Vicente Celestino

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Vicente Celestino
Vicente Celestino
Vicente aos 43 anos em 1937.
Informacao geral
Nome completo Antonio Vicente Filipe Celestino
Tambem conhecido(a) como A Voz Orgulho do Brasil
Nascimento 12 de setembro de 1894
Local de nascimento Rio de Janeiro , Distrito Federal
Brasil
Morte 23 de agosto de 1968  (73 anos)
Local de morte Sao Paulo , SP , Brasil
Nacionalidade brasileiro
Genero(s) Modinha , Choro e Samba
Extensao vocal tenor [ 1 ]
Periodo em atividade 1915-1968
Gravadora(s) Odeon
Columbia
RCA Victor

Antonio Vicente Filipe Celestino ( Rio de Janeiro , 12 de setembro de 1894 [ 2 ] ? Sao Paulo , 23 de agosto de 1968 [ 3 ] ) foi um cantor brasileiro famoso na primeira metade do seculo XX . [ 4 ] [ 5 ]

Infancia e primeiros empregos [ editar | editar codigo-fonte ]

Celestino nasceu na rua do Paraiso nº 11 no bairro de Santa Teresa em 12 de setembro de 1894, [ 2 ] embora tenha sido registrado como nascido no dia 22 do mesmo mes e ano. Outra divergencia encontra-se na ordem de seus prenomes, pois foi registrado como "Filipe Antonio Vicente", mas durante sua vida assinou "Antonio Vicente Filipe". [ 6 ] Primeiro filho de Giuseppe Celestino e Serafina Gammaro, imigrantes italianos originarios da Calabria , Celestino teve onze irmaos, dos quais cinco eram mulheres e seis eram homens. [ 2 ] Cinco de seus irmaos homens dedicaram-se ao canto e um ao teatro ; um exemplo foi seu irmao Amadeu Celestino . [ 7 ] Desde os oito anos, por sua origem humilde, Celestino teve de trabalhar como sapateiro, vendedor de peixe, jornaleiro e, ja rapaz, chefe de secao numa industria de calcados. [ 8 ]

Carreira musical [ editar | editar codigo-fonte ]

Em 1905, aos 11 anos de idade, Vicente foi a um recital de Baiano e Eduardo das Neves , no qual percebeu que era aquilo que queria fazer no futuro. [ 8 ]

Depois de um tempo cantando para quem quisesse ouvi-lo, recebeu convites para se apresentar nos clubes recreativos do Rio de Janeiro. Todo o seu pagamento (cerca de 10 mil-reis por dia) era cedido aos pais para aliviar a complicada situacao financeira da familia. [ 9 ]

Inicio profissional e primeiros lancamentos [ editar | editar codigo-fonte ]

Em uma de suas apresentacoes, o coronel Alvarenga Fonseca, entao diretor da Companhia do Teatro Sao Jose, convidou-o para integrar o coro da entidade. Estreou profissionalmente cantando a valsa "Flor do Mal" na peca Chua, chua , faixa que entrou no seu primeiro disco (pela Casa Edison ) e fez muito sucesso. [ 9 ]

Em 1915, foi contratado pela Companhia de Leopoldo Froes , trocou a Edson pela Odeon e gravou tres modinhas de autores desconhecidos. [ 10 ] Em 1919, comecou a participar de operatas como "Amor de Bandido" e " Juriti " ao lado de atrizes-cantoras, primeiro com Lais Areda e depois com Carmen Dora . [ 11 ] Ajudou tambem na montagem de operas como Tosca , Aida e Carmen . [ 12 ]

Gravacoes eletricas [ editar | editar codigo-fonte ]

Em meados dos anos 1920, o sistema eletrico de gravacao chegou ao Brasil para substituir o mecanico. Conta-se que Vicente teve dificuldades para se adaptar ao formato, pois sua voz era por demais potente para os equipamentos da epoca; acabou que ele gravava a 20 metros dos microfones e de costas para eles, mas isso fazia sua voz soar como um "eco", dificultando a compreensao da letra. Um engenheiro estrangeiro foi trazido pela Odeon ao Brasil, e ele conseguiu fazer com que Vicente cantasse com a boca no microfone. [ 12 ]

