Martinho de Porres
, ou
Martinho de Lima
, (
Lima
,
9 de dezembro
de
1579
?
Lima
,
3 de Novembro
de
1639
) foi um religioso e santo
peruano
.
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1
]
E considerado o
padroeiro
dos
barbeiros
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2
]
e dos mesticos catolicos. A sua festa liturgica e celebrada em 3 de Novembro.
[
2
]
[
3
]
Era
filho ilegitimo
de Joao de Porres,
nobre
espanhol
pertencente a
Ordem de Alcantara
e de Ana Velasquez, negra
alforriada
. Segundo o jornalista peruano Marco Aurelio Denegri, seu pai chamava-se na realidade
Joao de Porras
. Devido ao uso vulgar da palavra "
porra
"
[
4
]
[
5
]
em
paises lusofonos
, a
Igreja Catolica
teria mudado o nome para "
Porres
".
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6
]
Ainda na infancia foi reconhecido pelo pai, bem como a sua irma Joana, tendo ambos sido levados para
Guayaquil
, onde ocupava um cargo na administracao local. Quatro anos depois, foi o seu pai nomeado governador do
Panama
, pelo que enviou o filho a mae, em
Lima
(atual
Peru
), deixando a filha sob os cuidados de outros parentes.
Martinho de Porres tornou-se aprendiz de
Mateo Pastor
, que exercia o oficio de
cirurgiao
,
dentista
e
barbeiro
. Foi ali que o jovem
mestico
aprendeu os rudimentos de medicina, que depois lhe seriam tao uteis no
convento
.
Aos 15 anos, resolveu dedicar-se a
vida religiosa
,
[
2
]
tentando entrar num convento da
Ordem de Sao Domingos
, o que nao foi facil dada a sua condicao de pobre e mestico. Foi no convento de
Nossa Senhora do Rosario
que Martinho quis entrar na qualidade de doado, isto e, quase escravo, aceitando servir, nao como
frade
, mas como irmao cooperador, o lugar mais baixo na hierarquia da Ordem. Comprometeu-se a servir toda a vida, sem nenhum vinculo com a comunidade, e com o unico beneficio de vestir o
habito religioso
.
Apos o primeiro ano de prova, recebeu o habito de cooperador. Mas isso nao agradou ao orgulhoso pai, de quem levava o sobrenome. Dom Joao pediu aos superiores dominicanos que recebessem Martinho, de tao ilustre estirpe pelo lado paterno, ao menos na qualidade de
irmao leigo
. Ora, isso era contra as constituicoes da epoca, que nao permitiam receber na Ordem pessoas de cor. O Superior quis que o proprio Martinho decidisse. “Eu estou contente neste estado e e meu desejo imitar o mais possivel a Nosso Senhor, que se fez servo por nos”. Tal atitude encerrou a questao.
Encarregado da enfermaria do convento, auxiliava todos quantos se lhe dirigiam, fossem seus irmaos da comunidade, fosse pessoas da cidade. Alem de cuidar da enfermaria, varria todo o convento, cuidava da rouparia, cortava o cabelo dos duzentos frades, e era o sineiro, dispensando ainda de seis a oito horas por dia a oracao.
Quando uma epidemia atingiu
Lima
, no convento do Rosario sessenta religiosos ficaram enfermos e muitos estavam numa secao fechada do convento. Sao Martinho teria passado a portas fechadas para cuidar deles, um fenomeno que encontraria residencia. Martinho levava doentes para o convento, ate que o
Superior provincial
, alarmado com o contagio, proibiu-o de continuar a faze-lo. Sua irma, que morava no pais, ofereceu sua casa para alojar todos aqueles que a residencia do religioso nao poderia. Um dia ele encontrou na rua um pobre indio, sangrando ate a morte por uma punhalada, e levou-o ao seu proprio quarto. O Superior, quando soube tudo isto, o repreendeu por desobediencia. O Superior foi extremamente edificado pela sua resposta: "Perdoa meu erro, e por favor me instrui, porque eu nao sabia que o preceito da obediencia se sobrepoe ao da caridade." Entao o Superior deu-lhe liberdade para seguir as suas inspiracoes posteriormente no exercicio da misericordia.
Tinha uma horta na qual ele mesmo cultivava as plantas que utilizava para suas medicinas. Estando doente o Bispo de La Paz, de passagem por Lima mandou que chamassem Frei Martinho para que o curasse. O simples contato da mao do doado em seu peito o livrou de grave molestia que o levava ao tumulo. Foi um precioso amigo e colaborador de
Santa Rosa de Lima
e de
Juan Macias
, igualmente dominicanos.
Alem de todas essas atividades, Martinho saia tambem do convento para pedir esmolas para os mais necessitados. Martinho, com o corpo gasto pelo excesso de trabalho, jejum continuo e penitencia, faleceu pouco antes de completar 60 anos de idade, em
1639
. Martinho foi beatificado em
1837
pelo
Papa Gregorio XVI
e canonizado pelo
Papa Joao XXIII
em
1962
.
Referencias