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Descoberta do Brasil

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  Nota: Este artigo e sobre o facto historico ocorrido em 1500. Para outros significados, veja Descobrimento do Brasil (desambiguacao) .
Pedro Alvares Cabral desembarcou em Porto Seguro no litoral sul da Bahia em 22 de abril de 1500, tornando a regiao colonia do Reino de Portugal . [ 1 ]

Descoberta ou descobrimento do Brasil refere-se a chegada dos portugueses ao territorio atualmente conhecido como Brasil . Este momento e muitas vezes entendido como sendo o do avistamento da terra que entao denominaram por Ilha de Vera Cruz , nas imediacoes do Monte Pascoal , pela armada comandada por Pedro Alvares Cabral , ocorrida no dia 22 de abril de 1500 . Esta descoberta inscreve-se nos chamados descobrimentos portugueses . [ 1 ] [ 2 ]

A armada de Pedro Alvares Cabral

Nau de Pedro Alvares Cabral conforme retratada no Livro das Armadas , atualmente na Academia das Ciencias de Lisboa

Para selar o sucesso da viagem de Vasco da Gama na descoberta do caminho maritimo para a India ? que permitia contornar o Mediterraneo , entao sob dominio dos mouros e das nacoes italianas ?, o rei D. Manuel I se apressou em mandar aparelhar uma nova frota para as Indias. Uma vez que a pequena frota de Vasco da Gama tivera dificuldades em impor-se e comerciar, esta seria a maior ate entao constituida pelo Ocidente, sendo composta por treze embarcacoes e mais de mil homens. Com excecao dos nomes de duas naus e de uma caravela, nao se sabe como se chamavam os navios comandados por Cabral. Estima-se que a armada levasse mantimentos para cerca de dezoito meses.

Aquela era a maior esquadra ate entao enviada para singrar o Atlantico: dez naus, tres caravelas e uma naveta de mantimentos. Embora nao se saiba o nome da nau capitania, a nau sota-capitania, capitaneada pelo vice-comandante da armada Sancho de Tovar , se chamava El Rei . A outra cujo nome permaneceu e a Anunciada , comandada por Nuno Leitao da Cunha . Esta ultima pertencia a Dom Alvaro de Braganca, filho do duque de Braganca, e fora equipada com os recursos de Bartolomeu Marchionni e Girolamo (ou Jeronimo) Sernige, banqueiros florentinos que residiam em Lisboa e investiam no comercio de especiarias. As cartas que eles trocaram com seus socios e acionistas italianos preservaram o nome do navio.

Conservou-se ainda o nome da caravela capitaneada por Pero de Ataide , a Sao Pedro . A outra caravela, comandada por Bartolomeu Dias , teve o seu nome perdido. A armada era completada por uma naveta de mantimentos, comandada por Gaspar de Lemos . Coube a ela retornar a Portugal com as noticias sobre a descoberta do Brasil.

Rota seguida por Cabral para a India em 1500 (em vermelho) e a rota de retorno (em azul)

Baseado em documento incompleto que localizou na Torre do Tombo, em Lisboa, Francisco Adolfo de Varnhagen identificou cinco das dez naus que compunham a frota cabralina. Seriam elas Santa Cruz , Vitoria , Flor de la Mar , Espirito Santo e Espera . A fonte citada por Varnhagen nunca foi reencontrada, portanto a maioria dos historiadores prefere nao adotar os nomes por ele listados. A armada, assim, continua quase anonima.

Outros historiadores do seculo XIX declararam que a nau capitania de Cabral era a lendaria Sao Gabriel , a mesma comandada por Vasco da Gama na historica viagem em que se descobriu o caminho maritimo para as Indias, tres anos antes. Entretanto, nao existem documentos para comprovar a tese.

Pouco antes da partida, el-Rei mandou rezar uma missa , no Mosteiro de Belem , presidida pelo bispo de Ceuta , Diogo de Ortiz , em pessoa, onde benzeu uma bandeira com as armas do Reino e entregou-a em maos a Cabral, despedindo-se o rei do fidalgo e dos restantes capitaes.

Vasco da Gama teria tecido consideracoes e recomendacoes para a longa viagem que se chegava: a coordenacao entre os navios era crucial para que nao se perdessem uns dos outros. Recomendou entao ao capitao-mor disparar os canhoes duas vezes e esperar pela mesma resposta de todos os outros navios antes de mudar o curso ou velocidade (metodo de contagem ainda atualmente utilizado em campo de batalha terrestre), dentre outros codigos de comunicacao semelhantes.

