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Varegues

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Arrasto do Volokut , de Nicholas Roerich

Os varegues ou varangianos (em nordico antigo : væringr ; em grego medieval : Β?ραγγοι, Βαρι?γοι ; romaniz. : Varangoi , Variagoi ; em russo e ucraniano : варяги, varyagi e varyahy ; em bielorrusso : вараг? , varahi ) foram viquingues [ 1 ] [ 2 ] [ 3 ] [ 4 ] que se deslocaram, do seculo XI ao XII, para o leste e sul de sua terra de origem, a Escandinavia , seguindo o curso dos rios da Europa do Leste e fixando-se no territorio ocupado pelas atuais Russia , Bielorrussia e Ucrania , [ 5 ] [ 6 ] e chegando eventualmente a Jerusalem , Constantinopla e Bagda . [ 7 ]

De acordo com a Cronica Primeira da Russia de Quieve , compilada por volta de 1113, os Rus' , um grupo de viquingues suiones , [ 8 ] [ 9 ] se deslocou de Uplandia , na atual Suecia , para o nordeste da Europa, onde formaram uma politeia primitiva centrada em torno de Ladoga e Novogardia Magna , sob o comando de seu lider, Rurique , dando inicio assim a dinastia que levou posteriormente seu nome . Sob o comando de Olegue de Quieve , parente de Rurique, os varegues se expandiram para o sul e capturaram Quieve , fundando o estado medieval da Russia . [ 10 ] [ 11 ]

Envolvendo-se em atividades de comercio , pirataria e atuando como mercenarios , os varegues vagavam pelos rios e vias aquaticas de Gardaricia , nome pelo qual as terras de Rus' eram conhecidas nas sagas nordicas . Controlavam a rota comercial do Volga ( rota dos varegues aos arabes ), que ligava o mar Baltico ao mar Caspio , e a rota comercial do Dniepre ( rota dos varegues aos gregos ), que levava ao mar Negro e a Constantinopla . [ 12 ] Estas eram importantes ligacoes comerciais na epoca, ligando a Europa da 'Idade das Trevas' com regioes ricas e desenvolvidas como os califados arabes e o Imperio Bizantino ; por meio destas rotas boa parte da prata usada na cunhagem de moedas vinha do Oriente para o Ocidente. Atraidos pelas riquezas de Constantinopla, os varegues de Rus' iniciaram as chamadas Guerras Russo-Bizantinas , que resultaram em tratados comerciais vantajosos para eles. Desde pelo menos o seculo X em diante diversos varegues serviram como mercenarios no exercito bizantino , formando a chamada Guarda Varegue . Com o tempo a maior parte deles, tanto em Bizancio quanto no resto da Europa, se converteram do paganismo para o cristianismo ortodoxo , num processo que culminou com a cristianizacao da Russia de Quieve , ocorrida em 988.

Os descendentes e sucessores de Rurique apos 862 foram os diversos integrantes da dinastia homonima, como o principados da Galicia-Volinia (apos 1199), Czernicovia , Vladimir-Susdalia , o Grao-Ducado de Moscou e os fundadores do Czarado da Russia . [ 13 ] Coincidindo com o declinio geral da Era Viquingue , o influxo de nordicos a Rus' foi cessando, e os varegues acabaram sendo assimilados pelos eslavos orientais ao fim do seculo XI . Ainda assim, acabaram legando o nome a terra da Rus medieval e da Russia moderna, bem como o etnonimo de sua populacao . [ 8 ] [ 14 ] Na Russia, o termo 'varegue' continuou a ser um sinonimo para ' sueco ' ate o fim do seculo XVI . [ 15 ]

Etimologia [ editar | editar codigo-fonte ]

Convidados de Alem-Mar , Nicholas Roerich (1899)

