Atila
(em
latim
:
Attila
, em
grego classico
:
?ττ?λα
;
Panonia
, c.
400
? marco de
453
) frequentemente referido como
Atila, o Huno
, foi
rei dos hunos
e chefe de uma confederacao tribal de
hunos
e povos
germanicos
e
iranianos
, que governou o maior imperio
europeu
de seu tempo, cujo territorio se estendia do sul da
atual Alemanha
, no oeste, ate o
rio Ural
, no leste; e do
mar Baltico
, no norte, ate o
mar Negro
, no sul. Durante seu reinado, levou a cabo uma politica agressiva de cobranca de tributos e eventualmente de intervencao militar em reinos vizinhos, que viria a torna-lo um dos inimigos mais temidos dos imperios romanos
Ocidental
e
Bizantino
.
Apos sucederem ao seu tio
Ruga
, e com o
Imperio Huno
unificado sob o seu comando, a partir de 434 Atila e seu irmao
Bleda
estenderam seu territorio ate os
Alpes
, o
Reno
e o
Vistula
, e buscaram conquistar parte do
Imperio Sassanida
. No inicio da decada de 440 voltaram sua atencao para o Imperio Bizantino, alegando que o
Tratado de Margo
vinha sendo descumprido. Apos atravessarem o
Danubio
, saquearam os
Balcas
e a
Iliria
e derrotaram os romanos em duas grandes batalhas, mas preferiram negociar um vantajoso acordo a atacar
Constantinopla
. Apos tornar-se rei unico dos hunos, entre o final de 444 e o inicio de 445, Atila iniciou uma nova ofensiva contra o Imperio Bizantino, aproveitando-se de uma serie de calamidades que o fragilizavam e exigindo o cumprimento dos termos acordados anteriormente. Ele avancou sobre a
Dacia Aureliana
, derrotou os romanos na
Batalha do Uto
, saqueou as provincias da
Mesia
,
Macedonia
e
Tracia
, mas novamente nao atacou Constantinopla, preferindo invadir e pilhar a
Grecia
, de onde se retirou carregando um imenso espolio.
Ate o final da decada de 440 Atila e os hunos haviam gozado de boas relacoes com o Imperio Romano do Ocidente, mas gradualmente tensoes foram se estabelecendo e suas pretensoes foram se modificando. Enfim, em 450
Justa Grata Honoria
, irma mais velha de
Valentiniano III
, apelou a Atila, pedindo sua ajuda e possivelmente prometendo-lhe casamento. Esse pedido ofereceu-lhe boa oportunidade para legitimar suas ambicoes, e em 451 invadiu a
Galia Romana
, saqueando numerosas cidades antes de ser derrotado na
Batalha dos Campos Catalaunicos
. Buscando manter sua autoridade e prestigio, Atila organizou outra campanha no ano seguinte. Entao adentrou a
Italia
, devastou parte da
planicie do Po
e forcou Valentiniano a fugir de sua capital,
Ravena
. Obrigado a retroceder por conta de questoes de abastecimento e de uma epidemia que debilitou suas tropas, ele planejou novas campanhas contra os romanos, mas morreu em marco de 453, na regiao do
rio Tisza
, na
Grande Planicie Hungara
. Apos sua morte, disputas dinasticas entre seus filhos enfraqueceram seu imperio, e seu conselheiro proximo,
Ardarico
, liderou uma revolta dos povos germanicos contra o dominio huno, levando-o a desintegrar-se.
A cultura dos hunos e a personalidade de Atila fascinaram seus contemporaneos, e mitos divergentes a seu respeito sao encontrados em numerosas culturas e representacoes artisticas, desde a
Antiguidade
ate a atualidade. Suas campanhas ajudaram a enfraquecer o ja combalido Imperio Romano do Ocidente, e podem ter estimulado as
invasoes barbaras
, um fator que decididamente contribui para o
seu colapso
. Por esse motivo e por conta de sua origem etnica e religiao, a historiografia crista construiu uma imagem negativa sua, associando-o a crueldade e a rapina e atribuindo-lhe o epiteto
Praga de Deus
e
Flagelo de Deus
. Contudo, outras tradicoes, principalmente escandinavas e germanicas, retrataram-no como uma figura positiva. Tres
sagas
o incluem dentre seus personagens principais, e os
hungaros
celebram-no como um heroi fundador.
A
historiografia
sobre Atila e os
hunos
enfrenta limitacoes consideraveis, resultantes da confluencia de uma serie de fatores.
Fontes de informacao sobre o periodo anterior a Atila sao particularmente raras,
pois os hunos nao deixaram quaisquer registros na
forma escrita
e cronistas estrangeiros da epoca pouco escreveram sobre a sua chegada a Europa, talvez porque estivessem mais preocupados em registrar ameacas mais imediatas.
[
a
]
Ademais, o estilo de vida dos hunos, somado a falta de informacoes precisas a seu respeito, dificulta a producao de conhecimento historico e arqueologico.
Embora fontes sobre os hunos e Atila tenham se tornado mais comuns a partir da decada de 420 e, sobretudo, da decada de 440,
elas foram escritas, em
grego
e
latim
, por cronistas pertencentes a povos inimigos dos hunos, e que buscaram demonstrar sua oposicao as suas campanhas militares, religiao e etnia.
Dentre esses testemunhos, apenas fragmentos chegaram ate a atualidade,
destacando-se trabalhos de autoria de
Prisco de Panio
,
Prospero da Aquitania
e
Idacio de Chaves
, e tambem dois documentos de autoria desconhecida (a
Chronica Gallica
do ano 452 e a
Chronica Gallica
do ano 511).
Prisco de Panio foi um diplomata e historiador de lingua grega, e, mais do que uma testemunha, foi um ator com participacao ativa na historia de Atila, enquanto membro de uma
embaixada
de
Teodosio II
na corte do soberano huno em 449. E autor de oito livros de historia que abrangem o periodo que vai de 434 a 452, dos quais restam apenas alguns fragmentos. Embora Prisco tenha sido evidentemente influenciado por suas funcoes, e assim suas percepcoes devam ser interpretadas a luz de sua posicao junto a corte bizantina, seu testemunho permanece uma das principais fontes primarias a respeito de Atila.
A maior parte dos trechos sobreviventes dos escritos de Prisco foram conservados em citacoes nos trabalhos de
Jordanes
, um historiador
godo
ou
alano
de lingua latina do
seculo VI
que escreveu a
Getica
, uma obra que contem informacoes sobre o
Imperio Huno
e seus vizinhos. Sua visao reflete a do seu povo um seculo apos a morte de Atila.
Prospero da Aquitania foi um cronista cristao e discipulo de
Agostinho de Hipona
, cuja obra mais importante do ponto de vista historico e o
Epitoma chronicorum
, em parte uma compilacao de escritos de
Jeronimo de Estridao
, da qual sobreviveram cinco versoes distintas. A versao mais extensa dessa cronica cobre o periodo de 412 a 455, e registra algumas informacoes sobre Atila, suas campanhas e o destino de seu imperio apos sua morte.
Idacio de Chaves, como seu epiteto indica, foi bispo de Aguas Flavias, a atual
Chaves
, em Portugal. Em sua
Continuatio Chronicorum Hyeronimianorum
ele cobre o periodo em que Atila reinou sobre os hunos, registrando suas impressoes sobre os eventos da epoca e relatos que lhe foram transmitidos em primeira mao por altas autoridades militares do
Imperio Romano Ocidental
.
Adicionalmente, um numero de fontes secundarias mais ou menos proximas aos eventos foram influentes na historiografia de Atila, com destaque para o proprio Jordanes e um chanceler do imperador bizantino
Justiniano
,
Conde Marcelino
, que e fonte de informacoes sobre as relacoes dos hunos com o
Imperio Romano do Oriente
.
Diversas fontes eclesiasticas tambem contem informacoes registradas em epocas relativamente proximas do tempo em que Atila viveu, mas sao dispersas e dificeis de autenticar, pois por vezes seu conteudo acabou distorcido pelo tempo e por
monges copistas
do
seculo VI
ao XVII. Os cronistas hungaros do
seculo XII
, por sua vez, considerando os hunos seus ancestrais e, acentuando seu carater glorioso, mencionam amplamente Atila, mas mesclando elementos historicos e lendas que muitas vezes nao podem ser distinguidos uns dos outros.
Dentre os hunos o conhecimento era
transmitido de forma oral
, atraves das
epopeias e poemas cantados
que eram passados de geracao em geracao.
Muito indiretamente, parte dessa historia oral foi incorporada pelas culturas nordicas e germanicas dos povos vizinhos, que a registraram por escrito nos seculos IX e XIII. Atila e personagem central de diversas sagas medievais, como a
Cancao dos Nibelungos
e a
Edda poetica
, dentre outras.
Embora muito pouca evidencia material inequivoca tenha sido encontrada a respeito dos hunos ate o inicio do
seculo XXI
,
a
arqueologia
tem fornecido alguns detalhes sobre o estilo de vida, a arte e as tecnicas de guerra desse povo. Notadamente,
ouro
e um achado arqueologico raro em assentamentos germanicos do periodo anterior a Atila, e a frequencia com que sao encontrados objetos em ouro relativos ao periodo de dominacao huna sugere que, alem da subjugacao militar, os hunos se utilizavam da distribuicao das riquezas conquistadas para garantir a fidelidade de seus suditos.
Vestigios de batalhas e cercos tem sido encontrados, mas o tumulo de Atila e a capital de seu imperio permanecem desconhecidos.
Os hunos foram um grupo
nomade
da
Eurasia
, muito provavelmente originario de
suas estepes
.
Mencionados pela primeira vez a leste do
rio Volga
, eles migraram em direcao a
Europa Ocidental
pelos idos do ano 370 e ali estabeleceram um grande imperio,
subjugando os povos locais e causando grandes ondas de emigracao que vieram a se somar a outros grandes movimentos populacionais do periodo.
Sua origem
etnica
e a de
sua lingua
tem sido objeto de debates ha seculos. Na epoca de seu aparecimento na historia ocidental,
Amiano Marcelino
afirmou que eles seriam originarios de uma terra "alem do
mar de Azov
, perto de um oceano gelido", e os descreveu de maneira pejorativa como "prodigiosamente feios", vivendo suas vidas montados a cavalo e alimentando-se de raizes e carnes parcialmente cozidas entre suas coxas e os lombos de seus cavalos.
Nao muito tempo depois, Jordanes afirmou que o povo huno seria descendente de "espiritos imundos" e "bruxas" de origem gotica, e teria se originado no Pantano Meotico, localizado ao redor do
estreito de Querche
.
Somente no
seculo XVIII
a questao passou a ser discutida cientificamente por
historiadores
,
filologos
,
etnologos
e outros academicos, devido principalmente as implicacoes contemporaneas das origens dos hunos, sobretudo quanto a sua participacao na composicao etnica de povos modernos instalados nas areas controladas pelos hunos na
Antiguidade
e na
Alta Idade Media
.
Embora a origem dos hunos seja objeto de numerosas hipoteses, existe algum consenso a respeito de resquicios do seu idioma que se perpetuaram na lingua dos
bulgaros do Volga
e na lingua da populacao contemporanea da regiao de Tavas, na provincia turca de
Denizli
.
A maior parte do que se conhece a respeito do idioma huno pode ser identificado a partir de evidencias contidas nos nomes de personalidades hunas registrados por cronistas estrangeiros da epoca.
Pelo periodo de Atila a
lingua gotica
havia se tornado uma especie de
lingua franca
do Imperio Huno,
e sabe-se que o nome
Atila
, pelo qual ficou conhecido o rei huno, foi transmitido por
povos germanicos
? provavelmente godos ? aos romanos,
que por sua vez o transcreveram em
grego classico
[
b
]
(
?ττ?λα
)
e
latim
(
Attila
).
E possivel que essa palavra indicasse um pseudonimo ou titulo honorifico, mas mais provavelmente indicava um
prenome
.
Em lingua huna esse nome certamente se aproximava
foneticamente
de
Atila
, mas presumivelmente era outro e tambem possuia um significado distinto. Dito de outro modo, por meio do nome
Atila
povos germanicos possivelmente reproduziram em sua propria lingua um som semelhante e que tinha significado distinto no idioma huno.
Muitos estudiosos argumentaram que o nome germanico
Atila
seria formado pelo substantivo
atta
(em
gotico
:
????????
), "pai", e pelo
sufixo diminutivo
-ila
.
