Guilherme de Ockham
, em
ingles
William of Ockham
(existem varias grafias para o nome deste franciscano: Ockham, Occam, Auquam, Hotham e Olram;
[
1
]
Ockham
,
1285
?
Munique
,
9 de abril
de
1347
), foi um frade
franciscano
,
filosofo
,
logico
e
teologo
escolastico
ingles, considerado como o representante mais eminente da
escola nominalista
, principal corrente oriunda do pensamento de
Roscelino de Compiegne
(1050-1120). Guilherme de Ockham, tambem conhecido como o "doutor invencivel" (
Doctor Invincibilis
) e o "iniciador veneravel" (
Venerabilis Inceptor
), nasceu na vila de
Ockham
, nos arredores de
Londres
, na
Inglaterra
, em 1285, e dedicou seus ultimos anos ao estudo e a meditacao num convento de
Munique
, onde morreu em 9 de abril de 1347, possivelmente vitima da
peste negra
.
Ockham e reconhecido como um importante contribuinte para o desenvolvimento de ideias constitucionais ocidentais, especialmente para a ideia de governo com responsabilidade limitada.
[
2
]
Ele foi um dos primeiros autores medievais a defender uma forma de separacao igreja/Estado, foi importante para o desenvolvimento precoce da nocao de direitos de propriedade. Suas ideias politicas sao consideradas "naturais" ou "seculares", defendendo um absolutismo secular. As opinioes sobre a responsabilizacao monarquica defendida em seu Dialogo (escrito entre 1332 e 1347) influenciaram muito o
movimento Conciliar
e ajudaram no surgimento de ideologias democraticas liberais.
[
2
]
[
3
]
Para ele, os papas e os lideres religiosos nao tem nenhum direito ou motivos para tratar um governo secular como sua propriedade. Isto faz parte de um governo unicamente terreno, que tambem pode acusar o Papa de crimes, se necessario.
[
4
]
Na logica, Ockham escreveu em palavras as formulas que mais tarde seriam chamadas de
Leis de De Morgan
,
[
5
]
alem de escrever sobre a logica ternaria, ou seja, sobre um sistema logico com tres valores da verdade. Este conceito que seria retomado na logica matematica dos seculos XIX e XX. Suas contribuicoes para a semantica, especialmente para a teoria do amadurecimento da suposicao, ainda sao estudadas por logicos.
[
6
]
[
7
]
William de Ockham foi provavelmente o primeiro logico a tratar efetivamente de termos vazios no silogismo aristotelico.
[
8
]
Quando ainda em idade precoce, ingressou na
Ordem Franciscana
, onde estudou
Filosofia
. Acredita-se que ainda jovem, foi para a
Universidade de Oxford
ensinar ciencias filosoficas e
matematica
, mas nunca teria concluido seu mestrado (o habitual grau de graduacao naqueles tempos).
[
9
]
Teve contato com outro franciscano, o filosofo e teologo,
Duns Scot
, do qual se tornou discipulo. Escreveu varios ensaios sobre as
Sententiarum Libri (Sentencas)
do teologo
Pedro Lombardo
.
Um ponto drastico de sua vida ocorreu quando Occam chegou a conclusao de que o
papa Joao XXII
estava defendendo uma heresia acerca da pobreza evangelica.
[
10
]
Em funcao da controversia que surgiu, Occam fugiu para
Pisa
, e, em seguida, acompanhou o imperador Luis da Baviera para
Munique
. Em Munique, continuou a atacar a figura do Papa, redigiu varios ensaios abordando a infalibilidade papal, defendendo a tese de que
a autoridade do lider e limitada pelo direito natural e pela liberdade dos liderados
, esta afirmada nos Evangelhos, deixando sua situacao com a Igreja cada vez mais dificil. Um de seus argumentos mais fortes foi a afirmacao categorica que
um cristao nao contraria os ensinamentos evangelicos ao se colocar ao lado do poder temporal em disputa com o poder papal
.
Guilherme de Ockham e o conceito de Liberdade
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]
E um filosofo que deixa transparecer sua intensa luta pela
liberdade
. O individuo seria capaz de escolher e saber o que e certo e errado sem nenhuma intervencao exterior. O homem teria o direito de decidir o seu fim e a sociedade nao deveria impor nada a ele. Para a
etica
, a liberdade e o assunto por excelencia. A liberdade e muito importante para a etica, porque se ocupa do livre arbitrio, da finalidade de nossa vida e existencia.
Para Ockham, a liberdade apresenta-se como a possibilidade que se tem de escolher entre o sim ou o nao, de poder escolher entre o que me convem ou nao e decidir e dar conta da decisao tomada ou de simplesmente deixar acontecer.