A chegada a Vera Cruz

Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel I , comunicando o descobrimento da Ilha de Vera Cruz (Brasil)

No dia 24 de abril, Cabral, acompanhado de Sancho de Tovar , Simao de Miranda , Nicolau Coelho , Aires Correia e Pero Vaz de Caminha , recebeu um grupo de indios no seu navio, e os nativos aparentemente reconheceram o ouro e a prata que se fazia surgir na embarcacao ? nomeadamente um fio de ouro de D. Pedro e um castical de prata ? o que fez com que os portugueses inicialmente acreditassem que havia muito ouro naquela terra. Entretanto, Caminha, em sua carta, confessa que nao sabia dizer se os indios diziam mesmo que ali havia ouro, ou se o desejo dos navegantes pelo metal era tao grande que eles nao conseguiram entender diferentemente. Posteriormente, provou-se que a segunda alternativa era a verdadeira. [ 3 ]

O encontro entre portugueses e indios tambem esta documentado na carta escrita por Caminha. O choque cultural foi evidente. Os indigenas nao reconheceram os animais que traziam os navegadores, a excecao de um papagaio que o capitao trazia consigo; ofereceram-lhes comida e vinho, os quais os indios rejeitaram. A curiosidade tocou-lhes pelos objetos nao reconhecidos ? como umas contas de Rosario , e a surpresa dos portugueses pelos objetos reconhecidos ? os metais preciosos. Fez-se curioso e absurdo aos portugueses o fato de Cabral ter vestido-se com todas as vestimentas e adornos os quais tinha direito um capitao-mor frente aos indios e estes, por sua vez, terem passado por sua frente sem diferencia-lo dos demais tripulantes.

Desembarque de Cabral em Porto Seguro (oleo sobre tela); autor: Oscar Pereira da Silva , 1904. Acervo do Museu Historico Nacional , Rio de Janeiro
A elevacao da Cruz em Porto Seguro

Os indigenas comecaram a tomar conhecimento da fe dos portugueses ao assistirem a Primeira Missa , rezada por Frei Henrique de Coimbra , em um domingo, 26 de abril de 1500. Logo depois de realizada a missa, a frota de Cabral rumou para as Indias, seu objetivo final, mas enviou um dos navios de volta a Portugal com a carta de Caminha. No entanto, posteriormente, com a chegada de frotas lusitanas com o objetivo de permanecer no Brasil ? e a tentativa de evangelizar os indios de fato ?, os portugueses perceberam que a suposta facilidade na cristianizacao dos indigenas na verdade traduziu-se apenas pela curiosidade destes com os gestos e falas ritualisticos dos europeus, nao havendo um real interesse na fe catolica, o que forcou os missionarios a repensarem seus metodos de conquista espiritual.

Os povos nativos

Os povos que habitavam o territorio consolidado como Brasil na epoca da chegada de Cabral viviam, majoritariamente, no que podemos denominar passagem do Paleolitico para o Neolitico , uma vez que praticavam uma incipiente agricultura ( milho e mandioca ) e domesticacao de animais (porco do mato e capivara ). Contudo, tinham amplo conhecimento da producao de bebidas alcoolicas fermentadas (mais de 80), utilizando como materia-prima raizes, tuberculos, cascas, frutos, entre outros. [ 4 ]

Indios tupinambas; gravura do seculo XVI

Quando da chegada ao Brasil pelos portugueses, o litoral baiano era ocupado por duas nacoes indigenas do grupo linguistico tupi : os tupinambas , que ocupavam a faixa compreendida entre Camamu e a foz do rio Sao Francisco ; e os tupiniquins , e que se estendiam de Camamu ate o limite com o atual estado brasileiro do Espirito Santo . Mais para o interior, ocupando a faixa paralela aquela apropriada pelos tupiniquins, estavam os aimores .

No inicio do processo de colonizacao do Brasil , os tupiniquins apoiaram os portugueses, enquanto seus rivais, os tupinambas, apoiaram os franceses, que durante os seculos XVI e XVII realizaram diversas ofensivas contra a America Portuguesa . A presenca dos europeus incendiou mais o odio entre as duas tribos, odio relatado por Hans Staden , viajante alemao, em seu sequestro pelos tupinambas. Ambas as tribos possuiam cultura antropofagica com relacao aos seus rivais, caracteristica que durante seculos nao fora compreendida pelos europeus, o que resultou na posterior caca aqueles que se recusassem a mudar esse habito.

