Francisco da Costa Gomes
ComTE
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GCL
(
Chaves
,
Santa Maria Maior
,
30 de junho
de
1914
?
Lisboa
,
Lapa
,
31 de julho
de
2001
) foi um
militar
e
politico
portugues
. Foi o decimo-quinto
Presidente da Republica Portuguesa
, o segundo apos a
Revolucao de 25 de Abril
.
De familia numerosa, de onze irmaos (dos quais tres vao falecer antes de chegar a idade adulta), muito cedo Francisco da Costa Gomes fica orfao de pai, ainda antes de completar 8 anos. Apos terminar a instrucao primaria, em Chaves, aos 10 anos entra no
Colegio Militar
, provavelmente falta de posses, para que possa ai prosseguir os estudos, prosseguindo a carreira de armas. Sobre a profissao militar o proprio diria mas tarde:
[
quando?
]
≪
se pudesse nao [a] teria seguido.
≫.
Em 1921, com 17 anos ingressa no Regimento de Cavalaria N.º 6, em Braga, como 1.º sargento-cadete. Mais tarde, ascende a aspirante a oficial do Curso de Armas Gerais (Infantaria e Cavalaria) e a alferes em novembro de 1935; Em 1938, ingressou no Batalhao n.º 4 da Guarda Nacional Republicana, no Porto entreando-se me funcoes de comando. Em 1944, ano em que foi promovido a capitao, concluiu, com distincao, a licenciatura em Ciencias Matematicas, na Universidade do Porto.
[
1
]
Militar sempre preocupado com a paz, de perfil civilista, indo ao pormenor de, sintomatica e simbolicamente, restringir o uso da farda apenas as ocasioes em que tal lhe era exigido, e no entanto, na
Guerra Colonial
, de entre os grandes cabos de guerra, o mais renitente em utilizar a forca belica em grandes e pequenas operacoes, e, paradoxalmente, o que mais exito teve em termos operacionais e belicos.
Costa Gomes foi, com uma antecedencia assinalavel, em 1961, o primeiro chefe militar a defender claramente que a solucao para a guerra colonial era politica e nao militar, nao obstante cumpriu com brilhantismo as suas funcoes como comandante militar da 2.ª Regiao Militar de Mocambique, entre 1965 e 1969 (primeiro, como segundo-comandante, depois, como comandante) e, seguidamente, como comandante da Regiao Militar de Angola.
Apos o 28 de Setembro de 1974, com o afastamento do general Spinola, Costa Gomes e nomeado para a Presidencia da Republica, onde lhe cabera a dificil missao de conciliador de partes em profunda desavenca, com visoes radicais do mundo, algumas verdadeiramente inconciliaveis. Levara sobre os seus ombros tudo quanto se ira passar ate a
Crise de 25 de Novembro de 1975
, onde lhe coube o papel capital de impedir a radicalizacao dos conflitos poupando o pais a enfrentamentos violentos e uma possivel guerra civil.
[
2
]
Costa Gomes e considerado um dos principais obreiros da instauracao da democracia em Portugal.
Francisco da Costa Gomes nasceu a 30 de junho de 1914, na travessa da Rua do Sal, nº 15, na freguesia de
Santa Maria Maior
, em Chaves,
distrito de Vila Real
. O pai, Antonio Jose Gomes (Chaves,
Santo Estevao
? Lisboa,
Socorro
, 1 de julho de 1922), Capitao do Exercito, casou em Chaves a 17 de janeiro de 1901 com sua mae Idalina Julia Monteiro da Costa (Chaves, 27 de maio de 1880 ?
Porto
, 18 de fevereiro de 1967), tendo constituido uma familia numerosa, de onze filhos e filhas.
A infancia de Francisco da Costa Gomes e marcada pela morte do pai um dia apos o jovem Francisco completar oito anos. A sua mae, com apenas 41 anos, fica a bracos com oito filhos para criar e sustentar.
Entre 1924 e 1931 estudou no
Colegio Militar
, em
Lisboa
. A escolha do Colegio Militar da-se , porque com a mae viuva a familia nao tinha possibilidades economicas de o colocar a estudar noutro sitio.
