Um
contratorpedeiro
, tambem referido como
destroyer
(
aport.
:
destroier
), e um tipo de
navio de guerra
, rapido e manobravel, concebido para escoltar navios maiores numa
esquadra naval
ou comboio de navios e defende-los contra agressores menores, mas perigosos. Como a sua designacao indica, a missao inicial dos contratorpedeiros era a defesa contra
torpedeiros
, mas depois a missao passou a ser sobretudo a defesa contra
submarinos
e
aeronaves
.
Ate depois da
Primeira Guerra Mundial
, os contratorpedeiros eram embarcacoes ligeiras, sem autonomia para operacoes oceanicas independentes. Para realizarem operacoes oceanicas, os contratorpedeiros tinham que se agrupar em
flotilhas
, apoiadas por navios de apoio logistico. Pouco antes da
Segunda Guerra Mundial
, comecaram a ser desenvolvidos contratorpedeiros maiores e mais poderosos, capazes de operarem de forma independente. Os contratorpedeiros tornaram-se cada vez mais poderosos, comecando a substituir os
cruzadores
como principais navios de combate de superficie, a medida que aquele tipo de navio deixou de ser usado pela maioria das
marinhas
, nas decadas de
1950
e de
1960
.
Desde 1970 ate hoje, os contratorpedeiros sao os maiores navios de combate de superficie da maioria das marinhas do mundo, ja que apenas quatro nacoes (
Estados Unidos
,
Russia
,
Franca
e
Peru
) ainda operam o tipo mais pesado dos cruzadores e ja nenhuma opera
couracados
. Os modernos contratorpedeiros de misseis guiados sao equivalentes em deslocamento, mas muito superiores em termos de poder de fogo e outras capacidades, aos cruzadores da Segunda Guerra Mundial.
Internacionalmente, os contratorpedeiros, sao, frequentemente, referidos pelo termo em
ingles
"
destroyer
". Esse termo e, ocasionalmente, adaptado para "
destroier
", na
lingua portuguesa
. Por sua vez, o termo "
destroyer
" tem origem, por um lado, na traducao para ingles do nome de batismo do primeiro contratorpedeiro do mundo, o espanhol
Destructor
e, por outro lado, na abreviacao de
torpedo-boat destroyer
(destruidor de navios-torpedeiros), a designacao original britanica daquele tipo de navios. Conforme a lingua e o pais, este tipo de navio e classificado, oficialmente, de
contratorpedeiro
(
frances
:
contre-torpiller
[
1
]
e
grego
:
antitorpiliko
),
cacatorpedeiro
(
italiano
:
cacciatorpediniere
e
neerlandes
:
Torpedobootjager
),
destruidor
(
espanhol
:
destructor
e
alemao
:
Zerstorer
) ou
cacador
(
sueco
:
jagare
e
noruegues
:
jager
).
A emergencia e o desenvolvimento do contratorpedeiro, ate a Segunda Guerra Mundial, relacionou-se, diretamente, com a invencao do
torpedo automovel
, na
decada de 1860
, por Ivan Luppis, oficial da marinha do
Imperio Austro-Hungaro
. Uma pequena forca naval dispunha agora da possibilidade de destruir navios de guerra inimigos mais poderosos, atraves do, simples uso de pequenas lanchas a vapor para lancar-lhes torpedos. Foram construidos
barcos
rapidos, armados com torpedos, chamados
torpedeiros
.
Por alturas da
decada de 1880
, os torpedeiros tinham evoluido para pequenos
navios
de 50 a 100
toneladas
, suficientemente rapidos para escaparem aos
navios de patrulha
inimigos, mas, ainda assim, ja com um peso consideravel.
Inicialmente, considerava-se que uma esquadra de guerra so estaria em perigo de ser torpedeada, quando estivesse ancorada, mas a medida que foram sendo desenvolvidos torpedos mais rapidos e com maior alcance, o perigo estendeu-se para a navegacao oceanica. Em resposta a esta nova ameaca foram construidos navios de patrulha mais armados, chamados de "
torpedo catchers
(apanhadores de torpedos)" pela
Royal Navy
britanica, que eram usados para escoltar a esquadra em alto mar. Uma vez que tinham que acompanhar a esquadra, estes navios tinham que ter a mesma capacidade oceanica e a mesma autonomia, tornando-se, necessariamente maiores. Estes navios passaram a ser classificados, oficialmente, como "destruidores de torpedeiros" ou "contratorpedeiros".
