Joao do Canto e Castro

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Joao do Canto e Castro
Joao do Canto e Castro
Presidente da Republica Portuguesa
Periodo 16 de dezembro de 1918
a 5 de outubro de 1919
Antecessor(a) Sidonio Pais
Sucessor(a) Antonio Jose de Almeida
Presidente do Ministerio de Portugal [ 1 ]
Periodo 14 de dezembro de 1918
a 23 de dezembro de 1918
Antecessor(a) Sidonio Pais
Sucessor(a) Joao Tamagnini Barbosa
Dados pessoais
Nome completo Joao do Canto e Castro Silva Antunes
Nascimento 19 de maio de 1862
Lisboa , Portugal
Morte 14 de marco de 1934  (71 anos)
Lisboa , Portugal
Alma mater Escola Naval
Primeira-dama Mariana de Santo Antonio Moreira Freire Correia Manuel Torres de Aboim
Partido Partido Nacional Republicano
Profissao Militar
Assinatura Assinatura de João do Canto e Castro
Servico militar
Lealdade Portugal
Servico/ramo Marinha Portuguesa
Anos de servico 1891-1932
Graduacao Almirante

Joao do Canto e Castro da Silva Antunes GCTE ? CvNSC ( Lisboa , Santiago , 19 de maio de 1862 ? Lisboa , Camoes , 14 de marco de 1934 ) foi um oficial da Marinha e quinto Presidente da Republica Portuguesa , de 16 de Dezembro de 1918 a 5 de Outubro de 1919.

Infancia e juventude [ editar | editar codigo-fonte ]

Retrato da familia Canto e Castro, c. 1893. Estao retratados (da esquerda para a direita): Joao do Canto e Castro, Maria da Conceicao do Canto e Castro, Jose Ricardo da Costa e Silva Antunes, Mariana de Santo Antonio Moreira Freire Correia Manuel Torres de Aboim do Canto e Castro.

Nasceu 19 de maio de 1862, na freguesia de Santiago em Lisboa, numa familia de monarquicos convictos, filho do General Jose Ricardo da Costa da Silva Antunes (7 de Fevereiro de 1831 ? 7 de Agosto de 1906) e de sua mulher (1860) Maria da Conceicao do Canto e Castro Mascarenhas Valdez (24 de Outubro de 1825 ? Lisboa, 20 de Abril de 1892). [ 2 ]

Apos ter frequentado o liceu no Colegio Luso-Britanico, iniciou, em 1881, a sua formacao militar na Real Escola Naval .

Casou, na Igreja Paroquial do Santissimo Coracao de Jesus , em Lisboa, com Mariana de Santo Antonio Moreira Freire Correia Manuel Torres de Aboim em 18 de julho de 1891 , de quem teve tres filhos: Maria da Conceicao do Canto e Castro (1892), casou com Afonso Nobre Veiga; Jose do Canto e Castro (1894); Josefina de Aboim do Canto e Castro (1896), casou com Jose da Costa Salema. [ 3 ]

Atividade Profissional [ editar | editar codigo-fonte ]

Terminada a Escola Naval, percorreu a via ascendente dos primeiros postos de oficial da Marinha; em Janeiro de 1891 era ja primeiro-tenente, a prestar servico na Escola dos Alunos Marinheiros, em Lisboa.

Em 1887 havia feito a sua primeira grande viagem, a bordo da corveta Bartolomeu Dias. Embarcou na corveta Estefania, na fragata D. Fernando II , no transporte a vela Africa e nas canhoeiras Tamega, Liberal e Zaire. Foi a bordo desta ultima que visitou Macau , Timor e Mocambique . Recebeu entao o seu primeiro louvor concedido pelo comandante da Divisao Militar do Indico. [ 3 ]

Foi num contexto de grande instabilidade politica e social, e no rescaldo da perda dos territorios que uniam Angola a Mocambique,( Mapa Cor-de-Rosa ) que Canto e Castro foi nomeado, em 1892, governador da entao Lourenco Marques , atual Maputo.

Razoes de saude ? uma primeira crise de angina de peito - forcaram-no a regressar a metropole no ano seguinte. Recuperado, retomou as suas funcoes em 1894, assumindo o comando da cidade e defendendo-a dos ataques das populacoes africanas, ocorridos em setembro desse ano. [ 3 ] Mas apos uma segunda grave crise de angina de peito, e ja empossado como governador de Mocamedes , no sul de Angola , foi exonerado, a seu pedido, daquele lugar, regressando a Lisboa.

