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Representacoes sociais

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Representacoes sociais sao o conjunto de conhecimentos, opinioes e imagens que nos permitem evocar um dado acontecimento, pessoa ou objeto. Estas representacoes sao resultantes da interacao social , pelo que sao comuns a um determinado grupo de individuos. [ 1 ] [ 2 ]

Surgimento do Conceito [ editar | editar codigo-fonte ]

No inicio do seculo XX, o sociologo Emile Durkheim [ 3 ] [ 4 ] (1978) desenvolveu sua teoria sobre representacoes, denominada de representacoes coletivas. Naquele periodo, nao se poderia cogitar um mundo contemporaneo regido pela globalizacao nos moldes atuais. Durkheim (1978) teve seu trabalho altamente influenciado pelas ideias marxistas, pelo objetivismo e pelo positivismo vigentes na epoca. Para ele, o homem era um ser sociavel por causa da convivencia em grupo, aprendendo habitos, costumes, reproduzindo mitos, em uma sociedade regida por uma religiosidade unificadora.

As representacoes coletivas sao construidas por uma grande gama de conhecimentos adquiridos e reproduzidos na sociedade, de forma inconsciente, pois a forca exterior do grupo e o que a influencia. Essas representacoes foram elaboradas em um momento em que as Ciencias Sociais ansiavam pela objetividade, em uma sociedade muito menos complexa.

Serge Moscovici

Sob a influencia dessa base teorica, o psicologo social Serge Moscovici desenvolve um primeiro esboco da teoria das representacoes sociais para investigar as representacoes dos parisienses sobre a psicanalise. Esse trabalho culminou na obra A Psicanalise, sua imagem e seu publico (MOSCOVICI, 2004, 1981, 2012) [ 5 ] [ 1 ] [ 6 ] , em 1961. Moscovici afirma que as representacoes coletivas nao contemplam a individualidade contemporanea, pois os fenomenos sociais atuais sao muito mais ligados ao cotidiano do individuo. Destarte, Moscovici (2011) [ 2 ] desenvolve o conceito das representacoes sociais, em que o individuo faz parte da construcao da representacao, isto e, ele participa em sua individualidade da elaboracao dela.

O objetivo da Teoria das Representacoes Sociais e explicar os fenomenos do homem a partir de uma perspetiva coletiva, sem perder de vista a individualidade . Uma conceituacao formal, entretanto, Moscovici (SA, 1995, p. 30) [ 7 ] se negou a fazer de forma contundente: "A demanda por exatidao de significado e por definicao precisa de termos pode ter um efeito pernicioso, como eu acredito ter tido frequentemente nas ciencias do comportamento ".

Portanto, a Teoria das Representacoes Sociais, preconizada por Moscovici, esta principalmente relacionada ao estudo das simbologias sociais, tanto no nivel de macro como de microanalise - i.e., com o estudo das trocas simbolicas infinitamente desenvolvidas em nossos ambientes sociais e nas nossas relacoes interpessoais -, e de como esses simbolos influenciam a construcao do conhecimento compartilhado, da cultura. Isto nos leva a situar Moscovici entre os chamados interacionistas simbolicos , tais como Peter Berger , George Mead e Erving Goffman .

O contexto historico das representacoes sociais se define pelo fato de que elas, ao serem apresentadas como uma "modalidade de conhecimento particular que tem por funcao a elaboracao de comportamentos e a comunicacao entre individuos" (MOSCOVICI, 2004, p. 26) [ 5 ] , sao sustentadas tanto por conhecimentos oriundos da experiencia cotidiana, como pelas reapropriacoes de significados historicamente consolidados.

Portanto, considera-se que as representacoes sociais sao resultado, de um lado, da reapropriacao de conteudos vindos de periodos cronologicos distintos e, de outro, daqueles gerados por novos contextos.