A partir do momento em que os contratorpedeiros se tornaram mais do que simples "apanhadores de torpedos" para guarda de ancoradouros, verificou-se que eles eram tambem o tipo de navio de guerra ideal para assumirem a propria funcao de torpedeiro. Os contratorpedeiros foram, entao, armados com
tubos lanca-torpedos
, alem das
pecas de artilharia
. Na epoca, e ate a Segunda Guerra Mundial, praticamente, as unicas funcoes dos contratorpedeiros era a de protecao da sua propria esquadra contra ataques de torpedos inimigos e a realizacao desse tipo de ataques contra os navios inimigos.
O torpedeiro japones
Kotaka
, encomendado em 1885, foi o precursor dos contratorpedeiros que apareceram na decada seguinte. Projetado no Japao, os componentes do
Kotaka
foram pre-fabricados nos estaleiros ingleses da
Yarrow Shipbuilders
, sendo levados para o
Japao
, onde foram montados, com o lancamento do navio acontecendo em 1887. O
Kotaka
estava armado com quatro pecas de tiro rapido de 37 mm e com seis tubos lanca-torpedos, atingindo os 19
nos
, era o maior torpedeiro da epoca com 203 t. Nos testes de mar, o navio demonstrou que podia ir alem da sua funcao de defesa costeira e que seria capaz de seguir os navios maiores ate ao alto mar.
Apos a encomenda do
Kotaka
, em novembro de 1885, a
Marinha Espanhola
encomendou aos estaleiros ingleses de Clydebank, um navio destinado a combater torpedeiros, que seria construido de acordo com o conceito desenvolvido pelo seu oficial superior Fernando Villaamil. O navio, batizado de
Destructor
, foi lancado em 1886. O seu projeto era o de uma grande
canhoneira-torpedeira
, com 380 t de deslocamento, armada com uma peca de 90
mm
Hontoria, quatro
metralhadoras
Nordenfelt de 57 mm, duas pecas Hotchkiss de 37 mm e 3 tubos lanca-torpedos Schwarskopf. Tinha uma guarnicao de 60 homens e atingia os 22,5 nos de velocidade. Pela sua artilharia, velocidade, dimensoes, concepcao especifica para cacar torpedeiros e capacidade oceanica, o
Destructor
e considerado o primeiro contratorpedeiro do mundo a ser construido.
Pensa-se que o
Destructor
influenciou a designacao e o conceito dos contratorpedeiros desenvolvidos, posteriormente, pela
Royal Navy
. Pouco depois, esta marinha iniciou experiencias com a
classe
Rattlesnake
com 17 grandes contratorpedeiros, a primeira classe de navios projetados para combater torpedeiros.
Nos testes os
Rattlesnake
demonstraram ser, marginalmente, mais rapidos que os torpedeiros, mas nao, suficientemente, rapidos para serem decisivos. Os primeiros navios britanicos a terem a designacao, oficial, de "
torpedo boat destroyers
(TBD)" foram os dois navios da classe
Havoc
, lancados em 1893. Os
Havoc
dispunham de 240 t de deslocamento, uma velocidade de 27 nos e estavam armados com uma peca de 76 mm, tres pecas de 57 mm e tres tubos lanca-torpedos de 460 mm. Tanto a sua velocidade como a sua autonomia ja lhes permitiam acompanhar a esquadra de guerra.
Em marco de 1886, a
Marine nationale
francesa ordena que sejam montados quatro canhoes-revolver de 37 mm nos seus
Torpilleur nº 65
e
Torpilleur nº 74
, que passam a ser classificados como "
contre-torpilleurs
". A instalacao acaba por ser feita no
Torpilleur nº 68
que se torna no primeiro contratorpedeiro frances. Em 1888 tambem a canhoneira
Gabriel-Charmes
, armada com uma peca de 138,6 mm e convertida em contratorpedeiro, passando a ser o
Contre-torpilleur nº 151
. Em 1890 todos os contratorpedeiros franceses sao reclassificados como "torpedeiros". A
Franca
volta a ter, oficialmente, contratorpedeiros, em 1896, quando os
avisos
-torpedeiros
Cassini
,
D'Iberville
e
Casabianca
sao reclassificados como "contratorpedeiros de esquadra".
O projeto do contratorpedeiro evoluiu, na passagem do seculo XIX para o
seculo XX
, com a adocao de novos conceitos e avancos tecnologicos. O primeiro foi a introducao da
turbina a vapor
. O navio britanico movido por
turbina
,
Turbinia
de 1897 apressou a
Royal Navy
a encomendar um prototipo de contratorpedeiro. O HMS
Viper
com este tipo de propulsao foi lancado em 1899. O
Viper
foi o primeiro navio de guerra do mundo propulsado por turbinas, atingindo a velocidade notavel de 36 nos, nos testes de mar. Por volta de 1910 a turbina passou a ser amplamente adotada por muitas marinhas para as suas embarcacoes mais rapidas.