No inicio da Republica , dirigiu a Escola de Alunos Marinheiros, em Leixoes , e chefiou o Departamento Maritimo do Norte. Em 1915, dirigiu a Escola Pratica de Artilharia Naval. No governo de Sidonio Pais foi nomeado director dos Servicos do Estado-Maior Naval e secretario de Estado da Marinha .

Ja apos a instauracao do sidonismo, foi indicado para o cargo de director dos Servicos de Estado Maior Naval, e em 28 de Dezembro de 1917 designado para elaborar um plano de melhoramentos da defesa do litoral portugues face a ataques dos submarinos alemaes na Primeira Guerra Mundial .

Carreira Politica [ editar | editar codigo-fonte ]

Foi eleito deputado em 1908, no ultimo Parlamento da Monarquia, dedicando-se especialmente a reorganizacao das Forcas Navais.

Tomou posse como Secretario de Estado da Marinha , a pedido de Sidonio Pais , a 9 de Setembro de 1918, tendo-lhe sucedido depois do atentado que vitimou o ditador.

Presidencia da Republica [ editar | editar codigo-fonte ]

Retrato oficial do Presidente Canto e Castro (1933), por Henrique Medina . Museu da Presidencia da Republica .

Assassinado Sidonio Pais no dia 14 de Dezembro de 1918, a eleicao de Joao do Canto e Castro processou-se de acordo com as regras da Constituicao de 1911, repostas apos a rotura sidonista. Entrega a presidencia do ministerio a Tamagnini Barbosa , com o apoio do Partido Unionista .

Durante a sua presidencia, houve enumeras tentativas de restauracao da monarquia, visto que Canto e Castro era de conviccoes monarquicas, mas apesar de tudo, Canto e Castro, durante a sua presidencia sempre defendeu os valores da republica, o que lhe custos muitos de seus amigos monarquicos.

Tendo a havido duas grandes. A primeira, em Santarem , em Dezembro de 1918, foi liderada pelos republicanos Cunha Leal e Alvaro de Castro . A segunda, em Janeiro de 1919, de cariz monarquico, liderada por Paiva Couceiro , que, por algum tempo manteve a " Monarquia do Norte " fez ressaltar a sua posicao sui generis : sendo monarquico , como Presidente da Republica, reprimiu violentamente um movimento daqueles com quem partilhava conviccoes, por isso os monarquicos nunca lhe perdoaram por ter prendendo os "seu amigos" e defendendo os "seus inimigos" .

Os movimentos sociais de combate ao desemprego, a especulacao e a diminuicao do poder de compra dos trabalhadores assalariados ganharam novamente relevancia social e politica.

O Presidente Joao do Canto e Castro e o Presidente Eleito Antonio Jose de Almeida , em 1919.

Em Lisboa a grande agitacao das classes laborais motivou varias manifestacoes. No comicio realizado no Coliseu dos Recreios a 21 de Fevereiro, exigiu-se a dissolucao do Parlamento e a realizacao de novas eleicoes. Verificaram-se confrontos com a policia nas ruas da Baixa de Lisboa e o governo foi obrigado a refugiar-se no Quartel do Carmo. Em Marco seguinte o Parlamento foi dissolvido. [ 3 ]

Depois das eleicoes, que deram a vitoria ao Partido Democratico , Canto e Castro, alegando a eleicao do novo Parlamento e o agravamento do seu estado de saude, o chefe do Estado pretendeu resignar. O documento de renuncia foi apresentado na sessao do Congresso de 3 de Junho. Foram unanimes os pedidos para que reconsiderasse. Tomaram a palavra Antonio Jose de Almeida , Antonio Maria da Silva , Costa Junior , Jacinto Nunes , Dias de Andrade e o proprio presidente do Ministerio, Domingos Pereira . Canto e Castro desistiu do seu proposito.

Depois de varios governos falharem, Canto e Castro da posse a um governo chefiado pelo militar Alfredo de Sa Cardoso . A atuacao do executivo procurou dissuadir a reconstituicao do bloco conservador: evitou reeditar conflitos com a Igreja, atuou com prudencia na questao dos saneamentos da administracao, contemporizou com a eleicao de Antonio Jose de Almeida para a Presidencia da Republica (6 de Agosto de 1919) e com a revisao constitucional que atribuiu ao Presidente da Republica o poder de dissolver o parlamento. [ 3 ]

Durante a sua presidencia, Epitacio Pessoa , Presidente do Brasil, visita Portugal em 1919.

