Hermano Joao da Silva Ramos
, tambem conhecido como
Nano da Silva Ramos
(
Paris
,
7 de dezembro
de
1925
), e um ex-
automobilista
franco
-
brasileiro
. E o piloto mais velho vivo que correu na
Formula 1
.
[
1
]
Foi o terceiro piloto brasileiro a correr na
Formula 1
. Filho de mae francesa e de pai brasileiro,
[
2
]
herdou do pai, piloto da Bugatti nos anos 30, a paixao pelo automobilismo. Com dupla nacionalidade (brasileira e francesa),
[
3
]
nasceu na Franca e mudou-se para o Rio de Janeiro apos a Segunda Guerra mundial. Nano disputou corridas em diversos campeonatos entre os anos de 1947 e 1960, incluindo 7 GPs de Formula 1 nas temporadas de 1955 e 1956, cinco Tour de France Auto (1953/1954/1957/1958/1959) e quatro participacoes nas 24 Horas de Le Mans (1954/1955/1956/1959), pilotando sempre por grandes marcas como MG, Gordini, Ferrari, Aston Martin, Maserati, Jaguar, Cooper, Lotus e Porsche.
Sua carreira teve inicio em 30 de marco de 1947 na primeira Prova Internacional de Interlagos/Sao Paulo para carros Grand Prix, com um carro esporte ingles, o MG TC. Nesta corrida, vencida pelo italiano
Achille Varzi
, seguido por
Chico Landi
e
Gino Bianco
, Nano teve problemas no carro e abandonou a prova. Aos 21 anos, Nano passou a disputar algumas corridas no Brasil por diversao. Apos quase quatro anos morando no pais, retornou a Franca e iniciou de vez sua carreira no automobilismo.
Em 1952 foi assistir a edicao das 24 Horas de Le Mans como espectador e se apaixonou pelo Aston Martin DB2. Com varios amigos pilotos, resolveu comprar um modelo da marca inglesa e a comecar a competir profissionalmente. Com o
Aston Martin DB2
, venceu o Rallye de Sable de 1953 no circuito de Le Mans. Em 1954 venceu o Torneio de Velocidade de Montlhery, circuito situado perto de Paris, ficou em segundo lugar na Copa de Paris novamente em Montlhery e no mes de junho tornou-se o primeiro piloto brasileiro a correr na historica 24 Horas de Le Mans. Andou entre os primeiros de sua categoria antes de abandonar a prova com a suspensao quebrada.
Em 1955, apos algumas atuacoes de destaque no automobilismo frances, foi convidado para correr na equipe oficial da Gordini. Das 32 corridas que disputou como piloto oficial da equipe francesa, venceu quatro (Paris Cup 1955, Montlhery 1955/1956 e Tours 1956), disputou provas na Venezuela, Marrocos, Senegal e as 24 Horas de Le Mans de 1955 e 1956 com o modelo T23. Mas, o auge nas competicoes foram as 7 provas validas pelo Mundial de Formula 1: tres em 1955 e quatro em 1956. Nano terminou tres corridas e abandonou em quatro, um resultado razoavel tendo em vista a precariedade da equipe. “Os carros quebravam muito porque a Gordini nao tinha dinheiro para comprar pecas novas. A suspensao sempre dava problemas e as vezes ate perdiamos as rodas. Era muito perigoso”, comenta.
Na Formula 1, Nano estreou no
GP da Holanda de 1955
, na 8ª colocacao, onde o vencedor foi
Juan Manuel Fangio
, com um
Mercedes
. No entanto, seu melhor momento na categoria foi no
GP de Monaco de 1956
. Nano chegou em 5º lugar conduzindo a Gordini T16 #6 e se tornou o segundo brasileiro a pontuar na categoria, depois que
Chico Landi
ficou em 4º lugar no
GP da Argentina
do mesmo ano. Na epoca, a corrida consistia em 100 voltas pelas ruas do principado. Hermano levou o carro ate o final e marcou dois pontos em corrida vencida pelo ingles
Stirling Moss
, da
Maserati
.