O segundo grande avanco foi a substituicao do
conves
de avante fechado, em estilo "carapaca de tartaruga", tipico dos torpedeiros, por um castelo de
proa
aberto e elevado, que permitia, nao so uma maior capacidade para enfrentar o mar alto, mas tambem mais espaco por baixo do
conves
.
Os britanicos adotaram a propulsao a oleo nos contratorpedeiros da classe
Tribal
em 1905, mas voltaram ao carvao, na classe
Beagle
em 1909. Outros paises tambem adotaram a propulsao a oleo, como os Estados Unidos com os seus contratorpedeiros da classe
Paulding
em 1909.
Foi seguido um projeto padrao quase igual para todos os contratorpedeiros. O
casco
passou a ser alongado e estreito, com um
calado
reduzido. A
proa
dispunha de um castelo elevado, sob o qual ficavam os alojamentos dos tripulantes que ocupava de 1/4 a 1/3 do comprimento do casco. A re dos alojamentos da tripulacao ficava a casa das maquinas com as varias
caldeiras
,
maquinas
e turbinas. No conves estavam montadas um ou duas pecas de tiro rapido a proa, mais outras a meio-navio e a re. Os tubos lanca-torpedos, mais tarde instalados em lancadores multiplos, estavam normalmente a meia nau.
Entre 1890 e 1914 os contratorpedeiros tornaram-se, visivelmente, maiores, passando das 300 t de deslocamento iniciais, para as comuns 1 000 t no inicio da
Primeira Guerra Mundial
. No entanto, os projetistas continuaram focalizados no objetivo da colocacao das maiores maquinas possiveis no menor casco possivel, resultando numa construcao algo fragil. Os cascos eram, muitas vezes construidos com
aco
de apenas 30 mm de espessura.
Os primeiros contratorpedeiros eram barcos sobrelotados de tripulantes. Por exemplo, na classe
Havoc
os oficiais a dormiam nas cadeiras almofadadas da messe e nao havia camas para os demais tripulantes. O vapor e a condensacao tambem ajudavam a tornar as condicoes de habitabilidade muito dificeis.
Por volta de 1910 o torpedeiro a vapor, virou um barco redundante como um tipo separado de embarcacao do contratorpedeiro. A Alemanha continuou, no entanto, a construir aquele tipo de torpedeiros ate ao fim da Primeira Guerra Mundial. A Alemanha nunca distinguiu os torpedeiros dos contratorpedeiros, dando-lhes
numeros de amura
dentro da mesma serie, nao lhes dando nomes de batismo. O termo torpedeiro passou a ser dado, bastante mais tarde, a outro tipo, bastante diferente de embarcacao, os torpedeiros hidroplanadores de alta velocidade, dos tipos S-
Boote
alemaes, MTB britanicos, MAS italianos e PT norte-americanos da
Segunda Guerra Mundial
.
O proposito, inicial, do contratorpedeiro, era o de dar protecao contratorpedeiros, mas as marinhas comecaram a apreciar a flexibilidade da rapida e multifuncional embarcacao que resultou dali. A
Royal Navy
estabelecia como missoes para os contratorpedeiros: reconhecimento avancado do percurso da esquadra quando existe a presenca de torpedeiros, reconhecimento de uma costa hostil por onde a esquadra iria navegar, vigiar os portos inimigos de modo a molestar os seus torpedeiros e impedir o seu retorno a base e atacar a esquadra inimiga.
A primeira grande utilizacao do contratorpedeiro aconteceu durante o devastador ataque japones a frota russa em
Port Arthur
, no inicio da
Guerra Russo-Japonesa
, em 1904. Tres divisoes de contratorpedeiros atacaram a frota russa no porto, disparando um total de 18 torpedos que danificaram gravemente, dois couracados russos.
Enquanto os embates entre navios capitais, foram raros, durante a
Primeira Guerra Mundial
, as unidades de contratorpedeiros estiveram, quase, continuamente, envolvidas em incursoes e acoes de patrulhamento. O primeiro tiro da guerra no mar, foi disparado a 5 de agosto de 1914 pelo HMS
Lance
, navio da 2ª Flotilha de Contratorpedeiros da
Royal Navy
, num combate com o
lanca-minas auxiliar
alemao
Koningin Louise
. A primeira baixa naval britanica foi o HMS
Amphion
, navio cruzador ligeiro condutor da 3ª Flotilha de Contratorpedeiros, ao embater numa mina lancada pelo
Koningin Louise
.