O grego medieval Varangos e o antigo eslavo oriental var?g? foram derivados do nordico antigo væringi , que era originalmente um composto formado por var , "juramento", e gengi , "companheiro", designando uma pessoa que passou por um juramento, ou um estrangeiro que assume seu servico a um novo senhor atraves de um tratado de lealdade a ele, ou um de seus protegidos. [ 16 ] [ 1 ] Alguns estudiosos admitem uma derivacao do sufixo -ing- , comum a outras linguas germanicas . [ 17 ] Este sufixo, no entanto, e declinado de maneira diferente no nordico antigo; alem do mais, o termo e atestado com a forma -gangia- em outros idiomas germanicos do inicio da Idade Media: por exemplo, o ingles antigo wærgenga , o francico wargengus e o lombardo waregang . [ 18 ] A reducao da segunda parte da palavra estabelece um paralelo com o que e visto no nordico antigo foringi , "lider", e o ingles antigo foregenga e o gotico fauragangja , "mordomo", "camareiro". [ 19 ] [ 20 ]

Varegues de Rus' [ editar | editar codigo-fonte ]

O Convite dos Varegues , de Viktor Vasnetsov : Rurique e seus irmaos, Sineus e Truvor , chegam as terras dos eslavos de Ilmen

Apos se fixar em Aldeigja (Ladoga) na decada de 750, colonos escandinavos provavelmente foram um dos elementos presentes na etnogenese inicial do povo Rus' , e seguramente tiveram um papel de destaque na formacao do Grao-Canato de Rus . Os varegues ( Varyags , no antigo eslavo oriental ) foram mencionados pela primeira vez na Cronica Primeira , cobrando tributos das tribos eslavas e finicas em 859; os curonios de Grobin tambem sofreram uma invasao dos suecos na mesma data.

Devido em grande parte a consideracoes geograficas, frequentemente argumentou-se que a maioria dos varegues que viajou e colonizou as terras a leste do mar Baltico, Russia e os territorios ao sul vieram da regiao da atual Suecia . [ 21 ]

De acordo com a Cronica Primeira , em 862, as tribos finicas e eslavas se rebelaram contra os varegues de Rus', expulsando-os de volta para a Escandinavia, porem logo comecaram a entrar em conflito umas com as outras. A situacao de tumulto fez com que as tribos convidassem os varegues de Rus' "para vir e governa-los", e trazer paz a regiao. Liderados por Rurique e seus irmaos, Truvor e Sineus , os varegues (chamados de Rus' ) aceitaram o convite e se fixaram em torno da cidade de Holmgard (Novhorod).

Enterro de navio de um chefe tribal Rus' , tal como descrito pelo viajante arabe Amade ibne Fadalane , que visitou a Russia de Quieve no seculo X .
Heinrich Semiradzki (1883)

No seculo IX , os Rus' controlavam a rota comercial do Volga , que ligava o norte da Russia ( Gardaricia ) com o Oriente Medio ( Serclandia ). A medida que a rota do Volga perdeu importancia, no fim do seculo, a rota comercial dos varegues aos gregos rapidamente a suplantou em popularidade. Alem de Ladoga e Novogardia, Gnezdovo e Gotlandia estavam entre os principais centros do comercio varegue. [ 22 ]

A Cronica Primeira lista por duas vezes os Rus' entre outros povos varegues, como os suioes (suecos), normandos , anglos , gutos [ 23 ] ( normandos era um termo usado no antigo russo para referir-se aos noruegueses , enquanto anglos pode ser interpretado como ' dinamarqueses '); em alguns trechos a Cronica menciona os eslavos e os Rus' como povos distintos, porem em outros trechos mistura-os.

Historiadores ocidentais tendem a concordar com a Cronica Primaria que estes varegues conseguiram organizar os povoados eslavos existentes na entidade politica da [[Russia de Quieve] na decada de 880, e deram aquela terra o seu nome. Diversos estudiosos eslavos se opoem a esta teoria da influencia germanica sobre os Rus', e sugeriram cenarios alternativos para esta parte da historia do Leste Europeu, argumentando que o autor da Cronica , um monge chamado Nestor, teria sido empregado pela corte dos varegues. A historiografia russa inclui diversas teorias anti-normanistas , contrarias a teoria normanista de uma origem escandinava dos varegues. De acordo com o controverso academico ucraniano Yuri Shilov, os varegues ( Vargi ) seriam uma tribo de eslavos balticos sem qualquer relacao com os viquingues nordicos. [ 24 ]

Contrastando com a intensa influencia escandinava na Normandia e nas Ilhas Britanicas , a cultura varegue nao sobreviveu no Leste. Ao contrario, as classes dominantes varegues das duas poderosas cidades-estado de Novogardia e Quieve sofreram um intenso processo de eslavizacao no fim do seculo X . O nordico antigo foi falado num determinado distrito de Novgorod, no entanto, ate o seculo XIII .

