Regiao

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Regiao (do latim regio, regionis 'direcao, linha reta; caminho direto, fre, de regere 'dirigir, guiar, governar' [ 1 ] ), originalmente, um conceito de sintese da geografia que pretende definir, numa certa porcao da superficie terrestre, uma identidade espacial homogenea baseada na analise dos elementos naturais e humanos. Porem, o termo passou a fundamentar uma area do pensamento geografico denominada Geografia Regional , concebida em oposicao a Geografia Geral. Ao decorrer do seculo XX tal denominacao passou por diversas revisoes conceituais e atualmente seu uso tornou-se conflituoso e ambiguo para um olhar que esteja fora do ambito da epistemologia geografica [ 2 ] .

Regiao e uma area da superficie terrestre que apresenta caracteristicas naturais (geomorfologia, vegetacao, clima, entre outras presentes em uma regiao natural) e humanas (culturais, economicas, politicas e sociais entre outras) que a diferenciam das demais areas, configurando uma relativa unidade ou identidade interna.

Uma regiao tambem pode ser qualquer area geografica que forme uma unidade distinta em virtude de determinadas caracteristicas, tal como um recorte tematico do espaco ou um recorte logico . Em termos gerais, costumam, mas nao necessariamente, ser menores que um pais, e podem ser delimitadas em diversas escalas de acordo com as necessidades do estudo. E comum intuitivamente empregarmos, como exemplo, o seguinte uso do termo para expressar uma hierarquia em escalas de abrangencia politica: pais; regiao; e cidade. De modo mais geral, principalmente para referir fenomenos naturais, tambem se pressupoe a seguinte sequencia: zona; regiao; e localidade. Por exemplo, podemos dizer que os fenomenos climaticos globais ocorrem de maneira distinta em zonas hemisfericas (norte e sul) e possuem consequencias muito particulares em cada localidade. Por outro lado, as cidades servem como lugar de expressao dos territorios de conflitos para grupos populacionais que seguem ordenamentos e determinacoes nacionais e globais oriundas da producao economica.

Na Uniao Europeia , por exemplo, o territorio e administrativamente dividido em NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatisticos), que em alguns paises vieram a substituir algumas das subdivisoes tradicionais dos territorios nacionais.

A divisao e administracao territorial difere de pais para pais, segundo politicas proprias e levando em conta particularidades geograficas, etnicas, historicas, economicas e ecologicas.

Na geografia tradicional , as regioes eram entendidas como sinteses de elementos fisicos e sociais em integracao, sendo reconhecidas pela descricao da paisagem . Nesse sentido, a regiao era uma paisagem diferenciada. O geografo classico que mais se destacou no desenvolvimento desse tipo de estudo regional foi Paul Vidal de La Blache [ 3 ] .

Ja na geografia quantitativa , a regiao passa a ser pensada como uma divisao de area definida atraves de criterios de homogeneidade e/ou de relacoes funcionais. Os “belts” ou “cinturoes” da agricultura norte-americana sao exemplos de regioes homogeneas (cinturao do trigo, cinturao do milho, etc.), enquanto as regioes de influencia de cidades sao exemplos de regioes funcionais.

A geografia humanista (ao menos na proposta de Armand Fremont ), concebe a regiao nao apenas com base em criterios economicos e politico-administrativos, mas tambem como espaco de identidade e de pertencimento. A regiao e, assim, um espaco mais amplo do que o lugar e onde vivem as pessoas com as quais um determinado individuo se identifica. Por exemplo, se uma pessoa que nasceu no Nordeste do Brasil acha que os nordestinos tem um jeito proprio de ser, ira pensar nessa regiao como o espaco em que vivem pessoas iguais a ela, muito embora ela nao tenha visitado a maior parte dessa regiao [ 4 ] .

A geografia critica relegou o estudo regional a um plano secundario, pois o identificou com o empirismo da vertente tradicional [ 5 ] . Os geografos criticos preferem trabalhar com os conceitos de espaco e de territorio . Alguns geografos que procuraram trabalhar com questoes regionais numa perspectiva critica sao Yves Lacoste e Edward Soja . Vale tambem mencionar que Milton Santos elaborou uma proposta de regionalizacao do territorio brasileiro em seu livro Brasil: territorio e sociedade no inicio do seculo XXI fe tropa"

Devido a crise do planejamento regional, que se inicia nos anos 1980, o conceito de regiao nao tem sido muito trabalhado pela geografia e nem pela economia regional. Hoje, o conceito mais usado pelos geografos latino-americanos e o de territorio [ 6 ] .

Referencias

  1. HOUAISS & VILLAR, Antonio & Mauro (2001). Dicionario Houaiss da lingua portuguesa . [S.l.]: Instituto Antonio Houaiss/Editora Objetiva  
  2. Sandra Lencione, Tese de livre-docencia apresentada no Departamento de Geografia da Universidade de Sao Paulo. Regiao e Geografia . [S.l.: s.n.]  
  3. Luis Lopes Diniz Filho. Fundamentos epistemologicos da geografia . 1. ed. Curitiba: IBPEX, 2009 (Colecao Metodologia do Ensino de Historia e Geografia, 6), p. 86.
  4. Luis Lopes Diniz Filho. Fundamentos epistemologicos da geografia . 1. ed. Curitiba: IBPEX, 2009 (Colecao Metodologia do Ensino de Historia e Geografia, 6), p. 169.
  5. Bertha K. Becker; Claudio A. G. Egler. Brasil : uma nova potencia regional na economia-mundo. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994 (Colecao Geografia)
  6. Rogerio Haesbaert. Territorio e regiao numa "constelacao" de conceitos. In: MENDONCA, F.; SAHR, C. L. L.; SILVA, M. (org.). Espaco e tempo : complexidade e desafios do pensar e do fazer geografico. Curitiba: Ademadan, 2009.

Ver tambem [ editar | editar codigo-fonte ]