Sentindo-se rejeitado pela Odeon, que o colocou numa especie de "arquivo morto", Vicente foi para a Columbia, onde ficou por poucos anos e gravou algumas musicas. Insatisfeito com a qualidade de um disco que trazia "Cabocla Serrana", de Candido das Neves , Vicente pediu que o produto nao fosse levado as lojas, mas foi contrariado. Mudou, entao, para a RCA Victor em 1935, onde permaneceria pelo resto da vida. [ 13 ] Por esta empresa, Vicente receberia um salario fixo de 50 mil-reis e um adicional calculado em cima da venda de seus discos, algo novo na epoca. [ 14 ]

Foi o primeiro cantor a gravar o hino nacional brasileiro . [ 15 ]

As excursoes pelo Brasil renderam-lhe muito dinheiro e so fizeram aumentar sua popularidade. Nos anos 20, reinava absoluto como idolo da cancao. Vicente Celestino teve uma das mais longas carreiras entre os cantores brasileiros. Quando morreu, as vesperas dos 74 anos, no Hotel Normandie, em Sao Paulo, estava de saida para um show com Caetano Veloso e Gilberto Gil, na famosa gafieira "Perola Negra", que seria gravado para um programa de televisao.

Vicente Celestino e Gilda Abreu , 1933.

Na fase mecanica de gravacao, fez cerca de 28 discos com 52 cancoes. Com a gravacao eletrica, em 1927. Ai recomecaria os sucessos cantados em todo o Brasil. No total, gravou em 78 RPM cerca de 137 discos com 265 cancoes, mais dez compactos e 31 LPs, nestes tambem incluidas reedicoes dos 78 RPM.

Vicente Celestino, que tocava violao e piano, foi o compositor de muitas das suas criacoes. Duas delas dariam o tema, mais tarde, para dois filmes de enorme publico: O Ebrio (1946), peca teatral que foi transformada em filme por sua esposa; [ 14 ] e Coracao Materno (1951), que seguiu trajetoria semelhante a anterior. [ 16 ] Neles Vicente foi dirigido por sua mulher Gilda Abreu (1904-1979), cantora, escritora, atriz e cineasta.

Celestino passaria incolume por todas as fases e modismos, mesmo quando, no final dos anos 50, fiel ao seu estilo, gravou "Conceicao", "Creio em Ti" e "Se Todos Fossem Iguais a Voce". [ 16 ]

Nunca saiu do Brasil e teve suas cancoes regravadas por grandes nomes, como Caetano Veloso , Marisa Monte e Mutantes .

Vida pessoal [ editar | editar codigo-fonte ]

Em 1933, ao atuar na burleta "A Cancao Brasileira", Vicente conhece a cantora e atriz Gilda Abreu e ambos se casam em 25 de setembro do mesmo ano. Gilda conduziu artistica e comercialmente a carreira do casal, levando Vicente ao cinema e tambem a composicao (ate la, ele apenas interpretava pecas dos outros). [ 14 ]

Morte [ editar | editar codigo-fonte ]

No dia 23 de agosto de 1968, quando se preparava para gravar um programa de televisao da TV Record , em que seria homenageado pelo Movimento Tropicalista , passou mal no quarto do Hotel Normandie, em Sao Paulo, morrendo do coracao minutos depois. [ 3 ] Seu corpo foi transferido para o Rio de Janeiro, onde foi velado por uma multidao na Camara dos Vereadores e sepultado sob palmas do publico no Cemiterio de Sao Joao Batista no Rio de Janeiro.

Legado [ editar | editar codigo-fonte ]

Ha 21 anos no dia 13 de Marco de 1999 foi inaugurado em Conservatoria , distrito de Valenca no Rio, o Museu Vicente Celestino e Gilda de Abreu, com acervo em sua maior parte doado pela familia do cantor, incluindo fotografias , recortes de jornais e revistas, instrumentos musicais, roupas e objetos pessoais do artista, inclusive o figurino utilizado no filme O Ebrio . Os visitantes do museu tambem podem assistir a videos e ouvir gravacoes do artista. [ 17 ]

Premiacoes e homenagens [ editar | editar codigo-fonte ]

Em 1965, recebeu o titulo de Cidadao Paulistano pela Camara de Vereadores daquela cidade. [ carece de fontes ? ] No mesmo ano, recebeu do entao presidente Humberto de Alencar Castelo Branco a Medalha de Honra ao Merito do Trabalho por indicacao do entao ministro do trabalho, Arnaldo Sussekind . [ 3 ]

Em 1967, o juri do Festival Internacional da Cancao o concedeu o diploma "A Expressao Maxima da Cancao". [ 3 ]

Na cidade de Nilopolis , municipio localizado no Grande Rio , existe uma rua que leva o seu nome, trata-se da Rua Vicente Celestino , localizada na entrada da cidade, na altura do bairro Santos Dumont.

