RECURSOS NARRATIVOS N?OS LUS?ADAS
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RECURSOS NARRATIVOS N?
OS LUS?ADAS
Maria Paula Lamas
RESUMO
N?Os Lus?adas Lu?s de Cam?es exalta
sublimemente os feitos her?icos dos lusitanos, seguindo os modelos da
Antiguidade Cl?ssica.
Como a??o principal ? relatada a viagem dos
portugueses ? ?ndia, repleta de perip?cias localizadas num tempo que oscila
entre o passado e o porvir, atrav?s de um discurso alternadamente anal?tico ou
prol?tico. A narra??o inicia-se estrategicamente
in media res
,
encontrando-se as naus lusas j? no Oceano ?ndico. Os acontecimentos anteriores
s?o apresentados por Vasco da Gama, a pedido do rei de Melinde, e os posteriores
surgem essencialmente atrav?s da interven??o de personagens mitol?gicas, sob a
forma de profecia. Para real?ar os aspectos fulcrais, o Poeta recorre ? orat?ria
com o intuito de apelar, entusiasmar, despertar diversos sentimentos, em suma,
persuadir o receptor da mensagem.
Atrav?s de um estilo nobre, repleto de recursos
estil?sticos, Lu?s de Cam?es combina a l?ngua culta latinizante com a l?ngua
oral tradicional, perpetuando, de um modo ?mpar, o evento culminante do
Renascimento portugu?s, os Descobrimentos, e, imortalizando, assim, um Poeta, um
Povo e a sua Hist?ria.
Palavras-chave: epop?ia camoniana, recursos
narrativos
Na epop?ia camoniana Lu?s de Cam?es exalta
sublimemente os feitos her?icos dos lusitanos, seguindo os modelos da
Antiguidade Cl?ssica. Como a??o principal ? relatada a viagem dos portugueses ?
?ndia, repleta de perip?cias localizadas num tempo que oscila entre o passado e
o futuro, atrav?s de um discurso alternadamente anal?tico ou prol?tico.
Para narrar a expedi??o de Vasco da Gama ao
Oriente, datada de finais do s?c. XV, Lu?s de Cam?es recorreu, sobretudo, ?
Hist?ria do Descobrimento e Conquista da ?ndia pelos Portugueses
, de Fern?o
Lopes de Castanheda, ao
Roteiro da primeira viagem de
Vasco da Gama
, atribu?do a ?lvaro Velho, e ?
?sia
,
de Jo?o de Barros.
Documentado sobre as ocorr?ncias, o Poeta faz
coincidir o n?mero de est?ncias relativas ? expedi??o com o n?mero de dias em
que a mesma decorreu. Tal foi observado por Jorge de Sena que minuciosamente
efetuou um estudo sobre a estrutura d?
Os Lus?adas
. (Sena, 1970). Para
este investigador Lu?s de Cam?es pretendeu que a pr?pria estrutura da sua obra
fosse significativa, pois nada ? arbitr?rio n?
Os Lus?adas
. A atest?-lo a
presen?a do
n?mero de ouro
, dado que esta epop?ia, sendo uma obra de arte
do Renascimento, joga com a rela??o ideal entre as partes e o todo, numa
perfeita propor??o. Jorge de Sena demonstra que, ao aplicar-se a
regra de
ouro
a toda a obra, obt?m-se, precisamente, o verso que coincide com a
chegada dos portugueses ? ?ndia. Uma outra aplica??o do
n?mero de ouro
?s
duas partes do poema, resulta, na primeira parte, a est?ncia que relata a morte
de In?s de Castro, e, na segunda, a estrofe que narra a atua??o de Cupido com o
objetivo de as Ninfas se apaixonarem pelos marinheiros. Esta an?lise leva Jorge
de Sena a concluir sobre a relev?ncia da mensagem de Amor patente em toda a
epop?ia.
