Antonio Vicente Filipe Celestino
(
Rio de Janeiro
,
12 de setembro
de
1894
?
Sao Paulo
,
23 de agosto
de
1968
) foi um
cantor
brasileiro
famoso na primeira metade do
seculo XX
.
[
4
]
[
5
]
Celestino nasceu na rua do Paraiso nº 11 no bairro de Santa Teresa em 12 de setembro de 1894,
embora tenha sido registrado como nascido no dia 22 do mesmo mes e ano. Outra divergencia encontra-se na ordem de seus prenomes, pois foi registrado como "Filipe Antonio Vicente", mas durante sua vida assinou "Antonio Vicente Filipe".
[
6
]
Primeiro filho de Giuseppe Celestino e Serafina Gammaro,
imigrantes italianos
originarios da
Calabria
, Celestino teve onze irmaos, dos quais cinco eram mulheres e seis eram homens.
Cinco de seus irmaos homens dedicaram-se ao
canto
e um ao
teatro
; um exemplo foi seu irmao
Amadeu Celestino
.
[
7
]
Desde os oito anos, por sua origem humilde, Celestino teve de trabalhar como sapateiro, vendedor de peixe, jornaleiro e, ja rapaz, chefe de secao numa industria de calcados.
Em 1905, aos 11 anos de idade, Vicente foi a um recital de
Baiano
e
Eduardo das Neves
, no qual percebeu que era aquilo que queria fazer no futuro.
Depois de um tempo cantando para quem quisesse ouvi-lo, recebeu convites para se apresentar nos clubes recreativos do Rio de Janeiro. Todo o seu pagamento (cerca de 10
mil-reis
por dia) era cedido aos pais para aliviar a complicada situacao financeira da familia.
Inicio profissional e primeiros lancamentos
[
editar
|
editar codigo-fonte
]
Em uma de suas apresentacoes, o coronel Alvarenga Fonseca, entao diretor da Companhia do Teatro Sao Jose, convidou-o para integrar o coro da entidade. Estreou profissionalmente cantando a
valsa
"Flor do Mal" na peca
Chua, chua
, faixa que entrou no seu primeiro disco (pela
Casa Edison
) e fez muito sucesso.
Em 1915, foi contratado pela Companhia de
Leopoldo Froes
, trocou a Edson pela
Odeon
e gravou tres
modinhas
de autores desconhecidos.
Em 1919, comecou a participar de
operatas
como "Amor de Bandido" e "
Juriti
" ao lado de atrizes-cantoras, primeiro com
Lais Areda
e depois com
Carmen Dora
.
Ajudou tambem na montagem de
operas
como
Tosca
,
Aida
e
Carmen
.
Em meados dos anos 1920, o sistema eletrico de gravacao chegou ao Brasil para substituir o mecanico. Conta-se que Vicente teve dificuldades para se adaptar ao formato, pois sua voz era por demais potente para os equipamentos da epoca; acabou que ele gravava a 20 metros dos microfones e de costas para eles, mas isso fazia sua voz soar como um "eco", dificultando a compreensao da letra. Um engenheiro estrangeiro foi trazido pela Odeon ao Brasil, e ele conseguiu fazer com que Vicente cantasse com a boca no microfone.
Sentindo-se rejeitado pela Odeon, que o colocou numa especie de "arquivo morto", Vicente foi para a Columbia, onde ficou por poucos anos e gravou algumas musicas. Insatisfeito com a qualidade de um disco que trazia "Cabocla Serrana", de
Candido das Neves
, Vicente pediu que o produto nao fosse levado as lojas, mas foi contrariado. Mudou, entao, para a RCA Victor em 1935, onde permaneceria pelo resto da vida.
Por esta empresa, Vicente receberia um salario fixo de 50 mil-reis e um adicional calculado em cima da venda de seus discos, algo novo na epoca.
Foi o primeiro cantor a gravar o
hino nacional brasileiro
.
[
15
]
As excursoes pelo
Brasil
renderam-lhe muito dinheiro e so fizeram aumentar sua popularidade. Nos anos 20, reinava absoluto como idolo da cancao. Vicente Celestino teve uma das mais longas carreiras entre os cantores brasileiros. Quando morreu, as vesperas dos 74 anos, no Hotel Normandie, em Sao Paulo, estava de saida para um show com Caetano Veloso e Gilberto Gil, na famosa gafieira "Perola Negra", que seria gravado para um programa de televisao.
Na fase mecanica de gravacao, fez cerca de 28 discos com 52 cancoes. Com a gravacao eletrica, em 1927. Ai recomecaria os sucessos cantados em todo o Brasil. No total, gravou em 78 RPM cerca de 137 discos com 265 cancoes, mais dez compactos e 31 LPs, nestes tambem incluidas reedicoes dos 78 RPM.
Vicente Celestino, que tocava violao e piano, foi o compositor de muitas das suas criacoes. Duas delas dariam o tema, mais tarde, para dois filmes de enorme publico:
O Ebrio
(1946), peca teatral que foi transformada em filme por sua esposa;
e
Coracao Materno
(1951), que seguiu trajetoria semelhante a anterior.
