한국   대만   중국   일본 
Na Guine-Bissau morte de Verissimo Seabra desestabiliza transicao

Na Guine-Bissau morte de Verissimo Seabra desestabiliza transicao

por Agencia LUSA

A morte do chefe de Estado-Maior General das Forcas Armadas da Guine-Bissau, Verissimo Correia Seabra, na sequencia da sublevacao militar na capital guineense volta a desestabilizar o processo de transicao no pais, a caminho de eleicoes presidenciais.

A movimentacao militar de hoje em Bissau, que inicialmente e segundo a versao das autoridades guineense apenas reivindicava o pagamento de salarios em atraso, assumiu ao fim da tarde maiores proporcoes ao serem anunciadas as mortes de Seabra e do Chefe de Informacoes das Forcas Armadas guineenses, general Domingos Barros, pelo porta-voz do ministerio dos Negocios Estrangeiros portugues, Antonio Carneiro Jacinto.

A mesma fonte disse desconhecer a morte de uma terceira alta patente militar, o Chefe de Estado-Maior do Exercito, general Watan Na Lai, que, de acordo com fontes militares guineenses, podera ter sido igualmente morto na sublevacao.

No pais, as autoridades nao confirmam as mortes, nem tao pouco alguem ate agora falou em golpe de Estado, sabendo-se apenas que tanto o Presidente como o executivo se mantem em funcoes.

Apesar da aparente calma nas ruas, persiste alguma confusao patente nomeadamente num anuncio de recolher obrigatorio pelo Estado- Maior das Forcas Armadas, revogado 35 minutos depois a pedido do ministro dos Negocio Estrangeiro, Soares Sambu, que alegou "graves inconvenientes para a populacao".

A unica declaracao oficial ate agora feita partiu do primeiro- ministro Carlos Gomes Junior, ao deixar ao fim da manha a ideia de que a "insubordinacao militar" foi orquestrada por "certos circulos politicos", que nao identificou, mas acusou de nao saberem viver em democracia.

As conversacoes para por termo a crise entre os militares revoltosos e o governo, mediadas pelas Nacoes Unidas, foram iniciadas no quartel-general da marinha, prosseguindo depois com o presidente e, mais tarde, com o primeiro-ministro, sempre no maior secretismo.

As negociacoes decorrem agora no Ministerio dos Negocios Estrangeiros. O representante da ONU na Guine-Bissau, Joao Bernardo Honwana, que esteve no local ate as 20:00 (21:00 em Lisboa) reuniu-se de seguida com o embaixador portugues em Bissau, Antonio Jacob de Carvalho.

Reagindo a situacao em Bissau, o governo portugues, que esta a acompanhar em permanencia os acontecimentos, apelou para "a moderacao, respeito pela ordem constitucional vigente e pelo governo legitimamente eleito, instando todos os responsaveis a encontrar rapidamente uma solucao pacifica".

Segundo comunicado divulgado pelo gabinete do ministro dos Negocios Estrangeiros, foram estabelecidos contactos com a embaixada portuguesa em Bissau para, "caso se revele necessario, garantir a proteccao e seguranca da comunidade portuguesa residente naquele pais".

O Ministerio dos Negocios Estrangeiros portugues esta igualmente a promover contactos no ambito da Comunidade dos Paises de Lingua Portuguesa (CPLP) e com outras organizacoes internacionais e regionais no sentido de recolher mais informacao tendo em vista a normalizacao no pais.

O presidente da Republica portuguesa, Jorge Sampaio, apelou tambem para a reposicao da legalidade na Guine-Bissau, depois de tomar conhecimento da morte de Verissimo Seabra.

O chefe de Estado que classificou a accao desencadeada pelos militares como "uma grave violacao da legalidade", pediu ainda a comunidade internacional para que denuncie a "quebra do processo de transicao para a democracia" na Guine-Bissau.

Por seu lado a CPLP, ja lamentou profundamente a perda de vidas humanas e condenou "com veemencia os actos que conduziram a este tragico desfecho".

Num comunicado enviado a Agencia Lusa, a CPLP apela para o "bom senso e o estrito respeito da legalidade democratica e das instituicoes legitimas da Republica, que garantem os mecanismos de resolucao destes mesmos diferendos".

Apela ainda as Nacoes Unidas para "agilizar as ajudas de que o pais carece para a resolucao dos problemas mais prementes e que afligem a populacao guineense".

Hoje de manha, registou-se uma movimentacao inusitada de militares nas ruas de Bissau, tendo sido ouvidos tiros junto do quartel-general das forcas armadas guineenses.

Segundo as primeiras informacoes, os militares envolvidos pertencem ao contingente guineense que participou desde o inicio de Setembro de 2003, na missao de paz da Comunidade Economica dos Estados da Africa Ocidental (CEDEAO) na Liberia.

Estes militares, descontentes com a lideranca de Verissimo Seabra e que poderiam levantar objeccoes a concretizacao do golpe de Estado liderado por este general a 14 Setembro de 2003 contra Kumba Iala, foram estrategicamente enviados em missao de paz para a Liberia.

pub