Os contratorpedeiros estiveram envolvidos em escaramucas preparativas da Batalha de Heligolandia e desempenharam uma serie de funcoes na
Batalha de Galipoli
, atuando como transportes de tropas e navios de apoio de fogo, bem como na sua funcao de reconhecimento em proveito da esquadra. Mais de 80 contratorpedeiros britanicos e 60 torpedeiros alemaes tomaram parte na
Batalha da Jutlandia
, que incluiu varias acoes entre navios pequenos e ataques temerarios, por parte de contratorpedeiros desapoiados, contra navios capitais. A Batalha da Jutlandia foi concluida com uma confusa acao entre a Frota do Alto Mar alema e parte da forca britanica de contratorpedeiros de reconhecimento.
A ameaca evoluiu, na Primeira Guerra Mundial, com o desenvolvimento do
submarino
. Basicamente, o submarino era um torpedeiro com o potencial para se esquivar ao fogo inimigo e aproximar-se, debaixo de agua, para disparar os seus torpedos. Os contratorpedeiros do inicio da guerra dispunham da velocidade e armamento para interceptar submarinos antes dos mesmos emergirem, quer atraves do fogo de peca quer atraves do abalroamento. Os contratorpedeiros tambem tinham um calado, suficientemente baixo para o tornar dificil de atingir com torpedos.
A necessidade de atacar submarinos debaixo de agua levou ao rapido desenvolvimento do contratorpedeiro durante a guerra, os quais foram, rapidamente, equipados com proas reforcadas para o abalroamento,
cargas de profundidade
e
hidrofones
para identificarem alvos submarinos. O primeiro submarino vitima de um contratorpedeiro foi o alemao
U-19
, abalroado pelo HMS
Badger
a 29 de outubro de 1914. Enquanto o
U-19
so ficou danificado, no mes seguinte, o
U-18
foi afundado pelo contratorpedeiro HMS
Garry
. O primeiro afundamento atraves de carga de profundidade ocorreu a 4 de dezembro de 1916 quando o
U-19
foi vitima do contratorpedeiro HMS
Lewelly
.
A ameaca submarina fez com que muitos contratorpedeiros tivessem que passar, grande parte do seu tempo, em patrulhas anti-submarinas. A partir do momento em que a Alemanha adotou a guerra submarina sem restricoes, em janeiro de 1917, os contratorpedeiros foram chamados a escoltar comboios de navios mercantes. Os contratorpedeiros dos Estados Unidos estiveram entre as primeiras unidades militares norte americanas a ser enviadas depois da sua entrada na guerra. Ate uma forca de contratorpedeiros japoneses foi enviada para dar apoio aos Aliados no patrulhamento do
Mediterraneo
. O patrulhamento estava longe de ser seguro, sendo 67 contratorpedeiros britanicos perdidos na guerra.
No final da guerra o estado da arte, em termos de contratorpedeiros, eram representados pelos navios britanicos das classes V e W.
A tendencia, durante a Primeira Guerra Mundial, tinha sido no sentido de contratorpedeiros maiores, com armamentos mais pesados. Um numero de oportunidades de atingir navios capitais tinha sido desperdicado pelo fato dos contratorpedeiros terem gasto todos os seus torpedos numa unica salva inicial. Nas classes V e W britanicas, do final da guerra, tentou-se minorizar este problema com a instalacao de seis tubos lanca-torpedos, em dois lancadores triplos, em vez dos dois a quatro tubos de modelos anteriores. As classes V e W estabeleceram o padrao para a construcao de contratorpedeiros na
decada de 1920
.
Uma grande inovacao surgiu com os contratorpedeiros japoneses da classe
Fubuki
, projetados em 1923 e entregues em 1928. O projeto destacou-se, inicialmente, pelo seu poderoso armamento de seis pecas de 127 mm e tres lancadores triplos de torpedos. A segunda serie da classe dispunha de torres que permitiam, as suas pecas, um angulo elevado de tiro para
defesa antiaerea
e tinha instalados os torpedos do Tipo 93 de 240 mm, propulsados a
oxigenio
. Na classe
Hatsuharu
de 1931 o armamento de torpedos ainda foi mais melhorado, atraves do armazenamento dos torpedos de recarga a mao, perto da superestrutura, o que permitia o remuniciamento em 15 minutos.