Em maio de 1957, seu grande amigo das pistas,
Alfonso de Portago
, morreu em acidente nas Mil Milhas de Brescia (Italia), e deixou Nano bastante chocado com a tragedia. Nano avisou a equipe Gordini que nao correria o GP de Monaco de Formula 1 que seria disputado dias depois, pois ele a sua familia estavam muito abalados e preocupados com a falta de seguranca nas pistas. A decisao pos fim a sua participacao na Gordini. A ultima corrida pela equipe de Amedee Gordini foi no Grande Premio de Napoles, prova em que teve que abandonar com problemas no freio na volta 14.
Em 1958, Nano voltou ao automobilismo nas categorias Turismo-Esporte e F2. Na F2 disputou duas provas pela equipe Cooper T45 de
Alan Brown
e obteve um segundo lugar no Grande Premio de Pau (Franca), atras de
Maurice Trintignant
e setimo lugar no Grande Premio de Reims (Franca). Na categoria Turismo-Esporte disputou uma corrida pela Lotus, as 3 Horas de Pau na qual saiu vencedor, e os bons resultados o levaram a assinar contrato com a Ferrari. Apos um comeco dificil, abandonou o Grande Premio de Pau ao errar um freada e bater no muro, Nano foi chamado a Maranello para conversar com
Enzo Ferrari
, entao presidente da equipe, que disse: “Um dia disse a Farina que a coisa mais importante numa corrida e o piloto se manter na pista, a segunda e andar rapido. Nao vou dizer isso uma segunda vez’’. Apos o episodio, Nano obteve bons resultados: ganhou o Grande Premio de Spa (Belgica) e ficou em terceiro lugar no Tour de France Auto e no Circuito d’Auvergne (Franca) sempre conduzindo uma 250 GT. Nas 12 Horas de Reims, Nano teve como companheiro de equipe
Phil Hill
, campeao mundial de Formula 1 em 1961, mas apos uma pane no motor no final da corrida, conseguiram apenas a setima posicao.
Em 1959 disputou, mais uma vez, as 24 Horas de Le Mans, dessa vez a bordo de uma
Ferrari 250 Testarossa
, numero 15, com o ingles
Cliff Allison
, seu companheiro de equipe. Com um carro que demonstrava um excelente desempenho, Nano fez o melhor tempo nos treinos classificatorios especiais, com velocidade media de 200 km/h, e foi destaque na primeira pagina do jornal frances
Le Figaro
. No entanto, o excelente desempenho nos treinos nao foi o mesmo na corrida. O sonho de conquistar a vitoria terminou apos quatro horas de corrida quando Nano abandonou a prova com problemas no cambio. Foi a primeira vez que os tres carros da Ferrari que largaram nao completaram as 24 Horas de Le Mans. Em setembro, pela categoria Turismo, Nano ganhou o Tour de France Auto com o Jaguar MK2. Pela equipe italiana Scuderia Centro Sud, com uma Maserati 250F, Nano participou de tres provas nao oficiais de Formula 1 e obteve seu melhor resultado em Aintree (Inglaterra), no XVI BARC 200 Grand Prix, onde conseguiu a quarta colocacao.
A ultima corrida da carreira de Nano foi no Grande Premio do Rio de Janeiro, em novembro de 1960, numa prova para carros esporte disputada no circuito da Barra da Tijuca. Pilotando um Porsche RS 1500, Nano ficou na segunda posicao atras de
Mario de Araujo Cabral
, primeiro piloto portugues a correr na Formula 1. Aos 35 anos, Nano deixou o automobilismo, trabalhou na industria audiovisual e imobiliaria nos anos seguintes e hoje vive em Biarritz, no sul da Franca, com sua mulher Nelly.
Nano e membro ativo da Associacao dos Ex-Pilotos de Grand Prix e comparece com alguma frequencia em homenagens e demonstracoes de carros antigos. Convidado pela organizacao do Le Mans Classic, pilotou em julho de 2012, aos 86 anos, um MG 1936. No ano seguinte foi homenageado pela organizacao das 24 Horas de Le Mans e entrou para o hall da fama do circuito. Em 2014 foi novamente convidado para participar do Le Mans Classic, evento que sera realizado no mes de julho. Aos 88 anos, Nano pilotara o mesmo carro que conduziu ha 60 anos, um Aston Martin DB2.
(
legenda
)
Referencias