A preocupacao de Guilherme de Ockham e com o fato de que o poder organizado e moralizado e contrario a natureza e a liberdade a nos concedida por
Deus
. Isto nao e admitido como verdade por todos os filosofos, e no pensamento medieval do qual Ockham e um representante, isso era uma total desestruturacao de uma cultura organizacional e sociedades vigentes.
Ockham denuncia aqueles que em nome da
religiao
, passaram a usurpar o livre arbitrio. E que tais usurpadores entendem, assim como ele, a liberdade como um dom de Deus e da natureza.
Ockham situa a acao humana no individuo e suas escolhas reais e concretas, presentes nao em verdade ou entes universais, mas nas coisas e situacoes particulares, individuais. Distingue faculdades humanas de faculdades animais, ou seja, o homem possui a capacidade de viver pela
arte
e pela
razao
, que no entendimento do filosofo seriam as faculdades humanas e e por elas que deve agir e nao pelas faculdades animais (seus
instintos
). Pressupoe-se assim que e de nossa propria natureza a capacidade de escolha exercida por meio do livre arbitrio, entendida como presente de Deus e da
natureza
.
Ockham escreveu sua obra cognominada
Ordinatio
, esta discorria que
todo conhecimento racional tem base na logica, de acordo com os dados proporcionados pelos sentidos.
Uma vez que nos so conhecemos entidades palpaveis, concretas, os nossos conceitos nao passam de meios linguisticos para expressar uma ideia, portanto, precisam da realidade fisica, para as comprovacoes.
Criou a maximas
pluralidades nao devem ser postas sem necessidade
(em
latim
:
pluralitas non est ponenda sine neccesitate
), chamado de a
Navalha de Occam
, no ingles,
Occam's Razor
.
Conceito bastante revolucionario para a epoca, a
Navalha de Occam
defende a
intuicao
como ponto de partida para o conhecimento do universo.
Ockham com destreza conseguiu demonstrar que o
"Duns Scotus"
, principio da
economia
, conhecido como a
"navalha de Occam"
, estabelece que
"as entidades nao devem ser multiplicadas alem do necessario, a natureza e por si economica e nao se multiplica em vao"
.
Este e um principio filosofico que reza o seguinte:
existindo diversas
teorias
e nao havendo
evidencias
que comprovem se e mais verdadeira alguma em relacao a outras, vale a mais simples
, ou
se existirem dois caminhos que levem ao mesmo resultado, usa-se o mais curto, e que pode ser provado sensorialmente
. Em outras palavras,
nao se deve aplicar a um fenomeno nenhuma causa que nao seja logicamente dedutivel da experiencia sensorial
. A regra, inspirada na economia medieval, foi usada pelo filosofo para eliminar muitas das entidades com que os pensadores escolasticos explicavam a
realidade
.
O simplismo aparente da
Navalha de Occam
, se mal aplicado, pode muitas vezes nos induzir a erros de avaliacao em determinados momentos da
logica
. Por exemplo, ao efetuarmos determinados experimentos, nem sempre a simplificacao e correta, mesmo que o resultado seja muito proximo, ou ate identico, porem e bastante util quando o utilizamos em experimentos praticos para comprovar se teorias
matematicas
num determinado campo sao concordantes.
Nem sempre a simplicidade e a perfeicao, mas a perfeicao quase sempre e simples. Muitos autores usam a expressao de que,
a simplicidade e a perfeicao
, quando se lida com experimentos que exigem certo grau de complexidade. Ao utilizar solucoes simplistas de analise, poder-se-a incorrer em erros que podem destruir muitas vezes um trabalho de anos. Simplicidade nao e sinonimo de facilidade ou simplismo. Em geral obter uma visao ou uma explicacao simples para temas complexos exige um esforco maior do que criar visoes complexas, mesmo que corretas, sobre o mesmo tema.
O
Calculo Diferencial
e
Integral
, assim como grande parte das descobertas cientificas da
humanidade
certamente passou, ao longo de sua
historia
, por inumeras reformulacoes decorrentes do
aprendizado
e realimentacao pelas comunidades cientificas (Em geral na
fisica
e na
matematica
) ate chegar ao curriculo basico de qualquer curso de matematica de nivel superior. A simplicidade e consequencia da experiencia, da criatividade e da capacidade de sintetizacao, alem de outros talentos.