Rus' e o Imperio Bizantino [ editar | editar codigo-fonte ]

Mapa mostrando as principais rotas comerciais varegues: a rota comercial do Volga (em vermelho) e a rota comercial dos varegues aos gregos (em purpura). Outras rotas comercias dos seculos VIII-XI sao mostradas em laranja

O primeiro registro bizantino dos Rus' data de antes de 842, e foi preservado na Vida de Sao Jorge de Amastris , em grego, que fala de uma incursao militar que teria penetrado na Paflagonia . Alguns estudiosos, no entanto, dataram a Vita (ou parte dela) ao seculo X , e existe pouca unanimidade a respeito da data desta incursao. [ 25 ]

Em 839, o imperador Teofilo negociou com estrangeiros, que ele chamou de Rhos , para fornecer alguns mercenarios a seu exercito. [ carece de fontes ? ]

Foi a partir de Quieve, em 860, que os Rus', comandados por Ascoldo e Dir , iniciaram seu primeiro ataque a Constantinopla . O resultado deste ataque inicial e controverso, porem os varegues continuaram seus esforcos, navegando regularmente em seus monoxilos pelo Dniepre rumo ao Mar Negro . As incursoes no Mar Caspio dos Rus' foram registradas por autores arabes na decada de 870 e em 910, 912, 913 e 943, e mesmo mais tarde. Embora os Rus' mantivessem relacoes comerciais predominantemente pacificas com os bizantinos, os governantes de Quieve deram inicio a expedicao naval de 907 , relativamente bem-sucedida, e a campanha abortada de 941 contra Constantinopla , bem como a invasao dos Balcas por Esviatoslau I entre 968 e 971.

Estas incursoes foram bem-sucedidas na medida em que forcaram os bizantinos a reorganizar seus acordos comerciais ; militarmente, os varegues costumavam ser derrotados pelas tropas bizantinas, superiores a elas especialmente no mar, e devido ao uso feito pelos bizantinos do fogo grego . Diversas atrocidades foram relatadas por historiadores gregos (que dificilmente eram totalmente imparciais em suas narrativas) durante estas incursoes; afirmava-se que os rus' crucificavam suas vitimas e cravavam pregos em suas cabecas. [ carece de fontes ? ]

Guarda varegue [ editar | editar codigo-fonte ]

Ver artigo principal: Exercito bizantino
Membros da Guarda Varegue, em iluminura da Cronica de Escilitzes , no manuscrito conhecido como Escilitzes de Madrid

A desconfianca de Basilio II Bulgaroctono de sua guarda nativa bizantina , cujas lealdades frequentemente se alteravam - com consequencias fatais - bem como a notoria lealdade dos varegues, fez com ele decidisse emprega-los como seus guarda-costas pessoais. Esta nova forca militar ficou conhecida como Guarda Varegue (em grego : Τ?γμα των Βαρ?γγων , Tagma t?n Varang?n ). Ao longo dos anos, novos recrutas da Suecia, Dinamarca e Noruega mantiveram uma composicao predominantemente escandinava a organizacao, ate o fim do seculo XI . Tantos escandinavos abandonaram suas terras natais para se alistar na guarda que uma lei medieval sueca de Gotalandia Ocidental decretou que ninguem que estivesse na "Grecia" - termo utilizado entao entre os escandinavos para se referir ao Imperio Bizantino - teria direito a herancas. [ 26 ] Ainda no seculo XI , outras duas cortes europeias recrutaram escandinavos: [ 27 ] a Russia de Quieve entre 980 e 1060, e Londres entre 1018 e 1066 (a Þingalið ). [ 27 ] Steven Runciman , na sua Historia das Cruzadas , observou que na epoca do imperador Aleixo Comneno , a Guarda Varegue bizantina era formada em grande parte por anglo-saxoes e "outros que tinham sofrido nas maos dos viquingues e de seus primos, os normandos ." Anglo-saxoes e outros povos germanicos partilhavam com os viquingues uma tradicao de servico sacramentado por meio de juramentos - fiel ate a morte se necessario - e apos a conquista normanda da Inglaterra diversos homens anglo-saxoes em idade de combate que haviam perdido suas terras e seus antigos senhores passaram a procurar por um meio de subsistencia fora de seu pais.

