Joao do Canto e Castro da Silva Antunes
GCTE
?
CvNSC
(
Lisboa
,
Santiago
,
19 de maio
de
1862
?
Lisboa
,
Camoes
,
14 de marco
de
1934
) foi um oficial da Marinha e quinto
Presidente da Republica Portuguesa
, de 16 de Dezembro de 1918 a 5 de Outubro de 1919.
Nasceu 19 de maio de 1862, na freguesia de
Santiago
em Lisboa, numa familia de monarquicos convictos, filho do General Jose Ricardo da Costa da Silva Antunes (7 de Fevereiro de 1831 ? 7 de Agosto de 1906) e de sua mulher (1860) Maria da Conceicao do Canto e Castro Mascarenhas Valdez (24 de Outubro de 1825 ? Lisboa, 20 de Abril de 1892).
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Apos ter frequentado o liceu no Colegio Luso-Britanico, iniciou, em 1881, a sua formacao militar na
Real Escola Naval
.
Casou, na
Igreja Paroquial do Santissimo Coracao de Jesus
, em Lisboa, com
Mariana de Santo Antonio Moreira Freire Correia Manuel Torres de Aboim
em
18 de julho
de
1891
, de quem teve tres filhos: Maria da Conceicao do Canto e Castro (1892), casou com Afonso Nobre Veiga; Jose do Canto e Castro (1894); Josefina de Aboim do Canto e Castro (1896), casou com Jose da Costa Salema.
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Terminada a Escola Naval, percorreu a via ascendente dos primeiros postos de oficial da Marinha; em Janeiro de 1891 era ja primeiro-tenente, a prestar servico na Escola dos Alunos Marinheiros, em Lisboa.
Em 1887 havia feito a sua primeira grande viagem, a bordo da corveta Bartolomeu Dias. Embarcou na corveta Estefania, na
fragata D. Fernando II
, no transporte a vela Africa e nas canhoeiras Tamega, Liberal e Zaire. Foi a bordo desta ultima que visitou
Macau
,
Timor
e
Mocambique
. Recebeu entao o seu primeiro louvor concedido pelo comandante da Divisao Militar do Indico.
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Foi num contexto de grande instabilidade politica e social, e no rescaldo da perda dos territorios que uniam Angola a Mocambique,(
Mapa Cor-de-Rosa
) que Canto e Castro foi nomeado, em 1892, governador da entao
Lourenco Marques
, atual Maputo.
Razoes de saude ? uma primeira crise de
angina de peito
- forcaram-no a regressar a metropole no ano seguinte. Recuperado, retomou as suas funcoes em 1894, assumindo o comando da cidade e defendendo-a dos ataques das populacoes africanas, ocorridos em setembro desse ano.
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Mas apos uma segunda grave crise de angina de peito, e ja empossado como governador de
Mocamedes
, no sul de
Angola
, foi exonerado, a seu pedido, daquele lugar, regressando a Lisboa.
No
inicio da Republica
, dirigiu a Escola de Alunos Marinheiros, em
Leixoes
, e chefiou o Departamento Maritimo do Norte. Em 1915, dirigiu a Escola Pratica de Artilharia Naval. No governo de
Sidonio Pais
foi nomeado director dos Servicos do Estado-Maior Naval e
secretario de Estado da Marinha
.
Ja apos a instauracao do sidonismo, foi indicado para o cargo de director dos Servicos de Estado Maior Naval, e em 28 de Dezembro de 1917 designado para elaborar um plano de melhoramentos da defesa do litoral portugues face a ataques dos submarinos alemaes na
Primeira Guerra Mundial
.
Foi eleito deputado em 1908, no ultimo Parlamento da Monarquia, dedicando-se especialmente a reorganizacao das Forcas Navais.
Tomou posse como
Secretario de Estado da Marinha
, a pedido de
Sidonio Pais
, a 9 de Setembro de 1918, tendo-lhe sucedido depois do atentado que vitimou o ditador.
Assassinado Sidonio Pais
no dia 14 de Dezembro de 1918, a eleicao de Joao do Canto e Castro processou-se de acordo com as regras da Constituicao de 1911, repostas apos a rotura sidonista. Entrega a presidencia do ministerio a
Tamagnini Barbosa
, com o apoio do
Partido Unionista
.