Um dos mais importantes e a falta de dados para comprovar se a teoria
A
e mais correta que a teoria
B
, ambas tendo o mesmo resultado, porem os calculos e argumentos da teoria A sendo muito mais complexa que para a teoria B. A comunidade cientifica escolhera sempre a segunda opcao, a mais simples.
Provavelmente, quando escreveu que
as teorias devem ser tao simples quanto possivel, mas nem sempre devemos escolher as mais simples
,
Albert Einstein
estava se referindo ao principio de Occam em sua
Teoria da Relatividade
, pois sabia que as hipoteses testadas muitas vezes caiam em contradicoes, apesar do resultado ser aparentemente perfeitas. Dai pode ter sido a utilizacao do
principio de Occam
em alguns pontos considerados contraditorios em seu postulado, pois em matematica, as vezes verdades claras a luz das deducoes tornam-se contraditorias ao passar para uma linguagem coloquial.
A edicao padrao das obras filosoficas e teologicas e:
William de Ockham: Opera philosophica et theologica
, Gedeon Gal, et al., Eds. 17 vols. St. Bonaventure, NY: The Franciscan Institute, 1967?88. O setimo volume da
Opera Philosophica
contem as obras duvidosas e espurias. Todas as obras politicas, exceto o
Dialogus
, foram editadas em HS Offler, et al., Eds.
Guilelmi de Ockham Opera Politica
, 4 vols., 1940?97, Manchester:
Manchester University Press
[vols. 1-3]; Oxford:
Oxford University Press
[vol. 4].
Legenda das abreviacoes: OT = Opera Theologica voll. 1?10; OP = Opera Philosophica voll. 1-7.
- Summa logicae
(c. 1323, OP 1).
- Expositionis in Libros artis logicae prooemium
, 1321?24, OP 2).
- Expositio in librum Porphyrii de Praedicabilibus
, 1321?24, OP 2).
- Expositio in librum Praedicamentorum Aristotelis
, 1321?24, OP 2).
- Expositio in librum in librum Perihermenias Aristotelis
, 1321?24, OP 2).
- Tractatus de praedestinatione et de prescientia dei respectu futurorum contingentium
(Tratado sobre Predestinacao e o Pre-conhecimento de Deus com respeito aos Contingentes Futuros, 1322-24, OP 2).
- Expositio super libros Elenchorum
(Exposicao das refutacoes sofisticas de Aristoteles, 1322?24, OP 3).
- Expositio in libros Physicorum Aristotelis. Prologus et Libri I?III
(Exposicao da Fisica de Aristoteles) (1322?24, OP 4).
- Expositio in libros Physicorum Aristotelis. Prologus et Libri IV?VIII
(Exposicao da Fisica de Aristoteles) (1322?24, OP 5).
- Brevis summa libri Physicorum
(Breve Summa da Fisica, 1322?23, OP 6).
- Summula philosophiae naturalis
(Pequena Summa da Filosofia Natural, 1319?21, OP 6).
- Quaestiones in libros Physicorum Aristotelis
(erguntas sobre os Livros de Fisica de Aristoteles, antes de 1324, OP 6).
- In libros Sententiarum (Comentario sobre as sentencas de Peter Lombard).
- Book I (Ordinatio) foi concluido pouco depois de julho de 1318 (OT 1?4).
- Books II?IV (Reportatio) 1317?18 (transcricao das palestras; OT 5?7).
- Quaestiones variae (OT 8).
- Quodlibeta septem (before 1327), (OT 9).
- Tractatus de quantitate (1323?24. OT 10).
- Tractatus de corpore Christi (1323?24, OT 10).
- Opus nonaginta dierum (1332?34).
- Epistola ad fratres minores (1334).
- Dialogus (before 1335).
- Tractatus contra Johannem [XXII] (1335).
- Tractatus contra Benedictum [XII] (1337?38).
- Octo quaestiones de potestate papae (1340?41).
- Consultatio de causa matrimoniali (1341?42).
- Breviloquium (1341?42).
- De imperatorum et pontifcum potestate [tambem conhecido como "Defensorium"] (1346?47).
- Tractatus minor logicae (1340?47?, OP 7).
- Elementarium logicae (1340?47?, OP 7).
- Tractatus de praedicamentis (OP 7).
- Quaestio de relatione (OP 7).
- Centiloquium (OP 7).
- Tractatus de principiis theologiae (OP 7).
Referencias
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MERINO, Jose A. "Historia de la Filosofia Medieval", p. 288
- ↑
a
b
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- ↑
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. Pages 160, 167?168, 202, 204, 207?209.
- ↑
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The Stanford Encyclopedia of Philosophy
(Fall 2008 Edition), Edward N. Zalta (ed.).
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