Na cidade de Sorocaba , localizada no interior de Sao Paulo , existe uma rua que leva o seu nome, localizada no bairro Jardim Gutierres.

Discografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Adaptado da fonte. [ 18 ]

Albuns (LP/CD) [ editar | editar codigo-fonte ]

  • Cutullo - Interprete: Tenor Vicente Calestino (1955)
  • Vicente Celestino e Suas Cancoes Celebres (1957)
  • Saudade, Palavra Doce (1960)
  • Os Grandes Sucessos de Vicente Celestino (1962)
  • Paginas Imortais Interpretadas por Vicente Celestino (1963)
  • Obrigado, meu Brasil (1968)
  • Noite Cheia de Estrelas (1994)

78 rpm [ editar | editar codigo-fonte ]

  • "Ai, Ioio" ("Linda Flor"), Candido Costa e Henrique Vogeler (?)
  • Os Que Sofrem (1915)
  • "Flor do Mal", Domingos Correia e Santos Coelho (1915)
  • " Ontem ao Luar ", Catulo da Paixao Cearense e Pedro de Alcantara (1918)
  • "Urubu Subiu", autor desconhecido (c/ Bahiano ; 1917)
  • "Caiuby" ("Cancao da Cabocla Bonita"), Pedro de Sa Pereira (1923)
  • "O Cigano", Gastao Barroso e Marcelo Tupinamba (1924)
  • "A Luz do Luar", de sua autoria (1928)
  • "Nenias", Indio (1929)
  • "Bem-Te-Vi", Melo Morais Filho e Emilio Pestana (1928)
  • "Noite Cheia de Estrelas", Candido das Neves (1932)
  • "Dileta", Indio (1933)
  • "Malandragem", Ari Barroso (1933)
  • "Ouvindo-Te", de sua autoria (c/ Gilda de Abreu ; 1935)
  • "O Ebrio", de sua autoria (1936)
  • "Patativa", de sua autoria (1937)
  • "Coracao Materno", de sua autoria (1937)
  • "Serenata", de sua autoria (1940)
  • "Mia Gioconda", de sua autoria (1946)
  • "Porta Aberta", de sua autoria (1946)
  • Gaucha Que Eu Adoro (1951)

Filmografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Vicente Celestino em O Ebrio , 1946.

Adaptado da fonte. [ 19 ]

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

  • Aguiar, Ronaldo Conde (2013). ≪Vicente Celestino - A Voz Orgulho do Brasil≫. Os Reis da Voz . Rio de Janeiro: Casa da Palavra. ISBN   978-85-773-4398-0  

Referencias

  1. Aguiar 2013 , p. 184.
  2. a b c Aguiar 2013 , p. 173.
  3. a b c d Aguiar 2013 , p. 182.
  4. Vicente Celestino no Dicionario Cravo Albin da Musica Popular Brasileira
  5. ≪Torna Viagem fala sobre o genero musical "modinha " . EBC Radios . 4 de janeiro de 2022 . Consultado em 21 de agosto de 2022  
  6. Registro civil da 3ª. circunscricao do Rio de Janeiro (22 de setembro de 1894). ≪Assento de nascimento de Vicente Celestino≫ . Consultado em 4 de marco de 2019  
  7. ≪Amadeu Celestino, 90 anos≫ , Terra, Testemunhas do Seculo   .
  8. a b Aguiar 2013 , p. 174.
  9. a b Aguiar 2013 , p. 175.
  10. Aguiar 2013 , p. 176.
  11. Aguiar 2013 , pp. 176-177.
  12. a b Aguiar 2013 , p. 177.
  13. Aguiar 2013 , pp. 177-178.
  14. a b c Aguiar 2013 , p. 178.
  15. revistafenix.pro.br - pdf
  16. a b Aguiar 2013 , p. 181.
  17. Museu Vicente Celestino . Guia Cultural do Vale do Cafe
  18. Aguiar 2013 , pp. 182-184.
  19. Aguiar 2013 , p. 185.