Buscamos compreender, abstrair significados das novas informacoes e fatos produzidos constantemente em funcao da proliferacao dos centros de pesquisas cientificas, da enorme profusao de ideias e "filosofias" escancaradas pelos meios de comunicacao de massas e tambem criadas pelos "sabios amadores" nas ruas, bares e esquinas do senso comum e operacionaliza-los em nossos cotidianos. A criacao e transformacao da informacao levam a uma transformacao de nossos valores, que, consequentemente, irao influenciar as diretrizes dos relacionamentos humanos, na forma como o ser humano se percebe no mundo e com o outro ? o que era certo para a geracao anterior, para a geracao atual nao o e. Digere-se a nova informacao e a reapresenta buscando, ao mesmo tempo, tanto enriquecer e transformar nossos esquemas cognitivos anteriores, no que for possivel e aceitavel a nossa idiossincrasia; como tambem adapta-la a nossos antigos esquemas cognitivos, na busca de manter o nosso mundo estavel e seguro, “[...] a dinamica das relacoes e uma dinamica de familiarizacao, onde os objetos, pessoas e acontecimentos sao percebidos e compreendidos em relacao a previos encontros e paradigmas [...] a memoria prevalece sobre a deducao, o passado sobre o presente, a resposta sobre o estimulo, e as imagens sobre a ‘realidade’ (MOSCOVICI, 2011, p. 55). [ 2 ]

Partindo dos estudos de Moscovici, nasceram inumeras pesquisas sobre diversas representacoes sociais, no campo da educacao , da saude e da linguistica aplicada .

Denise Jodelet definiu sinteticamente as representacoes sociais como [...] uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, tendo uma visao pratica e concorrendo para a construcao de uma realidade comum a um conjunto social (apud SA, 1995, p. 32) [ 7 ] .

Ha muitas formas de conceber e de abordar as representacoes sociais, relacionando-as ou nao ao imaginario social.

Vale ressaltar que, as representacoes sociais sao modalidades de pensamento pratico orientadas para a compreensao e o dominio do ambiente social, material e ideal. Enquanto tal, elas apresentam carateristicas especificas no plano da organizacao dos conteudos, das operacoes mentais e da logica.

Elaboracao das Representacoes Sociais [ editar | editar codigo-fonte ]

Finalidades [ editar | editar codigo-fonte ]

As representacoes sociais tem como uma de suas finalidades tornar familiar algo nao familiar, isto e, uma classificar, categorizar e nomear novos acontecimentos e ideias com as quais nao tinhamos tido contato anteriormente, possibilitando, assim, a compreensao e manipulacao desses novos acontecimentos e ideias a partir de ideias, valores e teorias preexistentes e internalizados por nos e amplamente aceitas pela sociedade, "[...] as representacoes que fabricamos ? de uma teoria cientifica, de uma nacao, de um objeto, etc. ? sao sempre o resultado de um esforco constante de tornar real algo que e incomum (nao familiar), ou que nos da um sentimento de nao familiaridade. Atraves delas, superamos o problema e o integramos em nosso mundo mental e fisico, que e, com isso, enriquecido e transformado. Depois de uma serie de ajustamentos, o que estava longe, parece ao alcance de nossa mao; o que era abstrato torna-se concreto e quase normal [...] as imagens e ideias com as quais nos compreendemos o nao usual apenas trazem-nos de volta ao que nos ja conheciamos e com o qual ja estavamos familiarizados [...]" (MOSCOVICI, 2011, p.58) [ 2 ] .

Ancoragem e objetivacao [ editar | editar codigo-fonte ]

Para trazer o nao familiar para o familiar sao utilizados dois mecanismos: a ancoragem e objetivacao. A ancoragem capta e fixa ideias estranhas, as reduz em categorias e em imagens comuns, colocando-as em um contexto familiar para o individuo. Segundo Moscovici (2011, p. 63) [ 2 ] ,” [...] categorizar alguem ou alguma coisa significa escolher um dos paradigmas estocados em nossa memoria e estabelecer uma relacao positiva ou negativa dele. O autor ainda acrescenta que: [...] nos nao podemos nunca dizer que conhecemos um individuo, nem que nos tentamos compreende-lo, mas somente que nos tentamos reconhece-lo, isto e, descobrir que tipo de pessoa ele e, a que categoria pertence e assim por diante.” (MOSCOVICI, 2011, p. 64) [ 2 ] .