A maioria das restantes potencias maritimas respondeu, tambem, com navios maiores. Os contratorpedeiros norte-americanos da classe
Porter
adotaram pecas duplas de 127 mm e os navios da, subsequente, classes
Mahan
e
Gridley
aumentaram o numero de tubos lanca torpedos para 12 e 16, respetivamente. No
Mediterraneo
, a construcao, pela
Regia Marina
italiana, dos muito rapidos
cruzadores ligeiros
da classe Condottieri apressou os franceses a produzirem projetos excepcionais de contratorpedeiros. Os franceses ja ha muito, tinham sido adeptos de grandes contratorpedeiros com a sua classe
Chacal
, de 1922, a deslocar 2 000 t e a levar pecas de 130 mm. Tres classes semelhantes foram produzidas na
decada de 1930
. A classe
Le Fantasque
, lancada em 1935, levava cinco pecas de 140 mm e nove tubos lanca-torpedos e atingia uma velocidade de 45
nos
o que, ainda hoje, e um recorde de velocidade, no ambito de navios a vapor e de contratorpedeiros. Os contratorpedeiros italianos eram quase tao velozes, com a maioria dos projetos da decada de 1930 a atingirem os 38 nos, levando ao mesmo tempo, torpedos e quatro ou seis pecas de 120 mm.
A Alemanha recomecou a construcao de contratorpedeiros durante a
decada de 1930
, como parte do programa de rearmamento de
Hitler
. Os alemaes tambem eram adeptos dos grandes contratorpedeiros. No entanto, apesar dos contratorpedeiros iniciais, do tipo
Zerstorer
1934, disporem de um deslocamento de mais de 3 000 t, o seu armamento era equivalente ao das embarcacoes menores. Isto mudou a partir dos contratorpedeiros do tipo
Zerstorer
1936, que estavam ja armados com pecas pesadas de 150 mm. Os contratorpedeiros alemaes tambem se caracterizavam pelo uso de maquinas inovadoras de vapor de alta pressao, que, apesar de melhorarem a sua eficiencia, tinham frequentes problemas mecanicos.
A partir do momento em que os rearmamentos alemao e japones se tornaram obvios, as marinhas britanica e norte-americana focalizaram-se na construcao de contratorpedeiros menores mas mais numerosos que os das outras nacoes. Os britanicos construiram uma serie de contratorpedeiros com cerca de 1 400 t de deslocamento, com quatro pecas de 127 mm e oito tubos lanca-torpedos. Os contratorpedeiros norte-americanos da classe
Benson
de 1938 eram semelhantes em tamanho, mas levavam cinco pecas de 127 mm e dez tubos lanca-torpedos.
Apercebendo-se da necessidade de armamento mais pesado, em termos de pecas de artilharia, os britanicos construiriam os contratorpedeiros da classe Tribal, em 1936. Estes navios deslocavam 1 850 t e estavam armados com oito pecas de 127 mm em quatro torres duplas e com quatro tubos lanca-torpedos. Esta classe foi seguida pelas classes J e L, que dispunham de seis pecas de 127 mm em torres duplas e oito tubos lanca-torpedos.
Os contratorpedeiros britanicos comecaram tambem a serem equipados com os sensores anti-submarinos, dos quais se destacava o inovador
sonar
ASDIC. As armas anti-submarinas mantinham-se, quase semelhantes as da Primeira Guerra Mundial.
Durante as decadas de 1920 e 1930, os contratorpedeiros foram enviados, frequentemente, para areas onde existiam tensoes diplomaticas ou desastres humanitarios. Em missoes desse tipo, contratorpedeiros de varios paises foram enviados para a China, para a Espanha e para as varias possessoes coloniais.
Por altura da
Segunda Guerra Mundial
as ameacas tinham, novamente evoluido. Os submarinos tornaram-se mais eficientes e as aeronaves tornaram-se em importantes plataformas de armas na guerra naval. Mais uma vez, as forcas de contratorpedeiros foram apanhadas mal equipadas para lidar com estas novas ameacas.
Com o decorrer da guerra, os contratorpedeiros foram armados com novas armas antiaereas,
radares
e armas anti-submarinas de lancamento para avante, alem das ja existentes pecas ligeiras, cargas de profundidade e torpedos. Por esta altura, os contratorpedeiros tinham-se tornado em embarcacoes grandes e multifuncionais.