A passagem pelo Colegio Militar e um periodo dificil da sua vida. No seu livro de memorias
Costa Gomes conta que se sentiu "bastante violentado" por um conjunto de "regras rigidas de cuja utilidade duvidava".
Por outro lado a familia nao tinha dinheiro para lhe pagar as viagens entre Lisboa e Chaves pelo que Costa Gomes passava a Pascoa e o Natal em Lisboa e so ia a casa nas ferias do verao.
Uma vez terminado o Colegio Militar alistou-se no
Exercito
em 1931, tendo servido em varias unidades militares e progredido rapidamente na carreira, terminando o tirocinio na
Escola Pratica de Cavalaria
em 1936. Tudo isto acompanhado de algum desencanto com a instituicao militar.
Em 1943 terminou o curso para Capitaes de Cavalaria e a 1 de janeiro de 1944 e promovido a Capitao.
Em paralelo a sua carreira militar, entre 1939 e 1944 tambem estudou na
Faculdade de Ciencias
da
Universidade do Porto
, onde foi aluno de
Ruy Luis Gomes
, tendo-se licenciado em
Ciencias Matematicas
, em 1944.
Realizou comissoes de servico nas colonias portuguesas, tendo chefiado a expedicao militar a
Macau
, em 1949, exercendo funcoes como subchefe e chefe do Estado-Maior naquela regiao.
Segundo as suas proprias palavras a expedicao militar foi organizada porque havia o receio de uma possivel tomada do territorio por parte das forcas leais a
Mao Tse-Tung
.
Em Macau, Costa Gomes participa na elaboracao de um relatorio assinado pelo Coronel Laurenio Cotta Morais dos Reis em que se afirma ser uma "fantasia" pretender-se assegurar militarmente a posse do territorio.
[
a
]
Em novembro de 1951 e colocado no Estado-Maior do Exercito para estudar a possibilidade de mobilizar as forcas cometidas a
OTAN
e ao Pacto Iberico.
Em 19 de dezembro de 1952 e promovido a major
e nessa qualidade dirige a formacao das forcas portuguesas a integrar na
OTAN
. Em 1954 e nomeado para o comando supremo da OTAN (The Supreme Allied Commander Atlantic - "SACLANT" ), em
Norfolk
,
Virginia
, nos
Estados Unidos
, sob a chefia do General
Humberto Delgado
e onde ao longo de dois anos se tornou um profundo conhecedor dos assuntos da NATO.
Em 1956 regressa dos Estados Unidos e e colocado como adjunto da Primeira Reparticao da Defesa Nacional. E nesta reparticao que Costa Gomes diz ter a certa altura entrado em desacordo com o general Santos Costa tendo assim conquistado o respeito do general que passou a consulta-lo para todos os assuntos relacionados com a OTAN. Foi tambem a partir desta altura que Costa Gomes diz ter adquirido uma especial consideracao por parte do General Botelho Moniz.
Em 1958 o entao tenente-coronel Costa Gomes foi responsavel pelo policiamento das accoes da candidatura do general Humberto Delgado.
Em agosto de 1958 Costa Gomes e nomeado subsecretario de Estado do Exercito com
Botelho Moniz
como responsavel pela pasta da Defesa Nacional.
Poucos dias depois e recebido por Salazar que em conversa lhe tera dito que o considerava o oficial Portugues "mais bem informado sobre as colonias.
Ainda no mesmo ano, em 11 de abril de 1961, Costa Gomes envolve-se no
Golpe Botelho Moniz
, intentado pelo
Ministro da Defesa
. No rescaldo, ja depois do “golpe” ter falhado, a 19 de abril de 1961, Costa Gomes publica uma carta no Diario Popular onde afirma que o problema das provincias africanas e “um complexo de problemas do qual o militar e uma das partes que esta longe de ser a mais importante”. Sobre esta carta, a embaixada americana, como que antevendo o futuro politico de Costa Gomes, comentou: “E possivel que se numa data futura as Forcas Armadas acharem necessario dispensar os servicos do Dr. Salazar, o coronel Costa Gomes seja, em vez do general Botelho Moniz, a verdadeira solucao”.
[
16
]
Em 1962, exonerado do
governo
, e colocado na chefia do Distrito de Recrutamento e Mobilizacao de
Beja
. Termina o Curso de Altos Comandos em 1964.