Apos a Presidencia e morte [ editar | editar codigo-fonte ]

Jazigo do Almirante Joao do Canto e Castro e sua familia, no Cemiterio dos Prazeres .

Por proposta de Rocha e Cunha , ministro da Marinha, Canto e Castro, entao contra-almirante, foi promovido ao posto de almirante, patente atribuida a titulo honorario. Pouco depois, o ministro da Guerra Helder Ribeiro designou-o chanceler da Ordem da Torre e Espada. Desempenhou ainda o cargo de presidente do Conselho Superior de Disciplina da Armada.

No dia 30 de Setembro de 1932 passou a situacao de reforma.

Passou os ultimos anos sozinho e isolado, apenas rodeado pela familia, pois o seus seus amigos nunca lhe perdoaram o facto de ele ter reprimido as varias intentonas monarquicas. [ 4 ]

Faleceu a 14 de Marco de 1934, em sua casa, no Largo de Andaluz , numero 16, segundo andar, da freguesia de Camoes , em Lisboa, vitima de insuficiencia aortica , causada pela angina de peito . Presentes no seu funeral no Cemiterio dos Prazeres , estiveram algumas das figuras gradas ao novo regime instaurado em 1926, bem como o cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Cerejeira , o representante da familia real, Joao de Azevedo Coutinho , e elementos do corpo diplomatico. [ 2 ] [ 3 ]

Foi Cavaleiro da Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceicao de Vila Vicosa em 1891 e Gra-Cruz da Real Ordem Militar da Torre e Espada em 1894. [ 5 ]

Referencias

  1. ≪Chefes do Governo desde 1821≫  
  2. a b Lisboa, 7ª Conservatoria do Registo Civil de (14 de marco de 1934), Portugues: Registo de obito de Joao do Canto e Castro , consultado em 15 de agosto de 2022  
  3. a b c d e f ≪MPR - Joao do Canto e Castro≫ . www.museu.presidencia.pt . Consultado em 15 de agosto de 2022  
  4. ≪Joao do Canto e Castro, um presidente monarquico≫ . RTP Ensina . Consultado em 16 de agosto de 2022  
  5. ≪Canto e Castro≫ . Presidencia da Republica Portuguesa . Consultado em 11 de setembro de 2019  

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]

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Precedido por
Jose Carlos da Maia
( de facto )
Alfredo Magalhaes
(interino)
Ministro da Marinha
1918
( XVI Governo Republicano )
Sucedido por
Alfredo Magalhaes
(interino)
Jose de Sousa e Faro
( de facto )
Precedido por
Jose Carlos da Maia
( de facto )
Alfredo Magalhaes
(interino)
Ministro dos Negocios Estrangeiros
(interino)
1918
( XVI Governo Republicano )
Sucedido por
Alfredo Magalhaes
(interino)
Jose de Sousa e Faro
( de facto )
Precedido por
Sidonio Pais
( de facto ;
como Presidente da Republica
acumulando a chefia de governo)

Ministerio composto por:
Antonio Bernardino Ferreira
Jorge Couceiro da Costa
Joao Tamagnini Barbosa
Alvaro Cesar de Mendonca
Joao do Canto e Castro
Antonio Egas Moniz
Joao Alberto Azevedo Neves
Alexandre Vasconcelos e Sa
Alfredo Magalhaes
Henrique Forbes Bessa
Jose Joao da Cruz Azevedo
Eduardo Fernandes de Oliveira
(interino;
acumulando a chefia de Estado e de governo)
Presidente do Ministerio de Portugal
(interino, acumulando de facto com a chefia do Estado:
14 dez. 1918?16 dez. 1918)


5.º Presidente da Republica Portuguesa
(acumulando com a chefia do governo:
16 dez. 1918?23 dez. 1918;
apenas com a chefia do Estado:
23 dez. 1918?5 out. 1919)

1918 ? 1919
( XVI Governo Republicano )
Sucedido por
Joao Tamagnini Barbosa
(como presidente do Ministerio)
Antonio Jose de Almeida
(como presidente da Republica)