Dentre os povos germanicos, que foram vizinhos e vassalos dos hunos, Atila teria sido conhecido, portanto, como "Pai Pequeno".
A etimologia gotica desse nome foi inicialmente proposta por
Jacob e Wilhelm Grimm
no inicio do
seculo XIX
,
e condizente com o que se conhece do idioma gotico
e "nao oferece dificuldades foneticas nem semanticas".
O nome preciso de Atila no idioma huno nao e conhecido, e suas raizes, etimologia e significacao sao objeto de um numero de hipoteses. Pesquisadores sugerem um relacionamento com as
linguas ienisseianas
,
ao passo que outros consideram, baseados em analises
onomasticas
, que seu idioma teria uma origem intermediaria entre turquica e mongolica, proxima da
lingua tchuvache
moderna.
Uma outra teoria, provavelmente a mais famosa e certamente a mais estudada, sustenta uma origem
turquica
do idioma dos hunos.
Para parte dos estudiosos,
Atila
seria um nome-titulo composto de
es
(grandioso, antigos) e
til
(mar, oceano), e do sufixo /a/.
Esse nome, portanto, significaria "governante
oceanico
ou
universal
".
Outros, conectaram-no aos termos turquicos
?t
(nome, fama),
at
(cavalo),
dil
(lingua)
e
Atll
/
Itil
(o nome do rio Volga).
Em particular, ja se sugeriu que o nome de Atila poderia ter se originado da juncao dos termos turquicos
adyy
ou
agta
(capao, cavalo de guerra) e
atli
(cavaleiro), significando "possuidor de capoes, provedor de cavalos de guerra".
Contudo, nenhuma dessas propostas obteve ampla aceitacao dentre os especialistas,
e, enquanto a combinacao
es
e
til
seria "engenhosa, mas por muitos motivos inaceitavel",
as outras sugestoes relacionadas ao turquico tem sido consideradas "exageradas demais para serem levadas a serio".
Criticando as propostas de encontrar etimologias turquicas para Atila, o filologo Gerhard Doerfer observou que o monarca britanico
Jorge VI
tinha um nome de origem grega e que
Solimao, o Magnifico
, tinha um nome de origem arabe, mas isso nao os tornava gregos ou arabes. Segundo ele, e plausivel que Atila tivesse um nome de origem nao huna, sem que isso denotasse pertencimento a outra cultura.
Nenhum relato primario da aparencia de Atila sobreviveu ate a contemporaneidade. A fonte mais antiga de que se tem conhecimento, a respeito de suas feicoes, e Prisco de Panio, em um fragmento citado por Jordanes:
Atila era senhor de todos os hunos e quase o unico governante terrestre das tribos da Citia; um homem formidavel por sua gloriosa fama entre todas as nacoes. O historiador Prisco, que foi enviado [a ele] em uma embaixada pelo jovem Teodosio, diz isto entre outras coisas: "[...] Ele era um homem nascido no mundo para abalar as nacoes, o flagelo de todas as terras, que de certa maneira aterrorizou toda a humanidade por meio dos terriveis rumores espalhados a seu respeito no estrangeiro. Era altivo em sua caminhada, revirando os olhos de um lado para o outro, de modo que o poder de seu espirito orgulhoso fosse demonstrado no movimento de seu corpo. Ele certamente era um amante da guerra, porem contido em acao, poderoso em conselhos, gracioso para com suplicantes e indulgente para com aqueles que eram recebidos em sua protecao. Tinha baixa estatura, um peito largo e uma cabeca grande; seus olhos eram pequenos, sua barba fina e salpicada de grisalho; e tinha o nariz achatado e a pele morena, mostrando evidencias de sua origem".
Em outro fragmento sobrevivente de seus relatos, Prisco, que julgava que os hunos fossem parte do
povo cita
, se surpreende com a aparencia simples de Atila, impassivel e destituido de joias, no meio do esplendor de seus cortesoes e entre suas numerosas esposas.
Essa simplicidade contrastava fortemente com o cerimonial das cortes romanas, onde os imperadores viviam em luxo ostensivo e eram objeto de veneracao, e historiadores contemporaneos acreditam a aparencia austera de Atila era proposital e visava impressionar aqueles que se encontravam com o rei huno.
Segundo Prisco:
Uma refeicao luxuosa, servida em pratos de prata, havia sido preparada para nos e os convidados barbaros, mas Atila nao comeu nada alem de carne em um prato de madeira. Em todo o resto tambem mostrou-se equilibrado; seu copo era de madeira, enquanto aos convidados eram oferecidas tacas de ouro e prata. Suas roupas tambem eram muito simples, porem muito limpas. A espada que ele carregava ao lado, os lacos de seus sapatos citas e o freio de seu cavalo careciam de adornos, diferentemente dos outros citas, que portavam ouro, gemas raras ou outros bens preciosos.
Quanto aos tracos fisicos de Atila, estudiosos sugerem que a descricao de Prisco e tipica da
Asia Oriental
e que os ancestrais de Atila seriam originarios dessa regiao, enquanto outros ponderam que as mesmas caracteristicas seriam evidentes no povo cita.
Adicionalmente, a descricao de Prisco e consistente com uma teoria bastante difundida e estudada, que sustenta que os
hunos
europeus seriam um ramo ocidental dos
Xiongnu
,
grupo proto-mongol ou proto-turquico de tribos nomades do nordeste da
China
e da
Asia Central
,
famoso por seus guerreiros montados e que, seculos antes, havia aterrorizado a China e possivelmente ensejado a construcao de sua
Grande Muralha
.
E sabido que Atila era filho de
Mundiuco
, irmao dos reis
Octar
e
Ruga
, que juntos governaram os hunos.
A
diarquia
era recorrente entre desse povo, mas os historiadores nao sabem ao certo se era ocasional, habitual ou institucional. Sua familia era, portanto, de linhagem nobre, mas nao esta claro se ela constituia uma
dinastia real
.
Mundiuco provavelmente foi um lider dos hunos nos Balcas, mas sua posicao exata e desconhecida. O historiador hungaro Istvan Bona considera provavel que o pai de Bleda e Atila, Mundiuco, tenha reinado antes de Ruga,
mas essa informacao nao e atestada por fontes da epoca.
Outras pesquisas a respeito sao inconclusivas, indicando que ele jamais tenha reinado ou tenha reinado brevemente sobre uma parcela dos hunos.
Atila teve muitas esposas e usou casamentos para formar aliancas dinasticas e diplomaticas.
A mais importante foi Erekan, a quem Jordanes chamou
Creca
, que foi mae de
Elaco
, seu filho mais velho e sucessor imediato, alem de outros dois filhos.
Enquanto esposa principal, a sua posicao lhe conferia um papel cerimonial, e ha registros de que ela recebeu embaixadores bizantinos.
Outra esposa conhecida foi
Ildico
, junto a quem Atila morreu na noite de nupcias.
Como a transcricao desses dois nomes e incerta, nao se sabe com precisao se eram mulheres hunas ou germanicas, mas o nome Ildico sugere uma origem gotica ou ostrogoda.
As esposas eram relativamente livres, tinham independencia material e dispunham de suas proprias residencias.
Atila teria tido muitos outros filhos, mas apenas outros dois sao conhecidos com certeza,
Dengizico
e
Hernaco
, sendo este o seu favorito, de acordo com Prisco.
Adicionalmente,
Hormidaco
, um chefe huno que atacou o Imperio Romano entre 466 e 467, e mencionado por
Sidonio Apolinario
como sendo seu filho.
O historiador Prisco, que foi enviado em uma embaixada pelo jovem Teodosio, disse isto entre outras coisas:
"Atravessando rios poderosos ? Tisia, Tibisia e Dricca ? chegamos ao local onde, ha muito tempo, Vidigoia, o mais corajoso dos godos, pereceu pela astucia dos sarmatas. A uma distancia nao muito grande desse local, chegamos ao vilarejo onde morava o rei Atila ? um vilarejo, digo, como uma grande cidade na qual encontramos paredes de madeira feitas de tabuas polidas [...]. La viam-se refeitorios de grande extensao e porticos planejados com grande beleza, enquanto o patio era delimitado por um circuito tao vasto que seu tamanho mostrava que era o palacio real". Esta era a morada de Atila, o rei de todo o mundo barbaro, e ele a preferia as cidades que capturava.
Jordanes
, em
Getica
(c. 551 EC)
Mesmo estando em processo de
sedentarizacao
desde antes de sua chegada a Europa, o
pastoreio
continuava parte da cultura dos hunos, e eles se alimentavam essencialmente de carne e leite, produtos de seu gado e da criacao de cavalos.
Na primeira metade do
seculo V
, essa sedentarizacao foi aprofundada com a construcao de uma capital, que se localizava entre os rios
Tisza
e
Timi?
, na
Grande Planicie Hungara
, mas cujo sitio exato permanece desconhecido. Essa cidade era composta de muitas casas de madeira, algumas das quais com banhos romanos. Tambem de madeira, o vasto palacio real era decorado com porticos suntuosos e impressionou os embaixadores romanos em 449; varios dignitarios dos hunos viviam confortavelmente em casas instaladas ao seu redor do seu grande patio.
Atila possuia varias outras residencias, de tamanho mais modesto, atraves de seu vasto territorio.
Ao contrario dos imperadores romanos e, portanto, para a surpresa de seus embaixadores, Atila vivia entre o seu povo e compartilhava seus costumes.
Sob o seu reinado o Imperio Huno nao conheceu qualquer expansao territorial significativa ou duradoura. Contudo, Atila herdou e manteve unido o maior imperio europeu de seu tempo,
cujas fronteiras flexiveis se estendiam aproximadamente do sul da
atual Alemanha
, no oeste, ate o
rio Ural
, no leste, e do
mar Baltico
, no norte, ate o
mar Negro
, no sul.
Sob o seu reinado, o poderio dos hunos atingiu seu apice, e com uma importante novidade: a concentracao de poderes nas maos de um unico lider.
Os historiadores contemporaneos ignoram o titulo e a funcao exata que ele ocupava entre seu povo. Diz-se que o proprio Atila reivindicou os titulos de "descendente do Grande
Ninrode
" e "rei dos hunos, godos,
danos
e
medos
", sendo que esses dois ultimos povos, instalados nas periferias de seu dominio, seriam mencionados a fim de demonstrar a extensao do seu controle.
Os romanos, assim como fizeram com alguns de seus antecessores,
se referiam a Atila simplesmente como "rei dos hunos"
(em
latim
:
rex Hunnorum
).
As fronteiras e a constituicao do Imperio Huno eram determinadas pela subjugacao de uma constelacao de populacoes etnicamente variadas e governadas de maneiras mais ou menos autonomas.
O controle dos hunos sobre seus tributarios era mantido de maneira particularmente dinamica e baseava-se essencialmente nas capacidades militares dos hunos, que nao apenas haviam submetido grupos tribais germanicos e iranianos, mas tambem estavam em contato com o Imperio Romano em
Constantinopla
e, sucessivamente,
Milao
e
Ravena
.
Alguns desses grupos eram assimilados, muitos mantinham seus reis, e outros dependiam ou reconheciam a soberania teorica do rei dos hunos mas permaneciam independentes.
Para reinar sobre uma confederacao de povos nomades e sedentarios muito diferentes e que nao possuia uma administracao organizada, seu poder repousava sobre as elites, que dominavam uma estrutura flexivel de lealdades variadas.
O primeiro circulo dessa elite era formado principalmente por principes hunos, mas muitas figuras importantes eram de outras etnias. Cabia ao lider huno equilibrar um senso de cooperacao entre essas etnias ? calcado em sua propria figura ? e a rivalidade entre elas, evitando assim uma uniao que pudesse contrariar os interesses hunos.
Assim, seu braco direito
Onegesio
era huno, seu secretario
Flavio Orestes
era um romano da
Panonia
, e reis vassalos e aliados ocupavam posicoes de destaque em sua corte, incluindo
Edecao
dos
esciros
,
Ardarico
dos
gepidas
,
Candaco
dos alanos e
Valamiro
dos
ostrogodos
. Estes ultimos estavam envolvidos em uma relacao pessoal de poder com Atila, pois deviam seus tronos a ele, mas sua lealdade podia se enfraquecer com a substituicao do soberano.