Data da descoberta na historiografia luso-brasileira

Em termos historiograficos, a data da descoberta do Brasil variou ao longo dos seculosː [ 5 ]

  • Ate 1817 - 3 de maio (conforme Gaspar Correia );
  • 1817 - 22 de abril (conforme publicacao da Carta de Pero Vaz de Caminha pelo padre Manuel Aires de Casal , que a descobriu entre os documentos trazidos para o Brasil pela Familia Real em 1808);
  • 1823 - Jose Bonifacio propos a data de abertura da Assembleia Constituinte ? 3 de maio ? para coincidir com a data do descobrimento (supostamente desconhecia a publicacao de 1817);
  • Da segunda metade do seculo XIX ate 1889, o cidadao brasileiro culto sabia que a data do descobrimento era 22 de abril, embora ela nao fizesse parte dos feriados do Imperio;
  • 1890 - Um Decreto republicano instituia a data de 3 de maio como feriado alusivo ao descobrimento. A imprensa a epoca, entretanto, ja considerava 22 de abril como a data correta;
  • 1930 - Um Decreto de Getulio Vargas extinguiu o feriado de 3 de maio. Afirmou-se, a partir de entao, o 22 de abril.

Teorias acerca do descobrimento do Brasil

Existem diversas suposicoes e hipoteses acerca da descoberta do Brasil. A mais conhecida trata de uma possivel expedicao secreta do navegador portugues Duarte Pacheco Pereira em 1498, que teria visado identificar os territorios que pertenciam a Portugal ou a Castela de acordo com o Tratado de Tordesilhas , de 1494 ? Pacheco Pereira participou das negociacoes do tratado. [ 6 ] [ 7 ] A hipotetica viagem esta embasada exclusivamente no relato do explorador em Esmeraldo de Situ Orbis (1505), livro de sua autoria. O texto, contudo, e ambiguo: Pacheco Pereira diz textualmente que o rei de Portugal "mandou descobrir a parte ocidental", o que sugere que ele falava nao de suas exploracoes, mas de tudo que ja fora explorado por varios navegadores e era conhecido em 1505. Esta visao e reforcada pelas latitudes e longitudes informadas, que vao da Groenlandia ao atual Sul do Brasil . Alem disso, a possibilidade da existencia de uma politica de sigilo dos monarcas portugueses, escrita na primeira metade do seculo XX pelo historiador Damiao Peres , nao se sustenta, uma vez que era pratica comum, na ausencia de um tratado, reclamar a soberania de uma terra publicitando a sua descoberta. [ 7 ] [ 8 ]

Existe ainda a suspeita de que a descoberta do Brasil pelos portugueses em 1500 teria sido intencional, baseada no conhecimento previo do territorio. Como sugere Pacheco Pereira no livro Esmeraldo de Situ Orbis , em 1498 os navegadores lusitanos foram orientados por D. Manuel I a explorar o Atlantico em busca de terras. Antes de rumar para a India na expedicao de 1500, Pedro Alvares Cabral teria entao desviado para o ocidente alem do necessario visando verificar a existencia de territorios conforme o desejo do rei. Ao avistar o Brasil, Cabral julgou ter descoberto uma ilha, o que invalida a teoria de que ele teria conhecimento de terras continentais naquelas paragens. Ja o fato de a entao chamada Ilha de Vera Cruz ter sido representada no mapa de Juan de la Cosa, confeccionado no mesmo ano, anula outra teoria, a de que as descobertas portuguesas seriam segredos nao compartilhados com os espanhois. Apesar do achamento, a viagem cabralina a India foi considerada um fracasso. Cabral recebeu pelos seus feitos uma pensao anual de 30 mil reais ? muito menos do que os 400 mil reais dados em 1498 a Vasco da Gama ?, e foi esquecido pelo rei, morrendo na obscuridade por volta de 1520. Seu tumulo foi ignorado por trezentos anos ate ser localizado, em 1839, pelo historiador Francisco Adolfo de Varnhagen . [ 9 ] [ 8 ] [ 10 ]

Planisferio de Cantino , 1502

Ha tambem teorias que contestam os locais avistados por Vicente Yanez Pinzon e Pedro Alvares Cabral. O primeiro historiador brasileiro a questionar o desembarque do navegador espanhol no cabo de Santo Agostinho foi o Visconde de Porto Seguro, Francisco Varnhagen, em meados do seculo XIX . [ 11 ] Embora Varnhagen reconhecesse que Pinzon esteve no Brasil antes de Cabral, no seu pensamento o cabo de Santa Maria de la Consolacion seria a ponta do Mucuripe , na cidade de Fortaleza . A tese foi aceita pelo almirante Max Justo Guedes , mas contestada por muitos historiadores. [ 12 ] Ja para os portugueses, como Duarte Leite , os espanhois teriam desembarcado ao norte do cabo Orange , na atual Guiana Francesa . [ 13 ] Sobre o local avistado por Pedro Alvares Cabral, ha uma tese que defende o Pico do Cabugi no Rio Grande do Norte como o monte descrito por Pero Vaz Caminha, e a Praia do Marco como o ponto de chegada da frota cabralina, porem, de acordo com o Planisferio de Cantino (1502), feito no ano seguinte a expedicao exploratoria que resgatou os dois degredados deixados no Brasil por Cabral, o lugar de desembarque do navegador portugues esta situado ao sul da Baia de Todos-os-Santos . [ 14 ]

