O
Bloqueio Continental
foi a proibicao imposta pelo imperador
Napoleao Bonaparte
, com a promulgacao, a
21 de novembro
de
1806
, do
decreto de Berlim
, que consistia em impedir o acesso a
portos
dos paises entao submetidos ao dominio do
Primeiro Imperio Frances
(
1804
-
1814
) a navios do
Reino Unido da Gra-Bretanha e Irlanda
.
O objetivo do bloqueio era atingir a
economia britanica
. Com a derrota em
Trafalgar
, a
Franca
nao teria mais condicoes de contestar o dominio ingles dos mares nem teria a possibilidade de invadi-la com uma expedicao de tropas transportadas via maritima. Depois da incursao naval inglesa na
Dinamarca
de agosto de
1807
, o Bloqueio foi estendido tambem aos portos do
mar Baltico
e, em novembro e dezembro do mesmo ano, foi radicalizado com os dois Decretos de
Milao
.
Com o primeiro, de
23 de novembro
de 1807, foram listadas algumas mercadorias, entre elas as provenientes das colonias, que seriam consideradas
a priori
como provenientes do Reino Unido. Alem disso, qualquer navio, nao apenas os britanicos, que atracassem num porto sujeito ao Bloqueio vindo de um porto do Reino Unido seria sujeito ao confisco da
carga
. Com o segundo decreto, de
17 de dezembro
de 1807, estabeleceu-se que os navios neutrais provenientes de pontos britanicos seriam considerados sem
nacionalidade
e, portanto, passiveis de captura em
alto-mar
por parte de navios franceses. Depois de tais decretos, tambem a
Russia
do
czar
Alexandre I
adotou o bloqueio e convenceu a
Austria
a tambem faze-lo.
Todavia, o Bloqueio Continental foi pouco respeitado, principalmente pela corrupcao (mediante
suborno
) de oficiais franceses que deveriam fiscalizar a aplicacao de todos os decretos (o de Berlim e os de Milao). No final, tomar os portos, fazer garantir o Bloqueio e punir quem nao o cumpria acabou sendo extremamente dispendioso para Franca, o que pode ter contribuido para acelerar sua derrota na
guerra
.
[
1
]
A reacao do Reino Unido nao tardou: em janeiro de
1807
foram emitidas algumas ordenancas que institucionalizaram o comportamento
de facto
da
Marinha Real Britanica
com relacao aos navios neutrais que tinham como destino portos franceses. Os navios abordados em alto-mar transportando mercadorias eram capturados e vendidos em
leilao
, alem de ter a carga sequestrada. A potencia da marinha britanica pode tornar tal medida muito mais eficaz que o bloqueio imposto por Napoleao Bonaparte. Como resultado, as mercadorias coloniais simplesmente desapareceram dos mercados dos paises sujeitos ao Bloqueio Continental. A acao dos britanicos levou a que os
Estados Unidos
, uma das nacoes neutras, aprovassem a
Lei de Embargo de 1807
contra os britanicos e que, em ultima instancia, levaria a
Guerra de 1812
.
O Bloqueio Continental revelou-se um "tiro pela culatra" para Napoleao. O bloqueio era mal visto pelas nacoes "aliadas" a Franca e isto contribuiu para reduzir em grande medida o prestigio de Napoleao nas terras por ele conquistadas. O desrespeito ao bloqueio exigiu que a Franca tomasse varias medidas contra as populacoes por ela administradas, incluidas acoes de repressao
militar
, significando um grande dispendio de recursos
economicos
e
humanos
, que ao fim e ao cabo mostrou-se fatal.
A intervencao contra
Espanha
e
Portugal
(outro pais que, como os
Paises Baixos
, vivia do trafico maritimo, nao se podia permitir ganhar a inimizade da primeira potencia maritima do mundo a epoca) do periodo 1807-1809 teve como objetivo impor as duas nacoes o respeito ao Bloqueio e a Campanha da Russia de 1812, que posteriormente levara
Napoleao
a ruina, foi a resposta ao ultimato do czar Alexandre I da Russia de
27 de abril
de
1812
, no qual intimava Napoleao a remocao do Bloqueio em seu pais.
Napoleao nao se conformou com a derrota para os ingleses, e criou o bloqueio continental para prejudicar a economia Inglesa, Portugal recusava-se a aderir ao bloqueio devido a alianca com a Inglaterra. Como o reino estava decadente, Portugal nao tinha como enfrentar Napoleao. Essa e uma das razoes que levou a
transferencia da Corte portuguesa
e o principe regente D. Joao, para o
Rio de Janeiro
, em 1808.
[
2
]
Referencias
- ↑
Francois Crouzet, "Wars, blockade, and economic change in Europe, 1792-1815."
Journal of Economic History
(1964) 24#4 pp 567-588
in JSTOR
.
- ↑
CERVO, Amado Luiz. Historia da politica exterior do Brasil. 3ª edicao. Brasilia - Editora Universidade de Brasilia, 2008.
- Aaslestad, Katherine B., and Johan Joor, eds.
Revisiting Napoleon's Continental System: Local, Regional and European Experiences
(Palgrave Macmillan, 2014). Ensaios abrangentes de especialistas,
excertos
- Breunig, Charles.
The Age of Revolution and Reaction 1789?1850
(1970), capitulo 2
[
Falta ISBN
]
- Broers, Michael.
Europe Under Napoleon
(IB Tauris, 2014).
[
Falta ISBN
]
- Carpentier, Jean; LEBRUN, Francois.
Historia da Europa.
Lisboa: Editorial Estampa, 1996.
ISBN 972-33-1085-6
- Crouzet, Francois. "Wars, blockade, and economic change in Europe, 1792?1815."
Journal of Economic History
24#4 (1964): 567?88.
JSTOR
- Godechot, Jacques, et al.
The Napoleonic era in Europe
(1971) pp. 126?39, 156?59. {ISBN?}}
- Gottschalk, Louis R.
The Era of the French Revolution. (1715?1815)
(1929) pp. 373?99.
online
- Heckscher, Eli.
The continental system: an economic interpretation
(1922), the only global survey of the Continental System;
online
- Knight, Roger.
Britain against Napoleon
(2013) pp. 386?416.
ISBN
0141977027
- Mowat, R. B.
The Diplomacy of Napoleon
(1924) pp. 190?206
online
- O’Rourke, Kevin H. "War and welfare: Britain, France, and the United States 1807?14."
Oxford Economic Papers
59.suppl 1 (2007): i8?i30.
- Rose, J. H. "Napoleon and English Commerce."
English Historical Review
8#32 (1893): 704?25.
online
.
- Ruppenthal, Roland. "Denmark and the Continental System."
Journal of Modern History
15.1 (1943): 7?23.
in JSTOR
- Sloane, William M."The Continental System of Napoleon"
Political Science Quarterly
(1898) 12#2 213?31.
online