes e mobilizacoes populares para aumentar a oposicao ao governo ingles da ilha. O jornalista britanico, Robert Lynd , escreveu para o The Daily News em julho de 1920:

" Por enquanto, boa parte da populacao esta apreensiva, a politica da vez nao e participar mas encarar tudo de forma passiva. Sua politica nao e bem atacar o governo [ingles], mas sim ignora-lo e entao construir um governo proprio paralelo." [ 29 ]

Os colaboradores irlandeses se tornam o alvo [ editar | editar codigo-fonte ]

Soldados britanicos e oficiais irlandeses da RIC na regiao de Limerick .

Um dos principais alvos do IRA durante o conflito eram os agentes e funcionarios trabalhando para a Royal Irish Constabulary (RIC), a Real Policia Irlandesa a servico do governo do Reino Unido, composta em sua maioria por oficiais catolicos. Seus membros e edificios desta organizacao passaram a sofrer com ataques dos guerrilheiros republicanos. Muitas das armas do IRA eram roubadas das delegacias que eles atacavam. A RIC tinha, no comeco do conflito, aproximadamente 9 700 homens em 1 500 quarteis espalhados pela Irlanda. [ 30 ]

Uma politica de ostracismo de homens da RIC foi anunciada pela Dail em 11 de abril de 1919. [ 31 ] Isto conseguiu desmoralizar as forcas durante a guerra, enquanto a populacao virava a cabeca para uma associacao que cada vez mais era ligada ao aumento da repressao do governo britanico. Muitos oficiais da policia desertaram e o recrutamento caiu drasticamente. Denuncias surgiram de que, dada a falta de recursos, agentes da RIC teriam praticado assaltos contra lojas atras de comida, o que fez com que os comerciantes tambem se voltassem contra eles. Alguns oficiais da Royal Irish Constabulary comecaram a colaborar com o IRA, seja por medo ou simpatia, dando aos republicanos valiosas informacoes. Em contraste a eficiencia do boicote da populacao ao nao apoiar mais a RIC, as acoes militares do IRA contra eles no comeco do conflito foi limitado. Em 1919, onze homens do RIC e quatro da Policia Metropolitana de Dublin foram mortos em atentados. Outros 20 ficaram feridos. [ 32 ]

Greves tambem se tornaram parte da resistencia ao regime britanico na ilha. Em Limerick , em abril de 1919, uma greve geral foi convocada pelos comerciantes para protestar contra a presenca militar inglesa na regiao. O governo ingles estabeleceu que era necessario permissao da RIC para adentrar na cidade, o que provocou a ira dos negociantes. [ 33 ] Similarmente, em maio de 1920, trabalhadores das docas de Dublin deixaram de fazer comercio com os ingleses e tambem proibiram a venda de produtos que pudessem ser usados no esforco de guerra inimigo. Essas greves comecaram a prejudicar as movimentacoes das tropas britanica pela Irlanda, devido a falta de suprimentos. Em dezembro de 1920, boa parte das greves ja havia acabado. [ 34 ] Os britanicos ameacaram romper os acordos economicos com os comerciantes irlandeses e donos das redes ferroviarias, o que seria um grande golpe financeiro contra os negociantes. [ 35 ]

Com o passar do tempo, as acoes violentas do IRA aumentaram consideravelmente. No comeco de 1920, eles passaram a fazer ataques violentos contra alvos do RIC , especialmente em regioes isoladas, como a area rural. [ 35 ]

Colapso da administracao britanica [ editar | editar codigo-fonte ]

A cidade de Cork queimada e destruida apos combates entre o IRA e o exercito britanico entre 11 e 12 de dezembro de 1920. [ 36 ]

Em abril de 1920, ao menos quatrocentos quarteis abandonados da RIC foram queimados pelos rebeldes para prevenir que eles fossem usados novamente pelos policiais. Com isso, boa parte dos oficiais da Royal Irish Constabulary tiveram de se retirar da zona rural, que passou a ser controlada quase que totalmente pelo IRA. [ 37 ] Por intimidacao ou desercoes, muitos jurados nao participavam das cortes para julgar presos, o que resultaria no colapso do sistema judiciario britanico na ilha, desmoralizando assim a RIC, o que resultou na desercao ou renuncia de diversos policiais. A Irish Republican Police (IRP), comandada por Cathal Brugha , foi fundada entre abril e junho de 1920 sob a autoridade da Dail Eireann (o auto-proclamado governo republicano irlandes) com o objetivo de substituir a RIC e fazer valer a lei pelas cortes do pais. Em 1920, a IRP estava presente em 21 dos 32 condados da Irlanda. [ 38 ] As cortes da Dail eram geralmente conservadoras socialmente, apesar das origens revolucionarias, e rejeitaram as tentativas de fazendeiros sem terras para redistribuir as terras dos ricos proprietarios para os mais pobres. [ 39 ]

Com diversas linhas de suprimento sob ataque e boa parte do interior do pais controlado por rebeldes do IRA, uma grande fatia dos impostos recolhidos para o governo britanico nao chegava ao destino. Boa parte da populacao tambem preferia dar dinheiro ao chamado " National Loan " ("Emprestimo Nacional"), criado por Michael Collins com a finalidade de financiar o jovem governo irlandes e seus exercitos. Ao fim de 1920, o emprestimo ja havia chegado a 358 000 libras . Um total maior, de cerca de cinco milhoes de dolares, foi arrecadado nos Estados Unidos por irlandeses que moravam por la e a quantia foi enviada para a Irlanda. [ 35 ] As aliquotas eram pagas em conselhos locais, a maioria controlados pela Sinn Fein , que nao repassavam os valores para o governo ingles. [ 39 ] Assim, em meados de 1920, a Republica Irlandesa (que, na teoria, existia apenas no papel) passou a se tornar uma realidade para muitas pessoas, fazendo valer a lei e a ordem, mantendo um exercito proprio e coletando tributos. Um jornal liberal britanico, o The Nation , escreveu em agosto de 1920 que o "fato central da atual situacao da Irlanda e que a republica irlandesa realmente existe". [ 29 ]

As forcas britanicas, tentando restabelecer seu controle no pais, frequentemente recorriam a represalias arbitrarias contra os ativistas republicanos e contra a populacao civil. Uma politica de repressao comecou oficialmente em setembro de 1919 em Fermoy , Condado de Cork , quando duzentos militares ingleses saquearam e queimaram a cidade, apos um dos seus soldados ter sido morto em uma emboscada orquestrada pelo IRA. [ 40 ] Arthur Griffith estimou que nos primeiros dezoito meses do conflito, as tropas britanicas realizaram pelo menos 38 720 ataques contra propriedades privadas, prenderam 4 982 pessoas, cometeram 1 604 assaltos, indiscriminadamente causaram cento e dois tiroteios e queimaram diversas cidades e vilas, matando ao menos setenta e sete pessoas, incluindo mulheres e criancas. [ 41 ]

Organizacao e operacoes do IRA [ editar | editar codigo-fonte ]

Michael Collins , um dos principais lideres do IRA durante a guerra. Na atualidade, Collins e um heroi nacional.

Michael Collins foi um dos principais lideres do movimento de independencia irlandes. Nominalmente, ele exercia o cargo de Ministro das Financas do auto-proclamado governo republicano. Ele tambem era diretor de inteligencia do IRA , o que fazia tomar uma posicao fundamental de lideranca no movimento, encontrando fundos e armas para os rebeldes. O carisma e a capacidade organizacional de Collins o tornou muito popular entre os nacionalistas pro-independencia e entre a populacao em geral. Ele tambem estabeleceu uma eficiente rede de espioes entre as forcas policiais locais que trabalhavam para a Inglaterra. Collins ainda tinha infiltrados nas instituicoes da administracao britanica da ilha. Em sua rede de espionagem, seu principal alvo era a Dublin Metropolitan Police , especialmente a chamada "Divisao G" formada por irlandeses que tinham a missao de subverter os movimentos separatistas. Essa divisao era muito odiada pelo IRA devido a esta colaboracao com os ingleses. Collins formou entao um grupo chamado de " O Esquadrao ", formado por jovens homens cuja unica funcao era procurar e matar os "G-men" (agentes irlandeses a servico da Coroa britanica) e outros colaboradores e espioes ingleses. O esquadrao de Michael comecou a atacar e matar diversos oficiais de inteligencia da RIC a partir de meados de 1919. [ 42 ] Muitos G-men receberam cartas do IRA oferecendo a eles a chance de renunciar seus cargos ou deixar a Irlanda. A maioria, contudo, recusou a proposta e varios acabaram sendo assassinados. [ 43 ]

