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Tia Ciata

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Tia Ciata
Tia Ciata
Tia Ciata
Informacao geral
Nome completo Hilaria Batista de Almeida
Nascimento 13 de janeiro de 1854
Local de nascimento Santo Amaro da Purificacao , Bahia , Brasil
Morte 10 de abril de 1924  (70 anos)
Local de morte Rio de Janeiro , Brasil
Nacionalidade brasileira
Ocupacao(oes) Sambista e Ialorixa

Hilaria Batista de Almeida , conhecida como Tia Ciata ( Santo Amaro da Purificacao , 13 de janeiro de 1854 ? Rio de Janeiro , 10 de janeiro de 1924 ) foi uma sambista , mae de santo brasileira e curandeira, considerada por muitos como uma das figuras mais influentes para o surgimento do samba carioca . Foi iniciada no candomble em Salvador por Bamboxe Obitico e era filha de Oxum . [ 1 ] [ 2 ]

No Rio de Janeiro , era iaquequere na casa de Joao Alaba . Tambem ficou marcada como uma das principais animadoras da cultura afro-brasileira , sobretudo na regiao central carioca . Em sua casa na Praca Onze , onde os sambistas se reuniam, foi criado o primeiro samba gravado em disco . [ 3 ] [ 4 ]

Tia Ciata se tornou a grande dama das comunidades negras no Brasil pos-abolicao e uma das principais incentivadoras do samba depois de abrir as portas de sua casa para reunioes de sambistas pioneiros quando a pratica ainda era proibida por lei. [ 1 ] [ 5 ]

Biografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Aos 16 anos, apesar da juventude, ja participava da fundacao da Irmandade da Boa Morte em Cachoeira, municipio do Reconcavo Baiano . [ 6 ]

Aos 22 anos, ela se mudou para a cidade do Rio de Janeiro, no exodo que ficou conhecido como diaspora baiana (a migracao de baianos para outras partes do Brasil e do mundo, que ocorreu principalmente durante o seculo XX). Com essa idade, levou o samba de roda para o Rio de Janeiro. [ 2 ]

Foi a mais famosa das tias baianas ( na maioria ialorixas do Candomble que deixaram Salvador e foram ao Rio de Janeiro por causa das perseguicoes policiais) do inicio do seculo.

Casou-se algum tempo depois com Joao Baptista da Silva, funcionario publico, com quem teve 14 filhos, relacionamento que foi fundamental para a sua afirmacao na Pequena Africa , como era conhecida a area da Praca Onze nesta epoca. [ 1 ]

Ciata teve de trabalhar como quituteira para ajudar em casa e sustentar os filhos. Paramentada com turbantes na cabeca e volumosos vestidos brancos, foi uma das precursoras do movimento de tias baianas quituteiras na Cidade Maravilhosa. Atraves de mandingas e tabuleiros repletos de bolos, manjares e cocadas, a atuacao das tias quituteiras foi fundamental para garantir a manutencao da cultura popular trazida da Bahia e dos ritos de tradicao africana, alem do sustento de suas familias. [ 7 ]

Samba [ editar | editar codigo-fonte ]

Com uma culinaria eximia e circulos sociais impulsionados por efusivas expressoes musicais, a residencia de Ciata, situada na antiga Rua Visconde de Itauna, adjacente a Praca Onze, tambem reconhecida como "Pequena Africa", rapidamente ascendeu como um dos principais epicentros de encontros para proeminentes personalidades do samba carioca, a exemplo de Pixinguinha , Donga , Heitor dos Prazeres , Sinho e Joao da Baiana . [ 7 ]

Concomitantemente a presenca daqueles que, no futuro, se destacariam, mas que ainda eram meros jovens musicos, Ciata nao deixava a desejar: ela liderava o partido-alto com autoridade, respondendo de maneira energica aos refraos, e era habil no dominio do "miudinho" - uma variante do samba executada com os pes alinhados, em que se destacava como uma mestra experiente. [ 7 ]

O seu domicilio consagrou-se como um ponto de encontro tradicional para as personalidades do samba carioca, a ponto de, nos primeiros anos dos desfiles das escolas de samba, tornar-se quase "imperativo" passar em frente a sua morada. [ 7 ]

As "rodas de samba" eram eventos habituais, nos quais os individuos mais experientes congregavam-se na sala principal, entoando cancoes de forma retumbante, enquanto os mais jovens ocupavam outros compartimentos, entoando o samba corrido. No patio, ficavam aqueles que apreciavam a percussao ritmada. [ 7 ]

Naquela epoca, as reunioes de samba eram estritamente proibidas pela policia. Entretanto, para os encontros na residencia de Tia Ciata, as autoridades fechavam os olhos, em virtude da sua reputacao como curadora. Consoante registros, Ciata teria providenciado o tratamento de uma ferida na perna do presidente Venceslau Bras , o qual, em agradecimento, atendeu ao seu pedido para garantir um emprego para o seu esposo: uma posicao no gabinete do chefe de policia. [ 7 ]

O primeiro samba gravado no Brasil Pelo Telefone , de autoria de Donga e Mauro de Almeida , foi composto na casa de Tia Ciata, em um dos varios encontros que aconteciam, entre o final de 1916 e o comeco de 1917. [ 8 ]

Buci Moreira (1909-1982) e Manoel Macaco. Moreira era neto de Tia Ciata.