Esse sistema fundado em lealdades, portanto, era fundamental para manutencao do poder huno, e, ao longo de seu reinado, Atila foi consistente em buscar impedir que hunos desertassem para seus rivais, seja para servir como mercenarios ou buscar protecao. Quando forcava outros povos a lhe pagar tributo, ou durante negociacoes de paz, ele invariavelmente exigia que lhe fossem entregues aqueles a quem julgava traidores e desertores. Essa politica mostrou-se muito eficaz.
Prodigiosos guerreiros
e descritos como "mais ferozes que a propria ferocidade",
as principais tecnicas militares dos hunos envolviam o uso do
arco e flecha
e de
javelinas
enquanto montados a cavalo.
Inicialmente esse povo vivia como "pastores guerreiros",
mas, conforme foram abandonando o nomadismo, gradualmente tornaram-se "mestres das populacoes camponesas". Assim como alguns povos germanicos e os
sarmatas
, os hunos consideravam mais simples submeter outros povos ao seu poder e faze-los trabalhar e pagar tributo.
Por esse motivo, desde a Antiguidade frequentemente historiadores descrevem-nos como uma "sociedade de predadores".
De fato, devido a um meio de vida semi-nomade e muitas vezes precario, os hunos dependiam dos recursos das sociedades sedentarias para manter seu poderio, e isso resultava em uma situacao de "conflito endemico".
Assim, para manter seu padrao de vida e a lealdade de seus aliados, os hunos, cada vez mais poderosos, passaram a exigir tributos de seus vizinhos mais ricos, os romanos e os persas sassanidas. Quando estes recusavam-se a pagar, os hunos lancavam ataques que produziam valores equivalentes ou maiores em
pilhagem
, alem de enorme destruicao.
Galvanizados por seu sucesso, os aristocratas hunos tornaram-se cada vez mais gananciosos: para legitimar seu poder, Atila devia aumentar a riqueza de seus pares, e isso incluia imperativamente manter os estados vizinhos sob pressao. Ciente disso, ele buscou fazer cumprir suas reivindicacoes a todo custo, da diplomacia a intimidacao e subjugacao.
Embora os hunos fossem indiretamente a fonte dos problemas dos romanos, visto que eram responsaveis por boa parte das
migracoes
que os romanos encaravam como "invasoes barbaras", as relacoes entre os dois imperios eram relativamente cordiais.
Frequentemente os romanos usavam os hunos como mercenarios em seus conflitos com povos germanicos e em suas guerras civis e, por exemplo, em 425 o usurpador romano
Joao
recrutou milhares de hunos como mercenarios contra
Valentiniano III
. Os imperios huno e romano trocaram missoes diplomaticas e refens, e essa alianca durou de 401 a 450, permitindo aos romanos obter muitos sucessos militares.
Contudo, essas relacoes nao eram isentas de perturbacoes.
Mesmo que limitados em escopo, repetidas vezes os hunos realizaram ataques militares em territorio romano, normalmente buscando cobrar o pagamento ou aumentar o valor dos tributos anteriormente combinados.
Diversas embaixadas romanas enviadas aos hunos sao documentadas em fontes do periodo, como a de
Olimpiodoro de Tebas
, em 412, e a de Prisco, em 449, e relatos da epoca deixam claro que tensoes nao eram incomuns.
Do ponto de vista romano, certamente fazia sentido pagar aos hunos. Ao faze-lo, o Imperio se beneficiava grandemente da estabilidade do governo huno, que podia controlar os grupos de guerreiros do outro lado do Danubio. Embora esse acordo pressupusesse que os romanos cumprissem suas obrigacoes de pagamento, enquanto as relacoes com o governo huno permanecessem relativamente boas, o risco de ataques hostis ao territorio romano era reduzido.
Assim, os hunos consideravam que os romanos lhes prestavam tributo, enquanto estes ultimos preferiam considerar que lhes concediam subsidios por servicos prestados. Todavia, durante o tempo em que Atila se tornava adulto sob o reinado de seu tio Ruga, os hunos se tornaram um grande poder, a ponto de o ex-patriarca de Constantinopla
Nestorio
ter lamentado a situacao dizendo que "eles [os hunos] se tornaram senhores, e, os romanos, escravos".
As crencas tinham um lugar importante no mundo dos hunos, mas a religiao de Atila permanece pouco conhecida.
Muitos de seus suditos germanicos eram
cristaos arianos
, mas parece que os hunos e Atila praticavam uma religiao tradicional
politeista
e
animista
, possivelmente o
Tengriismo
, com
xamas
gozando de grande importancia social.
Esses xamas praticavam
divinacao
por escapulomancia,
uma pratica tipica de pastores nomades turco-mongois, e desempenhavam um papel importante na vida familiar de Atila, recomendando em quais de seus filhos confiar e influenciando suas decisoes nas batalhas.
Em relacao as suas conviccoes e culto, os historiadores atuais divergem em varios pontos importantes. Katalin Escher e Yaroslav Lebedynsky afirmam que ele acreditava em seu destino providencial e em seu carisma sobrenatural, assim "como tantos outros lideres militares".
Igualmente, Michel Rouche acredita que Atila via-se como um deus
e deduziu, a partir de grandes caldeiroes de bronze hunos encontrados por arqueologos, que Atila praticava um "canibalismo sagrado", fazendo sacrificios humanos e bebendo sangue humano.
Edina Bozoky rejeita totalmente as afirmacoes de Rouche, afirmando que nao existem depoimentos ou vestigios que suportem essas conclusoes, que seriam baseadas em comparacoes anacronicas com outros povos.
Independentemente dessa questao, e certo que Atila usava sua religiao para fins politicos. Assim, durante seu reinado ele afirmou ter recebido uma espada sagrada do deus da guerra, ciente de que se tratava de um simbolo supremo de legitimidade que lhe permitiria justificar um reinado que colocaria seu povo em um estado de guerra permanente.
A data e o local de nascimento precisos de Atila permanecem desconhecidos. Enquanto a regiao da Panonia e o local mais provavel,
alguns mencionam os anos 395
e 406,
mas outros julgam essas datas fantasiosas e preferem estima-la entre a ultima decada do
seculo IV
e a primeira do V.
Como outros filhos do seu povo, seguramente Atila foi educado como cavaleiro e arqueiro
e, como parte de uma pratica estetica ou espiritual, desde muito cedo teve sua cabeca amarrada por ataduras, de modo a obter uma deformacao proposital do cranio.
Relatos permitem deduzir que muito provavelmente foi um homem que recebeu uma boa educacao para a epoca. Sua lingua materna era o idioma huno, mas, como era parte da classe dominante, ele tambem aprendeu a lingua dos godos.
Prisco relata ainda que quando adulto ele tambem falava e escrevia em latim e grego, possivelmente adquiridos durante um periodo que passou como refem em Constantinopla, a partir do ano 418.
Atila cresceu em um mundo em mudanca.
Os hunos haviam se estabelecido recentemente na Europa,
e, depois de atravessar o
Volga
na decada de 370, em parte por conta de
mudancas climaticas
nas
estepes eurasiaticas
,
haviam anexado o territorio dos alanos e a area do reino gotico entre os
Carpatos
e o
Danubio
. Um povo muito movel, seus arqueiros montados adquiriram uma reputacao de invencibilidade e os povos germanicos pareciam impotentes diante dessas novas taticas.
Vastos movimentos populacionais
perturbavam o mundo romano. Dentre outras ondas migratorias, numerosas populacoes que fugiam dos hunos emigraram para o Imperio Romano, a oeste e sul, e ao longo das margens do Reno e do Danubio. Notadamente, em 376 os godos atravessaram o Danubio e submeteram-se inicialmente aos romanos, mas depois rebelaram-se contra o imperador
Valente
, que mataram durante a
batalha de Adrianopolis
, em 378;
em dezembro de 406
vandalos
, alanos,
suevos
e
burgundios
atravessaram o Reno congelado e entraram na
Galia Romana
;
em 418 os
visigodos
obtiveram um territorio na
Aquitania Segunda
com um estatuto de
federados romanos
, mas permaneceram, de fato, hostis ao imperador, e, em 429, os vandalos fundaram um
reino independente no norte da Africa
, tambem as custas dos romanos.
Para lidar melhor com essas invasoes, desde 395 o Imperio Romano vinha sendo administrado por dois governos administrativos e militares separados, um em
Ravena
, responsavel pelo
Imperio Ocidental
, e outro em
Constantinopla
, lidando com
Imperio Oriental
. Apesar de diversas lutas internas pelo poder, durante a vida de Atila o Imperio Romano permaneceu unido e liderado pela mesma familia, a
dinastia teodosiana
.
Em 434 Ruga morreu e foi sucedido por seus sobrinhos
Bleda
e Atila, que se tornaram diarcas e, assim, assumiram o controle das tribos hunas unificadas.
A sucessao entre os hunos provavelmente nao se baseava somente em uma posicao herdada, mas, tambem nas capacidades militares e diplomaticas do pretendente e em sua habilidade em produzir vantagens materiais para a elite.
Tipicamente, a sucessao de Ruga pode nao ter sido pacifica, pois nobres hunos fugiram para Constantinopla, incluindo dois membros da familia real, Mamas e Atakam, que talvez fossem sobrinhos ou mesmo filhos de Ruga.
Durante seu reinado conjunto com Bleda, Atila buscou negociar com os romanos a rendicao desses nobres desertores, que supostamente poderiam reivindicar a sucessao ao trono huno.
De 435 a 440 o reinado de Bleda e Atila foi marcado pelo triunfo dos hunos contra o Imperio Romano do Oriente, por meio diplomatico. Em 436 os hunos reuniram-se com uma embaixada romana em
Margo
, perto das
limes
, e ali negociaram, montados a cavalo e, portanto, a maneira huna,
um vantajoso tratado
que previa a duplicacao dos tributos anuais pagos por Constantinopla, ou seja, setecentas
libras
de ouro, alem das promessas de que os romanos nao mais acolheriam oponentes dos hunos ou se aliariam a povos inimigos seus, e abririam seus mercados de fronteira a comerciantes hunos.
Durante esse periodo os hunos estenderam seu imperio aos
Alpes
, Reno e
Vistula
,
e tambem levaram a cabo uma invasao ao
Imperio Sassanida
, mas uma contra-ofensiva na
Armenia
terminou com a derrota de Atila e Bleda, que renunciaram a seus planos de conquista.
No inicio da decada de 440, contudo, os hunos atacaram o Imperio Bizantino, sustentando que Teodosio havia faltado aos seus compromissos e que o bispo de Margo havia cruzado o Danubio para saquear e profanar as tumbas reais hunas ao norte de suas margens.
O momento lhes era propicio, pois eventos externos haviam desviado temporariamente a atencao de Constantinopla.
Teodosio havia desguarnecido as defesas ribeirinhas do Danubio como consequencia da captura de
Cartago
pelo
vandalo
Genserico
, em 440, e da invasao da
Armenia romana
pelos
persas sassanidas
do
xa
Isdigerdes II
, em 441,
e isto deixou a Atila e Bleda o caminho aberto atraves da
Iliria
e dos
Balcas
.
Seu ataque iniciou-se com a pilhagem de mercadores na margem norte do
Danubio
, entao protegidos pelo tratado vigente. Na sequencia, os hunos cruzaram o rio e arrasaram cidades e fortes ilirios ao longo de sua margem, entre eles
Viminacio
(atual
Kostolac
, na
Servia
), que era uma cidade dos
mesios
na Iliria, e a propria Margo, ja que, quando os romanos debateram a possibilidade de entregar o bispo acusado de profanacao, este desertou para os hunos e lhes entregou a cidade.
Tendo saqueado essas cidades, o exercito huno tomou
Singiduno
(a moderna
Belgrado
) e
Sirmio
(atual Sremska Mitrovica, na provincia
servia
da
Voivodina
), antes de parar suas operacoes. Continuou entao uma tregua ao longo de 442, momento em que Teodosio aproveitou para trazer suas tropas do estrangeiro e fazer preparativos que lhe permitiam rechacar as exigencias dos reis barbaros.
A resposta de Atila e Bleda foi retomar a campanha no ano de 443.
Ate onde os romanos sabiam, pela primeira vez as forcas hunas estavam equipadas com
arietes
e
torres de cerco
, com os quais atacaram com sucesso os centros militares de
Raciaria
e Naisso (atual
Ni?
), ao longo do Danubio, massacrando suas populacoes. Prisco, que visitou Naisso algum tempo apos o combate, afirmou ter encontrado a cidade "deserta, como se tivesse sido saqueada; apenas algumas pessoas doentes estavam nas igrejas. Paramos a uma curta distancia do rio, em um espaco aberto, e todo o terreno adjacente a margem estava coberto de ossos dos homens mortos na guerra".