Moscovici (2011, p. 66) [ 2 ] afirma que: “[...] e impossivel classificar sem, ao mesmo tempo, dar nomes. Na verdade, essas sao duas atividades distintas. Em nossa sociedade, nomear, colocar um nome em alguma coisa ou em alguem, possui um significado muito especial, quase solene. Ao nomear algo, nos o libertamos de um anonimato perturbador, para dota-lo de uma genealogia e para inclui-lo em um complexo de palavras especificas, para localiza-lo, de fato, na matriz de identidade de nossa cultura.”

O segundo mecanismo da representacao e a objetivacao, que significa transformar o abstrato em algo concreto, ou melhor, algo que esta somente na mente em algo que exista no mundo fisico. "A materializacao de uma abstracao e uma das caracteristicas mais misteriosas do pensamento e da fala. Autoridade politicas e intelectuais, de toda especie, a exploram com a finalidade de subjugar as massas. Em outras palavras, tal autoridade esta fundamentada na arte de transformar uma representacao na realidade da representacao; transformar a palavra que substitui a coisa, na coisa que substitui a palavra" (MOSCOVICI, 2003, p. 71).

Objetivar e descobrir a qualidade iconica de uma ideia, e reproduzir um conceito em uma imagem. Comparar e representar, encher o que esta naturalmente vazio com uma substancia. O autor da um exemplo conhecido: "Temos apenas de comparar Deus com um pai e o que era invisivel instantaneamente se torna visivel em nossas mentes, como uma pessoa a quem podemos responder como tal" (MOSCOVICI, 2003, p. 72).

Os dois mecanismos ocorrem na elaboracao das representacoes, sao inseparaveis e acontecem de forma articulada.

Face figurativa e face simbolica [ editar | editar codigo-fonte ]

A estrutura da representacao possui dois aspectos que sao indissociaveis entre si, a face figurativa e a face simbolica. Isto e, toda representacao possui uma imagem e uma ideia. Moscovici (2011, p. 46) [ 2 ] define as duas faces como: “[...] interdependentes, como duas faces de uma folha de papel: a face iconica e a face simbolica. Nos sabemos que: representacao = imagem/significacao; em outras palavras, a representacao iguala toda imagem a uma ideia e toda ideia a uma imagem. [...] A propria linguagem, quando ela carrega representacoes, localiza-se a meio caminho entre o que e chamado de linguagem de observacao e a linguagem da logica; a primeira expressando puros fatos ? se tais fatos existem ? e a segunda, expressando simbolos abstratos. Este e, talvez, um dos mais marcantes fenomenos de nosso tempo ? a uniao da linguagem e da representacao.”

Funcoes das Representacoes Sociais [ editar | editar codigo-fonte ]

As representacoes sociais possuem funcoes e aplicabilidades (ABRIC, 1994) [ 8 ] nos grupos sociais. Sao elas: a do saber ou cognitiva, a identitaria, a orientadora e a justificadora.

A funcao do saber permite aos grupos compreender e explicar a realidade que os cerca. Essa funcao possibilita aos grupos reconfigurar um determinado fenomeno social para o senso comum, tornando-o uma realidade compreensivel para o grupo.

A funcao identitaria situa os grupos sociais dentre de sua cultura e de suas caracteristicas especificas, alem de proteger seus significados identitarios.

A funcao de orientacao orienta as praticas sociais, comportamentos e condutas no grupo social.

A funcao justificadora permite que os atores sociais expliquem e justifiquem suas posturas e condutas nos diversos espacos sociais.  

Abordagens de Pesquisa em Representacoes Sociais [ editar | editar codigo-fonte ]

A teoria das representacoes sociais evolui ao longo do tempo em tres abordagens de pesquisa. A primeira delas, chamada de modelo sociogenico ou processual, desenvolvida pelo precursor da teoria, explica como ocorrem processualmente os mecanismos de objetivacao e ancoragem.

A segunda abordagem, o modelo estrutural ou teoria do nucleo central foi desenvolvido por Abric (1994) [ 8 ] . Nesta abordagem objetiva-se investigar o nucleo da representacao, considerado o elemento duro, a parte resistente as mudancas e que da coerencia e sentido a uma representacao. Alem dele, sao investigados os elementos perifericos, que protegem o nucleo central de mudancas.

A terceira abordagem e denominada de societal. Ela e baseada no processo de ancoragem e investiga a construcao das representacoes em diferentes grupos sociais.