Agora, eram elas proprias alvos valiosos, e ja nao embarcacoes descartaveis para a protecao de outras mais importantes. Alem disso, os contratorpedeiros tornaram-se num dos tipos de navios mais afundados, apesar de serem produzidos em grandes quantidades.
Isto levou ao desenvolvimento de um tipo mais economico de
navio de escolta
, especializado em luta anti-submarina, que seria empregue na protecao de comboios mercantes e outros alvos menos importante, resguardando os contratorpedeiros para a defesa da esquadra e de alvos prioritarios. Estes novos escoltas economicos foram chamados "
corvetas
" e "
fragatas
" pela
Royal Navy
e
destroyer escorts
(escoltas contratorpedeiros) pela marinha dos Estados Unidos. Um programa semelhante, de escoltas economicos, foi desenvolvido pelo Japao, levando aos contratorpedeiros da classe
Matsu
. Os novos escoltas tinham o deslocamento e outras carateristicas dos contratorpedeiros originais, a partir dos quais os contratorpedeiros contemporaneos tinham evoluido.
Depois do final da Segunda Guerra Mundial, ainda na
decada de 1940
e na
decada de 1950
, foram completadas algumas classes de contratorpedeiros convencionais, construidos com base na experiencia ganha durante a guerra. Estes navios eram, significativamente maiores que os contratorpedeiros do tempo da guerra e tinham as armas principais completamente automaticas, alem de radar, sonar e armas anti-submarinas, como o morteiro Squid. Exemplos destes contratorpedeiros foram as classes
Daring
britanica,
Forrest Sherman
norte-americana e
Kotlin
sovietica.
Alguns contratorpedeiros antigos foram modernizados para a guerra anti-submarina e no sentido da extensao do seu periodo devida util, como meio de evitar a dispendiosa construcao de navios novos. Dois exemplos destas modernizacoes foram o Programa de Reabilitacao da Frota (FRAM) dos EUA e o programa britanico de conversao de antigos contratorpedeiros das classes R, T, U, V, W e Z nas fragatas anti-submarinas do Tipo 15.
O advento do
superficie-ar
e do
missil superficie-superficie
, no inicio da
decada de 1960
mudou, radicalmente, a guerra naval. Foram desenvolvidos os contratorpedeiros de misseis guiados (DDG) para levarem estas armas e protegerem a esquadra de ameacas submarinas, aereas e de superficie. Alguns exemplos foram os contratorpedeiros sovieticos da classe
Kashin
, os britanicos da classe
County
e os norte-americanos da classe
Charles F. Adams
.
A
marinha da Russia
opera, atualmente, a classe
Sovremenny
de grandes contratorpedeiros multifuncoes de misseis guiados, projetados a partir da decada de 1960 e lancados em 1980, porem apenas 9 estao operacionais, dentre eles, 5 estao operacionais na marinha russa e 4 na marinha chinesa.
Estes navios eram classificados, pelos sovieticos, como BRK (
Bolshoy Raketny Korabl
- grande navio de foguetes), sendo equivalentes aos contratorpedeiros DDG da NATO. Os
Sovremenny
sao propulsados atraves de fornalhas que lhes permitem atingir velocidades superiores a 30 nos. O seu armamento consiste em oito obsoletos misseis antinavio SS-N-22, lancadores para misseis antiaereos SA-N-7 e duas torres duplas com pecas automaticas de 130 mm, com capacidade para disparar
granadas
guiadas a
laser
.
Apesar de tambem transportarem tubos lanca-torpedos de 533 mm e lanca-foguetes anti-submarinos, a sua principal missao e o ataque a embarcacoes de superficie. Para o ataque a embarcacoes a curta distancia os misseis antiaereos tem um modo especial anti-superficie, alem de poderem ser usadas as pecas de 450 mm, torpedos e ogivas nucleares.
Na
Marinha dos Estados Unidos
os contratorpedeiros destinam-se a operar em apoio dos grupos de batalha de porta-avioes, grupos de acao de superficie, grupos anfibios e grupos de reabastecimento. Atualmente os EUA operam 62 contratorpedeiros AEGIS supermodernos da
Classe Arleigh Burke
, possuindo a maior e mais moderna esquadra desse tipo.
Os Estados Unidos classificaram os seus contratorpedeiros em dois tipos, sistema esse que foi tambem adoptado pela
NATO
e por outras marinhas. O primeiro tipo e o dos contratorpedeiros, com prefixo DD no seu
numero de amura
, menos sofisticados, que se destinam a desempenhar, primariamente, funcoes de luta anti-submarina.