Segue-se a experiencia como inspector na Direccao da Arma de Cavalaria, em 1964, cargo que acumulara com o de professor no
Instituto de Altos Estudos Militares
.
Ja
Brigadeiro
, e nomeado segundo comandante e depois comandante da Regiao Militar de Mocambique, funcao que exerce de 1965 a 1969.
Na guerra colonial, Costa Gomes tem uma estrategia original e diferente das de Spinola e Kaulza de Arriaga. Segundo Costa Gomes, a base da accao belica na guerra contra-subversiva deveria centrar-se em “servir as populacoes”. A guerra, dizia o general, devia ser feita ≪nao contra os guerrilheiros≫, mas ≪a favor das populacoes≫ e acrescentava ≪nao tinhamos por principal missao combater os movimentos de libertacao, mas recuperar as populacoes≫. Defender as populacoes, afastando-as da guerrilha, assegurando o seu bem-estar, a ordem e a paz social. A utilizacao da violencia deveria ser o mais possivel focalizada.
Em 1970 torna-se comandante da Regiao Militar de Angola, onde procede a remodelacao do comando-chefe e defende um entendimento militar com a
UNITA
, contra o
MPLA
e a
FNLA
.
Em 1971, em entrevista a
Emissora Nacional
, enquanto Comandante Chefe das Forcas Armadas em Angola, Costa Gomes refere a evolucao favoravel pela diminuicao da "
actividade terroristas
" do inimigo, com diminuicao de accoes e baixas infligidas. "
o numero de pessoas que se libertaram do jugo terrorista e se nos apresentaram, manteve-se num ritmo muito razoavel
" , tal era possivel pelas "
medidas de caracter militar
" e autodefesa pelas populacoes. Referia tambem que apesar do aumento do apoio externo , isso nao teria consequencias internas, devido a dificuldade em recrutarem elementos internamente.
[
17
]
A 5 de setembro de 1972 e nomeado 7.º Chefe do
Estado-Maior-General das Forcas Armadas
de
Portugal
, em substituicao do general
Venancio Deslandes
. A 13 de marco de 1974, pouco antes do
25 de Abril
, e exonerado do cargo, depois de se recusar a comparecer numa cerimonia publica de lealdade ao governo de
Marcello Caetano
, promovida por altas patentes militares (um grupo que ficaria conhecido como a "Brigada do Reumatico").
[
18
]
Apos o 25 de Abril, e um dos sete militares que compoem a
Junta de Salvacao Nacional
. Entre o dia 29 de abril de 1974 e o dia 13 de julho de 1976, foi o 9.º Chefe do
Estado-Maior-General das Forcas Armadas
de
Portugal
.
[
1
]
Em consequencia dos acontecimentos gerados a partir da
Maioria Silenciosa
e do 28 de setembro,
Antonio de Spinola
demite-se juntamente com outros membros da Junta de Salvacao Nacional.
[
19
]
Por ser o elemento mais graduado, Costa Gomes e entao nomeado pela
Junta de Salvacao Nacional
e torna-se
Presidente da Republica
.
[
2
]
Ocupou o cargo de Presidente da Republica ate Junho de 1976, altura em que as primeiras eleicoes livres para a escolha do Chefe de Estado em
Portugal
ditaram a eleicao de
Antonio Ramalho Eanes
. O seu mandato ficara marcado como um periodo de radicalizacao do processo revolucionario, sob a influencia do
PCP
e de partidos de extrema-esquerda. Apesar da ambiguidade que muitos veem nas suas posicoes, reconhecem-lhe o merito de ter evitado a guerra civil.
[
20
]
Durante o "goncalvismo", foi acusado de proximidade com
Vasco Goncalves
, tambem ele proximo dos comunistas e com quem tinha uma longa relacao de amizade pessoal. Acresce que o filho unico de Costa Gomes viveu em casa de Vasco Goncalves enquanto o primeiro esteve ao servico em Africa. Por outro lado, o filho do presidente e a filha de Vasco Goncalves, eram, a epoca, ambos membros do PCP e chegaram a ser namorados.