Ver tambem

Referencias

  1. a b Henri Beuchat. ≪Manual de arqueologia americana≫ (em espanhol). p. 77 . Consultado em 23 de abril de 2019  
  2. ≪Pinzon ou Cabral: quem chegou primeiro ao Brasil?≫ . G1 . Consultado em 5 de abril de 2017  
  3. PEREIRA, Paulo Roberto (org.). Os tres unicos testemunhos do descobrimento do Brasil . In: CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Pero Vaz de Caminha . Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999. p. 31-59.
  4. Cavalcante, Messias Soares. A verdadeira historia da cachaca. Sao Paulo: Sa Editora, 2011. 608p. ISBN 9788588193628
  5. MENDONCA, Alexandre Ribeiro de. 22 de Abril de 1500ː Descobrimento do Brasil". inː Jornal do Exercito , n.º 662, Out. 2016, pp. 38-43.
  6. MOTA, Avelino Teixeira da . Duarte Pacheco Pereira, capitao e governador de S. Jorge da Mina . Mare Liberum, I(1990), pp.1-27.
  7. a b ≪O caso Pacheco Pereira≫ . PUBLICO . Consultado em 5 de abril de 2017  
  8. a b Duarte Pacheco Pereira. ≪Esmeraldo de situ orbis≫ . Consultado em 29 de abril de 2019  
  9. DAVIES, Arthur (1976). ≪The Date of Juan de la Cosa's World Map and Its Implications for American Discovery≫ . The Geographical Journal . 142 (1). pags. 111-116  
  10. ≪Varnhagen (1816-1878)≫ (PDF) . Funag . Consultado em 29 de abril de 2019  
  11. Francisco Adolfo de Varnhagen (1858). ≪Examen de quelques points de l'histoire geographique du bresil comprenant des eclaircissements nouveaux sur le seconde voyage tentrionales du bresil par hojida et par pinzon, sur l'ouvrage de navarrete, sur la veritable ligne de demarcation de tordesillas, sur l'oyapoc ou vincent pinzon, sur le veritable point de vue ou doit se placer tout historien du bresil, etc, ou, analyse critique du rapport de m. d'avezac sur la recente histoire generale du bresil≫ . Biblioteca Digital do Senado Federal (BDSF) . Consultado em 24 de abril de 2019  
  12. ≪Cronologia de Fortaleza≫ . Arquivo Nirez . Consultado em 24 de abril de 2019  
  13. ≪Historia dos descobrimentos: colectanea de esparsos, Volume 1≫ . Edicoes Cosmos . Consultado em 24 de abril de 2019  
  14. ≪Uniao para provar que Cabral chegou primeiro ao Rio Grande do Norte≫ . O Globo . Consultado em 24 de abril de 2019  

Bibliografia complementar

  • Ab'Saber, Aziz N. et all. Historia geral da civilizacao brasileira. Tomo I: A epoca colonial - Administracao, economia, sociedade. (1º vol. 4ª edicao). Sao Paulo: Difusao Europeia do Livro, 1972. 399p.
  • Boxer, Charles R. O imperio maritimo portugues, 1415-1825 , "O ouro da Guine e Preste Joao (1415-99)". Sao Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 31-53.
  • Holanda, Sergio Buarque de. Visao do paraiso , "America Portuguesa e Indias de Castela". Sao Paulo: Editora Nacional, 1958.
  • Lery, Jean de. Viagem a terra do Brasil , "Capitulo XV - De como os americanos tratam os prisioneiros de guerra e das cerimonias observadas ao mata-los e devora-los". Sao Paulo: Editora Edusp, 1980. p. 193-204.
  • Staden, Hans. Hans Staden: primeiros registros escritos e ilustrados sobre o Brasil e seus habitantes , "Historia veridica e descricao de uma terra de selvagens, nus e crueis comedores de seres humanos…". Sao Paulo: Editora Terceiro Nome, 1999. p. 53-84.

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