Como renascentista, Lu?s de Cam?es segue as
antigas epop?ias, essencialmente a
Eneida
de Virg?lio. No entanto, ao
basear-se na realidade hist?rica, o Poeta afasta-se do seu modelo, cujas a??es
s?o
Fant?sticas, fingidas, mentirosas,
(canto I, est. 11, v. 2), ao passo
que ele demonstra que
A verdade (...), nua e pura, / Vence toda
grand?loca escritura!
(canto V, est. 89, vv. 7-8).
Para despertar maior interesse, a narrativa
inicia-se
in media res
, dando Lu?s de Cam?es a conhecer ao leitor os
acontecimentos anteriores atrav?s de Vasco da Gama, que os vai apresentar a
pedido do rei de Melinde, ? semelhan?a da
Eneida
com o relato de En?ias a
Dido. Os fatos posteriores surgem, sob a forma de profecia, principalmente
atrav?s da palavra de entidades divinas.
O Poeta escolhe um dos momentos fulcrais da
viagem, ou seja, quando os portugueses navegam no Oceano ?ndico, para os deuses
se reunirem no Olimpo, a fim de decidirem sobre a sorte lusa relativamente ?
chegada ? ?ndia. Desde logo, fica determinado que o povo lusitano contar? com a
ajuda de V?nus e com a oposi??o de Baco. A permanente prote??o de Citer?ia, ao
longo de toda a viagem, ? tamb?m representativa da relev?ncia do Amor,
sentimento metaforicamente revelado na rota de Vasco da Gama. (Cf.
MACEDO
, 1980: 41-42). O deus do
v?cio vai ser oponente aos portugueses, porque os seus interesses e a sua fama
se encontram amea?ados face ? coragem e valentia de tal povo. Baco tamb?m remete
para a falsa religi?o, opondo-se ? F? Crist?, que era um dos objetivos
pretendidos com esta expedi??o ao Oriente. (Cf.
Macedo
, 1980: 41-42)
? estrategicamente que Lu?s de Cam?es interrompe a
viagem para relatar o que em simult?neo se passa no Olimpo, pretendendo uma
perfeita interliga??o entre os dois planos independentes, ou seja, a realidade
hist?rica e a interven??o dos deuses. O recurso cont?nuo ao maravilhoso pag?o
serve n?o s? para dar beleza e movimenta??o ? a??o, como para real?ar o valor do
povo lusitano que surge divinizado.
Verifica-se que n?
Os Lus?adas
h? uma
deliberada separa??o entre o mundo dos homens e a esfera dos deuses, sendo as
interven??es das divindades pag?s apresentadas veladamente como se fossem
fen?menos naturais, contrariamente ao que acontece na
Eneida
. (Cf.
Matos
, 1984: 351-352). Devido a
este fato, Vasco da Gama considera que ? a Divina Provid?ncia que o ajuda a
ultrapassar os momentos dif?ceis, nunca atribuindo essa coopera??o a V?nus, que
atua numa outra ?rbita ? qual o Ser Humano n?o tem acesso.
No decurso da viagem surge um contacto ilus?rio
entre os marinheiros e o Adamastor, cuja passagem ? a garantia de se alcan?ar o
Oriente atrav?s do desvendar dos mares desconhecidos. De fato, o encontro entre
o Gigante e Vasco da Gama ? apenas uma vis?o que emerge na imagina??o dos
navegantes, simbolizando o respeito que o Cabo das Tormentas impunha aos homens.
(Cf.
Saraiva
, 1979: 27).
Do mesmo modo, o pr?prio encontro dos portugueses
com as ninfas, na Ilha dos Amores, n?o desmente a inten??o de o Poeta pretender
separar a realidade da fic??o, pois s? ocorre depois da miss?o cumprida,
denotando este contacto a perpetua??o dos gloriosos feitos lusos. As aventuras
amorosas entre marinheiros e deusas localizam-se propositadamente no plano do
sobrenatural, em que deixa de existir a morte e as a??es praticadas pelos her?is
s?o meritoriamente imortalizadas. (Cf.
Saraiva,
1979: 27).