Candomble [ editar | editar codigo-fonte ]

Por incentivo do pai de santo Bamboxe Obitico , que era africano, Hilaria foi iniciada no candomble e se tornou mae de santo, sendo confirmada como Ciata de Oxum. Como muitos outros afro-brasileiros da epoca, Tia Ciata manteve sua fe em segredo por muitos anos, devido a discriminacao e ao estigma associados as religioes africanas no Brasil. [ 9 ]

No Rio, tornou-se filha-de-santo de Joao Alaba , de Omulu, cuja casa era considerada uma filial carioca de uma dissidencia do Ile Iya Nasso em Salvador, o Ile Axe Opo Afonja . Antes de ter sua propria casa de candomble, tia Ciata chegou a ser Mae Pequena (ou seja, a substituta imediata do Babalorixa) da casa de Joao Alaba, que ficava na rua Barao de Sao Felix, no caminho da zona portuaria para a Cidade Nova. Tambem eram filhas-de-santo de Alaba outras baianas amigas de tia Ciata: tia Amelia do Aragao (Amelia Silvana de Araujo, mae de Donga ), tia Preciliana do Santo Amaro (Preciliana Maria Constanca, mae de Joao da Bahiana ), tia Monica, tia Bebiana, tia Gracinda (esposa do sacerdote islamico Assumano Mina do Brasil), e tia Sadata. [ 3 ]

Ultimos anos [ editar | editar codigo-fonte ]

Seu marido Joao Batista da Silva morreu em 13 de Julho de 1907, epoca em que Tia Ciata ja era considerada uma autoridade e uma estrela no meio do samba carioca. [ 10 ] Tinha respeito e popularidade, muito maiores do que qualquer personalidade negra da epoca. Todo o ano, durante o Carnaval, armava uma barraca na Praca Onze, onde eram lancadas as marchinhas, que ficariam famosas no Carnaval da cidade. [ 3 ] [ 10 ]

Morte [ editar | editar codigo-fonte ]

Tia Ciata morreu em 10 de abril de 1924 , na cidade do Rio de Janeiro , aos 70 anos e foi sepultada no cemiterio de Sao Francisco Xavier no bairro Caju. [ 11 ]

Homenagens [ editar | editar codigo-fonte ]

Algumas das principais homenagens feitas para Tia Ciata incluem:

  • Monumento a Tia Ciata: inaugurado em 1996, na Praca Onze, no Rio de Janeiro, o monumento foi criado pelo escultor Humberto Cozzo e retrata Tia Ciata tocando pandeiro, acompanhada por outros musicos. [ 12 ]
  • Cortejo da Ciata: evento multicultural que envolve varios grupos e coletivos de arte, de diversas linguaguens artisticas, existentes na cidade do Rio de Janeiro em homenagem a Tia Ciata, celebrando as primeiras rodas de samba, os ritos e os doces, as baianas da Praca Onze , o quintal com Pixinguinha , Donga , Joao da Baiana, e o encontro de dois personagens emblematicos da cultura negra brasileira, separados pelo tempo e unidos pelo Distrito Cultural da Praca Onze e pela resistencia cultural e etnica: Zumbi dos Palmares e Tia Ciata. [ 5 ] [ 13 ]
  • Enredo da escola de samba: em 1965, o Imperio Serrano homenageou Tia Ciata e outras personalidades da cultura afro-brasileira, com o samba-enredo intitulado "Aquarela Brasileira". [ 14 ]
  • Livro Tia Ciata e a Pequena Africa no Rio de Janeiro: escrito pela historiadora Julia T. S. de Almeida em 1987, faz um resgate historico da importancia de Tia Ciata para a cultura afro-brasileira. [ 15 ]
  • Filme Tia Ciata - A Mae do Samba: com direcao e roteiro de Mariana Campos e Raquel Beatriz, o documentario de 2017 retrata a vida de Tia Ciata e sua importancia para a cultura afro-brasileira e para o samba. O curta-metragem foi exibido em diversos festivais e recebeu premios nacionais e internacionais. [ 16 ]
  • Livro Heroinas negras brasileiras: em 15 cordeis: escrito pela cordelista e poeta Jarid Arraes , o livro publicado em 2017 pela Editora Jandaira (1ª edicao), recebeu nova edicao em 2020, sendo publicado pelo selo Seguinte, Editora Cia. das Letras. Tia Ciata e uma homenageadas na colecao de cordeis que resgata a memoria de 15 personagens que lutaram pela sua liberdade e seus direitos, reivindicaram seu espaco na politica e nas artes, levantaram sua voz contra a injustica e a opressao. Alem de Tia Ciata, encontramos a biografia de Antonieta de Barros , Aqualtune , Carolina Maria de Jesus , Dandara , Esperanca Garcia , Eva Maria do Bonsucesso, Laudelina de Campos , Luisa Mahin , Maria Felipa , Maria Firmina , Mariana Crioula , Na Agontime, Tereza de Benguela e Zacimba Gaba , em cordel e breve texto descritivo. No fim do livro e possivel encontrar outras fontes de pesquisa sobre cada uma delas. [ 17 ]
  • Ala das Baianas das escolas de samba surgiu em homenagem a Tia Ciata e outras quituteiras baianas, que permitiam que sambistas se reunissem em suas casas quando a atividade ainda era proibida por lei. [ 8 ]
  • Parada Cidade do Samba Tia Ciata do VLT Carioca : Com a promulgacao da Lei 7.260 de 17 de marco de 2022 [ 18 ] [ 19 ] a parada da Linha 1 do VLT Carioca Cidade do Samba passou a se chamar Cidade do Samba Tia Ciata .