Historia [ editar | editar codigo-fonte ]

Ja em 911 os varegues sao mencionados como mercenarios combatendo para os bizantinos. Cerca de 700 varegues serviram, juntamente com dalmatas , como infantaria naval em expedicoes maritimas dos bizantinos contra o Emirado de Creta , em 902, e uma tropa de cerca de 629 individuos teria retornado a Creta sob a lideranca de Constantino VII , em 949. Uma unidade de 415 varegues participou de uma expedicao a Italia realizada em 936. Tambem existe o registro de contingentes varegues entre as tropas que combateram os arabes na Siria em 955. Durante este periodo, os mercenarios varegues foram incluidos na Grande Companhia (em grego: Μεγ?λη Εταιρε?α).

Em 988 Basilio II Bulgaroctono solicitou auxilio militar a Vladimir I de Quieve para defender seu trono. Seguindo o tratado feito por seu pai apos o Cerco de Dorostolo , em 971, Vladimir enviou 6.000 homens para ajudar Basilio; em troca, recebeu a mao da irma do imperador bizantino, Ana . Vladimir tambem concordou em se converter ao cristianismo e a trazer seu povo para a fe crista .

Em 989 estes varegues, liderados pelo proprio Basilio II, desembarcaram em Crisopolis para derrotar o general rebelde, Bardas Focas . Em pleno campo de batalha, Focas sofreu um derrame fulminante; e ao ver seu lider morto, seus soldados entraram em debandada. A brutalidade dos varegues ficou patente quando eles perseguiram o exercito em fuga e "cortaram-nos, animadamente, em pedacos."

Estes homens formaram o nucleo da Guarda Varegue, que serviu extensivamente no sul da Italia durante o seculo XI , a medida que os normandos e lombardos tentaram por um fim a autoridade bizantina na regiao. Em 1018 Basilio II recebeu um novo pedido de ajuda, desta vez do catapano da Italia , Basilio Boiano , para enviar reforcos que o auxiliassem a debelar a revolta lombarda liderada por Melo de Bari . Um destacamento da Guarda Varegue foi enviado, e na Batalha de Canas , naquele mesmo ano, os gregos conseguiram uma vitoria decisiva.

Os varegues tambem participaram da retomada parcial da Sicilia das maos dos arabes , comandada por Jorge Maniaces , em 1038. Na ocasiao, combateram ao lado dos normandos, que haviam acabado de chegar a Italia, e lombardos vindos da regiao da Apulia , dominada pelos bizantinos. Um membro proeminente da Guarda. nesta epoca, foi Haroldo Manto Cinzento , que mais tarde foi rei da Noruega . No entanto, quanto Maniaces ostracizou os lombardos ao humilhar publicamente seu lider, Arduino , ambos estes povos abandonaram a empreitada, e os varegues logo fizeram o mesmo.

Pouco tempos depois, o catapano Miguel Duciano contava com uma tropa de varegues estacionada em Bari . Em 16 de marco de 1041 estes varegues foram convocados para combater os normandos nas proximidades de Venosa , e muitos se afogaram, durante a retirada subsequente, ao cruzar o rio Ofanto . Em setembro, Exaugusto Boioanes foi enviado para a Italia, para combater ao lado de um pequeno contingente de varegues, substituindo Duciano, que caira em desgraca. Em 3 de setembro de 1041 estas tropas foram definitivamente derrotadas pelos normandos.

Diversos dos ultimos catapanos foram enviados de Constantinopla com unidades compostas por varegues. Em 1047 Joao Rafael foi enviado para Bari com um contingente de varegues, porem os nativos da cidade recusaram-se a receber suas tropas, e ele acabou passando sua temporada na regiao sediado em Otranto . Vinte anos mais tarde, em 1067, o ultimo catapano bizantino no sul da Italia, Mabrica , desembarcou com tropas auxiliares varegues, conquistando Brindisi e Taranto . Na desastrosa Batalha de Manziquerta , em 1071, praticamente todos os membros da Guarda Varegue foram mortos, juntamente com o imperador a quem serviam. [ 28 ]