Com o intuito de dar mais vivacidade ? a??o, Lu?s
de Cam?es utiliza frequentemente a orat?ria para melhor percep??o dos
acontecimentos narrados, que permanecem atuais atrav?s do emprego do imperativo
e do presente hist?rico. Diretamente o emissor da mensagem apela, estimula e
tenta convencer o destinat?rio a tomar as atitudes pretendidas. Ant?nio Jos?
Saraiva observou que, ao contr?rio da
Eneida
em que os discursos est?o
inseridos na narrativa, na epop?ia camoniana, a narrativa ? que aparenta estar
dentro do discurso do Poeta que se desenrola entre as duas interven??es
dirigidas a D. Sebasti?o. (Cf.
Saraiva
,
1979: 29).
Como pren?ncio de ?xito, logo no Conc?lio dos
deuses, J?piter faz o elogio dos portugueses, afirmando a sua valentia e
considerando-os dignos de atingirem o seu objetivo. Posteriormente o pai dos
deuses vai reiterar este seu ju?zo, profetizando grandiosos feitos para os
lusitanos, quando V?nus o procura, lamentando-se da falta de aten??o a que est?o
sujeitos os seus protegidos, estando continuamente ? merc? das armadilhas de
Baco:
Fermosa filha minha, n?o temais
Perigo algum nos vossos Lusitanos,
(...)
Que eu vos prometo, filha, que vejais
Esquecerem-se Gregos e Romanos,
Pelos ilustres feitos que esta gente
H?-de fazer nas partes do Oriente. (canto II, est. 44).
Devido ? s?plica de V?nus, J?piter vai tomar
provid?ncias, enviando Merc?rio ? Terra para proporcionar uma boa recep??o ?
gente lusa. Finalmente os portugueses v?o encontrar um porto amig?vel, Melinde,
onde se v?o restabelecer para o prosseguimento da sua viagem. A?, o rei vai
solicitar a Vasco da Gama o relato da Hist?ria de Portugal, que vai ser narrada
pelo capit?o em forma de analepse.
Durante a exposi??o hist?rica ? assinal?vel o
epis?dio da
formos?ssima Maria
, filha de D. Afonso IV, casada com Afonso
XI de Castela, que emotivamente vai solicitar o aux?lio do pai:
Aquele que me deste por marido,
Por defender sua terra amedrontada,
(...)
Ao duro golpe est? da Maura espada.
E, se n?o for contigo socorrido,
Ver-me-?s dele e do Reino ser privada;
Vi?va e triste e posta em vida escura,
Sem marido, sem Reino e sem ventura. (canto III, est. 104).
O marido tem graves problemas, pois o seu reino
est? a ser invadido pelo inimigo comum. Se o rei portugu?s n?o se aliar ao
soberano castelhano, a Pen?nsula poder? correr o risco de ficar na posse dos
advers?rios, sendo imperioso conjugar esfor?os. O discurso hiperb?lico de D.
Maria ? de tal maneira eloq?ente que obt?m a melhor recep??o por parte do pai
que se disp?e, de imediato, a colaborar com o genro.
Um outro discurso relevante, igualmente
apresentado por Vasco da Gama ao rei de Melinde, ? o de In?s de Castro,
suplicando a D. Afonso IV que lhe poupe a vida, pois n?o fez nenhum mal que
justifique a sua morte. D. In?s de Castro era familiar de poderosos nobres que
amea?avam a independ?ncia de Portugal. O seu relacionamento amoroso com o
pr?ncipe herdeiro fazia perigar o reino, tanto mais que In?s e Pedro tinham
filhos que poderiam amea?ar a subida ao trono do leg?timo herdeiro, D. Fernando,
filho de D. Constan?a. Os conselheiros do rei v?o insistir na necessidade de
sacrificar D. In?s, exigindo a sua morte com base em argumentos pol?ticos. ?
impressionante a s?plica de D. In?s perante D. Afonso IV, tentando demov?-lo dos
seus mort?feros intuitos, e, apresentando como principal argumento os seus
filhos, netos do rei, que ficariam ?rf?os e desamparados:
A estas criancinhas tem respeito,
Pois o n?o tens ? morte escura dela;
Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te n?o move a culpa que
n?o tinha.