Neles Vicente foi dirigido por sua mulher
Gilda Abreu
(1904-1979), cantora, escritora, atriz e cineasta.
Celestino passaria incolume por todas as fases e modismos, mesmo quando, no final dos anos 50, fiel ao seu estilo, gravou "Conceicao", "Creio em Ti" e "Se Todos Fossem Iguais a Voce".
Nunca saiu do
Brasil
e teve suas cancoes regravadas por grandes nomes, como
Caetano Veloso
,
Marisa Monte
e
Mutantes
.
Em 1933, ao atuar na
burleta
"A Cancao Brasileira", Vicente conhece a cantora e atriz
Gilda Abreu
e ambos se casam em 25 de setembro do mesmo ano. Gilda conduziu artistica e comercialmente a carreira do casal, levando Vicente ao cinema e tambem a composicao (ate la, ele apenas interpretava pecas dos outros).
No dia 23 de agosto de 1968, quando se preparava para gravar um programa de televisao da
TV Record
, em que seria homenageado pelo
Movimento Tropicalista
, passou mal no quarto do Hotel Normandie, em Sao Paulo, morrendo do coracao minutos depois.
Seu corpo foi transferido para o Rio de Janeiro, onde foi velado por uma multidao na Camara dos Vereadores e sepultado sob palmas do publico no
Cemiterio de Sao Joao Batista
no Rio de Janeiro.
Ha 21 anos no dia 13 de Marco de 1999 foi inaugurado em
Conservatoria
, distrito de
Valenca
no Rio, o Museu Vicente Celestino e Gilda de Abreu, com acervo em sua maior parte doado pela familia do cantor, incluindo
fotografias
, recortes de jornais e revistas, instrumentos musicais, roupas e objetos pessoais do artista, inclusive o figurino utilizado no filme
O Ebrio
. Os visitantes do
museu
tambem podem assistir a videos e ouvir gravacoes do artista.
[
17
]
Em 1965, recebeu o titulo de Cidadao Paulistano pela Camara de Vereadores daquela cidade.
[
carece de fontes
]
No mesmo ano, recebeu do entao presidente
Humberto de Alencar Castelo Branco
a Medalha de Honra ao Merito do Trabalho por indicacao do entao ministro do trabalho,
Arnaldo Sussekind
.
Em 1967, o juri do
Festival Internacional da Cancao
o concedeu o diploma "A Expressao Maxima da Cancao".
Na
cidade
de
Nilopolis
,
municipio
localizado no
Grande Rio
, existe uma rua que leva o seu nome, trata-se da
Rua Vicente Celestino
, localizada na entrada da cidade, na altura do bairro Santos Dumont.
Na cidade de
Sorocaba
, localizada no
interior de Sao Paulo
, existe uma rua que leva o seu nome, localizada no bairro Jardim Gutierres.
Adaptado da fonte.
- Cutullo - Interprete: Tenor Vicente Calestino
(1955)
- Vicente Celestino e Suas Cancoes Celebres
(1957)
- Saudade, Palavra Doce
(1960)
- Os Grandes Sucessos de Vicente Celestino
(1962)
- Paginas Imortais Interpretadas por Vicente Celestino
(1963)
- Obrigado, meu Brasil
(1968)
- Noite Cheia de Estrelas
(1994)
- "Ai, Ioio" ("Linda Flor"), Candido Costa e
Henrique Vogeler
(?)
- Os Que Sofrem (1915)
- "Flor do Mal", Domingos Correia e Santos Coelho (1915)
- "
Ontem ao Luar
",
Catulo da Paixao Cearense
e
Pedro de Alcantara
(1918)
- "Urubu Subiu", autor desconhecido (c/
Bahiano
; 1917)
- "Caiuby" ("Cancao da Cabocla Bonita"),
Pedro de Sa Pereira
(1923)
- "O Cigano", Gastao Barroso e
Marcelo Tupinamba
(1924)
- "A Luz do Luar", de sua autoria (1928)
- "Nenias",
Indio
(1929)
- "Bem-Te-Vi", Melo Morais Filho e Emilio Pestana (1928)
- "Noite Cheia de Estrelas",
Candido das Neves
(1932)
- "Dileta",
Indio
(1933)
- "Malandragem",
Ari Barroso
(1933)
- "Ouvindo-Te", de sua autoria (c/
Gilda de Abreu
; 1935)
- "O Ebrio", de sua autoria (1936)
- "Patativa", de sua autoria (1937)
- "Coracao Materno", de sua autoria (1937)
- "Serenata", de sua autoria (1940)
- "Mia Gioconda", de sua autoria (1946)
- "Porta Aberta", de sua autoria (1946)
- Gaucha Que Eu Adoro (1951)
Adaptado da fonte.
- Aguiar, Ronaldo Conde (2013). ≪Vicente Celestino - A Voz Orgulho do Brasil≫.
Os Reis da Voz
. Rio de Janeiro: Casa da Palavra.
ISBN
978-85-773-4398-0
Referencias