Formada principalmente por escandinavos durante os seus primeiros cem anos, a Guarda passou a ver um aumento nos numeros de anglo-saxoes em suas fileiras apos a invasao bem-sucedida da Inglaterra pelos normandos, em 1066. Em 1088 grandes numeros de anglo-saxoes e dinamarqueses emigraram para o Imperio Bizantino atraves do mar Mediterraneo . [ 12 ] Segundo uma fonte, mais de 5.000 deles teriam chegado, em 235 navios. Aqueles que nao conseguiram integrar as tropas imperiais se estabeleceram na costa do mar Negro , onde construiram e ocuparam fortificacoes para Aleixo I Comneno . [ 29 ] Estes individuos eventualmente se tornaram tao importantes entre os varegues que a Guarda era comumente chamada de Englinbarrangoi (anglo-varegues) a partir de entao. Com esta denominacao, combateram na Sicilia, contra os normandos (liderados por Roberto Guiscardo ), que tentou invadir tambem, sem sucesso, os baixos Balcas.

Mapa das expedicoes viquingues , mostrando a imensa amplitude de suas viagens, atraves da maior parte da Europa , do mar Mediterraneo , Norte da Africa , Asia Menor , Artico e America do Norte

Escrevendo sobre a unidade, tal como era composta em 1080, a cronista e princesa Ana Comnena refere-se a eles como "estes barbaros empunhando machados ", "vindos de Thule ", uma provavel referencia as ilhas Britanicas ou a Escandinavia. [ 30 ] Da mesma maneira, o funcionario publico, soldado e historiador Joao Cinamo os descreveu como "portadores de machado" que guardavam o imperador, originarios da "nacao britanica, que havia estado a servico dos imperadores romanos desde muito tempo atras." [ 31 ] Cinamo escreveu sua obra no fim do seculo XII , o que indicava talvez que a composicao majoritariamente saxa e dinamarquesa da Guarda continuou ate a altura da Quarta Cruzada .

Os varegues utilizavam de fato um machado longo como sua principal arma, embora tambem soubessem frequentemente empunham com habilidade espadas e arco e flecha . Em algumas fontes, como a Alexiada , de Ana Comnena, sao descritos sobre cavalos ; tanto viquingues quanto a elite dos guerreiros anglo-saxoes utilizavam rotineiramente cavalos para lhes fornecer mobilidade estrategica, embora combatessem normalmente a pe. A Guarda ficava estacionada primordialmente em torno de Constantinopla, e pode ter tido um quartel-general no complexo do Palacio de Bucoleao . A Guarda tambem acompanhava exercitos em combate, e diversos cronistas bizantinos (bem como europeus e arabes) comentaram sobre suas proezas no campo de batalha, especialmente quando comparados aos povos barbaros locais. Foram vitais a vitoria bizantina sob o imperador Joao II Comneno na Batalha de Beroia , em 1122. Os varegues conseguiram abrir a forca caminho dentro do circulo de carrocas pechenegues , implodindo a posicao do inimigo e provocando uma debandada geral em seu acampamento. [ 31 ] O historiador bizantino Miguel Pselo escreveu que todos os varegues, sem excecao, utilizavam a arma chamada de rhomphaia , [ 32 ] porem este termo pode ser um aticismo na literatura bizantina, referindo-se na realidade ao machado dinamarques . [ 33 ]

Tiveram um papel de destaque na defesa de Constantinopla durante a Quarta Cruzada ; de acordo com um relato contemporaneo, a Guarda, composta entao principalmente por ingleses e dinamarqueses, teria encontrado uma batalha "muito dura, com combates mano a mano com machados e espadas, [durante o qual] os invasores escalaram as muralhas e prisioneiros foram feitos de ambos os lados." [ 12 ] A Guarda Varegue ainda estava em operacao ate meados do seculo XIV , e individuos identificados como varegues podiam ser encontrados em Constantinopla ate por volta de 1400. [ 34 ]

Funcao [ editar | editar codigo-fonte ]

A Guarda Varegue, em iluminura da cronica de Joao Escilitzes

As tarefas e o proposito da Guarda Varegue eram semelhantes - se nao identicos - aos servicos prestados pelos drujina de Quieve, os hird noruegueses, e os huscarlos anglo-saxoes e escandinavos. Os varegues atuavam como guarda-costas pessoais [ 35 ] do imperador bizantino , prestando a ele um juramento de lealdade; tinham funcoes cerimoniais como criados e aclamadores, e executavam algumas tarefas policiais, especialmente em casos de traicao e conspiracao. Eram comandados por um oficial proprio, o acoluto , que geralmente era bizantino.