O chefe de estado-maior do IRA era Richard Mulcahy , que foi o responsavel por organizar e distribuir as unidades do IRA pelo pais. Em teoria, Collins e Mulcahy respondiam a Cathal Brugha , o ministro da defesa da Dail . Porem, na pratica, Brugha apenas supervisionava, recomendando ou fazendo objecoes a acoes especificas. Boa parte das acoes militares do IRA eram, na verdade, coordenadas por iniciativa de lideres locais (como Liam Lynch , Tom Barry , Sean Moylan , Sean Mac Eoin e Ernie O'Malley ) que organizavam as atividades de guerrilha contra as forcas britanicas na ilha. Durante boa parte do conflito, as atividades do IRA se concentravam, na maioria dos casos, nas regioes de Munster e Dublin , com algumas unidades rebeldes isoladas espalhadas pelo pais tambem realizando atentados nas regioes norte, oeste e sul. [ 29 ]

Estima-se que cerca de 100 mil pessoas estavam envolvidas nas atividades pro-independencia pelo pais, sendo que Michael Collins estimou que apenas 15 000 serviam ativamente no IRA durante a guerra, com cerca de 3 000 participando dos combates. Varias organizacoes, como movimentos de mulheres e jovens, tambem apoiavam a revolucao. Boa parte da populacao civil tambem simpatizava com os republicanos e se recusavam a colaborar com a RIC ou com o exercito ingles, e frequentemente disponibilizavam suas casas para os homens do IRA utilizarem, normalmente para se esconderem das autoridades britanicas. O apoio do povo aos rebeldes vinha, em grande parte, do desgosto nutrido devido as represalias do governo britanico contra as atividades terroristas das faccoes irlandesas. [ 44 ]

Entre 1919 e meados de 1920, Eamon de Valera visitou os Estados Unidos para tentar buscar mais apoio politico a causa. Ao retornar, ele pediu para que a Dail insistisse com o IRA para que eles abrissem mao das acoes terroristas de emboscada e assassinatos, que eram usadas pelos britanicos como arma de propaganda contra os republicanos. Ele preferiria acoes militares mais convencionais. A proposta, contudo, foi rejeitada pois acreditava-se que bater de frente com os ingleses de forma convencional seria 'suicidio'. [ 29 ]

Lei marcial [ editar | editar codigo-fonte ]

Um grupo de militares da " Black and Tans " e da " Divisao de Auxiliares " em Dublin (abril de 1921).

Os britanicos responderam ao aumento da violencia na Irlanda aumentando sua presenca na ilha. Relutando em colocar forcas militares regulares em peso no pais, eles criaram duas unidades paramilitares para ajudar a RIC . A milicia Black and Tans foi uma das primeiras organizacoes criadas e se tornaria uma das mais ativas no conflito. Com cerca de sete mil homens, eles eram compostos, em sua maioria, por ex-soldados britanicos, muitos veteranos da Primeira Guerra Mundial . Mandados para a Irlanda em 1920, a maioria destes recrutas vinham de cidades inglesas ou escocesas. Apesar de oficialmente parte da RIC, em realidade eles eram uma unidade paramilitar totalmente independente. Eles rapidamente ganharam uma reputacao muito ruim de indisciplina e de beber muito, e acabaram prejudicando mais ainda a simpatia do povo para com a administracao britanica. Em resposta as acoes cometidas pelo IRA, no verao de 1920, os homens da "Tans" queimaram e saquearam diversas cidades pela Irlanda, incluindo Balbriggan , Trim , Templemore e outras. Eles tambem passaram a ser acusados de brutalizar as populacoes de varios municipios. [ 45 ]

Em julho de 1920, uma nova forca militar, a chamada Divisao Auxiliar , que consistia de 2 215 combatentes (a maioria ex-militares britanicos), chegou na Irlanda. A reputacao dos Auxiliares era tao ruim quanto a dos Tans devido aos abusos cometidos contra a populacao civil irlandesa, contudo eles eram considerados mais eficientes em combate. A politica de represalias foi famosamente satirizada pelo lorde Hugh Cecil quando ele disse: "Parece que concorda-se que nao existe essa coisa de represalias, mas ela esta sendo eficiente". [ 46 ]

Em 9 de agosto de 1920, o Parlamento Britanico aprovou o "Ato de Restauracao da Ordem na Irlanda de 1920". Esta lei substituia os julgamentos com juris por cortes marciais em areas onde as atividades do IRA eram mais regulares. Em 10 de dezembro de 1920, lei marcial foi proclamada nos condados de Cork, Kerry, Limerick e Tipperary em Munster ; em janeiro de 1921, ela foi estendida ao resto de Munster nos condados de Clare e Waterford, e tambem em Kilkenny e Wexford em Leinster . A maioria dos tribunais civis foram suspensos e substituidos por tribunais militares. Alem disso, os poderes de cortes marciais foram estendidos para toda a populacao e as forcas de seguranca tinham poderes de prender qualquer um que quisessem e ate executar pessoas sem julgamento. Finalmente, o pagamento governamental e o repasse de recursos as regioes controladas pela Sinn Fein foram suspensos. Estas acoes sao interpretadas pelos historiadores como uma escolha do primeiro-ministro ingles, David Lloyd George , de tentar enfraquecer a rebeliao na Irlanda em vez de tentar negociar diretamente com as liderancas republicanas. Como resultado, a violencia e os combates se intensificaram no verao seguinte e chegaram ao seu apice entre novembro de 1920 e julho de 1921. [ 47 ]

Intensificacao dos combates: outubro ? dezembro de 1920 [ editar | editar codigo-fonte ]

Homens da inteligencia britanica enviados a Irlanda durante a guerra. Conhecidos como Cairo Gang , muitos deles foram assassinados em 21 de novembro de 1920 durante uma serie de ataques perpetrados pelo IRA. Irlandeses que ajudavam os ingleses tambem se tornaram alvos dos guerrilheiros republicanos.

Uma sucessao de eventos acabou por aumentar a violencia no pais ao fim de 1920. Primeiro, o lorde prefeito de Cork, Terence MacSwiney , morreu durante uma greve de fome na prisao de Brixton, em Londres, enquanto outros prisioneiros do IRA, como Joe Murphy e Michael Fitzgerald, tambem morreram em Cork devido a greves de fome. Entao, em novembro de 1920, houve um dia sangrento em Dublin. [ 9 ]

Em uma manha de novembro de 1920, "O Esquadrao" do IRA, liderado por Michael Collins, tentou eliminar, em uma unica acao, o coracao da inteligencia britanica em Dublin. Diversos agentes e espioes ingleses foram atacados. Registra-se que ao menos vinte pessoas foram baleadas, sendo que quinze morreram e outras cinco ficaram feridas. A maioria eram oficiais britanicos, policiais ou civis que colaboravam com a ocupacao. Entre os mortos, estavam os homens da chamada "Cairo Gang" (que era um grupo de agentes da MI-6 ) e oficiais das cortes marciais . [ 9 ]

Em resposta a este ataque do IRA, os Auxiliares e outros paramilitares britanicos partiram em caminhoes para o estadio Croke Park , em Dublin, durante uma partida de futebol gaelico e abriram fogo contra a multidao que assistia o jogo. Ao menos quatorze civis foram mortos, incluindo o popular jogador Michael Hogan, e outras sessenta e cinco pessoas foram feridas. [ 48 ] Dias depois, dois agentes republicanos, Dick McKee e Peadar Clancy , alem de um amigo, Conor Clune , foram presos e sumariamente executados no Castelo de Dublin . A administracao local afirmou que os homens foram baleados ao tentar fugir, afirmacao esta rejeitada pelos nacionalistas irlandeses que acreditavam que eles foram, na verdade, presos, torturados e mortos sem julgamento. Estes acontecimentos ficaram conhecidos como " Domingo Sangrento " (" Bloody Sunday ") e teve repercussao muito ruim dentro e fora da Irlanda. [ 49 ] Varios paises, como os Estados Unidos (que tinha uma grande populacao de descendentes de irlandeses), condenaram a acao violenta das forcas britanicas e ate parlamentares ingleses comecaram a questionar a conduta de suas tropas na guerra. [ 50 ]

Em 28 de novembro de 1920, uma semana depois do Domingo Sangrento em Dublin, uma unidade do IRA em Cork emboscou uma patrulha de Auxiliares ingleses em Kilmichael , matando cerca de dezessete dos dezoito homens que estavam na coluna. Estas acoes aumentaram a violencia na regiao. Em resposta, os condados de Cork, Kerry, Limerick e Tipperary ? todos na provincia de Munster ? foram colocados sob lei marcial em 10 de dezembro. Outras regioes tambem foram afetadas por esta lei semanas depois. Pouco tempo depois, em janeiro de 1921, as "represalias oficiais" foram sancionadas pelos britanicos e em um incidente, sete casas foram queimadas em Midleton , Cork, por soldados ingleses. Em 11 de dezembro, o centro da cidade de Cork foi queimado pelos Black and Tans , que tambem dispararam contra os bombeiros que tentavam apagar o fogo. Esta acao seria uma represalia a uma emboscada do IRA na manha do mesmo dia, que terminou com a morte de um militar ingles e deixou outros onze feridos. [ 51 ]

Auge da violencia: dezembro de 1920 ? julho de 1921 [ editar | editar codigo-fonte ]

A Custom House em Dublin. Ela foi queimada pelo IRA em 1921, mas foi reconstruida anos depois pelo Estado Livre Irlandes.