(canto III, est. 127, vv. 5-8).
Lu?s de Cam?es impregnou este seu epis?dio de um
maravilhoso lirismo, personificando a pr?pria natureza, que se compadece da
morte de uma donzela t?o bela.
Num estilo completamente diferente, mas igualmente
em forma de analepse, Lu?s de Cam?es apresenta-nos o discurso de Nuno ?lvares
Pereira, que apela aos lusitanos no sentido de se organizarem no combate a
Castela. Ap?s a morte de D. Fernando, a coroa portuguesa estava amea?ada, pois a
herdeira do trono, D. Beatriz, encontrava-se casada com o rei castelhano, e a
sua m?e, D. Leonor Teles, defendia os interesses alheios a Portugal. Trata-se de
um epis?dio que adquire grande relev?ncia, porque antecede o relato da Batalha
de Aljubarrota que p?s termo ? crise de 1383/85. Os portugueses sentiam-se
desmotivados e n?o pretendiam fazer frente ao inimigo, porque D. Fernando assim
os habituara, tal como refere Nuno ?lvares Pereira:
Pois se, com seus descuidos ou pecados,
Fernando em tal fraqueza assi vos p?s,
Torne-vos vossas for?as o Rei novo,
Se ? certo que c?o Rei se muda o povo. (canto IV, est. 17, vv. 5-8).
Atrav?s da for?a das suas palavras, o
Condest?vel
vai conseguir a mobiliza??o de grande parte do povo que se
convence da imperiosidade de combater Castela, conservando a independ?ncia
lusitana e elegendo como rei, D. Jo?o I, filho bastardo de D. Pedro.
Quase a terminar a sua narrativa ao soberano de
Melinde, Vasco da Gama vai referir as dolorosas despedidas de Bel?m. No meio dos
familiares e amigos dos marinheiros, surge o Velho do Restelo, personagem
simb?lica que representa a corrente que se op?e ? expedi??o ao Oriente. Os
argumentos utilizados v?o no sentido da preserva??o da vida humana e da uni?o da
fam?lia. Para o Velho do Restelo esta viagem daria origem a muita dor, morte e
semearia o adult?rio, fonte de desagrega??o do n?cleo mais importante da
sociedade. Esta figura considera que, com a partida dos homens mais valentes,
Portugal ficaria mais desamparado e vulner?vel ?s investidas do mouro do Norte
de ?frica que era necess?rio combater. Segundo Ant?nio Jos? Saraiva a posi??o do
Velho do Restelo contraria as convic??es humanistas manifestadas ao longo da
epop?ia camoniana. (Cf.
Saraiva
,
1980: 146-150). Constata-se que a apologia da luta contra os mouros
identifica-se com o ideal cavaleiresco que desvaloriza o com?rcio, e, por
conseguinte, op?e-se a um dos principais objetivos da viagem.
Ao longo da narrativa surgem outros discursos que
v?o registar acontecimentos vindouros, como ? o caso do Gigante Adamastor. Lu?s
de Cam?es utiliza habilidosamente, em forma de profecia, as informa??es de que
dispunha relativamente a acontecimentos que iriam ocorrer posteriormente. Os
naufr?gios sofridos por Bartolomeu Dias, D. Francisco de Almeida e Manuel de
Sousa Sep?lveda s?o apresentados como sendo o futuro castigo, a suprema vingan?a
do Gigante, face ao atrevimento dos portugueses em ousarem atravessar o seu
territ?rio mar?timo, at? ?quela ?poca inexplorado:
Sabe que quantas naus esta viagem
Que tu fazes, fizerem, de atrevidas,
Inimiga ter?o esta paragem,
Com ventos e tormentas desmedidas. (canto V, est. 43, vv. 1-4).