Mais tarde, pressionando ao longo do
rio Ni?ava
, os hunos tomaram
Serdica
,
Filipopolis
e
Arcadiopolis
, e enfrentaram e destruiram um exercito romano, comandado por
Aspar
, nas cercanias da cidade de
Constantinopla
.
Os hunos somente se detiveram pela falta do material necessario para abrir uma brecha nas
muralhas ciclopicas
duplas da cidade. Apesar disso, os hunos ainda derrotaram um segundo exercito romano perto de
Calipolis
. Teodosio, incapaz de oferecer uma resistencia armada eficaz, admitiu a derrota e enviou o cortesao
Anatolio
para negociar os termos da paz.
Atila mostrou-se disposto a negociar e indicou que se retiraria do territorio romano.
Contudo, seus termos foram mais rigorosos que no tratado anterior, e os emissarios de Teodosio concordaram em pagar mais de seis mil libras romanas (cerca de 1 963 quilogramas) de ouro como indenizacao por ter faltado aos termos do pacto anterior; o tributo anual foi triplicado, alcancando a quantidade de 2,1 mil libras romanas (cerca de 687 quilogramas) de ouro; e o resgate por cada prisioneiro romano tambem aumentou.
A importancia desses valores tem sido discutida por seculos, e, embora nao haja qualquer duvida de que se tratava de uma soma enorme, provavelmente nao arruinou as financas bizantinas, tal qual afirmado por Prisco.
Os hunos dependiam do Imperio Romano e de seus meios, para manter seu governo,
e, como lhes interessava manterem-se parasitarios, arruina-los exigiria desfazer um arranjo vantajoso.
De outra parte, o pagamento permitiu ao governo bizantino evitar as incertezas e o custo humano e material, provavelmente muito superior, de uma campanha militar contra os hunos.
Entre o final de 444 e o inicio de 445 o diarca huno Bleda morreu, na sequencia da retirada huna do Imperio Bizantino. Existe abundante especulacao historica sobre se Atila assassinou seu irmao ou se Bleda morreu por outras causas, e nao sao conhecidos detalhes de como isso ocorreu, pois, embora o evento tenha sido relatado por seus contemporaneos, ele jamais foi comentado em maior detalhe.
Em todo caso, Atila era agora o senhor indiscutivel dos hunos.
O rei dos esciros, Edecao, e o rei dos gepidas, Ardarico, participaram ativamente da consolidacao de poder, apoiando-a com as suas forcas militares. Atila tambem teve o apoio de membros da corte favoraveis a guerra contra Roma, como os irmaos Onegese e Escotas,
barbaros
helenizados
da
regiao do Ponto
; Elsa, um militar que tivera papel importante no reinado de Ruga; e Eskam, um grande proprietario de terras nas planicies do sul.
Entre os apoiadores de Atila havia tambem romanos, como o panoniano
Constanciolo
e o governador da
Mesia
, Primo Rustico, que serviram conjuntamente como secretarios de Atila. No alto escalao tambem se encontravam um certo
Berico
, de origem desconhecida; o tio de Atila, Aibars; e Laudarico, certamente um rei de um povo germanico aliado. Os opositores de Atila fugiram ou pereceram, e ele se tornou o unico rei dos hunos.
Embaixadas de Atila vinham requisitando a devolucao de prisioneiros hunos, e os bizantinos, que encontravam-se em relativa paz com seus outros inimigos e, portanto, tinham tropas disponiveis, recusavam.
Contudo, em meados da decada de 440 o Imperio Bizantino enfrentou uma serie de tumultos e desastres naturais que o fragilizaram. Segundo Conde Marcelino, epidemias rebentaram em 445 e 446, na sequencia de um periodo de fome generalizada,
e, em 27 de janeiro de 447, um terremoto destruiu grande parte da
Muralha Teodosiana
de Constantinopla, da qual cinquenta e sete torres desabaram. Esse desastre natural devastou muitas cidades e vilarejos da
provincia da Tracia
, causou novas epidemias e, devido a destruicao de
silos
por ele ocasionada, agravou ainda mais a fome que assolava o imperio.
Atila provavelmente viu nesses tumultos uma oportunidade para mobilizar todas as suas tropas e avancar sobre a
Dacia Aureliana
, impondo, assim, o cumprimento de suas condicoes. Tropas romanas estacionadas em Marcianopolis tentam cortar o avanco huno, mas foram derrotadas na
Batalha do Uto
e seu
mestre dos soldados
, o godo
Arnegisclo
, foi morto em combate.
Os hunos entao saquearam as provincias da
Mesia
,
Macedonia
e Tracia.
O imperador do Oriente, Teodosio II, concentrou-se em defender sua capital, organizando brigadas cidadas para a reconstrucao das muralhas danificadas pelos sismos e, em alguns pontos, para construir uma nova linha de fortificacao em frente a antiga
.
Talvez por isso, Atila nao atacou Constantinopla, preferindo invadir e pilhar a Grecia,
[
c
]
de onde se retirou carregando um imenso espolio.
Durante as negociacoes de paz que se seguiram, Atila encontrava-se em uma posicao fortalecida e consequentemente estabeleceu demandas pesadas: alem de um aumento do tributo pago, ele exigiu a cessao de um territorio romano de trezentas milhas de comprimento e cinco dias de caminhada de largura, localizado ao sul do Danubio.
Mover a fronteira dessa maneira, alem do valor simbolico, daria aos hunos uma vantagem tatica, servindo como zona tampao contra ataques romanos.
Como parte dessas negociacoes, hunos e bizantinos trocaram diversas missoes diplomaticas. O cortesao Prisco foi enviado como embaixador a capital de Atila e, na primavera de 449, Edecao foi enviado a Constantinopla.
No verao desse mesmo ano Teodosio enviou a capital huna outra embaixada, aparentemente buscando finalizar o tratado de paz mas com o objetivo secreto de organizar o assassinato de Atila.
Cinquenta libras de ouro foram pagas a Edecao, que era particularmente proximo a Atila e servia como um de seus guarda-costas, a epoca uma posicao de grande prestigio e poder.
Contudo, Edecao revelou o plano ao rei huno, impondo aos romanos uma humilhacao ainda maior.
Apesar desse fracasso, Teodosio conseguiu arrastar as negociacoes enquanto fortalecia suas tropas para reequilibrar o equilibrio de poder. Em 450 o tratado de paz previa um retorno a situacao territorial anterior a 447 e a restituicao de prisioneiros romanos em troca do pagamento de um tributo cujo montante nao e conhecido.
Este foi um relativo sucesso diplomatico para Teodosio, mas que irritou os seus soldados, exasperados com a arrogancia de Atila, cujos embaixadores agora tratavam o governo romano como se este fosse seu sudito.
Contudo, em 28 de julho de 450 o imperador Teodosio II morreu em decorrencia de uma queda a cavalo e o "partido dos azuis", formado por senadores e aristocratas bizantinos, triunfou com a ascensao de
Flavio Marciano Augusto
como imperador, um homem de temperamento belicoso e ferozmente contrario a ideia de comprar a paz com os barbaros. Embora Marciano tenha modificado fortemente a politica bizantina de tributos, ao recusar pagar aos hunos,
ele agradou a Atila ao ordenar a execucao de
Crisafio
, ministro de Teodosio, que fora o instigador da tentativa de seu assassinato em 449. Apesar de sua vitoria inicial e da recusa bizantina de continuar a pagar tributos, os hunos permitiram que Constantinopla se recompusesse porque agora se encontravam ocupados com o Imperio Ocidental.
Ate o final da decada de 440 Atila e os hunos haviam gozado de boas relacoes com o imperio no Ocidente, sobretudo gracas a suas boas relacoes com seu governante
de facto
,
Flavio Aecio
. O patricio romano havia passado um breve exilio entre os hunos, em 433, cooperara em algumas ocasioes com Ruga e beneficiara-se pessoalmente de tropas que Atila lhe proporcionara contra os godos e os burgundios, que haviam contribuido para conseguir-lhe o titulo de mestre dos soldados no ocidente.
Contudo, gradualmente tensoes foram se estabelecendo e suas pretensoes quanto ao Imperio Romano do Ocidente foram se modificando. Em 448 Atila concordara em acolher em sua corte o chefe de uma
bagauda
, Eudoxio, um foragido dos romanos e que lhe incitou a atacar a Galia;
e, em 449, se opusera a Ravena em uma disputa sucessoria entre os
francos salios
? enquanto Atila apoiara um filho do rei franco que morrera, Aecio apoiara um outro.
Os presentes e os esforcos diplomaticos de Genserico, que se opunha e temia os visigodos, provavelmente tambem influenciaram os planos de Atila.
Enfim, em 450
Justa Grata Honoria
, irma mais velha do imperador Valentiniano III, apelou a Atila. Oficialmente "
augusta
", ela era, portanto, portadora de parte do poder imperial. Como parte do jogo politico, seu irmao imperador decidira casa-la, contra sua vontade, com um velho senador,
e, buscando evitar esse enlace, Honoria enviou seu
anel sinete
a Atila, pedindo-lhe ajuda e possivelmente prometendo-se em casamento.
Esse pedido ofereceu a Atila boa oportunidade para legitimar suas ambicoes de intervir militarmente no Imperio ocidental. Embora historiadores nao saibam ao certo se tratava-se de blefe ou de um objetivo real, Atila exigiu, alem da mao de Honoria, que a Galia lhe fosse dada em
dote
.
Valentiniano
baniu
Honoria e recusou qualquer negociacao com Atila, enquanto o imperador bizantino Marciano o encorajava a permanecer firme e prometia ajuda-lo. Como resposta, Atila enviou uma delegacao a Ravena para proclamar a inocencia de Honoria e a legitimidade de sua proposta de nupcias, e iniciou preparativos militares para reclamar o que alegava ser seu direito.
Neste episodio ele procurou se aliar aos vandalos e aos visigodos, mas estes recusaram ajuda-lo, temerosos de sua politica expansionista.
Na primavera de 451 Atila se lancou em uma campanha contra a Galia, a frente de um exercito que unia hunos e seus vassalos gepidas, ostrogodos, esciros, suevos,
alamanos
,
herulos
,
turingios
,
francos ripuarios
(os francos salios haviam se aliado aos romanos), alanos e sarmatas.
Cifras sao dificeis de serem precisadas, mas e certo que esse exercito era muito numeroso pelos criterios da epoca e movia-se lentamente.
Quando de sua chegada a provincia da
Belgica
, Jordanes estima que era composto de cerca de meio milhao de homens,
mas historiadores modernos consideram cem mil um numero mais aceitavel.
A Galia encontrava-se abalada por revoltas, e Atila esperava que a
sociedade
que unia os romanos e os visigodos nao fosse respeitada, permitindo-lhe enfrentar seus inimigos separadamente ou convencer um deles a unir-se a ele.
Atila
sitiou
a atual
Metis
, que recusou render-se. Meses depois, em 7 de abril de 451, o muro sul da cidade caiu e os hunos, exasperados por um longo cerco, massacraram a populacao local.
Paris
foi poupada, e uma anedota
hagiografica
afirma que
Santa Genoveva
, atraves de suas oracoes, a teria salvado.
Enquanto isso, uma delegacao do imperador do Ocidente, que incluia Flavio Aecio, e o constante avanco de Atila a oeste, convenceram Teodorico a aliar-se aos romanos.
As forcas de Atila se dividiram em dois grupos, e, enquanto o primeiro deles concentrou-se em saquear o norte da atual
Franca
, o segundo grupo, comandado pessoalmente por Atila, marchou diretamente para
Orleaes
,
que resistiu-lhe e forcou-o a sitia-la por varias semanas.
Esse cerco deu aos romanos, comandados por Flavio Aecio, e aos visigodos, do rei Teodorico, tempo para reunir as forcas necessarias para um confronto. Seus exercitos combinados foram entao ao encontro dos hunos,
chegando a Orleaes quando a cidade encontrava-se prestes a render-se.
Atila levantou o cerco e, apos escaramucas, retirou-se com suas tropas, buscando reunir-se com o restante de seu exercito.
Uma vez reagrupadas suas forcas, Atila confrontou Aecio e Teodorico, buscando escolher o local do embate de maneira favoravel ao uso de suas tropas montadas.