Durante os ultimos meses do conflito houve um crescimento do numero de mortos. As fatalidade somaram, apenas entre janeiro e julho de 1921, mais de mil pessoas, incluindo policiais da RIC, militares britanicos, voluntarios do IRA e civis. Isso representa um total de 70% no numero de mortes nos primeiros dois anos de guerra. Alem disso, cerca de 4 500 membros ou simpatizantes do IRA foram presos neste periodo. No meio de toda esta violencia, a Dail formalmente declarou guerra ao Reino Unido em marco de 1921. Entre 1 de novembro de 1920 e 7 de junho de 1921, vinte e quatro pessoas foram executadas pelos ingleses. [ 52 ] Em 1 de fevereiro, a primeira execucao sob a lei marcial de um homem do IRA foi autorizada. Cornelius Murphy, de Millstreet , Cork, foi morto por um pelotao de fuzilamento. Ao fim do mesmo mes, mais seis pessoas foram executadas, apenas em Cork. [ 53 ]

Em 19 de marco de 1921, Tom Barry e um grupo de cem homens do IRA combateram cerca de mil e duzentos soldados britanicos ? a Emboscada de Crossbarry . Esta foi uma das maiores batalhas convencionais da guerra. Os homens de Barry conseguiram evitar serem encurralados e furaram o cerco ingles. Ao todo, trinta militares ingleses e seis militantes irlandeses republicanos foram mortos. Dois dias depois, em 21 de marco, os rebeldes atacaram uma linha ferroviaria em Headford, perto de Killarney . Cerca de vinte militares britanicos foram mortos ou feridos, e ao menos dois homens do IRA e tres civis tambem perderam a vida. Poucos combates na guerra foram batalhas em larga escala, sendo que o IRA tinha muito mais sucesso em emboscadas de pequena escala. Uma paranoia com relacao a informantes dentro do movimento republicano levou o IRA a executar muitos irlandeses suspeitos de colaboracoes com as forcas britanicas. [ 52 ]

Em 25 de maio de 1921, centenas de combatentes do IRA atacaram e queimaram a The Custom House (predio considerado o centro do governo britanico na Irlanda) que fica no centro de Dublin . Simbolicamente, esta acao pretendia mostrar aos ingleses que seu governo sobre a ilha era inaceitavel e insustentavel. Contudo, de um ponto de vista militar, foi um desastre. Militares britanicos expulsaram os membros do IRA da area, matando cinco deles e prendendo outros oitenta. [ 54 ] Isto mostrou que o IRA nao estava pronto, treinado ou equipado para enfrentar as forcas inglesas em um combate convencional. A chamada "Brigada de Dublin" do Exercito Republicano Irlandes realizou ao menos cento e sete ataques na cidade em maio e outros noventa e tres em junho, antes de diminuir o volume de acoes e emboscadas. A reducao nas atividades do IRA deveu-se, principalmente, a falta de suprimentos, armas e outros materiais belicos, sendo que em julho de 1921 a situacao de falta de municao comecou a ficar critica. Apesar de toda a eficiencia da luta de guerrilha , os republicanos, como Richard Mulcahy apontou, falharam em "expulsar o inimigo (os britanicos) da ilha". [ 55 ]

Combatentes do IRA , da "coluna voadora" de West Connemara, em 1922.

Ainda assim, em meados de 1921, as acoes do IRA, que nao foram bem sucedidos em derrotar os ingleses, conseguiram coloca-los em um impasse. Muitos politicos em Londres e a populacao em geral no Reino Unido comecaram a questionar se o preco da guerra valia a pena. O governo britanico tambem comecou a concluir que derrotar o IRA militarmente talvez nao fosse possivel. [ 56 ] O fracasso da administracao britanica em acabar com os guerrilheiros irlandeses teve repercussoes nas eleicoes de 13 de maio de 1921. Nas eleicoes gerais para o Parlamento do Sul da Irlanda, a Sinn Fein ganhou 124 dos 128 assentos, mas novamente os parlamentares se recusaram em assumir seus mandatos sob a prerrogativa inglesa. Pelos termos do Ato do Governo da Irlanda de 1920 , o Parlamento do Sul foi entao dissolvido e toda a autoridade politica da Irlanda do Sul passou para as maos do Lorde Tenente (ajudado por assessores indicados pela Coroa ). Entre os dias 14 e 15 de maio, o IRA assassinou quinze policiais. A violencia pelo pais continuou nos dias seguintes. Isso mostrou um fracasso das politicas inglesas para restabelecer o controle e a lei na ilha irlandesa. Em junho de 1921, oficiais do governo britanico, em um movimento inedito na guerra, contataram a Sinn Fein para abrir negociacoes. [ 9 ]

Perto do fim do conflito, muitos lideres republicanos, incluindo Michael Collins , estavam convencidos de que se a guerra continuasse por mais tempo a situacao do IRA ficaria critica devido a falta de suprimentos, especialmente municao. Por causa disso, muitos queriam "levar a guerra ate a Inglaterra". Foi decidido que alvos de importancia economica seriam priorizados, como os portos em Liverpool . Segundo os britanicos, cerca de dezenove armazens foram queimados por la pelo IRA. Contudo, outros planos de novos ataques tiverem de ser abandonados devido a tregua que fora convocada. [ 57 ]

Tregua: julho ? dezembro de 1921 [ editar | editar codigo-fonte ]

As hostilidades terminaram em 11 de julho de 1921 quando uma tregua foi proclamada. O conflito havia chegado a um impasse. Anteriormente, o primeiro-ministro britanico, David Lloyd George , havia insistido que o IRA entregasse suas armas como uma pre-condicao para conversacoes de paz. Contudo, o lider do governo ingles comecou a ser pressionado pelo parlamento, especialmente pelo lider da oposicao , Herbert Henry Asquith , pelo Partido Liberal , pelo Partido Trabalhista e pelo Trades Union Congress , e entao a tregua acabou sendo chamada. [ 58 ]

Do ponto de vista britanico, parecia que a campanha de guerrilha do IRA poderia durar indefinidamente e seria necessario um alto custo em vidas e dinheiro pra reassumir o controle total da Irlanda. Mais importante, o governo ingles estava sofrendo criticas severas de dentro e fora do pais devido as acoes de suas forcas armadas na ilha vizinha. Em 6 de junho de 1921, os britanicos fizeram seu primeiro gesto conciliatorio ao revogar a politica de queimar casas em represalias. Por outro lado, varios lideres rebeldes e particularmente Michael Collins , achavam que o IRA nao poderia seguir com a guerra a todo vapor indefinidamente. Eles estavam sendo acuados devido a chegada de mais brigadas de soldados profissionais ingleses a Irlanda e pela crescente falta de armas e municao. [ 58 ]

Uma multidao se aglomera na Mansion House , em Dublin , dias antes da formalizacao da tregua.

Os movimentos iniciais que levaram a tregua sao creditados a tres pessoas: o rei Jorge V , o primeiro-ministro da Africa do Sul general Jan Smuts e ao primeiro-ministro ingles David Lloyd George . O rei Jorge ja havia expressado ao governo sua infelicidade com o comportamento dos Black and Tans na Irlanda e ficou insatisfeito com o discurso que foi preparado para ele para ser dado na abertura do Parlamento da Irlanda do Norte . Smuts, um amigo proximo do rei, disse que o discurso poderia ser usado para reforcar o apelo para uma reconciliacao na Irlanda. Jorge V pediu para ele anotar suas ideias. Smuts assim o fez e deu uma copia das suas anotacoes ao rei e a Lloyd George. Lloyd entao convidou Smuts para uma reuniao de gabinete de sua administracao para discutir a situacao. Foi entao acertado que o rei daria sim um 'discurso conciliatorio'. Ele acabou sendo feito em Belfast , no dia 22 de junho, e foi bem recebido por ambos os lados. Em uma parte, o rei disse: "aos irlandeses, parem. Estiquem suas maos a tolerancia e a conciliacao, para esquecer e perdoar, e para se juntar para trazer a terra que amam a uma era de paz, contentamento e boa vontade". [ 59 ]

Em 24 de junho de 1921, o gabinete do conselho de governo britanico decidiu propor conversas de paz a lideranca da Sinn Fein . Liberais e unionistas concordaram que as negociacoes fortaleceriam a posicao do governo caso os rebeldes republicanos se recusassem a conversar. Austen Chamberlain , lider do Partido Unionista do Ulster , disse que o "discurso do rei deve ser seguido e observado como uma ultima tentativa de se fazer paz antes de irmos ate as ultimas consequencias com a lei marcial". Aproveitando o momento, Lloyd George escreveu para Eamon de Valera como "o lider escolhido pela maioria da Irlanda do Sul" e pediu uma conferencia. A Sinn Fein respondeu afirmando que concordava com as negociacoes. De Valera e Lloyd entao firmaram a tregua para encerrar a luta e assim iniciar as conversacoes. Em 11 de julho, a tregua entrou em vigor oficialmente. As negociacoes foram atrasadas devido a exigencias do governo britanico para que o IRA se desarmasse, mas o pedido foi negado. Os republicanos concordaram em cessar todas as acoes de guerrilha, contanto que os ingleses ficassem nos quarteis e nao saissem. [ 60 ]