A Guarda Varegue era usada em combates militares apenas durante momentos criticos, ou em batalhas especialmente ferozes. [ 36 ] Cronistas bizantinos contemporaneos relataram, com um misto de terror e fascinio, que "os escandinavos eram assustadores, tanto na aparencia quanto em suas armas, atacavam com furia destemida e nao se preocupavam nem em perder sangue nem com seus ferimentos." [ 36 ] A descricao provavelmente referia-se as gangues de berserkers , ja que esse estado de transe lhes daria uma forca sobre-humana e tolerancia a dor advinda dos ferimentos. [ 36 ] Quando o imperador bizantino morria, os varegues tinham o direito exclusivo de se dirigir ao tesouro imperial e retirar de la tanto ouro e pedras preciosas quanto conseguissem carregar, um costume conhecido no antigo nordico como polutasvarf ("pilhagem do palacio"). [ 36 ] Este privilegio permitia a muitos varegues voltar para casa como homens ricos, o que encorajava outros escandinavos a ir para Miklagarðr (sueco: Miklagard , "A Grande Cidade", referindo-se a Constantinopla) se alistar na Guarda. [ 36 ]

A lealdade dos varegues tornou-se celebre entre os autores bizantinos. Escrevendo sobre a captura do trono imperial em 1081 por seu pai, Aleixo , Ana Comnena aconselhou-o a nao atacar os varegues que ainda defendiam o imperador Niceforo III Botaniates , pois eles "consideravam a lealdade aos imperadores e a protecao de suas pessoas uma tradicao familiar, uma especie de confianca sagrada." Esta alianca, segundo ela, "e considerada inviolavel por eles, e jamais toleram o indicio mais sutil de traicao." [ 37 ] Ao contrario dos guardas bizantinos nativos, em quem Basilio II confiava tao pouco, as lealdades dos guardas varegues encontravam-se com o cargo de imperador, e nao com o homem que o ocupava. Isto ficou claro em 969, quando os guardas nao vingaram o assassinato do imperador Niceforo II Focas . Um criado havia conseguido chama-los enquanto o imperador era atacado, porem ao chegarem o monarca ja se encontrava morto; os varegues entao imediatamente ajoelharam-se diante de Joao Tzimisces , assassino de Niceforo, e saudaram-no como imperador. "Enquanto vivia, eles teriam defendido-o ate o ultimo suspiro; uma vez morto, nao havia mais sentido em vinga-lo. Tinham um novo senhor agora." [ 38 ]

Esta reputacao nao confere, no entanto, com a realidade, em pelo menos dois exemplos registrados ao longo da historia; em 1071, depois da derrota do imperador Romano IV Diogenes pelo sultao Alparslano , um golpe palaciano foi posto em pratica antes que ele pudesse retornar a Constantinopla. Seu filho adotivo, o cesar Joao Ducas , utilizou a Guarda Varegue para depor o imperador ausente, prender a imperatriz Eudoxia, e coroar seu irmao, Miguel VII Ducas como novo imperador. Assim, no lugar de defender o imperador ausente, os varegues foram usados pelos usurpadores, provando sua lealdade ao trono, e nao a quem sentava sobre ele em determinado momento. Num episodio mais sinistro, o historiador Joao Zonaras relata uma revolta da guarda contra Niceforo III Botaniates, apos o general Niceforo Brienio , em 1078, que "planejava mata-lo" ser detido pro tropas leais e ser cegado . Os varegues pediram e receberam posteriormente perdao imperial. [ 39 ]

Reputacao [ editar | editar codigo-fonte ]

Embora os varegues tenham sido representados, em obras artisticas como o romance Conde Roberto de Paris , de Walter Scott , como os mais ferozes e leais dentre as tropas bizantinas, esta reputacao provavelmente foi exagerada ao longo dos seculos. Este exagero teria sido iniciado pelos proprios autores bizantinos, que atribuiam uma identidade de " nobre selvagem " aos varegues. Diversos escritores bizantinos referiam-se a eles como "barbaros que portavam machados" ( pelekyphoroi barbaroi ), e nao como varegues. [ 12 ]

