Bandeira local nao oficial
Bandeira da Franca
O
referendo sobre o status de
Mayotte
de 2009
foi realizado em
29 de marco
. A questao a ser decidida era se a ilha tornaria-se ou nao um
departamento ultramarino
frances
.
Mayotte, que a Franca anexou em
1841
, depois de os
portugueses
terem sido os primeiros europeus a passar por la, em
1503
, fica 400 quilometros a leste da provincia
mocambicana
de
Cabo Delgado
e 300 a ocidente de
Madagascar
. Nos referendos de
1974
e
1976
, disse que nao queria ser independente, ao contrario das restantes ilhas do mesmo arquipelago, as
Comores
.
Apesar de 95% dos seus habitantes serem
muculmanos
sunitas
, a ilha pretende ser ainda mais francesa, se possivel, numa altura em que Guadalupe, Martinica e outros departamentos ultramarinos se agitam para conseguir uma maior autonomia em relacao a
Paris
e ao mesmo tempo melhores condicoes de vida. "Podemos ser negros, pobres e muculmanos, mas somos franceses ha mais tempo do que
Nice
" (cidade so anexada a Franca em
1860
, depois de ter feito parte do
reino da Sardenha
, uma das bases da
Italia unificada
), declarou ao semanario "L'Express" um deputado local, Abdoulatifou Aly.
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O eleitorado decidiu por 95,5% dos votos passar de "coletividade territorial" para departamento ultramarino frances portanto a ilha tera um estatuto semelhante ao de
Guadalupe
, de
Martinica
e de
Reuniao
.
Uma vez que o "sim" saiu vencedor, conforme se previa, Mayotte tornar-se-a em
2011
o centesimo primeiro departamento da Franca, em pe de igualdade com os
Alpes Maritimos
ou as
Ardenas
. Mas tera de acabar com algumas das tradicoes locais, como os tribunais islamicos, os casamentos envolvendo criancas e a
poligamia
. Tanto a
Uniao Africana
(UA) quanto
Comores
, que ve Mayotte como um territorio "ocupado" pela Franca, denunciaram o referendo, como atentatorio dos ideais independentistas que gostariam de ver triunfar em todas as antigas colonias europeias. "Queremos ser como a
metropole
, com boas escolas e bons salarios", disse um dos 71.122 eleitores inscritos, ao votar.
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O presidente do pais,
Nicolas Sarkozy
, expressou sua "satisfacao" com o triunfo do 'sim', que considerou "um momento historico para Mayotte e os mayotenses".
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O governo comoriano qualificou de "pseudo-referendo, nula e invalida" a consulta popular. "Esta atitude de Franca traduz um desprezo sem precedente as resolucoes pertinentes da
Organizacao das Nacoes Unidas
(ONU), da
Uniao Africana
(UA), da
Liga dos Estados Arabes
, da
Conferencia Islamica
e do
Movimento dos Nao Alinhados
", denuncia o governo do pais, considerando Mayotte como parte integrante das
Comores
.
Num comunicado, o pais apelou a
comunidade internacional
para denunciar esta "ultima manobra francesa de roubar uma parte de um Estado soberano reconhecido pelo Direito internacional".
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Centenas de comorianos manifestaram-se em
Moroni
, capital do pais contra o referendo, a manifestcao so nao ganhou mais adeptos por razoes meteorologicas, tendo a
chuva
comecado a cair antes da hora fixada para a concentracao.. Os
manifestantes
agrupados na Praca da Independencia efetuaram uma marcha de dois quilometros ate a Embaixada de Franca que fica na cidade, diante da qual eles exprimiram os seus protestos apesar dum cordao de seguranca das forcas da ordem comorianas. "Franca nunca desejara o bem", gritou Idriss Mohamed, responsavel do Comite Maore (nome local que designa Mayotte), um dos principais movimentos na origem desta manifestacao. "Ela (Franca) apenas traz desgraca, desolacao e desprezo", acrescentou. Falando a multidao reunida na praca antes da marcha para a
embaixada
francesa, Mohamed lembrou a
intifada
palestiniana que descreveu como "guerra das pedras contra os tanques israelitas". "Devemos tambem levar a cabo uma guerra para recuperar Mayotte", disse ele.
Mohamed lembrou ainda as recentes manifestacoes dos estudantes comorianos "contra a presenca colonial francesa em Mayotte", exortando a multidao a nao ficar cansada "porque havera outras (manifestacoes) ate que a integridade territorial do nosso pais seja completa". A concentracao contou com a participacao dos ministros Ahmed Ben Said Jaffar, das Relacoes Externas e Cooperacao; Madi Ali, da Justica e Assuntos Islamicos; e Kamaleddine Afraitane, da Educacao Nacional.Nenhum responsavel do Governo local da ilha autonoma da Grande Comore esteve presente na marcha, excepto Soudjay Hamadi, o presidente da Assembleia Local.
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Referencias