Ver tambem [ editar | editar codigo-fonte ]

Referencias

  1. a b c ≪Casa da Tia Ciata - Biografia≫ . www.tiaciata.org.br . Consultado em 5 de maio de 2022  
  2. a b Lucia Silva (ed.). ≪TIA CIATA - HILARIA BATISTA DE ALMEIDA (1854?1924)≫ . Acorda Cultura . Consultado em 18 de outubro de 2018  
  3. a b c Hoepers, Kathleen (1 de marco de 2018). ≪A luta e a resistencia de Hilaria Batista de Almeida, a Tia Ciata≫ . Catraca Livre . Consultado em 3 de abril de 2023  
  4. Goncalves, Marina. ≪As Festas da Tia Ciata≫ . Saideira - O Globo . Consultado em 10 de agosto de 2021  
  5. a b Cintia Cruz (ed.). ≪Bisneta de Tia Ciata organiza cortejo que vai homenagear a baiana no Centro do Rio, nesta segunda-feira≫ . Jornal Extra . Consultado em 18 de outubro de 2018  
  6. Literaria, Balada (4 de novembro de 2022). ≪Historias do Samba: Tia Ciata≫ . Balada Literaria . Consultado em 21 de abril de 2023  
  7. a b c d e f Redacao (9 de maio de 2019). ≪A luta e a resistencia de Hilaria Batista de Almeida, a Tia Ciata≫ . Catraca Livre . Consultado em 27 de marco de 2023  
  8. a b Plenarinho, por Turma do (9 de novembro de 2020). ≪Tia Ciata≫ . O Legislativo para criancas - Camara dos Deputados . Consultado em 3 de abril de 2023  
  9. SILVA, Fabio (4 de dezembro de 2019). ≪Tia Ciata≫ . CemporcentoSamba . Consultado em 27 de marco de 2023  
  10. a b ≪Tia Ciata Mulher de Responsa≫ . Sambando.com: acervo do samba brasileiro . Consultado em 18 de outubro de 2018  
  11. ≪Tia Ciata e o samba pedem passagem em processos sob guarda do Arquivo Central do TJRJ≫ . Poder Judiciario do Estado do Rio de Janeiro . Consultado em 29 de novembro de 2022  
  12. Joao (23 de novembro de 2015). ≪Tia Ciata e homenageada com escultura≫ . SRzd . Consultado em 27 de marco de 2023  
  13. Casa da Tia Ciata. ≪Cortejo da Tia Ciata - Casa da Tia Ciata≫ . Consultado em 27 de marco de 2023  
  14. Imperio Serrano, G.R.E.S. ≪Samba Enredo 1983 - Mae Baiana Mae≫ . Consultado em 27 de marco de 2023  
  15. MOURA, Roberto (2022). Tia Ciata e a Pequena Africa no Rio de Janeiro . [S.l.]: Todavia  
  16. CAMPOS¹, Mariana¹, BEATRIZ², Raquel². ≪Tia Ciata - Filme≫ . Consultado em 27 de marco de 2023  
  17. ARRAES, Jarid (2020). Heroinas Negras Brasileiras em 15 Cordeis . [S.l.]: Grupo Companhia das Letras  
  18. ≪LEI Nº 7.260, DE 17 DE MARCO DE 2022.≫ . Camara Municipal do Rio de Janeiro . Consultado em 12 de janeiro de 2024  
  19. ≪Estacao Cidade do Samba do VLT tera nome alterado para homenagear Tia Ciata≫ . Diario do Rio . Consultado em 12 de janeiro de 2024  

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

  • LOPES, Nei. Enciclopedia Brasileira da Diaspora Africana . Sao Paulo: Selo Negro, 2004.
  • MOURA, Roberto. Tia Ciata e a Pequena Africa no Rio de Janeiro . Sao Paulo: Todavia, 2022.
  • OLIVEIRA, Eduardo. Quem e quem na negritude brasileira . Sao Paulo: Congresso Nacional, 1998.
  • RUFINO, Alzira; IRACI, Nilza; ROSA, Maria. Cartilha Mulher Negra tem Historia . Sao Paulo: Coletivo de Mulheres Negras da Baixada Santista, 1986.
  • SILVA, Lucia. Luzes e Sombras na cidade: no rastro do Castelo e da Praca Onze . Sao Paulo: PUC, 2002.

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]