Pedro de Mendoza

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Pedro de Mendoza
Nascimento ca. 1499
Guadix Reino da Espanha
Morte 23 de junho de 1537
Ilhas Canarias Imperio Espanhol
Nacionalidade Espanhol
Cidadania Espanha
Ocupacao explorador, militar
Religiao Igreja Catolica
Causa da morte sifilis

Pedro de Mendoza y Lujan ( Guadix , Granada , ca. 1499 - 23 de junho de 1537 ), de familia nobre, foi um militar e conquistador espanhol , primeiro governador do Rio da Prata e fundador de Buenos Aires .

Em 2 ou 3 de fevereiro de 1536 Mendoza funda na margem sul do estuario do Rio da Prata um porto defendido por dois fortes primitivos, estabelecendo ali seus expedicionarios e o chama de Santa Maria del Buen Ayre. Em contato com os amerindios (quirandies) do local, mantem a paz com donativos de alimentos.

Em dezembro de 1536 os querandies atravessam as defesas da cidade, provocando seu incendio e total destruicao. Mendoza e alguns de seus tutelados fugiram para o norte, refugiando-se no forte Corpus Christi, na atual Provincia de Santa Fe .

Devido as derrotas sofridas no territorio americano, decidiu voltar a Espanha em abril de 1537 . Ja muito doente, morreu em alto-mar, proximo das Ilhas Canarias , em 23 de junho desse mesmo ano.

Biografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Origem Familiar [ editar | editar codigo-fonte ]

Monumento a Pedro de Mendoza, Parque Lezama, Buenos Aires , Argentina .

Pedro de Mendoza nasceu em 1499 na cidade de Guadix, Reino de Granada, um dos quatro reinos de Andalucia que formava o Imperio Espanhol , dentro da poderosa Casa de Mendoza. Seu pai, Fernando de Mendoza Luna y Sandoval de la Vega, pertencia a aristocracia espanhola dedicada ao comercio, e sua mae Constanza de Lujan ( Madrid , ca.1479 - ca.1533), filha do comendador da Ordem de Santiago e governador de Madrid, Diego Lujan de Villanuno e sua esposa, Catalina de Lodena y Solis.

Seu avo paterno talvez seja Pedro de Mendoza y Luna, que foi o terceiro filho do primeiro duque de infantad, ainda que alguns autores afirmem que seu avo foi Juan Hurtado de Mendoza. Segundo esta ultima teoria, Pedro de Mendoza seria bisneto do celebre Inigo Lopez de Mendoza, marques de Santillana e senhor de Fresno de Torote . Juan Hurtado casou-se com Elvira del Castillo e tiveram um filho, Fernando ou Hernando de Mendoza que se estabeleceu em Guadix apos sua reconquista pelos cristaos em 1489 .

Servicos ao rei [ editar | editar codigo-fonte ]

Pedro de Mendoza ingressou ainda jovem no servico regio na corte do rei Carlos I da Espanha . Acompanhou seu soberano em sua viagem a Inglaterra em 1522 .

Em 1524 recebeu o titulo de cavaleiro da Ordem de Alcantara , mais tarde mudou-se para a Ordem de Santiago .

Em 1527 participou da guerra entre as tropas de Rei Carlos da Espanha e imperador do Sacro Imperio Romano Germanico , contra os Estados Papais ao mando do papa Clemente VII . A guerra incluiu o saque de Roma do qual se beneficiou pessoalmente (ver: Guerras Italianas ).

Expedicoes a America do Sul [ editar | editar codigo-fonte ]

O descobrimento e conquista do Paraguai e regiao do Rio da Prata eram de grande importancia comercial e estrategica, estavam por terminar, e o monarca Carlos I nao encontrava financiamento nem homens dispostos a enfrentar a perigosa e incerta empreitada.

O principal motivo de enviar tropas para a America do Sul era proteger as posses da coroa espanhola antes dos avancos portugueses. Tambem havia uma lenda entre os indigenas da epoca que mencionava grandes riquezas na regiao, o que aumentava a ambicao dos conquistadores espanhois.