Sob a forma de vatic?nio elogioso, destaca-se no
final do poema a interven??o de T?tis na Ilha dos Amores, quando acompanha Vasco
da Gama ao cimo de um monte. A deusa vai mostrar-lhe o Universo em miniatura,
apontando os lugares nas v?rias partes do Mundo onde os portugueses se
notabilizariam atrav?s dos seus feitos:
At? qui, Portugueses, concedido
Vos ? saberdes os futuros feitos
Que, pelo mar que j? deixais sabido,
Vir?o fazer bar?es de fortes peitos. (canto X, est. 142, vv. 1-4).
Para transmitir
epicidade
? sua mensagem,
Lu?s de Cam?es recorre assiduamente ? compara??o baseado na Literatura da
Antiguidade. Tal sucede, por exemplo, no epis?dio de In?s de Castro, quando o
Poeta refere a orfandade dos filhos de In?s e compara a triste sorte desta
mulher indefesa com o caso de Policena, que foi sacrificada por Neopt?lemo por
imposi??o de seu pai, Aquiles. (Cf.
Escobedo
, 2002: 253). Ainda neste epis?dio surgem outras compara??es
igualmente elucidativas da posi??o de Lu?s de Cam?es face ?s ocorr?ncias
narradas. ? o caso da hist?ria dos irm?os Atreu e Tiestes, que o Poeta utilizou
para condenar a indignidade do ato cometido contra uma fr?gil donzela. (Cf.
S?neca
, 1996: 9). Fingindo fazer
as pazes com o irm?o, Atreu ofereceu a Tiestes um banquete em que lhe deu a
comer os pr?prios filhos como vingan?a da liga??o il?cita entre o seu irm?o e a
sua mulher. O crime foi t?o execr?vel que o sol se recusou a testemunh?-lo,
afastando os seus raios. Lu?s de Cam?es faz o paralelo entre este caso e o
mart?rio de In?s, considerando os dois semelhantes a n?vel de atrocidades
cometidas.
Neste epis?dio, apesar de se basear na verdade
hist?rica, Lu?s de Cam?es tamb?m recorre ? mitifica??o dos acontecimentos para
sensibilizar o leitor. Na ?poca In?s era considerada uma mulher manipuladora que
utilizava o seu poder junto do pr?ncipe, em benef?cio de interesses alheios ?
coroa portuguesa. (Cf.
Teyssier
,
1974: 569-571). S? posteriormente, quando desapareceram todas as pessoas que
poderiam testemunhar o seu car?ter, ? que se procedeu ? transforma??o da sua
imagem. Para essa mudan?a muito contribuiu Lu?s de Cam?es que referencia a
Quinta das L?grimas e a Fonte dos Amores, aliadas ao romance de Pedro e In?s,
ornamentando o seu poema com detalhes rom?nticos e cativantes. Ao desfigurar a
realidade, o Poeta embeleza magnificamente o seu relato, apresentando, com um
misto de veracidade e de lenda, uma das mais famosas e impressionantes hist?rias
de Amor.
Consoante os epis?dios e respectivas personagens
intervenientes, Lu?s de Cam?es vai conjugando a l?ngua culta latinizante com a
l?ngua oral tradicional, enaltecendo, assim, a sua epop?ia. Os variados recursos
estil?sticos utilizados amiudadamente no decurso d?
Os Lus?adas
elevam o
Poeta ? categoria de her?i, nivelando-o ao Povo por ele retratado, tal como
solicitara ?s ninfas do Tejo:
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda (canto I, est. 5, vv. 5-6).
Atrav?s de um estilo nobre, Lu?s de Cam?es
perpetua, de um modo ?mpar, o evento culminante do Renascimento portugu?s, os
Descobrimentos, e, imortaliza um Poeta, um Povo e a sua Hist?ria.
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Teyssier,
Paul. Le mythe d?In?s de Castro ? La
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VII separata dos Arquivos do Centro Cultural
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Comunica??o apresentada no III Simp?sio Internacional de Narratologia,
realizado em Buenos Aires, em Julho de 2004