Muitos oficiais do IRA interpretaram a tregua como apenas uma pausa e continuaram com suas preparacoes e com o recrutamento e treinamento dos voluntarios. Os ataques da RIC e do exercito britanico tambem nao cessaram completamente. Entre dezembro de 1921 e fevereiro do ano seguinte, foram reportados ao menos oitenta ataques pelo IRA contra policiais, deixando ao menos doze mortos. Em 18 de fevereiro de 1922, unidades de militantes republicanos, liderados por Ernie O'Malley , atacaram um quartel da RIC em Clonmel , fazendo quarenta oficiais de policia prisioneiros e apreenderam seiscentas armas e muita municao. Em abril de 1922, em Dunmanway , um grupo de republicanos irlandeses mataram dez supostos informantes da policia em Cork, como represalia ao assassinato de um dos seus homens na cidade. Os protestantes tambem passaram a ser alvos do IRA, pois a maioria simpatizava com os britanicos. Mais de cem familias de protestantes fugiram da regiao de Cork perto do comeco da tregua. [ 61 ]

Muitos oficiais do IRA continuaram a lutar, mesmo apos a assinatura de um tratado entre a Inglaterra e a Irlanda. Isso foi um dos fatores que levaram a guerra civil que assolaria o pais meses depois. [ 62 ]

Tratado [ editar | editar codigo-fonte ]

As negociacoes que se iniciaram apos a decretacao da tregua resultaram no Tratado Anglo-Irlandes (6 de dezembro de 1921), que foi ratificado pela Dail Eireann em 7 de janeiro de 1922, dando assim legitimidade perante a lei da Republica Irlandesa . Pouco tempo depois foi aprovado pelo Parlamento da Irlanda do Sul, tornando o documento legitimo perante a lei do regime britanico na ilha. Por fim, o tratado tambem foi ratificado por ambas as casas do parlamento ingles. Nascia assim o Estado Livre Irlandes (em irlandes : Saorstat Eireann ou em ingles : Irish Free State ). [ 63 ]

O tratado tambem permitiu que a Irlanda do Norte , que havia sido criada pelo Ato do Governo da Irlanda de 1920 , optasse, se quisesse, por nao fazer parte do Estado Livre, o que eles o fizeram em 8 de dezembro de 1921. Conforme concordado, uma comissao foi formada para decidir precisamente qual seria a fronteira da Irlanda do Sul e do Norte. Os negociadores republicanos entendiam que a comissao refaria a fronteira de acordo com os desejos dos nacionalistas locais ou dos unionistas. Desde 1920, eleicoes locais no norte da Irlanda normalmente pendiam para o lado dos nacionalistas. Michael Collins , um dos responsaveis pelo tratado, queria moldar as fronteiras do norte para tornar aquela parte do pais inviavel economicamente. A comissao porem nao mudou as divisoes territoriais do pais; em troca, a divida financeira da jovem nacao para com a Gra-Bretanha seria perdoada, segundo os termos do acordo. [ 64 ]

W. T. Cosgrave
O primeiro presidente do Estado Livre.

Um novo sistema de governo foi criado para o Estado Livre Irlandes. Durante o primeiro ano, dois governos paralelos existiam de fato; a Aireacht , que respondia a Dail e era liderada pelo presidente Griffith . E tambem havia o Governo Provisorio, que respondia a Casa dos Comuns da Irlanda do Sul e era apontada pelo Lorde Tenente governador. Por fim, o Lorde FitzAlan apontou Collins como o chefe do Governo Provisorio. Pela teoria legal britanica, o governador ingles da ilha se encontrou com Collins para o " beijar de maos ". Na teoria legal republicana, eles se encontraram para que Michael aceitasse a rendicao do Castelo de Dublin . Assim, apos as cerimonias, 700 anos de governo ingles na ilha chegavam finalmente a um fim. [ 65 ]

A maioria da lideranca do movimento irlandes de independencia era a favor dos termos do tratado , pelo menos naquele momento, apesar de muitos republicanos fanaticos nao concordarem. O lider revolucionario Liam Lynch e a maioria dos veteranos da guerra de independencia do IRA se recusaram a aceitar o tratado e em marco de 1922 repudiaram a autoridade da Dail e do novo Estado Livre, acusando-os de trair os ideais da republica. [ 66 ] A faccao anti-tratado do IRA era apoiado pelo ex-autoproclamado presidente da Republica Irlandesa, Eamon de Valera, e pelos ministros Cathal Brugha e Austin Stack. [ 67 ]

Enquanto a violencia no Norte continuava, a situacao no Sul tambem ficava tensa enquanto a Dail e o IRA se dividiam entre apoiar ou nao o tratado. Em abril de 1922, uma executiva de oficiais do Exercito Republicano Irlandes que repudiavam o acordo com os ingleses e tambem nao aceitavam a autoridade do Governo Provisorio se reuniram. Estes republicanos afirmavam que a Dail nao tinha o direito de desestabelecer a Republica Irlandesa. Entao, um grupo de membros radicais do IRA invadiu diversos predios publicos em Dublin para tentar desfazer o tratado e reiniciar a guerra contra os britanicos. Este foi o primeiro de uma serie de confrontos entre forcas contrarias e a favor do tratado. Em junho de 1922, querendo firmar o Estado Livre Irlandes e garantir sua sobrevivencia, e ainda sob pressao do governo ingles, Michael Collins e suas tropas atacaram os rebeldes por toda a Dublin, o que instigou as hostilidades pelo pais. [ 68 ]

A subsequente Guerra Civil Irlandesa , que durou ate meados de 1923, custou a vida de varios personagens notaveis da guerra de independencia, incluindo o lider do Governo Provisorio, Michael Collins , do ex-ministro Cathal Brugha e dos republicanos anti-tratado Harry Boland , Rory O'Connor , Liam Mellows , Liam Lynch e varios outros. O numero de mortos neste conflito nunca foi estimado com precisao, mas alguns acreditam que seria maior do que as perdas totais sofridas durante a guerra contra a Inglaterra. O presidente da Dail , Arthur Griffith , tambem morreu durante o conflito, mas de derrame. [ 67 ] Apos a morte de Griffith e de Collins, W. T. Cosgrave se tornou o novo chefe de governo. Em 6 de dezembro de 1922, o Estado Livre Irlandes passou a existir oficialmente e Cosgrave se tornou o primeiro presidente do Conselho Executivo ( Taoiseach ), que acabou se tornando o primeiro governo irlandes independente reconhecido internacionalmente. [ 52 ]

A guerra civil oficialmente terminou em 1923 com a derrota das forcas anti-tratado. O novo pais se tornou uma nacao praticamente independente, embora ainda fizesse parte do Imperio Britanico como um dominio , com a autoridade da nacao ainda investida na figura do rei ingles mas com o controle do pais de facto caindo nas maos do governo irlandes eleito pela casa baixa da camara, a chamada Dail Eireann . O Estado ainda teria um sistema judicial independente e um nivel de independencia interna que nao excedeu o que os republicanos que lutavam pela independencia queriam. Na verdade, o " Saorstat Eireann " (como o Estado Livre era chamado) era, de fato, o titulo usado pela Republica Irlandesa na proclamacao do governo provisorio em 1916. Em 1937, cerca de quinze anos apos a independencia do pais, uma nova constituicao seria escrita, transformando a Irlanda em uma republica, criando assim o atual Estado Irlandes . [ 52 ]

Conflito no norte [ editar | editar codigo-fonte ]

Sir James Craig, Visconde de Craigavon,
o primeiro homem a ser chefe de governo do Parlamento da Irlanda do Norte. Craig aprovou, de forma tacita, as "represalias organizadas" contra os nacionalistas do IRA e seus simpatizantes.