A coroa espanhola nao podia perder tempo, porque desde o descobrimento do Brasil em 1500 por Pedro Alvares Cabral , Portugal ameacava expandir-se para alem do Rio da Prata, o que privaria os espanhois de seus valiosos territorios.

Em 1529 , Pedro de Mendoza se ofereceu para explorar e estabelecer colonias na America do Sul , sendo ele mesmo o financiador da viagem. Foi gracas aos esforcos de sua mae Maria de Mendoza , que em 21 de maio de 1534 sua oferta foi aceita.

Naquela data, Carlos I o nomeou adelantado , capitao general , e chefe de justica da Nova Andaluzia , dando-lhe assim autoridade sobre quantas terras pudesse conquistar, dentro daquelas pertencentes ao Imperio Espanhol de acordo com o Tratado de Tordesilhas , entre os paralelos 25 e 36, numa extensao de duzentas leguas a partir do litoral ate o interior. Alem dessas duzentas leguas, a administracao seria de Diego de Almagro . [ 1 ]

A viagem [ editar | editar codigo-fonte ]

Sua expedicao partir no dia 24 de agosto de 1535, de San Lucar de Barrameda , composta por onze navios e 1 300 pessoas em direcao as Ilhas Canarias . [ 1 ]

O imperio forneceu a Mendoza cerca de 3 000 ducados, sobre a condicao de que em dois anos deveria transportar 1 000 colonos, construir estradas desde o Rio da Prata ate Oceano Pacifico e fundar tres fortes.

Mendoza formou sua expedicao de maneira racional e cuidadosa: levou consigo oito sacerdotes, um medico e um cirurgiao. O nomeamento a Adelantado o habilitava a ficar com a metade dos tesouros roubados dos nativos e 90% dos resgates dos prisioneiros.

A tempestade [ editar | editar codigo-fonte ]

A frota de Pedro Mendoza foi dispersada por uma espantosa tormenta ao largo da costa do Brasil . Apos a mesma, conseguiu reunir seus navios e desembarcou na costa brasileira, onde adoeceu gravemente.

Ha quem afirme que uma das razoes da empreitada de Mendonza a America era que seu delicado estado de saude poderia melhorar ali, ja que suas doencas se deviam a contracao da sifilis , e que ali poderia encontrar sua cura. De fato Mendoza permaneceu em sua cama por quase toda a viagem, ate sua morte.

Chegada ao Rio da Prata [ editar | editar codigo-fonte ]

A expedicao de Pedro Mendoza adentrou ao Rio da Prata em meados de janeiro de 1536 e desembarcou na Ilha de Sao Gabriel . No dia 22 deste mesmo mes os soldados e expedicionarios juraram fidelidade e obediencia ao adelantado , que comecou a exercer desde esse dia seu cargo de governador.

Reconheceu as duas costas do estuario rio-pratense, e decidiu estabelecer-se na margem direita, em um lugar onde havia fontes de agua potavel e uma costa relativamente plana.

Primeira fundacao de Buenos Aires [ editar | editar codigo-fonte ]

No dia 3 de fevereiro de 1536, Pedro Mendoza fundou sobre a margem austral do Rio da Prata, um porto defendido por dois  fortes  primitivos que chamou de Santa del Maria del Buen Ayre, denominacao da virgem dos marinheiros da ilha de Sardenha, ai se estabeleceu junto com seus expedicionarios.

Logo os espanhois descobriram um grande grupo de indios querandies, de pelo menos 3 000 homens, que lhes ofereceram favores e alimento.

Devido a cidade estar em uma regiao baixa e pantanosa, logo insalubre, ja que os mosquitos propagavam doencas e epidemias. Devido ao maltrato sofrido pelos indigenas, estes deixaram de frequentar o acampamento.