A
Batalha dos Campos Catalaunicos
, ocorrida entre
Troyes
e
Chalons-en-Champagne
e, provavelmente, na regiao de
Mery-sur-Seine
, terminou com uma vitoria estrategica da alianca romano-visigoda.
Ela deixou muitos mortos, incluindo Teodorico, e Atila escapou por pouco de seus inimigos. A vitoria foi romana, mas os visigodos se retiraram para
Toulouse
para resolver a questao da sucessao de Teodorico por seus filhos, e Atila pode retirar suas tropas sem ser molestado. Ele entao passou por Troyes, onde, como Santa Genoveva em Paris, a hagiografia catolica credita a Sao Lupo, entao bispo local, a intercessao que teria feito Atila poupar a cidade.
Apesar de alguns sucessos menores, sua campanha na Galia foi um fracasso; Atila nao conseguiu encontrar aliados na regiao e seus oponentes, unidos, provaram ser mais fortes.
Suas perdas foram grandes e, em sua retirada, viu-se obrigado a abandonar parte do saque que havia capturado.
Para manter sua autoridade interna e seu prestigio externo, Atila sabia que devia agir rapidamente, razao pela qual organizou outra campanha no ano seguinte.
Na primavera de 452 Atila buscou mais uma vez exercer sua reivindicacao de casamento com Honoria, desta vez devastando a
peninsula Italica
em sua passagem. Apos cruzar os Alpes, suas tropas conquistaram
Aquileia
, apos um longo cerco, saqueando-a e arrasando-a quase completamente.
Com menos dificuldade, depois pilhou
Padua
,
Verona
,
Milao
e
Pavia
, para entao deter-se antes de cruzar o
rio Po
.
Valentiniano III viu-se obrigado a fugir de Ravena para
Roma
.
A situacao parecia desesperadora para ele, que foi seguido pelos hunos, e assim o imperador apressou-se em negociar com Atila. Em 11 de junho de 452 ele enviou ate os hunos, que se encontravam na regiao do
rio Mincio
, nas proximidades de
Mantua
, uma delegacao que incluia o
papa Leao I
, o ex-
proconsul
Avieno
e um ex-prefeito do
pretorio
.
Durante longo tempo a tradicao catolica creditou a intercessao divina, na forma de um milagre, a decisao huna de tratar com Roma.
De um ponto de vista secular, contudo, existem evidencias de que Atila tenha aceitado negociar porque seu exercito era vitima de uma epidemia
e por questoes de abastecimento de suas tropas.
A Italia havia sofrido uma terrivel fome em 451 e suas colheitas mostraram-se pouco melhores em 452,
e a invasao devastadora das planicies do norte da Italia nesse ano, por Atila, certamente nao contribuiu para melhoras na colheita.
Assim, para avancar sobre Roma seriam necessarios suprimentos que nao estavam disponiveis na Italia, e tomar a cidade nao teria melhorado o abastecimento das tropas hunas.
Alem disso, o Imperio Huno estava sendo atacado no leste pelas tropas de Marciano, que enfim decidira socorrer Roma.
O religioso Idacio de Chaves, contemporaneo desses eventos, relata-os em sua
Chronica Minora
, dizendo que:
Os hunos, que vinham saqueando a Italia e que tambem haviam invadido um numero de cidades, foram vitimas da punicao divina, sendo visitados com desastres enviados pelo ceu: fome e algum tipo de doenca. Alem disso, eles foram abatidos por auxiliares enviados pelo imperador Marciano e liderados por Aecio e, ao mesmo tempo, foram esmagados em casa [...] Assim, massacrados, fizeram as pazes com os romanos e todos voltaram para as suas casas.
Por um motivo ou por outro, Atila certamente julgou mais proveitoso para seu povo concluir a paz e retornar a sua terra natal, e assim se retirou para seu palacio alem do Danubio, vitorioso e carregando um imenso saque. Embora seu exercito estivesse enfraquecido, ele ameacou voltar no ano seguinte, caso Honoria e seu dote nao lhe fossem entregues. No entanto, como em 451, Atila teve que ceder aos seus adversarios unidos, neste caso os dois governos romanos.
Em sua capital, Atila passou a planejar um novo ataque a Constantinopla, a fim de exigir o tributo que o imperador Marciano havia deixado de lhe pagar. Contudo, no inicio de 453 o rei huno morreu inesperadamente. O relato mais antigo desse evento e atribuido a Prisco, segundo o qual Atila sofreu um sangramento nasal severo e sufocou ate a morte,
depois de uma noite bebendo apos a celebracao de suas mais recentes nupcias, com Ildico.
De acordo com Prisco, sua morte teria ocorrido durante a noite de nupcias, e so teria sido descoberta pela manha, quando guardas adentraram seu quarto para desperta-lo e foram surpreendidos com a noiva chorando sobre seu corpo.
Cronicas bizantinas, e em especial uma de autoria do Conde Marcelino, escrita oitenta anos apos os eventos, relatam que ele teria sido assassinado a facadas pela noiva,
e historiadores mais recentes consideram essa hipotese credivel, supondo que Marciano poderia ter organizado um esquema semelhante ao que Teodosio II tentara alguns anos antes.
No entanto, outros historiadores reiteram que a hipotese de assassinato nao pode ser descartada ou confirmada,
ate porque os relatos mais imediatos aos eventos nao relatam quaisquer feridas no corpo do rei huno.
Segundo Jordanes, os soldados de Atila, ao saberem de sua morte, reagiram cortando seus cabelos e ferindo seus rostos com suas espadas, pois o maior de todos os guerreiros nao devia ser lamentado com queixas ou lagrimas de mulheres, mas sim com o sangue de homens.
Atila foi secretamente enterrado em um caixao triplo de ouro, prata e ferro,
e os escravos que cavaram sua sepultura foram mortos para que ela nunca fosse descoberta e profanada.
Sua localizacao permanece desconhecida.
Sua sucessao degenerou em conflito entre seus filhos, principalmente Elaco, Dengizico e Hernaco, que buscaram dividir entre si o territorio do Imperio Huno e os povos nele incluidos. Sentindo-se tratados como "escravos da condicao mais baixa"
e enfatizando sua independencia cultural e interesses economicos,
povos germanicos uniram-se em um levante, liderados por um antigo aliado de Atila, o rei Ardarico.
Em 454 os hunos foram amargamente derrotados no confronto que se seguiu, a
Batalha do Nedao
, e Elaco foi morto durante a luta.
As tribos hunas fragmentaram-se e tomaram como chefes membros de suas aristocracias locais, enquanto os demais povos federados por Atila se dispersaram. Um grupo de hunos se mudou para a
Citia
, provavelmente sob a lideranca de Ernaco,
e Dengizico tentou uma ultima incursao no sul do Danubio em 469, mas foi derrotado na Batalha de Bassianas e, no ano seguinte, acabou morto pelo general godo-romano
Anagasto
.
Uma cronica bizantina, a
Cronica Pascoal
, relata o seu fim: “Dengizico, filho de Atila, foi morto na Tracia. Sua cabeca foi levada a Constantinopla, carregada em procissao e plantada em uma estaca". Sua morte findou as possibilidades de restauracao o Imperio Huno.
Embora a imperio de Atila nao lhe tenha sobrevivido, suas campanhas contra Roma e seus outros vizinhos tiveram um impacto mais longevo. De um lado, a acao desestabilizadora dos hunos agravou a debilidade economica do Imperio Romano e sua capacidade de reconquistar territorios de significativa importancia economica ou estrategica perdidos para invasores.
Alem disso, as migracoes em massa que vinham ocorrendo desde antes de Atila provavelmente foram intensificadas por conta das relacoes de seu imperio com seus vizinhos, agravando ainda mais a situacao romana.
Enquanto o Imperio Bizantino gradualmente deixou de poder auxiliar o governo de Ravena,
[
d
]
os antigos aliados de Atila continuaram a desempenhar um papel formidavel na geopolitica eurasiatica do
seculo V
e tiveram papel preponderante na
queda do Imperio Romano do Ocidente
, cujo marco final, em 476, foi a deposicao do imperador
Romulo Augusto
por forcas herulas,
rugias
e esciras comandadas por
Odoacro
, filho e sucessor de Edecao.
A visao ocidental mais comum: "flagelo de Deus"
[
editar
|
editar codigo-fonte
]
Historicamente os hunos foram caracterizados pela tradicao crista ocidental como um povo barbaro e extremamente violento,
uma representacao que permanece no imaginario contemporaneo.
Presas faceis de "moralistas cristaos" desde a Antiguidade,
sua caracterizacao como "feios, atarracados e temiveis, letais com um arco, e interessados principalmente em saquear e estuprar"
foi salientada, em comparacao com outros povos barbaros cristaos, sobretudo por conta de sua religiao e de origem etnica, estranha a seus inimigos.
Por serem desprovidos de sua propria voz nos registros historicos, os hunos "sempre podem ser persuasivamente imaginados como a ameaca cabal as (auto-proclamadas) virtudes da civilizacao".
A imagem de Atila nessa tradicao, em particular, foi inicialmente influenciada pelos relatos de Prisco de Panio, que o descreveram como "um homem nascido no mundo para abalar as nacoes", e, ainda no
seculo XVIII
, historiadores como
Edward Gibbon
expressaram a ideia de que o rei huno fora meramente "um selvagem destruidor" do qual se dizia que "a grama nunca mais crescia no local onde seu cavalo pisara".
Para muitos analistas trata-se de um retrato parcialmente equivocado, visto que relatos da epoca reiteram a enfase que o rei dos hunos dava a lealdade de seus subordinados e que, pelos padroes de seu tempo, "o lider barbaro era, na maior parte, um homem de palavra".
O proprio Prisco asseverou que Atila "lutava por meio da diplomacia" antes de buscar garantir seus interesses por meio militar e se dispunha a negociar a fim de evitar a guerra.
O rei huno certamente reconhecia as vantagens de ser pago para manter a paz e evitar confrontacoes sangrentas, e durante anos cobrou tributo do Imperio Romano, uma pratica comum a epoca.
Enquanto o tributo foi pago, ele invariavelmente respeitou seu acordo com Roma, ao passo que sao comuns exemplos de lideres barbaros que receberam tributo e depois atacaram.
Adicionalmente, o proprio Prisco relata ter conhecido dentre os hunos um cidadao romano que fora capturado e, depois de liberto, decidira permanecer dentre os hunos por conta dos pesados impostos, do governo corrupto e da injustica e custo proibitivo do sistema juridico romanos.
Apesar disso e de os povos barbaros terem tido numerosos lideres conhecidos, Atila e "um dos poucos nomes da Antiguidade capazes de serem reconhecidos instantaneamente", de maneira semelhante a
Alexandre
,
Cesar
,
Cleopatra
e
Nero
, e se tornou "o barbaro" por excelencia.
Nessa tradicao crista ocidental, o rei huno e frequentemente chamado "Praga de Deus"
ou, mais comumente, "Flagelo de Deus".
Esta expressao foi cunhada em 410 pelo clerigo Agostinho de Hipona para designar Alarico,
mas gradualmente foi redirecionada a Atila: no
seculo VI
Gregorio de Tours
passou a afirmar que os hunos haviam sido um instrumento divino
e, no seculo seguinte, o religioso
Isidoro de Sevilha
elaborou nessa nocao, dizendo que os hunos haviam sido "a vara da furia de Deus", enviada para "golpear" (em
latim
:
flagellantur
) os descrentes e forca-los a se distanciar dos apetites e pecados da epoca.
Na forma de epiteto, a expressao apareceu apenas no
seculo VII
, na
hagiografia
de Sao Lopo, segundo a qual Atila teria se apresentado como o "flagelo de Deus" (em
latim
:
flagellum Dei
).
Em seu original
flagellum
, o termo designa um
azorrague
,
[
176
]
uma especie de chicote usado para punir condenados.
Os cronistas e hagiografos cristaos continuaram essa tradicao e tornaram Atila um verdadeiro
anti-heroi
, no sentido de que suas acoes levaram a criacao de numerosos novos santos.
As hagiografias acusam-no de numerosos crimes e de martirios imaginarios, como os de Sao Nicasio, em
Reims
, de Sao Memorio, em
Saint-Mesmin
, e outros,
e, a partir dessas cronicas, foram criadas novas lendas de bispos que teriam protegido suas cidades de Atila, em Ravena,
Modena
, Chalons-en-Champagne, Metis e outras localidades.