No Ato do Governo da Irlanda de 1920 (que entrou em vigor em dezembro de 1920), os britanicos tentaram resolver as tensoes na ilha irlandesa atraves do Home Rule , criando dois parlamentos para o pais, sendo um no norte e outro no sul . A Dail Eireann ignorou completamente isso, afirmando que a Republica Irlandesa ja existia e nao reconhecia mais a autoridade de Londres. Contudo, os unionistas no nordeste da nacao aceitaram a lei e se prepararam para formar um governo proprio. [ 8 ]

Diferente do sul, o norte era mais simpatico ao Reino Unido (assim como os ingleses, os norte-irlandeses eram em sua maioria protestantes, contrastando com os sulistas, que eram majoritariamente catolicos) e os unionistas tinham muita forca no cenario politico local. Assim, a guerra no norte teve um padrao diferente em comparacao ao resto do pais. No sul e no oeste, o conflito se dava entre o IRA e o exercito britanico. No nordeste, particularmente na regiao de Belfast , o ciclo de violencia tinha um carater mais sectario e religioso, com catolicos, encabecados por nacionalistas, enfrentando os protestantes , em sua maioria unionistas. [ 69 ]

Verao de 1920 [ editar | editar codigo-fonte ]

Os ataques do IRA no nordeste da Irlanda eram menos intensos que que no resto do pais, com o conflito sendo polarizado entre unionistas e nacionalistas (em sua maioria catolicos). A violencia religiosa era intensa, com ambos os lados lancando represalias contra civis do outro lado. A comunidade catolica, principalmente, sofria com ela. Os unionistas normalmente condenavam tais acoes mas o Estado nao se opunha a elas, conforme James Craig , primeiro-ministro da Irlanda do Norte, escreveu em 1920:

Os lealistas estao determinados a tomar as acoes... agora eles acham que a situacao e tao desesperadora que, a nao ser que o governo tome alguma medida, e aconselhavel para eles ver algumas medidas para serem tomadas para um sistema de represalias 'organizadas' contra os rebeldes. [ 70 ]

O primeiro ciclo de ataques e represalias no norte comecou no verao de 1920. A 19 de junho, uma semana de violencia e revolta sectaria aconteceu na cidade de Derry , deixando um saldo de dezoito mortos. [ 71 ] Em 17 de julho, o coronel britanico Gerald Smyth foi assassinado por homens do IRA em um clube na cidade de Cork em resposta a um discurso feito para policiais em Listowel que haviam recusado ordens para se mover para areas mais urbanas, como ele havia falado: "voce pode ocasionalmente cometer erros e inocentes podem terminar sendo baleados, mas isso e inevitavel. Nenhum policial ficara encrencado por atirar em alguem". [ 72 ] Smyth veio de Banbridge , no condado de Down , no nordeste, e sua morte provocou retaliacoes contra catolicos em Banbridge e Dromore. No dia 21 de julho, em parte como resposta a morte de Smyth e por competicao por empregos, lealistas marcharam contra os estaleiros de Harland and Wolff , em Belfast, e forcaram mais de 7 000 trabalhadores catolicos e esquerdistas protestantes a fugir e deixar seus trabalhos. O resultado foi uma serie de revoltas de carater sectario em Belfast e Derry que deixaram mais de 40 mortos. Muitos catolicos e protestantes tiveram de deixar seus lares. Em 22 de agosto, o detetive Swanzy, da policia real irlandesa , foi baleado e morto por homens do IRA enquanto deixava sua igreja em Lisburn , no condado de Antrim . Swanzy havia sido implicado no assassinato do prefeito de Cork, Tomas Mac Curtain . Em resposta, lealistas locais queimaram residencias de catolicos nas periferias de Lisburn ? mais de 300 casas foram destruidas. Embora muitas pessoas tenham sido posteriormente processadas pelos incidentes, as autoridades nao fizeram esforcos na epoca para tentar deter as atitudes dos vandalos. Michael Collins, por recomendacao de Sean MacEntee , organizou um boicote contra produtos vindos de Belfast, como uma retaliacao contra as agressoes dirigidas a comunidade catolica. A Dail tambem aprovou um boicote em 6 de agosto, que foi expandido ao fim de 1920. [ 8 ]

Primavera de 1921 [ editar | editar codigo-fonte ]

Militantes do Sinn Fein em uma prisao inglesa na Irlanda, em meados de 1920.

O ano novo de 1921 foi particularmente violento no norte, com muitas mortes sendo reportadas na primavera. Unidades nortenhas do IRA estavam sob pressao da lideranca rebelde em Dublin para se juntar aos seus aliados no resto do pais e iniciar sua propria campanha de guerrilha. Assim como ocorreu apos atentados anteriores, tais acoes resultaram em represalias contra as comunidades catolicas locais por parte dos lealistas (simpatizantes da coroa britanica). Por exemplo, em abril de 1921, militantes do IRA em Belfast mataram dois soldados ingleses em Donegal, no centro da capital do norte. Na mesma noite, dois catolicos foram mortos em Falls Road. Em 10 de julho de 1921, rebeldes irlandeses emboscaram militares britanicos na rua Raglan, em Belfast. Na semana seguinte, dezesseis catolicos foram mortos e 216 casas queimadas como represalia (o Domingo Sangrento de Belfast ). [ 8 ]

A matanca por parte dos lealistas era feita pela chamada Forca Voluntaria de Ulster ( Ulster Volunteer Force , ou UVF), supostamente com ajuda da RIC (a policia real) e das forcas auxiliares (militares britanicos). Em maio o primeiro-ministro do norte, James Craig, chegou em Dublin para se encontrar com o Lorde Tenente da Irlanda , Edmund FitzAlan-Howard . Mas, secretamente, se encontrou com Eamon de Valera, o lider do movimento politico rebelde. Os dois conversaram sobre a possibilidade de uma tregua em Ulster e uma subsequente troca de prisioneiros. Craig propos um entendimento baseado na Lei de Governo da Irlanda, com independencia limitada para o sul e autonomia para o norte, dentro do contexto da Home Rule . Nada, contudo, saiu dessa conversa e a violencia no norte continuou. [ 73 ]

Julho de 1921 ? maio de 1922 [ editar | editar codigo-fonte ]

Enquanto uma tregua entre os britanicos e os rebeldes do IRA encerrou a luta no sul a 11 de julho de 1921, a matanca no norte continuou e na verdade aumentou de intensidade ate o verao de 1922. Em Belfast, dezesseis pessoas foram mortas em um espaco de dois dias. A violencia na capital nortenha era esporadica e brutal, resultando quase sempre em represalias contras comunidades de catolicos e protestantes. Dessa mesma forma, vinte pessoas foram mortas em tiroteios e assassinatos no norte e oeste de Belfast entre 29 de agosto e 1 de setembro de 1921. Outros trinta morreram entre 21 e 25 de novembro. Nessa altura, os lealistas e simpatizantes dos britanicos resolveram lancar ataques e lancar bombas esporadicamente contra areas controladas pela minoria catolica por todo a Irlanda do Norte e os rebeldes do IRA responderam atacando trabalhadores protestantes nas ruas. [ 74 ]

Alem disso, apesar do apoio da Dail ao Tratado Anglo-Irlandes , em janeiro de 1922, que confirmou e oficializou a existencia da Irlanda do Norte , houve confrontos entre militantes do IRA e forcas britanicas ao longo da fronteira no comeco de 1922. Em parte, muitos acreditam que isso se deve ao fato de Michael Collins ver o tratado como um movimento tatico, em vez de um acordo final. Muitos integrantes do IRA foram presos em Derry e arredores. Em retaliacao, Collins mandou prender quarenta e dois lealistas em Fermanagh e Tyrone. Logo apos este incidente, unionistas atacaram um grupo de republicanos separatistas na area de Clones . O lider da unidade do IRA foi morto e um intenso tiroteio comecou, terminando com mais quatro fatalidades. Este evento paralisou temporariamente a retirada das tropas britanicas da Irlanda. Apesar de organizar uma comissao para definir a fronteira do sul com o norte, o IRA continuou atacando instalacoes do Reino Unido pela fronteira. Retaliacoes em Belfast foram reportadas nos dias seguintes. Dois dias depois das prisoes em Fermanagh, trinta pessoas perderam a vida na capitao do norte, incluindo quatro criancas catolicas e duas mulheres que foram mortas em um atentado a bomba feito pelos lealistas na rua Weaver. Em marco, mais sessenta pessoas morreram em Belfast, incluindo seis membros da familia catolica McMahon, que foram assassinados especificamente em represalia pela morte de dois policias pelo IRA. [ 64 ] Em abril de 1922, outras trinta pessoas faleceram no norte da capital (o chamado "massacre de Arnon"), incluindo seis catolicos em um ato cometido pela policia local. [ 75 ]

Winston Churchill providenciou uma reuniao entre Collins e James Craig em 21 de janeiro de 1922 e o boicote sulista contra produtos de Belfast foi encerrado, mas acabou sendo reimposto semanas mais tarde. Os dois lideres tiveram mais reunioes, mas apesar de declaracoes conjuntas afirmando que a "Paz foi Declarada", em 30 de marco, a violencia no norte continuou. [ 76 ]

Maio ? junho de 1922 [ editar | editar codigo-fonte ]

