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VIOLÊNCIA
Rapper Sabotage é morto a tiros em SP
Luciana Cavalcanti - 19.set.02/Folha Imagem
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O rapper Sabotage em frente ao antigo prédio do Dops, no centro de São Paulo, em 2002, ano em que atuou no filme "Carandiru"
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Músico, que compôs parte da trilha do filme "O Invasor", foi assassinado depois de deixar a mulher no trabalho
Sabotage foi atingido por quatro disparos por volta das 5h50 de ontem; levado para hospital, músico morreu às 11h25
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GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O rapper Mauro Mateus dos
Santos, 29, o Sabotage, foi morto
ontem com quatro tiros em uma
rua da zona sul de São Paulo.
Compositor da maioria das músicas da trilha do filme "O Invasor",
Sabotage foi encontrado caído na
calçada. A polícia investiga o
eventual envolvimento de um desafeto do rapper.
Sabotage foi atacado às 5h50 na
avenida Professor Abraão de Moraes depois de deixar a mulher, a
auxiliar de cozinha Maria Dalva
da Rocha Viana, 28, no trabalho,
em uma concessionária no Bosque da Saúde, na zona sul.
A polícia encontrou o rapper
caído, ainda com vida, a 200 metros da concessionária. Ele foi levado ao Hospital São Paulo, na
zona sul, mas não resistiu e morreu às 11h25 de ontem.
Os tiros atingiram o ouvido, a
boca e a coluna cervical do músico. Três cápsulas deflagradas
-provavelmente de uma pistola
380 milímetros- foram encontradas no local. Ao lado do corpo,
foi achada uma máscara preta, do
tipo da usada por motociclistas. O
material foi encaminhado ao Instituto de Criminalística.
Como não tinha carro, Sabotage
costumava levar a mulher ao trabalho de ônibus ou de lotação, segundo Fábio Lomonaco, assessor
de imprensa da YBrazil, gravadora responsável pelo CD da trilha
do filme "O Invasor".
Lomonaco calcula que o rapper,
que morava na favela do Canão,
no Jardim da Saúde (zona sul), retornava para pegar a condução
quando foi atacado. "Ele era uma
pessoa muito pacífica. Estamos
todos chocados."
A mulher de Sabotage, que chegou a ser atendida no hospital
após saber da morte do marido,
disse à polícia desconhecer qualquer desavença ou ameaça recente que justificasse o ataque. Mas
Maria Dalva informou que o músico "teve algumas brigas três ou
quatro anos atrás".
Uma das informações que está
sendo investigada é que um antigo desafeto do rapper teria saído
da cadeia há alguns dias.
Oficialmente, a polícia diz que
investiga todas as possibilidades.
"Ainda não há dados suficientes
para dizer se foi homicídio premeditado ou latrocínio [matar
para roubar]", disse o chefe dos
investigadores do 16º DP (Vila
Clementino), Miguel Pinheiro.
Sabotage tinha quatro filhos pequenos, um deles recém-nascido.
Casado há dez anos com Maria
Dalva, ele vivia sua melhor fase na
carreira. Ontem, viajaria para
Porto Alegre para dois dias de
show no bar Opinião, segundo informou Lomonaco.
"Ele era uma pessoa de paz. Só
pode ter sido inveja de seu sucesso", disse o rapper Márcio Menezes, 31, amigo há sete anos de Sabotage. "Se ocorreu alguma desavença, foi há muito tempo. Ele era uma pessoa pacífica e brincalhona." Ele disse que viu o amigo pela
última vez na madrugada de anteontem. Sabotage gravou uma
participação em uma faixa de CD
de um grupo rap de amigos.
No boletim de ocorrência do 16º
DP, o crime foi registrado como
tentativa de homicídio -ele morreu no hospital-, e a investigação não avançou durante o dia. A
polícia não soube dizer se algo foi
levado do rapper.
Com o pai desconhecido, Sabotage teve duas passagens pela polícia, em 1995. Uma por porte de
drogas e a outra por tráfico. Dizia
que o rap o salvou do crime.
Amigos do rapper concentraram-se ontem no hospital e no
Instituto Médico Legal. O corpo
só chegou ao IML às 19h45. Não
havia definição sobre o horário e
local do velório e do enterro do
músico até as 22h30 de ontem.
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