Alem de sua lealdade feroz, as caracteristicas mais associadas a Guarda Varegue durante o seculo XI eram seus grandes machados e sua propensao para o consumo excessivo de bebidas alcoolicas . Existem inumeras historias de episodios em que varegues estao bebados; em 1103, durante uma visita a Constantinopla, o rei Erico, o Bom , da Dinamarca, teria "encorajado membros da guarda a ter uma vida mais sobria, e nao se entregar tanto a bebedeira". Num texto do seculo XII , sao descritos como "os sacos de vinho do imperador."

Referencias

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  2. Oleg - Encyclopædia Britannica
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  4. væringer - Store Norske Leksikon
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  18. Blondal & Benedikz, p. 4; D. Parducci, "Gli stranieri nell’alto medioevo", Mirator 1 (2007) em italiano , trecho em ingles
  19. Falk & Torp, p. 1403; outras palavras que tem a mesma segunda parte sao: o nordico antigo erfingi , "herdeiro"; armingi / aumingi , "mendigo"; bandingi , "cativo"; hamingja , "sorte"; heiðingi , "lobo"; lausingi / leysingi , "sem lar"; cf. Falk & Torp, p. 34; Vries, p. 163.
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  21. Forte, Angelo, Richard Oram, and Frederik Pedersen. Viking Empires . Cambridge University Press, 2005 ISBN 0-521-82992-5 . p. 13?14.
  22. Uma vultosa maioria (40 000) de todas as moedas arabes da Era Viquingue encontradas na Escandinavia foram encontradas em Gotlandia. Em Escania , Olanda e Uplandia cerca de 12 000 moedas foram descobertas. Outras regioes escandinavas renderam consideravelmente menos descobertas: 1 000 na Dinamarca , e cerca de 500 na Noruega . Moedas bizantinas foram encontradas quase que exclusivamente em Gotlandia (cerca de 400). Ver Arkeologi i Norden 2 . Forfattarna och Bokforlaget Natur & kultur. Estocolmo 1999, e Gardell, Carl Johan: Gotlands historia i fickformat , 1987. ISBN 91-7810-885-3 .
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  35. Nao e nem incomum nem peculiar aos bizantinos que uma unidade formada por estrangeiros conquistasse tamanho prestigio e acesso livre ao monarca. O proprio imperador romano Augusto tinha uma guarda pessoal formada por germanicos , a Collegium Custodum Corporis ou Germani Corporis Custodes , que o protegia de possiveis insurreicoes dos pretorianos , que eram romanos. Esta guarda foi reinstaurada sob Tiberio , e perdurou ate os tempos de Nero .
  36. a b c d e Enoksen, Lars Magnar. (1998). Runor : historia, tydning, tolkning . Historiska Media, Falun. ISBN 91-88930-32-7 p. 135
  37. Ana Comnena, The Alexiad (Londres: Penguin, 2003), p. 97.
  38. Norwich, John J (1997). A Short History of Byzantium . [S.l.]: Viking. ISBN   0-679-77269-3   .
  39. Buckler, p. 367.

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Fontes primarias [ editar | editar codigo-fonte ]

Fontes secundarias [ editar | editar codigo-fonte ]

  • Buckler, Georgina. Anna Comnena: A Study . Oxford: University Press, 1929.
  • Blondal, Sigfus. Varangians of Byzantium: An Aspect of Byzantine Military History . Trad. para o ingles de Benedikt S. Benedikz, Cambridge: 1978. ISBN 0-521-21745-8 .
  • Davidson, H.R. Ellis. The Viking Road to Byzantium . Londres: 1976. ISBN 0-04-940049-5 .
  • Enoksen, Lars Magnar. (1998). Runor : historia, tydning, tolkning . Historiska Media, Falun. ISBN 91-88930-32-7 .
  • Jansson, Sven B. (1980). Runstenar . STF, Estocolmo. ISBN 91-7156-015-7 .
  • Andre Szczawlinska Muceniecks, Revisitando a controversia Normanista, Nucleo de Estudos Vikings e Escandinavos, Universidade de Sao Paulo
  • Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]