Entre maio e junho de 1922, Collins, lider do governo do sul, ordenou que o IRA lancasse uma campanha de guerrilha contra a Irlanda do Norte. Nesta altura, os republicanos do sul estavam divididos entre apoiar ou nao o tratado anglo-irlandes, mas tanto unidades pro ou anti tratado se envolveram nesta operacao. Armamento enviado pelos britanicos para apoiar o novo exercito irlandes foram desviados e enviados para o IRA para realizar ataques no norte. [ 77 ] Contudo, estas ofensivas nao tiveram muito sucesso. Uma brigada do IRA em Belfast reportou, ao fim de maio, que a campanha era "futil e tola... o unico resultado dos ataques foi colocar a populacao catolica local a merce dos unionistas ". [ 78 ]

A 22 de maio, apos o assassinato do parlamentar nortista William Twaddell , cerca de 350 homens do IRA foram presos em Belfast, aleijando sua organizacao por la. [ 79 ] Um dos maiores combates no norte aconteceram quando militares britanicos tiveram de usar artilharia para desalojar varios militantes do IRA de uma vila em Pettigo , matando sete deles, ferindo outros seis e capturando quatro homens. [ 80 ] O ciclo de violencia sectaria contra civis continuou ate meados de junho de 1922. Em maio, cerca de 75 pessoas tinham sido mortas em Belfast e outras trinta em junho. Milhares de catolicos fugiram da regiao, indo para areas ao redor de Glasgow ou Dublin . A 17 de junho, dois catolicos foram mortos pelos lealistas. Em represalia, uma unidade do IRA, sob comando de Frank Aiken , baleou dez protestantes em Altnaveigh, matando seis deles. Tres lealistas tambem morreram. [ 81 ]

Michael Collins afirmou que o marechal britanico Sir Henry Wilson (que tambem era um parlamentar unionista) era o responsavel pelos ataques contra catolicos no norte. Muitos historiadores afirmam que Collins, por esta razao, teria encomendado o assassinado de Wilson em junho de 1922, mas isso nunca foi provado. [ 82 ] Este evento ajudou a incitar a Guerra Civil Irlandesa . Winston Churchill insistiu com Collins para que ele tomasse acoes mais duras contra os rebeldes anti-tratado do IRA no sul, quem ele havia responsabilidade pela morte do marechal. [ 83 ] O conflito civil no sul acabou por ser um fator determinante para o fim da violencia no norte, ja que o IRA agora estava dividido e desmoralizado. Quando Collins morreu, em agosto de 1922, o novo governo do Estado Livre Irlandes encerrou sua politica de apoiar os rebeldes no norte. [ 8 ]

A violencia no norte comecou de fato a diminuir de intensidade ao fim de 1922. A ultima morte reportada na Irlanda do Norte durante o conflito aconteceu a 5 de outubro. [ 84 ]

Evacuacao das forcas britanicas [ editar | editar codigo-fonte ]

Um soldado de cavalaria ingles deixando Dublin, em 1922.

Em outubro de 1921, havia pelo menos 57 mil homens do exercito britanico na Irlanda, junto com 14 200 policiais da RIC e outros 2 600 auxiliares e paramilitares da Black and Tans . A evacuacao em larga escala dos militares ingleses e seus equipamentos comecou de fato em 12 de janeiro de 1922, apos a assinatura do tratado, e demorou cerca de um ano para ser completada. Foi uma grande operacao logistica, contudo, apos alguns meses, o Castelo de Dublin e os quarteis de Beggar foram transferidos para o controle do governo provisorio irlandes. A Royal Irish Constabulary (RIC) foi dispensada e oficialmente extinta em 31 de agosto de 1922. Em novembro do mesmo ano, o numero de soldados ingleses na ilha era de apenas 6 600, concentrados em sua maioria em Dublin. Em dezembro, os ultimos predios e instalacoes militares britanicos na Irlanda foram abandonados e transferidos para o controle do novo exercito irlandes . As ultimas guarnicoes estrangeiras deixaram a ilha na mesma noite. [ 85 ]

Perdas em vidas [ editar | editar codigo-fonte ]

Segundo historiadores atuais, mais de duas mil pessoas foram mortas na guerra. Durante a sua fase de guerrilha (1919?21) os embates entre militantes republicanos e forcas inglesas terminaram com mais de 3 400 baixas infligidas (entre mortos e feridos). Dos quais, 363 eram policiais, 261 soldados profissionais do exercito britanico, ao menos 550 voluntarios do IRA (incluindo 24 execucoes oficiais) e pelo menos 200 civis. Outras fontes afirmam que o numero de mortos pode ter sido bem mais alto. [ 67 ]

Em 21 de novembro de 1921, os britanicos realizaram uma cerimonia em homenagem aos combatentes mortos na guerra, de todas as patentes, que contavam 162 no periodo da tregua de 1921 e outros 18 mortos no periodo posterior. [ 86 ] Muitos foram enterrados no cemiterio militar de Grangegorman. [ 87 ]

Cerca de 557 pessoas morreram na violencia politica na Irlanda do Norte entre 1920 e 1922. Esse total de mortos e separado do numero de fatalidades sofridas no sul, ja que muitas destas baixas foram sofridas apos a tregua de 11 de julho que terminou a luta no resto do pais. Destas mortes, entre 303 e 340 eram civis catolicos, 35 eram homens do IRA, e entre 172 e 196 eram civis protestantes e 82 eram militares a servico do Reino Unido (38 eram membros da RIC e 44 de policias locais). A maioria da violencia aconteceu em Belfast : 452 pessoas foram mortas por la ? 267 catolicos e 185 protestantes. [ 88 ]

Nacionalistas irlandeses afirmavam que boa parte da violencia no norte era resultado de pogroms feitos contra a sua comunidade ja que 58% das vitimas eram catolicos (que representavam apenas 35% da populacao). Um historiador da epoca, Alan Parkinson, afirmou que o termo 'pogrom' nao era uma forma justa e precisa de explicar os eventos daquele periodo ja que a brutalidade era dirigida contra todos os lados. [ 89 ]

Uma das principais criticas feitas ao IRA era as execucoes de civis no sul de pessoas acusadas de serem informantes para os britanicos. Varios historiadores, especialmente Peter Hart, afirmavam que muitos destes que foram mortos eram simplesmente taxados como "inimigos" em vez de informantes provados. Hart dizia que era uma guerra entre comunidades, com protestantes e catolicos se estranhando, com espioes e contra espioes se cacando e se matando. [ 90 ] Em um dos casos mais controversos foi os "Assassinatos de Dunmanway " em abril de 1922, onde dez protestantes foram mortos e outros tres desapareceram (dados como mortos tambem logo em seguida). Contudo alguns historiadores, como Niall Meehan e Meda Ryan, tem uma visao diferente, aliviando um pouco para o lado dos republicanos. [ 91 ] [ 92 ]

Guerra de propaganda [ editar | editar codigo-fonte ]

O simbolo da Republica:
A bandeira tricolor irlandesa foi pela primeira vez usada pelo movimento " Jovem Irlanda " durante o levante de 1848.

Um dos aspectos fundamentais da guerra e a propaganda . Os britanicos tentavam pintar o IRA como um grupo anti- protestante para encorajar os praticantes desta fe na Irlanda a apoiar os ingleses. Por exemplo, nos comunicados sobre o que estava acontecendo os britanicos sempre mencionavam a religiao dos espioes e colaboradores que o IRA matava dando enfase se a vitima era protestante, mas deixando de lado se ela era catolica (como era na maioria dos casos) para dar a impressao que os protestantes eram as principais vitimas dos guerrilheiros republicanos. Eles encorajavam os editores dos jornais, atraves da forca as vezes, a fazer o mesmo. No verao de 1921, foi publicado uma serie de artigos em revistas de Londres chamados " Ireland under the New Terror, Living Under Martial Law " ("Irlanda sob novo terror, vivendo sob lei marcial"). As reportagens afirmavam ter uma visao imparcial do que estava acontecendo na Irlanda, mas mostravam o IRA majoritariamente de forma negativa se comparado com as tropas britanicas. Na realidade a maioria dos acontecimentos narrados nas materias vinham do Departamento de Propaganda do Castelo de Dublin e tinham por objetivo influenciar a opiniao publica inglesa em apoiar a guerra (a maioria dos britanicos ja tinha uma visao desfavoravel do conflito devido a denuncia de abusos cometidos por seus soldados em solo irlandes). [ 93 ]

Uma das taticas que o governo britanico tentou usar era coletar evidencias que mostrassem que o Sinn Fein e a Russia Sovietica colaboravam, a fim de pintar os republicanos irlandeses como comunistas . [ 94 ]

O simbolo do poder britanico na Irlanda:
O estandarte do Lorde-tenente, que usava a bandeira da uniao mais o simbolo nacional da Irlanda, criado pelo Ato de Uniao de 1800 .