O caso de
Ursula de Colonia
e das onze mil virgens que teriam morrido como martires em Colonia constitui a invencao hagiografica mais impressionante; estabelecida por escrito no
seculo X
, ela permaneceu popular por toda a
Idade Media
.
Algumas historias identificam ate mesmo os
judeus
com os hunos.
Na Italia, de modo geral a imagem de Atila acompanhou aquela mais difundida no Ocidente, e, famosamente, Atila e mencionado na
Divina Comedia
, de
Dante Alighieri
, que o fez queimar no setimo circulo do inferno, onde tiranos sao atormentados por
centauros
.
Embora seu carater negativo tenha continuado a ser reiterado, a partir do
seculo XIV
Atila se tornou uma personagem literaria na Italia.
Epicos em verso ou em prosa passaram a narrar suas aventuras cavalheirescas e lhe atribuir um nascimento extraordinario, como filho de uma princesa e de um
lebreu
. Nessas historias, por sua natureza semi-bestial e suas mas acoes, ele ainda e representado como o inimigo do cristianismo. Um dos mais populares,
La storia di Attila
, foi copiado e depois impresso em Veneza ao longo dos seculos; a ultima edicao data de 1862.
Atila nao deixou uma imagem tao negativa em territorios nao romanos, e os poemas epicos germanicos que o mencionam oferecem um retrato mais complexo. A
Cancao de Walther
, uma
cancao de gesta
em
hexametros dactilicos
atribuida ao monge Ekkehard I de
Sao Galo
, por volta de 930, descreve Atila como um rei poderoso e generoso.
A
Cancao dos Nibelungos
, um epico medieval alemao composto no
seculo XIII
, apresenta-o, com o nome de Etzel, sob uma luz positiva, apesar de seu paganismo.
Nas sagas islandesas escritas no
seculo XII
Atila e os hunos sao apresentados em guerras epicas contra os
borguinhoes
, os godos e os danos, como na
Brevis historia regum Dacie
, de
Saxao Gramatico
.
O Atila historico tambem corresponde a personagem do rei Atli da
Edda poetica
, uma colecao de composicoes escandinavas cujas raizes remontam ao
seculo V
.
Os poemas que o mencionam sao
Atlamal
(Ditados gronelandeses de Atli),
Guðrunarkviða II
(A segunda cancao de Gudrun),
Sigurðarkviða hin skamma
(A cancao breve de Sigurd),
Guðrunarhvot
(A exortacao de Gudrun), e
Atlakviða
(A cancao de Atli). Esses poemas foram retomados em prosa no
seculo XIII
por
Snorri Sturluson
, o maior escritor escandinavo medieval,
e Atila e retratado como um grande rei, de modo semelhante a sua caracterizacao na
Saga dos Volsungos
[
e
]
e no
Chronicon Hungarico-Polonicum.
Nestas lendas um dos personagens principais e Gudrun (para os nordicos) ou Kriemhild (para os germanicos), irma do rei dos borguinhoes e representacao da Ildico historica. A tragica morte de Atila, as suspeitas de assassinato e o envolvimento de sua jovem esposa dariam origem a uma tradicao literaria na qual a vinganca feminina ocupa um lugar de destaque.
Nesses mitos Atila e representado de uma maneira bastante "compreensiva"; ele e tolerante, leal, generoso e cavalheiresco. Seus problemas e fim sao devidos a sua ingenuidade e dificuldade em compreender os outros povos.
Rei mitico hungaro e heroi contemporaneo turco
[
editar
|
editar codigo-fonte
]
Quando no
seculo X
os
magiares
, outro povo nomade originario da Eurasia, se estabeleceram nos
Carpatos
e passaram a realizar ataques na Europa, os cristaos imediatamente os identificaram com os hunos.
Quando se converteram e comecaram a escrever sua propria historia e a da
Hungria
, esse povo adotou essa identidade, reivindicando a descendencia de Atila e o transformando em um heroi. Assim, ele se tornou o ancestral da dinastia
Arpade
na
Gesta Hungarorum
, escrita por volta de 1210.
Nesses mitos fundadores Atila e glorificado, e suas virtudes morais e belicas exaltadas.
Durante o
Renascimento
a
Chronica Hungarorum
ainda usava a figura do rei dos hunos para aumentar o prestigio e a legitimidade da
monarquia hungara
, e, em seu auge,
Matias I da Hungria
foi comemorado como um "segundo Atila".
A origem huna dos hungaros e a figura de Atila ainda eram um tema recorrente na literatura hungara do
seculo XVI
ate a atualidade. O desenvolvimento do nacionalismo hungaro manteve Atila como uma referencia importante da
identidade nacional
, e o desaparecimento de seu grande imperio foi comparado ao destino dos hungaros sob os dominios
austriaco
e
otomano
. Em 1857 o compositor e pianista
Franz Liszt
compos o
poema sinfonico
Batalha dos Hunos (em
alemao
:
Hunnenschlacht
), inspirado em uma pintura de
Wilhelm von Kaulbach
sobre a Batalha dos Campos Catalaunicos.
Segundo a historiadora Edina Bozoky, ao longo do
seculo XIX
foram publicados pelo menos vinte dramas, nove poemas e tres romances hungaros tratando de Atila, incluindo obras de grandes autores como
Mor Jokai
e
Janos Arany
.
Mais de quinze trabalhos sobre esse assunto ainda foram escritos no
seculo XX
, e o prenome Atila permaneceu popular durante esse seculo.
O pai de Atila, Mundiuco, conhecido em hungaro como Bendeguz, e citado no
Hino Nacional da Hungria
como ancestral da nacao.
O mito de Atila tambem e amplamente utilizado na politica hungara, particularmente pela
extrema-direita
,
e esta ligado a emergencia de grupos
neopagaos
no pais.
Grupos desse tipo tem se popularizado com a Terceira Republica Hungara: uma "Igreja Sagrada dos Hunos" foi fundada em 1997 e uma "Alianca Huna" em 2002. Em 2010 uma estatua equestre de Atila foi inaugurada em
Budapeste
pelo Ministro da Defesa do pais.
Aparentemente milhares de descendentes de hunos vivem hoje entre a Hungria e seus paises vizinhos, e grupos de potenciais descendentes tem buscado o seu reconhecimento como minoria etnica.
Simbolo politico e comparacoes com outras figuras
[
editar
|
editar codigo-fonte
]
A figura de Atila e dos hunos tem sido constantemente utilizada em contextos politicos e em comparacoes com personagens contemporaneos. Na Franca, embora anteriormente
Voltaire
e
Montesquieu
houvessem retratado Atila de maneira relativamente positiva,
no
seculo XIX
a figura de Atila tornou-se uma metafora para tiranos, enquanto os hunos passaram a representar inimigos barbaros e brutais. Por exemplo,
Benjamin Constant
, em 1815, e
Victor Hugo
, em 1824, comparam
Napoleao Bonaparte
a Atila.
Os franceses, ingleses, canadenses e americanos tambem compararam os alemaes aos hunos em um numero de ocasioes, notadamente durante a
Primeira Guerra Mundial
, em referencia a
Guilherme II
e suas tropas.
Em 1914
Rudyard Kipling
, em seu poema
For All We Have And Are
, referiu-se indiretamente aos alemaes quando convocou todos a lutar contra os "hunos", e, no curso da guerra, cartazes britanicos, canadenses e americanos compararam a destruicao da Belgica pela Alemanha a devastacao causada Atila, exortando seus povos a "bater os hunos".
Os proprios alemaes ja haviam adotado essa identidade em contexto de guerra. Durante o
Levante dos Boxers
Guilherme II galvanizou as suas tropas incentivando-as a seguir o exemplo de Atila, ao declarar: "Sem piedade! Sem prisioneiros! Ha mil anos, os hunos do rei Atila fizeram um nome para si mesmos que ainda hoje ressoa tremendamente nas memorias e em historias; que o nome dos alemaes adquira a mesma reputacao na China, para que um chines nunca mais ouse desafiar um alemao”.
De maneira semelhante, durante a
Segunda Guerra Mundial
o governo alemao utilizou essa metafora ao batizar como
Operacao Atila
a ocupacao da
Franca de Vichy
,
e, com o despontar da
Guerra Fria
, a revista alema
Der Spiegel
comparou a
Uniao Sovietica
aos hunos.
Por outro lado, tal como os hungaros, no
seculo XX
nacionalistas e
turanistas
turcos apropriaram-se de uma figura positiva de Atila, identificando-o como libertador de nacoes oprimidas por reis e religioes estrangeiros e como precursor da
Turquia
moderna e
secular
.
Quando as forcas armadas turcas
invadiram o Chipre em 1974
, suas diretrizes foram batizadas "Operacao Atila".
Mais recentemente, em 2011 o general servio
Ratko Mladi?
foi apelidado Atila em seu proprio pais e no exterior,
e autores continuam a explorar a imagem negativa de Atila e de seu povo, desta vez comparando os financistas de
Wall Street
aos hunos.
Em contradicao a essa imagem, na decada de 1980 o autor Wess Roberts publicou um livro de
gestao empresarial
intitulado
Segredos de Lideranca de Atila, o Huno
(em
ingles
:
Leadership Secrets of Attila the Hun
), que se tornou em
best-seller
no Estados Unidos ao sustentar que "barbaros eivados de sangue [os hunos] tinham muito a ensinar a executivos americanos sobre 'gestao focada em vitorias e senso de responsabilidade'".
Na mesma linha, diversos parentes de Atila sao conhecidos por nome, mas logo as fontes genealogicas validas praticamente secaram, e parece nao haver maneira verificavel de identificar os descendentes do rei huno e de seus parentes.
Contudo, isso nao impediu genealogistas de buscar reconstruir uma linhagem valida para governantes medievais. Uma das reivindicacoes consideradas mais crediveis e a da
Nominalia dos Cas Bulgaros
, a respeito das origens das figuras fundadoras do
Cla Dulo
.
Em escala menor do que na Hungria, o rei dos hunos continuou a despertar interesse no resto da Europa, notadamente no meio artistico. Para a historiadora Edina Bozoky a riqueza e variedade das obras sobre Atila sao excepcionais: "cada pais e cada epoca cria um Atila a sua propria imagem".
A arte crista representou Atila com frequencia, em
iluminuras
de obras hagriograficas, como a
Lenda Aurea
de
Tiago de Voragine
, e tambem em
telas
,
afrescos
, estatuas,
retabulos
e
vitrais
de igrejas. Atila e frequentemente usado como personagem secundaria, com o objetivo de destacar as qualidades de santos, como Alpino de Chalons, Lupo, Genoveva, Ursula e as virgens de Colonia.
Uma dessas pinturas mais famosas e
Martirio de Santa Ursula
, produzida por
Michelangelo Merisi da Caravaggio
em 1610; nela, Atila e representado com um ar sombrio e com um arco em maos, enquanto uma flecha perfura o peito da
martir
.
Outras representacoes famosas de Atila nas artes visuais incluem o afresco
Incontro di Leone Magno con Attila
(1513?1514), de
Rafael Sanzio
, e as telas
Attila suivi de ses hordes barbares foule aux pieds l’Italie et les Arts
(1847), de
Eugene Delacroix
; e
La invasion de los barbaros
(1887), de Ulpiano Checa.
Com um ar marcadamente mais positivo, pintores, escultores e gravadores hungaros da epoca renascentista e barroca produziram retratos majestosos de Atila.
Mais recentemente Atila e personagem central de diversas
historias em quadrinhos
e
romances graficos
. Essas obras podem abordar o tema a partir de uma perspectiva historica, como na obra de Jean-Yves Mitton e Franck Bonnet,
Attila mon amour
, lancada em seis volumes entre 1999 e 2003,
ou ainda em
Leon le grand, defier Attila
, publicado em 2019 por France Richemond e Stefano Carloni, que se concentra no episodio em que o papa o teria dissuadido de saquear Roma.
Por outro lado, algumas obras o retratam de maneira ostensivamente fantasiosa, como
Une aventure rocambolesque d'Attila le Hun ? le Fleau de Dieu
, publicada por Manu Larcenet e Daniel Casanave em 2006, que apresenta o conquistador em tom de humor;
e
Le Fleau des Dieux
, de Valerie Mangin e Aleksa Gaji?, que transforma o combate entre Atila e Aecio em uma batalha entre deuses.
Attila
e uma das ultimas tragedias de
Pierre Corneille
, publicada em 1667. Drama romantico em que Atila deve escolher entre Honoria, a imperatriz, e Ildione, irma do rei dos francos, Corneille considerou-o sua melhor
peca teatral
, embora nao tenha obtido grande sucesso.