Depois da fundacao de Buenos Aires, enviou Juan de Ayolas comandando um expedicao para explorar o interior da Bacia do Prata em busca de riquezas. Em 15 de junho de 1536, essa expedicao fundou o Forte de Corpus Christi , nas proximidades da confluencia do Rio Coronda com o Rio Parana . [ 2 ] Nesse lugar, os expedicionarios conseguiram obter provisoes que levaram para abastecer Buenos Aires e deixaram Gonzalo de Alvarado comandando uma guarnicao de cem homens. [ 1 ]

Posteriormente a saida de expedicao liderada por Ayolas, Pedro Mendoza enviou um exercito comandado por seu irmao  Diego de Mendoza para atacar os nativos nas proximidades de Buenos Aires. Ambos os lados lutaram a "Batalha de Corpus Christi", em 15 de junho de 1536, perto da Laguna de Rocha . Os nativos venceram e exterminaram dois tercos das tropas espanholas.

Buenos Aires pouco depois de sua fundacao por Pedro de Mendoza (Desenho do livro de  Ulrico Schmidl , membro da expedicao, 1536).

Apos a derrota espanhola os querandies comecaram a atacar a cidade com mais frequencia, impedindo que os espanhois saissem de seu refugio para conseguir alimentos. Desta forma, as doencas e a violencia somaram-se a inanicao como as causas de morte mais comuns entre os conquistadores.

Apos Ayolas chegar ao povoado trazendo mantimentos, Pedro de Mendonza o acompanhou em seu retorno ao Forte de Corpus Christi e, no final de setembro de 1536, fundou o Forte de Nuestra Senora de la Buena Esperanza , ao sul do Forte de Corpus Christi. [ 2 ]

Destruicao da cidade [ editar | editar codigo-fonte ]

Finalmente, em dezembro de 1536 os querandies conseguiram pela primeira vez transpor as defesas da cidade, incendiando-a e causando sua total destruicao.

Alguns espanhois conseguiram escapara da matanca que se seguiu e se refugiaram no Forte de Corpus Christi, atualmente Santa Fe .

Foi informado por Hernando de Ribera , um espanhol que integrou a expedicao de Sebastiao Caboto e que depois disso passou a residir na Ilha de Santa Catarina , juntamente com nativos, que Ayolas enfrentaria hostilidades e, portanto, precisaria de reforcos. Nesse contexto, enviou uma expedicao composta por tres bergantins e 100 homens, comandada por Juan de Salazar de Espinosa e Gonzalo de Mendoza , que partiu no dia 15 de janeiro de 1537. Essa expedicao, que fundaria a cidade de Assuncao, [ 1 ] nunca encontraria Ayolas.

Sentindo-se doente, Designou Juan de Ayolas como seu sucessor, mas esse estava em expedicao em busca de riquezas no oeste do continente, razao pela qual deixou o forte sob o comando de Francisco Ruiz Galan e decidiu embarcar rumo a Espanha em 22 de abril de 1537 . [ 3 ]

Buenos Aires foi reconstruida logo apos o regresso de Pedro Mendoza a Espanha, porem foi abandonada e incendiada por seus 350 habitantes em junho de 1541, que decidiram migrar para o norte, a cidade de Assuncao .

Morte de Mendoza [ editar | editar codigo-fonte ]

Ja muito doente, Mendoza morreu (Provavelmente de Sifilis ) ainda em alto mar durante sua viagem de volta a Espanha, proximo as Ilhas Canarias , em 23 de junho de 1537 . Seu corpo foi lancado ao mar.

Referencias

  1. a b c d Capitulacion en favor de Don Pedro de Mendoza , em espanhol, acesso em 21 de setembro de 2017.
  2. a b Juan de Ayolas funda el fuerte de Corpus Christi en 1536 , em espanhol, acesso em 23 de setembro de 2017.
  3. LA INMENSA VICTORIA , em espanhol, acesso em 27 de setembro de 2017.

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

  • Poli Gonzalvo, Alejandro; en "Mayo, la Revolucion inconclusa. Reinterpretando la historia argentina" (Ed. Emece, 295 pags., ano 2008).
  • Universidad Nacional en "Revista de la [...] " (Vol. 7, Buenos Aires, Republica Argentina, ano 1907).