A Igreja Catolica , uma das instituicoes mais fortes da epoca, era critica da violencia perpetrada por ambos os lados, mas especialmente condenava o IRA por suas acoes (a igreja tinha uma longa reputacao de condenar a militancia republicana). O bispo de Kilmore, Dr. Finnegan, disse: "Em qualquer guerra... ser justa e legal deve ser apoiada por uma esperanca bem fundamentada de sucesso. Que esperanca de sucesso voce tem contra o poderio do Imperio Britanico ? Nenhuma... nenhuma mesmo e se e tao ilegal mesmo, toda a vida tirada durante esse processo e assassinato". [ 95 ] Thomas Gilmartin , o Arcebispo de Tuam, escreveu uma carta dizendo que os homens do IRA que participavam das emboscadas "quebravam a tregua de Deus e sao culpados de homicidio". [ 96 ] Contudo, em maio de 1921, o papa Bento XV consternou o governo britanico quando estes pediram que a Igreja oficialmente condenasse a rebeliao e escreveu uma carta falando que "os ingleses e os irlandeses devem considerar com calma ... alguma forma de acordo mutuo". [ 97 ] Os britanicos afirmaram que esta declaracao do papa considerava o "governo de sua Majestade e as gangues assassinas irlandesas em pe de igualdade". [ 97 ]

Pelo lado irlandes, os influentes escritores Desmond FitzGerald e Robert Erskine Childers publicavam os chamados Irish Bulletin ("Boletim irlandes") que detalhavam as atrocidades do governo britanico na guerra e era secretamente distribuido pela Irlanda. Os boletins tambem eram impressos no exterior, como nos Estados Unidos, Europa e ate na Inglaterra. [ 97 ]

Enquanto a guerra armada tornava impossivel governar a Irlanda no comeco da decada de 1920, ela nao removeu as forcas britanicas da ilha. Mas o sucesso da campanha de propaganda do Sinn Fein reduziu as opcoes do governo do Reino Unido para escalar o conflito. Isso preocupava as autoridades inglesas pois elas temiam que isso poderia atrapalhar suas relacoes com os Estados Unidos , que possuiam uma enorme populacao de descendentes de irlandeses e tambem tinha varios grupos que enviavam ajuda a Irlanda, como a organizacao American Committee for Relief in Ireland ("Comite americano para ajuda na Irlanda"). O gabinete de governo ingles nao havia previsto como seria a guerra iniciada em 1919. Em 1921, um dos seus ministros, Winston Churchill , refletiu: "Qual era a alternativa? Foi mergulhar um pequeno canto do imperio em uma repressao a ferro, que nao podia acontecer sem uma mistura de assassinatos e contra-assassinatos... Apenas o senso de auto-preservacao nacional poderia ser usado como desculpa para esta politica, e nenhum homem sensato poderia alegar que a auto-preservacao estava envolvida". [ 98 ]

Memorial [ editar | editar codigo-fonte ]

Um memorial em Dublin, o Garden of Remembrance ( An Gairdin Cuimhneachain ou "Jardim da Lembranca") foi erguido em 1966, por ocasiao do cinquentenario da Revolta da Pascoa . Ja o dia em que a tregua foi firmado e um feriado chamado de "Dia Nacional da Comemoracao", em memoria a todos os combatentes que lutaram na guerra. [ 99 ]

O ultimo sobrevivente do conflito, Dan Keating (que foi membro do IRA), morreu em outubro de 2007, aos 105 anos de idade. [ 100 ]

Referencias

  1. a b c d Eunan O'Halpin & Daithi O Corrain. The Dead of the Irish Revolution . Yale University Press , 2020. p.544
  2. Heatherly, Christopher J. Cogadh Na Saoirse: British Intelligence Operations During the Anglo-Irish War, 1916-1921 reprint ed. [S.l.]: BiblioBazaar . Consultado em 24 de fevereiro de 2015  
  3. Dinan, Brian (1987). Clare and its people . Dublin: The Mercier Press. ISBN   085342 828 X   p. 105.
  4. Eunan O'Halpin, Counting Terror , em David Fitzpatrick ed. Terror in Ireland (2012), p152
  5. Neil Richardson, "A Coward if I return, a Hero if I fall: Stories of Irishmen in World War I", (Dublin 2010), p.13.
  6. "The Irish Civil War ? A brief overview" . Pagina acessada em 24 de fevereiro de 2015.
  7. Hugh F. Kearney. Ireland: Contested Ideas of Nationalism and History (NYU Press, 2007)
  8. a b c d e Patrick J. Duffy, The Nature of the Medieval Frontier in Ireland , 1982?83, pp. 21?38; Gaelic Ireland c.1250-c.1650:Land, Lordship & Settlement, 2001
  9. a b c d e f Collins, M. E. (1993), Ireland 1868?1966, Educational Company, ISBN 0-86167-305-0 .
  10. David Ross, Ireland History of a Nation , ISBN 1-84205-164-4
  11. Micheal O Suilleabhain. "The Mouth of the Glen" in Where Mountainy Men Have Sown . p39-45, 1965
  12. Sinn Fein 100 years of unbroken continuity 1905?2005 Arquivado em 26 de julho de 2011, no Wayback Machine .. Pagina acessada em 24 de novembro de 2013.
  13. Tim Pat Coogan, The I.R.A. , 1970. ISBN 0-00-653155-5
  14. Ireland, 1798?1998: Politics and War (A History of the Modern British Isles) por Alvin Jackson ( ISBN 978-0631195429 ), p. 244.
  15. Breen, Dan (1981), My fight for Irish freedom , ISBN   978-0-900068-58-4 , Anvil, p. 50  
  16. Police Casualties in Ireland, 1919?1922 por Richard Abbott ( ISBN 978-1856353144 ), p. 49.
  17. Historia da Irlanda , maio de 2007, p. 56.
  18. Sean Treacy and the 3rd. Tipperary Brigade por Desmond Ryan (1945), p. 74.
  19. The Irish War of Independence por Michael Hopkinson ( ISBN 978-0773528406 ), p. 115.
  20. A Military History of Ireland por Thomas Bartlett and Keith Jeffery ( ISBN 978-0521629898 ), p. 407.
  21. Michael Collins: A Life por James Mackay ( ISBN 1-85158-857-4 ), p. 106.
  22. Dail Eireann ? Volume 1 ? 10 April 1919 Arquivado em 7 de junho de 2011, no Wayback Machine ..
  23. Dail Eireann ? Volume 1 ? 11 March 1921 Arquivado em 7 de junho de 2011, no Wayback Machine ..
  24. The IRA por Tim Pat Coogan ( ISBN 0-00-653155-5 ), p. 25.
  25. Dail Eireann ? Volume 1 ? 25 January 1921 Arquivado em 7 de junho de 2011, no Wayback Machine ..
  26. Hopkinson, Irish War of Independence , p. 26.
  27. M.E. Collins, Ireland 1868?1966 , p. 254.
  28. The Irish War por Tony Geraghty ( ISBN 978-0-00-638674-2 ), p. 330.
  29. a b c d Hopkinson, Irish War of Independence , p. 42.
  30. Junho de 1921, Hopkinson, Irish War of Independence , p. 49.
  31. Hopkinson, War of Independence , p. 26.
  32. Hopkinson, Irish War of Independence pp. 201?202.
  33. The Irish Times , "The Limerick soviet of 1919" Arquivado em 6 de fevereiro de 1998, no Wayback Machine .. Pagina acessada em 29 de novembro de 2013.
  34. Charles Townshend, "The Irish Railway Strike of 1920: Industrial Action and Civil Resistance in the Struggle for Independence", Irish Historical Studies 21, no. 83 (Maio de 1979): 265?82.
  35. a b c Hopkinson, Irish War of Independence p. 43.
  36. White, Gerry; O'Shea, Brendan (2006). The Burning of Cork . Mercier Press. pp. 104?110. ISBN 1-85635-522-5 .
  37. M.E. Collins, Ireland 1868?1966 , p. 258.
  38. M.E Collins, Ireland , p. 252.
  39. a b Hopkinson, Irish War of Independence , p. 44.
  40. September 1919 Arquivado em 5 de marco de 2012, no Wayback Machine .. Pagina acessada em 25 de novembro de 2013.
  41. Irish Self-Determination League of Great Britain, 1919?24 Arquivado em 6 de outubro de 2008, no Wayback Machine ..
  42. Michael Collins's Intelligence War por Michael T. Foy ( ISBN 0-7509-4267-3 ), p. 25.
  43. T. Ryle Dwyer. The Squad: And the Intelligence Operations of Michael Collins . pp. 137?9
  44. Comerford, Richard (2003), Ireland: Inventing the Nation , Hodder.
  45. The Black and Tans - Bennet, Richard - 1959, pagina 222.
  46. Richard Bennett, The Black and Tans , E Hulton and Co Ltd, London, 1959, p. 107, ISBN 1-56619-820-8 .
  47. Ainsworth, John S. (2000). British Security Policy in Ireland, 1920?1921: A Desperate Attempt by the Crown to Maintain Anglo-Irish Unity by Force (PDF) . Col: Proceedings of the 11th Irish-Australian Conference. Perth , Australia: Murdoch University . p. 5  
  48. Michael Collins por Tim Pat Coogan ( ISBN 0-09-968580-9 ), p. 144.
  49. The Secret Army: The IRA por J. Bowyer Bell ( ISBN 1560009012 ), p. 23.
  50. Michael Collins's Intelligence War por Michael T. Foy ( ISBN 0-7509-4267-3 ), p. 167.
  51. Tom Barry: IRA Freedom Fighter por Meda Ryan ( ISBN 1-85635-480-6 ), p. 98.
  52. a b c d Irish Political Prisoners 1848? 1922 por Sean McConville ( ISBN 978-0415219914 ), p. 697.
  53. "Irish Rebury 10 Republicans Hanged by British in 1920's" , 15 de outubro de 2001, New York Times : Pagina acessada em 30 de novembro de 2013.
  54. Michael Collins's Intelligence War por Michael T. Foy ( ISBN 0-7509-4267-3 ), pp. 214?218.
  55. Dorothy McArdle, The Irish Republic , p. 568.
  56. Bartlett, Military History of Ireland , p. 406.
  57. Battle of Rottenrow . Pagina acessada em 24 de novembro de 2013.
  58. a b The Green Flag: The Turbulent History of the Irish National Movement? por Robert Kee ( ISBN 978-0-14-029165-0 )
  59. Britain Between the Wars, 1918?40 por Charles Loch Mowat ( ISBN 978-0416295108 ), pp. 84?85.
  60. "Official Correspondence relating to the Peace Negotiations June-September, 1921" . Pagina acessada em 30 de novembro de 2013.
  61. Niall C. Harrington Kerry Landing , p. 8.
  62. Meda Ryan, Tom Barry, IRA Freedom Fighter , p. 157.
  63. "Anglo-Irish Treaty" . Pagina acessada em 30 de novembro de 2013.
  64. a b Parkinson, Unholy War , p. 237.
  65. O'Connor, Frank. The Big Fellow . [S.l.: s.n.], 1937. ISBN 0-312-18050-0
  66. ≪Dail Eireann ? Volume 1 ? 20 August, 1919 ? OATH OF ALLEGIANCE≫ . Historical-debates.oireachtas.ie. 20 de agosto de 1919 . Consultado em 2 de setembro de 2012 . Arquivado do original em 11 de Fevereiro de 2012  
  67. a b c (Hopkinson, Irish War of Independence pp. 201?202).
  68. The Politics of the Irish Civil War por Bill Kissane ( ISBN 978-0-19-927355-3 )
  69. Walker, Graham. A History of the Ulster Unionist Party: Protest, Pragmatism and Pessimism . ISBN 978-0-7190-6109-7 .
  70. Hopkinson, Irish War of Independence , p. 158.
  71. Irish Times 24 de junho de 1920; reimpresso a 24 de junho de 2009.
  72. Michael Collins's Intelligence War por Michael T. Foy ( ISBN 0-7509-4267-3 ), p. 91.
  73. Hopkinson, Irish War of Independence , p. 162.
  74. Alan F Parkinson, Belfast's Unholy War , ISBN 1-85182-792-7 hbk p. 316.
  75. Parkinson, Unholy War , p. 316.
  76. Michael Hopkinson, Green Against Green, the Irish Civil War , pp. 79?83.
  77. Hopkinson, Green against Green , pp. 83?86.
  78. Hopkinson, Green against Green p. 86.
  79. Hopkinson, Green against Green , p. 85.
  80. Hopkinson, Green Against Green , pp. 83?87.
  81. Lynch, Northern IRA , pp. 147?48.
  82. Hopkinson, Green against Green , pp. 112?113.
  83. Hopkinson, Green against Green , pp. 115?116.
  84. Parkinson, Unholy War, p. 316.
  85. Dublin Historical Record 1998, vol.51 pp. 4?24.
  86. Dublin Historical Record 1998 Vol 51, p. 17.
  87. ≪Grangegorman Military Cemetery " Irish History Podcast≫ . Irishhistorypodcast.ie . Consultado em 2 de setembro de 2012 . Arquivado do original em 28 de Marco de 2012  
  88. Richard English, Armed Struggle, a History of the IRA , pp. 39?40. Robert Lynch, The Northern IRA and the Early Years of Partition , pp. 227, p. 67.
  89. Parkinson, Unholy War , p. 314.
  90. Hart, IRA and its Enemies , p. 314.
  91. Kilmichael veteran’s son challenges Hart Arquivado em 21 de julho de 2011, no Wayback Machine ., por Niall Meehan, Southern Star, 5 de julho de 2008
  92. Tom Barry, IRA Freedom Fighter , 2005
  93. "Tactics, Politics, and Propaganda in the Irish War of Independence, 1917-1921" . Pagina acessada em 13 de dezembro de 2014.
  94. "Intercourse between Bolshevism and Sinn Fein", Cmd. 1326 ( HMSO , Londres, 1921).
  95. Raids and Rallies por Ernie O'Malley ( ISBN 978-0900068638 ), p. 96.
  96. Raids and Rallies por Ernie O'Malley ( ISBN 978-0900068638 ), p. 97.
  97. a b c Michael Collins por Tim Pat Coogan ( ISBN 0-09-968580-9 ), p. 204.
  98. W. Churchill, The Aftermath (Thornton 1929) p. 297.
  99. ≪National Day of Commemoration≫ . Ceisteanna?Questions. Oral Answers . Col: Dail Eireann Debates. Vol. 260. [S.l.: s.n.] 13 de abril de 1972. pp. col 316 . Consultado em 13 de dezembro de 2014  
  100. ≪Irish Civil War veteran dies at 105≫ . BBC News . 3 de outubro de 2007  