Para
Nicolas Boileau
, ao contrario,
Attila
marcou o declinio da genialidade de Corneille. Ao retratar um Atila atormentado por suas ambicoes por conquistas gloriosas e envolvendo-se em amores tumultuados, Corneille refere-se a
Franca
do jovem e ambicioso
Louis XIV
da decada de 1660.
Zacharias Werner, dramaturgo austriaco, escreveu
Attila, Konig der Hunnen
nos ultimos anos de sua vida, e a publicou em 1807. Essa peca encena a campanha da Italia e a pilhagem de Aquileia. Atila e retratado como uma metafora para Napoleao Bonaparte, que, ofendido, em 1810 ordenou a destruicao de todas as copias da obra.
A figura de Atila e amplamente utilizada em
opera
. No
seculo XVII
Pietro Andrea Ziani compos
Attila
para um libreto de Matteo Noris,
e em 1812
Beethoven
considerou compor uma opera tendo Atila como tema, cujo libreto seria escrito por
August von Kotzebue
. No entanto, nem a musica nem o libreto foram escritos.
Em 1807 em Hamburgo, em 1818 em Palermo, em 1827 em Parma e em 1845 em Veneza, foram realizadas diferentes operas com o nome de Atila. A mais conhecida e a opera
Attila
, composta por
Giuseppe Verdi
com libreto de Temistocle Solera, que estreou em 1846 e e baseada na peca peca de Zacharias Werner.
Essa tradicao se estendeu pelos seculos XX e XXI. Em 1967
Henri Salvador
escreveu e interpretou a cancao
Attila est la
, com
letra
de Bernard Michel,
e em 1993 o poeta e deputado hungaro Sandor Lezsak escreveu uma
opera rock
intitulada
Atilla, Isten kardja
, que foi dirigida e apresentada por Levente Szorenyi.
Em 2002 o musico frances Olivier Boreau compos uma peca para
orquestra
com o titulo
Attila,
e esse tambem e o nome usado por diversas bandas e conjuntos musicais americanos, incluindo uma banda de
deathcore
formada por Chris Fronzak em 2005.
Mais recentemente, o nome Atila tem sido usado em cancoes de rap.
Booba
, aparentemente menciona-o em varias gravacoes, e batizou uma de suas cancoes em sua homenagem.
A
literatura russa
da primeira metade do
seculo XX
, no espirito do nacionalismo local e do reconhecimento das raizes asiaticas da Russia, deu atencao significativa a figura de Atila.
Valeri Briusov
dedicou-lhe um poema em 1921, no qual Atila personifica o medo da destruicao e a esperanca na renovacao.
Ievgueni Zamiatin
trabalhou no
romance historico
Flagelo de Deus, que traca um paralelo entre a vida de Atila e a rivalidade entre a Russia e o Ocidente, mas que, por conta da morte do autor, nunca foi concluido.
Numerosos escritores de outros paises tambem lhe dedicaram romances historicos, como o alemao Felix Dahn, em sua colecao Romances Historicos da Grande Migracao, publicada entre 1882 e 1901; o canadense Thomas Costain, em 1959; e o americano
William Dietrich
, em 2005. Nessas obras, enquanto Atila e representado como um barbaro, ele tambem serve para ilustrar um mundo romano em decadencia.
De maneira semelhante, em
L'anell d'Atila
, publicado em 1999, o andorrano
Albert Salvado
estressa a corrupcao e inepcia dos imperadores romanos contemporaneos, que serve de pano de fundo para as campanhas de Atila.
[
234
]
O primeiro filme a retratar Atila foi uma
obra muda
italiana de 1918, dirigida por Febo Mari.
Em 1924 o classico alemao
Die Nibelungen
, de
Fritz Lang
, apresentou os hunos como simples barbaros, e os filmes
Sign of the Pagan
, de
Douglas Sirk
, e
Attila, il flagello di Dio
, de
Pietro Francisci
, ambos lancados em 1954,
mantem essa imagem.
Por outro lado, a telesserie lituana-estadunidense
Attila the Hun
, transmitida em 2001, retratou um Atila, encarnado por
Gerard Butler
, de forma muito mais positiva.
Na televisao, a telesserie francesa
Kaamelott
, produzida por Alexandre Astier em 2005, apresenta Atila em alguns episodios, mas de maneira humoristica.
Atila tambem apareceu em um episodio de 2008 da serie britanica
Heroes and Villains
, da
BBC
, sendo interpretado por
Rory McCann
,
e no filme estadunidense
Night at the Museum
, lancado em 2006, no qual e interpretado por Patrick Gallagher.
Um numero consideravel de jogos eletronicos tem Atila como personagem principal ou secundaria. Em
Age of Empires II: The Conquerors
uma campanha segue as grandes conquistas de Atila, de sua ascensao ao trono huno ate sua campanha na peninsula Italica.
Ja em
Total War: Attila
, o lider dos hunos e o protagonista do jogo,
ao passo que em
Civilization V
e um lider jogavel.
Em
Fate/Grand Order
, Atila e referenciado por meio da personagem Altera.
Atila deu nome a um
asteroide
,
Attila (n.º 1489)
, identificado em 12 de abril de 1939. Esse corpo celeste possui aproximadamente quinze quilometros de diametro e tem um
periodo orbital
de 5,7 anos terrestres.
Attila
tambem e um
genero
de
passeriformes
tropicais, que engloba sete especies de aves predadoras,
e
Atilla
e uma
chapada
da
Australia central
, tambem conhecida como monte Conner.
Notas
- ↑
Ironicamente, boa parte dessas
migracoes dos povos barbaros
vinham ocorrendo justamente por conta da acao dos hunos, que vinham conquistando territorios dos vizinhos de Roma e assim ocasionando emigracoes em massa de seus ocupantes.
- ↑
O nome
?ττ?λα
foi provavelmente registrado com esta grafia por Prisco, conhecido por escrever em
grego classico
de grande qualidade,
e depois reproduzido por outras fontes, dentre as quais
Joao Malalas
e o
Chronicon Paschale
.
- ↑
Seu avanco sobre a Grecia chegou ate as
Termopilas
.
- ↑
O ultimo imperador bizantino a tentar salvar o governo do Imperio Romano do Ocidente foi
Leao I, o Tracio
, entre o final da decada de 460 e 476, quando
Odoacro
depos
Romulo Augusto
.
- ↑
Por exemplo, a
Saga dos Volsungos
descreve
Atli
como "um homem feroz e soturno, grande e sombrio aos olhos, mas, nao obstante, de ar nobre e o maior dos guerreiros" (em
ingles
:
a fierce man and a grim, great and black to look on, yet noble of mien withal, and the greatest of warriors
).
Referencias
- Aleteia (28 de abril de 2016).
≪O dia em que um papa enfrentou ? e venceu ? os barbaros mais terriveis≫
. Aleteia
. Consultado em 9 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 1 de maio de 2016
- Alexandre de Rodes (1651).
Dictionnarium annamiticum, lusitanum et latinum (etc.)
. Roma: [s.n.]
Consultado em 7 de janeiro de 2020
- Anonimo (2008).
≪The Story of the Volsungs, (Volsunga Saga) ? With Excerpts from the Poetic Edda≫
. Project Gutenberg
. Consultado em 17 de janeiro de 2020
- Antikvarium (2020).
≪Attila, Isten kardja≫
. Antikvarium
. Consultado em 12 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 11 de janeiro de 2020
- Ayers Rock (2019).
≪Mount Conner≫
. Ayers Rock
. Consultado em 24 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 15 de marco de 2019
- Babcock, Michael (2005).
The Night Attila Died: Solving the Murder of Attila the Hun
. Nova Iorque: Berkley Books.
ISBN
978-0-425-20272-2
- BBC One (2009).
≪Attila the Hun ? Heroes and Villains ? Episode 3 of 6≫
. BBC
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 2 de agosto de 2019
- Bembeneck, Emily J. (2017). ≪Phantasms of Rome≫. In: Kapell, Matthew Wilhelm; Elliott, Andrew B.R.
Playing with the Past: Digital Games and the Simulation of History
. Nova Iorque: Bloomsbury.
ISBN
9781623566142
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
- Bona, Istvan (2002).
Les Huns : le grand empire barbare d'Europe (IVe???Ve siecles)
. Paris: Errance.
ISBN
978-2-87772-223-0
- Bozoky, Edina (2012).
Attila et les Huns : Verites et legendes
. Paris: Perrin.
ISBN
978-2-262-03363-7
- Burgess, R. W. (1993).
The Chronicle of Hydatius and the Consularia Constantinopolitana
. Oxford: Clarendon Press.
ISBN
978-0198147879
- Carolla, Pia (2016). ≪Priscus of Panion, John Malalas and the Chronicon Paschale (CP): a Complex Relationship≫. In: Juhasz, Erika.
Byzanz und das Abendland IV: studia Byzantino-Occidentalia
. Budapest: Eotvos-Jozsef-Collegium.
ISBN
9781107021754
. Consultado em 27 de janeiro de 2020
- Chadwick, Hector Munro (1926).
The Heroic Age
. Cambridge: Cambridge University Press.
OCLC
604148095
- Connolly, Kate (2005).
≪Attila descendants want recognition≫
. The Telegraph
. Consultado em 24 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 6 de julho de 2016
- Cooper, Alan D. (2008).
The Geography of Genocide
. Lanham: University Press of America.
ISBN
978-0761840978
- Covin, Gregory (2015).
≪
"
Le Fleau des Dieux - Tome 6 : Exit" de Valerie Mangin, Aleksa Gajic≫
. Science Fiction Magazine
. Consultado em 12 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 20 de junho de 2018
- Creasy, Edward Shepherd (1969). ≪The Battle of Chalons, A.D. 451≫.
Fifteen Decisive Battles of the World from Marathon to Waterloo
. Nova Iorque: Heritage Press.
OCLC
5315430
- Dash, Mike (2012).
≪Nice Things to Say About Attila the Hun≫
. Smithsonian Magazine
. Consultado em 19 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 21 de dezembro de 2019
- Der Spiegel
(1948).
≪Attilas Schwert uber Oesterreich≫
. Der Spiegel.de
. Consultado em 17 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 26 de abril de 2017
- Deschodt, Eric (2006).
Attila
. Paris: Gallimard.
ISBN
978-2-07-030903-0
- Discogs (2020).
≪Henri Salvador ?? Attila Est La≫
. Discogs
. Consultado em 12 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 11 de janeiro de 2020
- Doerfer, Gerhard (1973).
≪Zur Sprache der Hunnen≫
(PDF)
.
Central Asiatic Journal
.
17
(1): 1?50
. Consultado em 31 de dezembro de 2019
- Duckett, Eleanor Shipley (1988).
The Gateway to the Middle Ages: Italy
. Ann Arbor: University of Michigan Press.
ISBN
047206049X
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
- Dupuy, R. Ernest; Dupuy, Trevor N. (1993).
The Harper Encyclopedia of Military History: From 3500 BC to the Present
4 ed. Nova Iorque: HarperCollins.
ISBN
978-0-06-270056-8
. Consultado em 15 de janeiro de 2020
- Encyclopædia Britannica (2020).
≪Xiongnu≫
. Britannica.com
. Consultado em 10 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 13 de setembro de 2019
- Escher, Katalin; Lebedynsky, Iaroslav (2007).
Le dossier Attila
. Paris: Editions Errance.
ISBN
978-2-87772-364-0
- Fields, Nic (2015).
Attila the Hun
. Oxford: Osprey Publishing.
ISBN
978-1472808875
- Freeman, Charles (2014).
Egypt, Greece, and Rome: Civilizations of the Ancient Mediterranean
3 ed. Oxford: Oxford University Press.
ISBN
9780199651917
. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- GameA (2018).
≪Altera (Attila)≫
. GameA
. Consultado em 24 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 24 de janeiro de 2020
- Garcia Morcillo, Marta; Hanesworth, Pauline; Lapena Marchena, Oscar, eds. (2015).
Imagining Ancient Cities in Film: From Babylon to Cinecitta
. Nova Iorque: Routledge
. Consultado em 12 de janeiro de 2020
- Glenat (2020).
≪Leon le Grand : Defier Attila≫
. Glenat
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
- Glenat BD (2013).
≪Terre brulees (Attila... mon amour #5)≫
. Good Reads
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
- Golden, Peter Benjamin (1992).