Durante a sua presidencia, houve enumeras tentativas de restauracao da monarquia, visto que Canto e Castro era de conviccoes monarquicas, mas apesar de tudo, Canto e Castro, durante a sua presidencia sempre defendeu os valores da republica, o que lhe custos muitos de seus amigos monarquicos.
Tendo a havido duas grandes. A primeira, em
Santarem
, em Dezembro de 1918, foi liderada pelos republicanos
Cunha Leal
e
Alvaro de Castro
. A segunda, em Janeiro de 1919, de cariz monarquico, liderada por
Paiva Couceiro
, que, por algum tempo manteve a "
Monarquia do Norte
" fez ressaltar a sua posicao
sui generis
: sendo
monarquico
, como Presidente da Republica, reprimiu violentamente um movimento daqueles com quem partilhava conviccoes, por isso os monarquicos nunca lhe perdoaram por ter prendendo os "seu amigos" e defendendo os "seus inimigos" .
Os movimentos sociais de combate ao desemprego, a especulacao e a diminuicao do poder de compra dos trabalhadores assalariados ganharam novamente relevancia social e politica.
Em Lisboa a grande agitacao das classes laborais motivou varias manifestacoes. No comicio realizado no Coliseu dos Recreios a 21 de Fevereiro, exigiu-se a dissolucao do Parlamento e a realizacao de novas eleicoes. Verificaram-se confrontos com a policia nas ruas da Baixa de Lisboa e o governo foi obrigado a refugiar-se no Quartel do Carmo. Em Marco seguinte o Parlamento foi dissolvido.
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Depois das eleicoes, que deram a vitoria ao
Partido Democratico
, Canto e Castro, alegando a eleicao do novo Parlamento e o agravamento do seu estado de saude, o chefe do Estado pretendeu resignar. O documento de renuncia foi apresentado na sessao do Congresso de 3 de Junho. Foram unanimes os pedidos para que reconsiderasse. Tomaram a palavra
Antonio Jose de Almeida
,
Antonio Maria da Silva
,
Costa Junior
,
Jacinto Nunes
, Dias de Andrade e o proprio presidente do Ministerio,
Domingos Pereira
. Canto e Castro desistiu do seu proposito.
Depois de varios governos falharem, Canto e Castro da posse a um governo chefiado pelo militar
Alfredo de Sa Cardoso
. A atuacao do executivo procurou dissuadir a reconstituicao do bloco conservador: evitou reeditar conflitos com a Igreja, atuou com prudencia na questao dos saneamentos da administracao, contemporizou com a eleicao de
Antonio Jose de Almeida
para a Presidencia da Republica (6 de Agosto de 1919) e com a revisao constitucional que atribuiu ao Presidente da Republica o poder de dissolver o parlamento.
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Durante a sua presidencia,
Epitacio Pessoa
, Presidente do Brasil, visita Portugal em 1919.
Por proposta de
Rocha e Cunha
, ministro da Marinha, Canto e Castro, entao contra-almirante, foi promovido ao posto de almirante, patente atribuida a titulo honorario. Pouco depois, o ministro da Guerra
Helder Ribeiro
designou-o chanceler da Ordem da Torre e Espada. Desempenhou ainda o cargo de presidente do Conselho Superior de Disciplina da Armada.
No dia 30 de Setembro de 1932 passou a situacao de reforma.
Passou os ultimos anos sozinho e isolado, apenas rodeado pela familia, pois o seus seus amigos nunca lhe perdoaram o facto de ele ter reprimido as varias intentonas monarquicas.
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Faleceu a 14 de Marco de 1934, em sua casa, no
Largo de Andaluz
, numero 16, segundo andar, da freguesia de
Camoes
, em Lisboa, vitima de
insuficiencia aortica
, causada pela
angina de peito
. Presentes no seu funeral no
Cemiterio dos Prazeres
, estiveram algumas das figuras gradas ao novo regime instaurado em 1926, bem como o cardeal patriarca de Lisboa,
Manuel Cerejeira
, o representante da familia real,
Joao de Azevedo Coutinho
, e elementos do corpo diplomatico.
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Foi Cavaleiro da
Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceicao de Vila Vicosa
em 1891 e Gra-Cruz da
Real Ordem Militar da Torre e Espada
em 1894.
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Referencias