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

  • Bartlett, Robert (1997). A Military History of Ireland . [S.l.]: Penguin. ISBN   0140154094  
  • Collins, M. E. (1993), Ireland 1868?1966 , ISBN   0-86167-305-0 , Dublin: Educational Company   .
  • Comerford, Richard (2003), Ireland: Inventing the Nation , Hodder   .
  • Connolly, Colm (1996), The Illustrated Life of Michael Collins , ISBN   978-1-57098-112-8 , Boulder, Co.: Roberts Rinehart  
  • Connolly, Colm (1996), Michael Collins , ISBN   978-0-297-83608-7 , London: Weidenfeld & Nicolson  
  • Coogan, Tim Pat (1990), Michael Collins , ISBN   978-0-091-74106-8 , London: Hutchinson   .
  • Coogan, Tim Pat (2016), 1916: One Hundred Years of Irish Independence: From the Easter Rising to the Present , ISBN   978-1-250-11059-6 , New York: Thomas Dunne Books   .
  • Cottrell, Peter (2006), The Anglo-Irish War, The Troubles, 1913?23 , ISBN   978-1-84603-023-9 , Oxford: Osprey Publishing   .
  • English, Richard (2003), Armed Struggle, a History of the IRA , ISBN   0-19-516605-1 , MacMillan   .
  • Hart, Peter (2003), The IRA at War 1916?1923 , ISBN   0-19-925258-0 , Oxford: Oxford University Press   .
  • Hart, Peter (1998), The IRA and Its Enemies: Violence and Community in Cork, 1916?1923 , ISBN   0-19-820806-5 , Oxford: Oxford University Press   .
  • Hopkinson, Michael (2002), The Irish War of Independence , Gill & Macmillan   .
  • Hopkinson, Michael (2004), Green against Green, the Irish Civil War , Gill & Macmillan   .
  • Kleinrichert, Denise (2000), Republican Internment and the Prison Ship "Argenta", 1922 , ISBN   978-0-7165-2683-4 , Kildare: Irish Academic Press Ltd   .
  • Lowe, W.J. (2002), 'The War against the RIC, 1919?21', Eire-Ireland , 37  
  • Lyons, F. S. L. (1971), Ireland Since the Famine , London   .
  • MacCardle, Dorothy (1937), The Irish Republic , London  
  • Murphy, Gerard (2010), The Year of Disappearances: Political Killings in Cork 1920?1921 , ISBN   978-0-7171-4748-9 , Cork: Gill & Macmillan Ltd   .
  • Pakenham, Frank (Earl of Longford) (1935), Peace By Ordeal: An Account from First-Hand Sources of the Negotiation and Signature of the Anglo-Irish Treaty of 1921 , ISBN   978-0-283-97908-8 , London   .
  • O'Donoghue, Florrie (Maio de 1963), 'Guerilla Warfare in Ireland 1919?1921', An Cosantoir , XXII   .
  • Ryan, Meda (2003), Tom Barry: IRA Freedom Fighter , ISBN   1-85635-425-3 , Cork: Mercier Press  
  • Sheehan, William (2011), A Hard Local War: The British Army and the Guerrilla War in Cork, 1919-1921 , ISBN   978-0752458823 , The History Press  
  • Townshend, Charles (1975), The British Campaign in Ireland 1919?1921: The Development of Political and Military Policies , Oxford  
  • Townshend, Charles (2014), The Republic: The Fight For Irish Independence , London  

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]