An introduction to the History of the Turkic peoples: ethnogenesis and state formation in medieval and early modern Eurasia and the Middle East
. Wiesbaden: Otto Harrassowitz.
ISBN
978-3-447-03274-2
. Consultado em 17 de janeiro de 2020
- Grafton, Anthony; Most, Glenn W; Settis, Salvatore (2010).
The Classical Tradition
. Cambridge: The Belknap Press of Harvard University Press.
ISBN
9780674035720
. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- Greatrex, Geoffrey (2015). ≪Reversals of Fortune: An Overview of the Age of Atila≫. In: Maas, Michael.
Government and Mechanisms of Control, East and West
. Nova Iorque: Cambridge University Press.
ISBN
9781107021754
. Consultado em 10 de janeiro de 2020
- Gregorio de Tours
(1823). Guizot, M., ed.
Histoire des Francs [Livros I?VIII]
. Paris: J.-L.-J. Briere
. Consultado em 10 de janeiro de 2020
- Grousset, Rene (1970).
The Empire of the Steppes
. New Brunswick: Rutgers University Press.
ISBN
978-0-8135-1304-1
. Consultado em 15 de janeiro de 2020
- Haas, Christopher (2004).
≪Embassy to Attila: Priscus of Panium≫
. Villanova University
. Consultado em 16 de janeiro de 2020
. Arquivado do
original
em 21 de fevereiro de 2014
- Harvey, Bonnie (2003).
Attila the Hun
. Col: Ancient World Leaders. Broomall: Chelsea House.
ASIN
B01FJ1LTIQ
- Heather, Peter J. (2010).
Empires and Barbarians: The Fall of Rome and the Birth of Europe
. Oxford: Oxford University Press.
ISBN
9780199735600
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
- Howarth, Patrick (1995).
Attila, King of the Huns: The Man and The Myth
. Nova Iorque: Barnes & Noble Books.
ISBN
978-0-7607-0033-4
- IGN (2012).
≪Age of Empires II: The Conquerors, Attila the Hun Campaign≫
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 29 de junho de 2019
- Jordanes
(1908).
≪The Origin and Deeds of the Goths≫
. trad. Charles Christopher Mierow. Princeton University
. Consultado em 31 de dezembro de 2019
.
Copia arquivada em 19 de janeiro de 2016
- Kelly, Christopher (2011).
Attila The Hun: Barbarian Terror and the Fall of the Roman Empire
. Londres: Vintage Books.
ISBN
9781446419328
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
- Kelly, Christopher (2015). ≪Neither Conquest Nor Settlement: Attila's Empire and Its Impact≫. In: Maas, Michael.
The Cambridge Companion to the Age of Attila
. Nova Iorque: Cambridge University Press.
ISBN
9781107021754
. Consultado em 10 de janeiro de 2020
- Kiaris, Hippokratis (2012).
Genes, Polymorphisms, and the Making of Societies: How Genetic Behavioral Traits Influence Human Cultures
. Boca Raton: Universal-Publishers.
ISBN
978-1-61233-093-8
- Koenig, Joelle (2011).
≪Les Attila de la Finance≫
. Mediapart
. Consultado em 10 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 15 de abril de 2016
- Laes, Christian (2018).
Disabilities and the Disabled in the Roman World: A Social and Cultural History
. Cambridge: Cambridge University Press.
ISBN
9781107162907
. Consultado em 27 de janeiro de 2020
- Larabel, Michael (2015).
≪Total War: Attila Performs Miserably On Linux≫
. Phoronix
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 13 de fevereiro de 2016
- Lasserre, Isabelle (26 de maio de 2011).
≪Ratko Mladic, l'Attila serbe≫
. Le Figaro
. Consultado em 10 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 8 de maio de 2019
- Lebedynsky, Iaroslav (2011).
La campagne d'Attila en Gaule : 451 apr. J.-C
. Clermont Ferrand: Lemme.
ISBN
978-2-917575-21-5
- Lewis, James R. (2003).
The Astrology Book: The Encyclopedia of Heavenly Influences
. Detroit: Visible Ink Press.
ISBN
1578591449
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
- LoudWire (2019).
≪Attila's Chris Fronzak Has a Plan to Resurrect Warped Tour≫
. LoudWire
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 11 de janeiro de 2020
- Maas, Michael (2015). ≪Reversals of Fortune: An Overview of the Age of Atila≫. In: Maas, Michael.
The Cambridge Companion to the Age of Attila
. Nova Iorque: Cambridge University Press.
ISBN
9781107021754
. Consultado em 10 de janeiro de 2020
- Maenchen-Helfen, Otto (1973).
The World of the Huns: Studies in Their History and Culture
. Berkeley: University of California Press.
ISBN
978-0-520-01596-8
. Consultado em 12 de janeiro de 2020
- Man, John (2005).
Attila: The Barbarian who Challenged Rome
. Nova Iorque: St. Martin's Press.
ISBN
9780553816587
- Martin, Elizabeth (2006).
A Dictionary of World History
2 ed. Oxford: Oxford University Press.
ISBN
978-0-19-920247-8
- Martin, Elodie (2018).
≪La Fonction identitaire de l'argot dans le rap francais de Booba : quand l'insertion de lexemes anglais participe de l'identite de groupe≫
(PDF)
.
Argotica
.
1
(7)
. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- Mierow, Charles Christopher (1915).
≪Eugippius and the Closing Years of the Province of Noricum Ripense≫
.
Classical Philology
.
10
(2): 166-187
. Consultado em 22 de janeiro de 2020
- Orwell.ru (2004).
≪Zamyatin Evgeny Ivanovich (1884-1937)≫
. Orwell.ru
. Consultado em 24 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 9 de julho de 2019
- Pelejero, Borja (2017).
≪Rome Halts the Huns≫
. National Geographic
. Consultado em 16 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 28 de janeiro de 2017
- Perraud, Serge (2015).
≪
"
Une aventure rocambolesque de... Attila le Hun : Le Fleau Dieu" de Larcenet et Casanave≫
. Science Fiction Magazine
. Consultado em 12 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 20 de junho de 2018
- Pfeilschifter, Rene (2014).
Die Spatantike: Der eine Gott und die vielen Herrscher
. Munique: Beck.
ISBN
9783406720215
- Pohl, Walter (2005).
Die Volkerwanderung: Eroberung Und Integration
2 ed. Stuttgart: Kohlhammer.
ISBN
9783170189409
- Popkin, Jeremy D. (2016).
A History of Modern France
. Londres: Routledge.
ISBN
9780205846825
. Consultado em 19 de janeiro de 2020
- Premsa Andorrana (2013).
≪L'anell d'Atila≫
. Good Reads
. Consultado em 25 de janeiro de 2020
- Press Pass LA (2014).
≪Patrick Gallagher talks Attila the hun in Night at the Musuem≫
. Press Pass LA
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 9 de junho de 2017
- Prisco de Panio
(2014).
≪Priscus at the court of Attila: fragment 8 in
Fragmenta Historicorum Graecorum
≫
. trad.
John Bagnell Bury
. Georgetown University
. Consultado em 10 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 27 de marco de 2019
- Prisco de Panio
(1796). ≪Relation de l'ambassade de Maximin≫. In:
Potocki, Jan
.
Fragments Historiques Et Geographiques Sur La Scythie, La Sarmatie Et Les Slaves
.
III
. Brunsvique: Librairie des Ecoler
. Consultado em 4 de janeiro de 2020
- Pritsak, Omeljan (1982).
≪The Hunnic Language of the Attila Clan≫
(PDF)
.
Harvard Ukrainian Studies
.
VI
(4): 428?476
. Consultado em 31 de dezembro de 2019
. Arquivado do
original
(PDF)
em 3 de fevereiro de 2014
- Rasmussen, Pamela; Donsker, David, eds. (2019).
≪Tyrant flycatchers≫
. IOC World Bird List version 10.1
. Consultado em 24 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 29 de dezembro de 2019
- Rosen, Klaus (2016).
Attila: Der Schrecken der Welt
. Munique: Beck.
ISBN
9783406690303
. Consultado em 27 de janeiro de 2020
- Rouche, Michel (2009).
Attila : La violence nomade
. Paris: Fayard.
ISBN
978-2-213-60777-1
- Sartin, Gustavo H. S. S. (2016).
≪Algumas consideracoes acerca do retrato de Atila, rei dos hunos, na historiografia tardoantiga e posterior≫
(PDF)
.
II COLOQUIO LEIR-UFOP & UNIVERSIDADE DE COIMBRA
. Consultado em 20 de janeiro de 2020
- Selfridge-Field, Eleanor (2007).
A New Chronology of Venetian Opera and Related Genres, 1660-1760
. Stanford: Stanford University Press.
ISBN
9780804744379
. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- Sheet Music Plus (2020).
≪Attila, by Olivier Boreau≫
. Sheet Music Plus
. Consultado em 12 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 11 de janeiro de 2020
- Smith, William
, ed. (1875).
A Dictionary of Greek and Roman Antiquities
. Londres: John Murray.
OCLC
1385664
. Consultado em 7 de janeiro de 2020
- Smith, William
(1877).
A Dictionary of Christian Biography, Literature, Sects and Doctrines
. Londres: John Murray.
OCLC
601000784
. Consultado em 27 de janeiro de 2020
- Snædal, Magnus (2015).
≪Attila≫
.
Studia Etymologica Cracoviensia
.
20
(3): 211?219
. Consultado em 31 de dezembro de 2019
- Solomon, Adrian (2013).
≪The Enemy as Barbarian≫
(PDF)
.
2nd International Conference: Synergies in Communication [Bucharest, 28-29 November 2013]
: 180?206
. Consultado em 27 de janeiro de 2020
- Soren, David; Soren, Noelle, eds. (1999).
A Roman Villa and a Late Roman Infant Cemetery: Excavation at Poggio Gramignano, Lugnano in Teverina
. [S.l.]: L'ERMA di BRETSCHNEIDER.
ISBN
9788870629897
- Stathakopoulos, Dionysios Ch. (2017).
Famine and Pestilence in the Late Roman and Early Byzantine Empire
. [S.l.]: Routledge.
ISBN
9781351937030
. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- Stickler, Timo (2002).
Aetius: Gestaltungsspielraume eines Heermeisters im ausgehenden Westromischen Reich
. Munique: Beck.
ISBN
3406488536
. Consultado em 27 de janeiro de 2020
- Stickler, Timo (2007).
Die Hunnen
. Munique: Beck.
ISBN
9783406536335
. Consultado em 27 de janeiro de 2020
- Superinteressante (31 de outubro de 2016).
≪Duelo de Barbaros ? Atila x Gengis Khan≫
. Superinteressante (Grupo Abril)
. Consultado em 9 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 28 de dezembro de 2016
- Thompson, E. A. (1999).
The Huns
. Col: Peoples of Europe. Oxford: Wiley-Blackwell.
ISBN
978-0-631-21443-4
- Thompson, E. A. (2019).
≪Attila (395-453) roi des Huns (434 env.-453)≫
. Encyclopædia Universalis
. Consultado em 9 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 17 de julho de 2019
- Tucker, Spencer C. (2010).
A Global Chronology of Conflict: From the Ancient World to the Modern Middle East
.
I
. Santa Barbara: ABC Clio.
ISBN
9781851096725
. Consultado em 22 de janeiro de 2020
- Tvdb (2019).
≪Le Fleau de Dieu≫
. Tvdb
. Consultado em 23 de janeiro de 2020
.
Copia arquivada em 23 de janeiro de 2020
- Urba?czyk, Przemysław (1997).
Early christianity in central and east Europe: Volume 1 of Christianity in east central Europe and its relations with the west and the east
. Varsovia: Instytut Europy ?rodkowo-Wschodniej.
ISBN
9788386951338
- Vovin, Alexander (2000).
≪Did the Xiongnu speak a Yeniseian language?≫
.
Central Asiatic Journal
.
44
(1): 87-104.
ISSN
0008-9192
. Consultado em 15 de janeiro de 2020
- Wolff, Larry (1994).
Inventing Eastern Europe: The Map of Civilization on the Mind of the Enlightenment
. Stanford: Stanford University Press.
ISBN
978-0804727020
- Wolfram, Herwig (1997).
The Roman Empire and its Germanic Peoples
. Trad. Thomas Dunlap. Berkeley: University of California Press.
ISBN
978-0-520-08511-4
- Wolfram, Herwig (2001).
Die Goten und ihre Geschichte
. Munique: Beck.
ISBN
9783406447792