O segundo tipo e o dos contratorpedeiros de misseis guiados, com o prefixo DDG, multifuncionais, com capacidades antiaereas, anti-submarinas e anti-superficie. A recente introducao de
misseis de cruzeiro
nos contratorpedeiros da marinha dos Estados Unidos permitiu uma ampla expansao do seu papel de ataque contra a costa. Como o peso economico da operacao de navios de combate de superficie mais pesados retirou, a maioria deles, do servico ativo, as suas funcoes tem vindo a ser assumidas pelo contratorpedeiro levando ao crescimento do seu deslocamento. Um supermoderno contratorpedeiro da classe
Arleight Burke
tem o mesmo deslocamento que um cruzador ligeiro da Segunda Guerra Mundial.
A
Forca Maritima de Autodefesa do Japao
tem ao seu servico uma forca de 18 contratorpedeiros modernos, de varios tipos e classes. Os contratorpedeiros japoneses seguem um sistema de classificacao semelhante ao que estava em vigor nos Estados Unidos antes de 1975. Existem contratorpedeiros dos tipos: DDH, porta-helicopteros, que servem de
navios-chefe
das flotilhas de escoltas; DD, antissubmarino; DDG, antiaereos de misseis guiados e DDE, escoltas contratorpedeiros, usados para patrulhamento regional e escolta da navegacao mercante. Sao operadas as classes
Hyuga
,
Shirane
e
Haruna
de DDG, as classes
Takanami
,
Murasame
,
Asagiri
e
Hatsuyuki
de DD, as classes
Atago
,
Kongo
,
Hatazake
e
Tachikaze
de DDG e as classes
Abukuma
e
Yubari
de DDE. Os DDH da classe
Hyuga
, lancados em 2007, sao na verdade
porta-avioes
ligeiros de conves corrido, classificados de contratorpedeiros apenas para ultrapassar as restricoes constitucionais que impedem o Japao de ter aquele tipo de navios. Com 18 000 t de deslocamento, o
Hyuga
devera ser o maior navio a ser classificado como contratorpedeiro.
Atualmente, a
Royal Navy
opera sete contratorpedeiros do Tipo 42. Com a desativacao das unidades maiores, sobretudo a partir da
decada de 1970
, os contratorpedeiros e as fragatas tornaram-se, nos elementos principais da frota britanica. Os contratorpedeiros sao otimizados para a defesa aerea e as fragatas para o combate de superficie e a luta anti-submarina. Os contratorpedeiros britanicos tem um deslocamento medio de cerca de 5 000 t, sendo armados com uma mistura de pecas, de misseis e de tubos lanca-torpedos anti-submarinos. As pecas usadas sao as de 114 mm e as automaticas de curto alcance Vulcan Phalanx de 20 mm. Os misseis sao os Sea Dart. Todos os contratorpedeiros britanicos deverao ser substituidos pela nova classe
Daring
, cujos navios tem um deslocamento aproximado de 7 200 t.
A
Marinha Canadiana
opera, ainda, a classe
Iroquois
de contratorpedeiros antiaereos de misseis guiados porta-
helicopteros
. Lancados na
decada de 1970
, os
Iroquois
foram os primeiros navios militares canadianos propulsados, inteiramente, a turbinas a gas. Os contratorpedeiros canadianos usam o sistema COGOG em que duas turbinas sao usadas em velocidades de cruzeiro e, outras, duas - turbinas de impulso - para velocidades de ate 29 nos. Este sistema ja tinha sido usado pelos contratorpedeiros sovieticos da classe
Kashin
da decada de 1960 e foi instalado, posteriormente, nos contratorpedeiros norte-americanos da classe
Spruance
.
Tambem a
marinha do Exercito Popular de Libertacao
chines incorporou alguns contratorpedeiros, que se vieram somar aos
Sovremenny
russos, que ja estavam ao seu servico. Tres novas classes e mais modernas chinesas foram lancadas, desde 2003, conhecidas por
Luyang
,
Luyang
II e
Luzhou
. As ultimas duas estao armadas, respetivamente, com os misseis chineses de defesa aerea de longo alcance HQ-9 e com os russos S-300.