[
21
]
[
18
]
Foi ainda acusado de excessiva proximidade e fomento de relacoes com os paises do
Bloco de Leste
e
Pacto de Varsovia
, considerado excessivo e incompativeis com a presenca na
NATO
. Costa Gomes visitou a
Romenia
e a
Polonia
e, com diferentes graus de fidelidade e subalternizacao a
Uniao Sovietica
, onde tambem se deslocou e se encontrou com
Leonidas Brejnev
.
[
22
]
[
18
]
Participou ainda nas cerimonias de encerramento da conferencia da
Conferencia para a Seguranca e Cooperacao Europeia,
que ocorreu em Helsinquia, em Agosto de 1975.
[
23
]
Abandonada a presidencia, a partir de 1977, desenvolve intensa actividade nacional e internacional, integrando a Presidencia do
Conselho Mundial da Paz
(uma organizacao de inspiracao comunista e ligacoes a
Uniao Sovietica
) e a Presidencia do Conselho Portugues para a Paz e Cooperacao.
[
24
]
Integrava ainda o Grupo de Generais para a Paz e o Desarmamento. Muitos dos seus criticos, apontaram que o envolvimento neste organismo e prova a posteriori na proximidade com a
Uniao Sovietica
e com os ideias comunistas.
[
25
]
Em 1982 foi elevado a patente de
Marechal
.
Em 1986 recebeu do secretario-geral das Nacoes Unidas o galardao de Mensageiro para a Paz.
Num balanco final de vida, Costa Gomes escolhia o epiteto de homem de paz, e elegia, entre as inumeras distincoes de que foi alvo, a de "Mensageiro da Paz", atribuida pelas Nacoes Unidas.
Costa Gomes faleceu no
Hospital Militar de Lisboa
, na freguesia da
Lapa
, a 31 de julho de 2001, vitima de
Insuficiencia respiratoria
, com 87 anos, esta sepultado na Cripta dos Marechais do
Cemiterio do Alto de Sao Joao
.
Ao visitar o estudio do pintor
Henrique Medina
, Costa Gomes apaixona-se por uma retratada vestida de minhota, e pede ao pintor para ser apresentado a bonita jovem. Era uma menina de Viana do Castelo chamada Maria Estela.
[
26
]
A 8 de dezembro de 1952, casa na
Se de Viana do Castelo
com
Maria Estela Veloso de Antas Varajao
.
[
b
]
O casal viria a ter apenas um filho, Francisco Varajao da Costa Gomes, nascido a 16 de agosto de 1956, em Lisboa, empenhado membro da comunista
UEC
, utilizado muitas vezes como veiculo de pressao e comunicacao entre o
PCP
e Costa Gomes.
[
27
]
Depois do
25 de Novembro de 1975
foi estudar para
Cuba
. Mais tarde, regressado a Portugal, viria a suicidar-se, ao que parece ≪uma morte muito triste de solidao profunda por um desgosto de amor≫, segundo
Zita Seabra
.
[
21
]
Foi acusado pelos familiares de
Jorge Jardim
de ser o responsavel individual (e nao a
Junta de Salvacao Nacional
) pela emissao de um mandado de captura, em 1974, cuja consequencia foi o seu afastamento do processo de negociacao relativo a independencia de Mocambique, onde tinha grande influencia. No entanto, o Tribunal Administrativo iliba Francisco Costa Gomes, nao dando como provados os factos.
[
28
]
[
29
]
Ordens honorificas portuguesas:
[
30
]
Ordens honorificas estrangeiras:
[
31
]
Foi acusado pelo famoso ex-agente da
CIA
e escritor
Oswald LeWinter
de, em conjunto com
Jose Baptista Pinheiro de Azevedo
, ter ajudado a enviar armas para o
Irao
.
[
32
]
Notas
- ↑
Este relatorio, segundo Costa Gomes,repete uma analise semelhante feita pelo General
Gomes da Costa
no principio dos anos 1920
- ↑
Maria Estela foi retratada por
Henrique Medina
em 1957. O quadro, intitulado "Retrato Noiva de Viana". No quadro Maria Estela traja uma "saia com bastas e barra de veludo preto, bordados a vidrilho, avental de veludo preto, tambem bordado a vidrilho. O quadro foi adquirido pela Camara Municipal de Viana do Castelo em Junho de 2014.
Referencias
- ↑
a
b
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.
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- ↑
a
b
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