Musica de Timor-Leste

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A musica de Timor-Leste reflecte o contexto geografico, cultural e social local, pelo que nela e possivel perceber elementos distintamente autoctones, mas tambem influencias de outras culturas musicais, como a ocidental, fruto da colonizacao portuguesa .

Musica e danca interligam-se nos generos tradicionais timorenses, sendo elementos fundamentais da expressao cultural. Do repertorio tocado, constam quatro generos bem definidos: tebe , tebedai , dansa e cansaun . Todos se baseiam na tradicao oral e foram passando de geracao em geracao.

O tebe , palavra em tetum que literalmente significa dancar , e um genero tradicionalmente executado em todas as casas de Timor-Leste ao anoitecer, em festas de caracter animista ( estilu ), durante a epoca das colheitas ou ainda na abertura de uma casa sagrada (uma lulik ). E uma danca em roda ou em meia-lua, composta por uma ou mais melodias , com variacoes e sem acompanhamento instrumental, executada por elementos femininos e masculinos entrelacados alternadamente. O circulo ou a meia-lua alarga-se ou concentra-se, enquanto os dancarinos saltam, batendo ritmadamente e entusiasticamente os pes no chao em determinadas silabas. Trata-se de um genero que se destina a ser executado como um dialogo entre dois interlocutores (independentemente do sexo), implicando uma estrutura musical do tipo pergunta-resposta.

Tambem uma danca, o tebedai e comum a toda a ilha de Timor , embora com variacoes, consoante a zona onde e executado. E um genero exclusivamente ritmico, onde os elementos femininos tocam os babadok e os dadir com ou sem movimentos corporais. E composta geralmente por dois motivos ritmicos, repetidos alternadamente tantas vezes quanto as desejadas. Por vezes, o tebedai feminino e acompanhado pelo bidu masculino, realizado por um ou mais homens, que se movem livremente a frente, ao lado ou atras das mulheres, erguendo a espada e emitindo gritos guerreiros.

Por outro lado, o genero dansa classifica uma danca em que o movimento coreografico nao e realizado em roda ou meia-lua. A melodia e acompanhada pelas violas dentro dos parametros de harmonia tonal, reflectindo assim o processo de assimilacao da tradicao musical ocidental. E um genero mais recente, que se foi difundindo pelo territorio e foi sendo adaptado para exprimir sobretudo actividades do quotidiano, como, por exemplo, a debulha do arroz ou a apanha do camarao. A forma mais difundida de dansa e a likurai , realizada por mulheres para, tradicionalmente, dar as boas-vindas aos homens regressados da guerra. Elas usavam o babadok , um pequeno tambor, e, por vezes, carregavam cabecas de inimigos em procissao atraves da aldeia. Na sua versao actual, a likurai e usada pelas mulheres no namoro .

Finalmente, a cansaun deve ser entendida como uma melodia com acompanhamento instrumental. Esta classificacao e atribuida as cancoes populares executadas em Timor-Leste , ja com influencias ocidentais, embora possa tambem designar as cancoes tradicionais, que nao sao dancadas. Esta denominacao e tambem aplicada as melodias originais acompanhadas, compostas por timorenses com textos originais em tetum ou portugues , ou a melodias ocidentais a que foi adaptado um texto em tetum .

Os instrumentos musicais , os trajes e os objectos de adorno desempenham igualmente um papel relevante na performance musical. Dos primeiros, salientam-se o babadok e o dadir (tambem dadil , gong ou gon ). O babadok e um pequeno tambor de corpo conico de madeira, com cerca de 30 a 50 centimetros de comprimento e de cerca de 15 centimetros de diametro, em geral tocado pelos elementos femininos que o percutem alternadamente com ambas as maos. O dadir e um circulo de metal de aproximadamente 25 centimetros de diametro, que e percutido com uma baqueta de madeira, de altura indefinida e sem possibilidade de afinacao . A semelhanca do babadok , e tambem um instrumento tocado pelos elementos femininos. No repertorio musical executado surgem tambem as violas e as flautas de bisel soprano, instrumentos ocidentais introduzidos na performance timorense. No que concerne aos trajes , compoem-se de tais mane e tais feto , masculino e feminino, respectivamente. Os tais sao panos multicoloridos fabricados artesanalmente em Timor-Leste , que os homens enrolam ao redor da cintura e que as mulheres colocam em volta do corpo, abaixo das axilas. Os homens colocam um lenco na cabeca sobre o qual aplicam a kaibauk , lua de metal com aplicacoes de pequenas lagrimas e espigas, sendo a maior e mais ornamentada pertenca do liurai , chefe ou rei tradicional timorense. A surik , espada guerreira, e o belak , disco de metal suspenso ao peito, completam o traje dos homens. As mulheres usam a kaibauk , alem da ulum suku , para prender os cabelos, e do sasuit , pente de dentes largos. Usam geralmente ao peito o mortene , colar feito de materiais diversos, e a cintura um pano branco. Por fim, a lokum ou kelui , uma pulseira de metal usada pelos homens no braco e pelas mulheres no antebraco. Todos os elementos actuam descalcos e com uma salenda , xaile fabricado com o mesmo tipo de pano artesanal dos tais , colocada nos ombros.

A diaspora levou a musica timorense a locais com a Australia e Portugal , onde se criaram novos generos musicais resultantes da mistura da musica timorense com estilos de outras ex-colonias portuguesas como Angola e Mocambique . Apos 1975 , a musica timorense passou a estar fortemente associada ao movimento de independencia . Por exemplo, a banda "Dili All Stars" lancou uma musica que se tornou hino na luta pelo referendo sobre a independencia em 2000 , enquanto que as Nacoes Unidas comissionaram uma musica chamada "Hakotu Ba" (por Lahane) apelando ao recenseamento da populacao para votar no referendo.