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

ABRIC, J. Pratiques Sociales et Representations . Paris: Press Universitaires de France, 1994.

DURKHEIM, E. As Regras do Metodo Sociologico . Pensadores. Sao Paulo: Abril, 1978.

JODELET, D. Representacoes Sociais: um Dominio em Expansao. In: JODELET, D. (Org.) As Representacoes Sociais . Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001.

JODELET, D. Representations sociales: un domaine en expansion. In: D. Jodelet (Ed.) Les representations sociales . Paris: PUF, 1989 (Traducao: Tarso Bonilha Mazzotti. UFRJ, 1993).

GUARESCHI, P. A.; JOVCHELOVITCH, S. (Org.) Textos em Representacoes Sociais . 3º ed. Petropolis: Vozes, 1999. p. 89 -111.

MOSCOVICI, S. A Representacao Social da Psicanalise . Trad. por Alvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

MOSCOVICI, S. La psychanalyse, son image, son public . Paris: PUF, 1978.

MOSCOVICI, S. A psicanalise, sua imagem e seu publico . Petropolis: Vozes. 2012. 456p.

MOSCOVICI, S. Representacoes sociais: investigacoes em psicologia social . Rio de Janeiro, Vozes, 2003.

MOSCOVICI, S. Representacoes Sociais : Investigacoes em Psicologia Social. Trad. Pedrinho A. Guareschi. 6ª ed. Petropolis: Vozes, 2011.

SA, C. P. Representacoes sociais: o conceito atual da teoria. In: SPINK, M.J.P. (Org.). O conhecimento no cotidiano: as representacoes sociais na perspectiva a psicologia social. Sao Paulo: Brasiliense, 1995. p.19-45.

SA, C. P. de. A construcao do objeto de pesquisa em representacoes sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998.

SA, C. P. Nucleo Central das Representacoes Sociais . Petropolis: Vozes, 1996.

VILLAS BOAS, L. Uma abordagem da historicidade das representacoes sociais. Cadernos de Pesqui

Referencias [ editar | editar codigo-fonte ]

  1. a b MOSCOVICI, S. A Representacao Social da Psicanalise . Trad. por Alvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
  2. a b c d e f g h MOSCOVICI, S. Representacoes Sociais : Investigacoes em Psicologia Social. Trad. Pedrinho A. Guareschi. 6ª ed. Petropolis: Vozes, 2011.
  3. (Universidade de Lisboa), Silvia Alves (19 de junho de 2017). ≪PARA UMA SOCIOLOGIA DO CRIME E DA PENA NA OBRA DE EMILE DURKHEIM: AS REGRAS DO METODO SOCIOLOGICO≫ . DELICTAE: Revista de Estudos Interdisciplinares sobre o Delito . 2 (2). 07 paginas. ISSN   2526-5180 . doi : 10.24861/2526-5180.v2i2.19  
  4. DURKHEIM, E. As Regras do Metodo Sociologico . Pensadores. Sao Paulo: Abril, 1978.
  5. a b Moscovici, Serge (2004). La psychanalyse, son image et son public . [S.l.]: Presses Universitaires de France. ISBN   9782130546818  
  6. MOSCOVICI, S. A psicanalise, sua imagem e seu publico . Petropolis: Vozes. 2012. 456p.
  7. a b SA, C. P. Representacoes sociais: o conceito atual da teoria. In: SPINK, M.J.P. (Org.). O conhecimento no cotidiano: as representacoes sociais na perspectiva a psicologia social. Sao Paulo: Brasiliense, 1995. p.19-45.
  8. a b ABRIC, J. Pratiques Sociales et Representations . Paris: Press Universitaires de France, 1994.

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]

[1] OLIVEIRA, Marcio S. B. S. de. Representacoes sociais e sociedades: a contribuicao de Serge Moscovici. Rev. bras. Ci. Soc. ,  Sao Paulo ,  v. 19, n. 55, p. 180-186,  June  2004.

Serge Moscovici, un dialogue avec Pascal Dibie https://www.youtube.com/watch?v=wNpRg02Rmho&t=463s

Serge Moscovici  le pere de Pierre Moscovici, grand penseur, est mort Linternaute com Actualite https://www.youtube.com/watch?v=Yy9eTMZb40w