A Franca opera os contratorpedeiros antiaereos das classes
Horizon
e
Cassard
e os antissubmarino das classes
Tourville
e
George Leygues
. A
Marine nationale
deixou de usar o termo "contratorpedeiro" apos a Segunda Guerra Mundial, classificando os navios desse tipo como "
escoltadores de esquadra
", ainda que usando o prefixo D de "
destroyer
" nos seus numeros de amura. Esta classificacao foi, por sua vez, abandonada na
decada de 1990
, passando os navios deste tipo a serem classificados como "fragatas", mas mantendo o prefixo D. Os navios de escolta menores - anteriormente classificados como "
avisos
-escoltadores" ou "escoltadores rapidos" - tambem sao classificados como "fragatas" mas usam o prefixo F nos seus numeros de amura. Os contratorpedeiros franceses sao navios com deslocamentos entre as 4 000 t e as 7 000 t. Os navios antiaereos da nova classe Horizon, projetada em conjunto com a Italia e Reino Unido, lancada em 2005, com um deslocamento de 6 630 t, estao armados com misseis superficie-ar ASTER, misseis superficie-superficie Exocet, duas pecas de 76 mm, duas pecas antiaereas de curto alcance de 20 mm e tubos lanca-torpedos.
Algumas outras marinhas do mundo continuam a operar contratorpedeiros modernos. Destacam-se a da Italia com as suas classes
Luigi Durand de la Penne
e
Orizzonte
(versao italiana da
Horizon
), a da
India
com a sua classe
Delhi
e a da
Argentina
com a sua classe
Almirante Brown
.
Nas ultimas decadas, tem vindo esbater-se a diferenca clara entre contratorpedeiros e fragatas. A classificacao de um navio como contratorpedeiro, como fragata e, mesmo como corveta ou como cruzador, tem vindo a obedecer, cada vez mais, a criterios politicos ou de tradicao do que as carateristicas especificas ou funcoes do navio. O exemplo claro disto, foi a radical reclassificacao dos navios da Marinha dos Estados Unidos, em 1975, que entre outras alteracoes, levou a que navios, ate ai considerados fragatas, passassem a ser reclassificados como cruzadores ou como contratorpedeiros. Na atualidade, a tendencia de muitas marinhas e a de classificarem, universalmente, os seus
escoltas oceanicos
como fragatas, abandonando o uso do termo "contratorpedeiro". Dois exemplos disto sao os navios espanhois da classe
Alvaro de Bazan
, lancada em 2002 e os navios alemaes da futura classe 125, que sao classificados como fragatas, apesar de terem, respetivamente, deslocamentos de 6 250 t e 7 200 t, portanto, superiores aos da maioria dos anteriores navios classificados como contratorpedeiros.
Os Estados Unidos planejam substituir os seus contratorpedeiros da
classe
Spruance
[
2
]
- ultimo dos quais foi abatido ao servico em 2001 - pela futura
classe
Zumwalt
.
[
3
]
A 1 de novembro de 2001 a Marinha dos Estados Unidos anunciou a emissao de uma proposta de revisao para o seu Programa do Futuro Combatente de Superficie. Anteriormente conhecido como DD 21, o programa passou a designar-se DD (X) para refletir, mais precisamente, o objetivo do programa, que e o de produzir uma familia de navios de combate de superficie de tecnologia avancada e nao apenas uma unica classe de navios. Os navios da classe DD (X) ou
Zumwalt
estao planejados para serem muito maiores que os tradicionais contratorpedeiros, sendo quase 3 000 t mais pesados que os atuais cruzadores de 9 600 t da
classe Ticonderoga
e, assim, com maior deslocamento que a maioria dos
cruzadores pesados
da Segunda Guerra Mundial. O projeto ira, potencialmente, empregar armamento super avancado e um sistema integrado de propulsao totalmente eletrico. O programa de construcao foi, contudo, reduzido temporariamente, subsequentemente, para duas embarcacoes. Com a retirada dos
Spruance
a Marinha dos Estados Unidos comecou a introduzir uma variante super avancada dos
Arleigh Burke
com capacidades anti-submarinas adicionais.
Referencias
- Destroyers
, Anthony Preston, Bison Books, 1977.
- The First Destroyers
, David Lyon - Caxton Editions, 1997.
- Kaigun: Strategy, Tactics, and Technology in the Imperial Japanese Navy
, 1887-1941, David C. Evans, Mark R.Peattie, Naval Institute Press, Annapolis, Maryland
- The Origins of Japanese Trade Supremacy: Development and Technology in Asia from 1540 to the Pacific War
, Christopher Howe, The
University of Chicago Press
.
- Conway's All the World's Fighting Ships (1860-1905)
: Gardiner, Robert (Ed.), Naval Institute Press, 1985.
- The Atlantic Campaign
, Dan van der Vat.
- History of World Sea Power
, Brett, Bernard, Deans International (Londres) 1985.
ISBN 0-603-03723-2
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Antiguidade
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Sec. XIX a XXI
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