| Este artigo ou secao pode conter informacoes desatualizadas
.
Se tem conhecimento sobre o tema abordado, edite a pagina e inclua as informacoes mais recentes, citando
fontes
fiaveis
e
independentes
. ?
Encontre fontes:
ABW
•
CAPES
•
Google
(
N
•
L
•
A
)
|
| Esta pagina ou secao foi marcada para revisao devido a incoerencias ou dados de confiabilidade duvidosa.
Se tem algum conhecimento sobre o tema, por favor, verifique e
melhore
a coerencia e o rigor deste artigo.
Considere colocar uma explicacao mais detalhada na
discussao
.
|
A
raca lapa
(ou
tipo lapao
),
[
nota 1
]
tambem conhecida como
lapidea
,
laponoide
,
hiperborea
,
sami
ou
protoasiatica ocidental
, foi um conceito
racial
da
antropologia fisica
, utilizado historicamente para descrever uma populacao associada por vezes a chamada
raca caucasiana
, por vezes a
mongoloide
, e por vezes como uma raca a parte. Os exemplares mais tipicos se encontrariam no
povo lapao
.
A percepcao das individualidades fisicas dos lapoes e de longa data, sendo um tema frequente inclusive nas
sagas nordicas
, enquanto o conceito de uma raca lapa tipica mas conceitualmente distinta do povo lapao se desenvolveu em algumas das primeiras classificacoes modernas, como de
Bernier
e
Erxleben
. Ja no contexto da
Guerra Franco-Prussiana
, contemporanea a ascensao do
racismo cientifico
, a suposta influencia racial lapa foi utilizada por
franceses
como
De Quatrefages
como forma de desqualificar o
Reino da Prussia
, com
Rudolf Virchow
como maior promotor da tese oposta. Com o avanco da antropologia, a posicao dos lapoes em uma classificacao universal (e em especial a questao de sua afiliacao caucasoide ou mongoloide), a influencia de sua linhagem na populacao europeia como um todo e a relacao com outros tipos europeus (mais notavelmente o
alpino
) foram estudadas por autores como
Ripley
,
Czekanowski
,
Eickstedt
e
Coon
. Elucidacoes mais recentes e cientificamente precisas, pertinentes a modernizacao da antropologia fisica, foram obtidas com o uso da
serologia
e da
genetica
.
A chamada raca lapa e destacada entre todas as outras por sua excepcionalmente baixa estatura e acentuada
braquicefalia
. A
cabeca
teria formato ovoide ou globular, com
mandibula
e
dentes
pequenos, que fariam a
face
, tambem pequena, parecer maior. O
nariz
seria pequeno e retraido, mas relativamente largo. Entre os representantes mais antigos, os cabelos seriam de um tom
castanho
escuro, a
pele
, amarelada, e os
olhos
, escuros, mas em geral se admitiu certa variedade desenvolvida por adaptacao e misturas. Apesar de seu territorio tradicional ser a
eponima
Laponia
, a percepcao de influencias, misturas e subtipos foi relevada por diversos autores ao longo de diversas regioes
europeias
, de diferentes formas.
Antes mesmo de o conceito de raca lapa ser estabelecido enquanto genero em sistematicas universais como algo distinto do
povo lapao
enquanto unidade cultural, as individualidades fisicas deste povo ja causavam impressoes naqueles com os quais se relacionavam. As
sagas nordicas
, por exemplo, frequentemente se referem a eles como
finnar
, atribuindo-lhes o
estereotipo
de um povo escuro de rosto largo e habitos
nomadicos
habitantes do extremo norte da
Escandinavia
.
Em 1673,
Johannes Schefferus
publicou
Lapponia
, um extenso volume sobre a cultura e historia lapas em que relata como seus correspondentes se impressionaram com a baixissima estatura dos nativos, descritos como tendo entre tres e cinco
covados
de altura, apesar de nao terem as deformidades tipicas dos
anoes
. Tambem sao ressaltadas entre suas caracteristicas fisicas pelas sagas a compleicao escura, a cabeca grande com olhos puxados, a barba rala mas comum, a falta de forca fisica masculina e a beleza feminina.
Em 1684, o viajante, antropologo e medico
Francois Bernier
, ao buscar empreender uma classificacao totalizante da humanidade em racas, estabeleceu quatro de cujas existencias tinha certeza: a primeira equivalente aos
caucasianos
, a segunda aos
negros
, a terceira aos
amarelos
, e a quarta aos lapoes, descritos como "animais vis", com o rosto "assustador, como de um urso".
Ainda em sua juventude,
Carlos Lineu
empreendeu expedicao cientifica a
Laponia
, publicando seus resultados em 1732. Ainda que o foco de sua viagem nao tenha sido
antropologico
, Lineu se mostrou impressionado com a habilidade fisica dos lapoes, descrevendo-os como ageis, leves, encurvados e flexiveis.
Em 1777,
Johann Christian Erxleben
, ao fazer uma classificacao do
Homo sapiens
, argumentou como
subespecies
asiaticus
,
europaeus
,
afer
,
americanus
,
tatarus
e
lappo
, este ultimo descrito como pequeno, claro, musculoso, claro e de cranio grande, sendo localizado no norte da
Eurasia
e da
America do Norte
,
de forma a incluir, alem dos lapoes,
esquimos
e
povos indigenas da Siberia
. Em 1808,
Johann Friedrich Blumenbach
, buscando classificar a humanidade conforme suas caracteristicas craniologicas, isolou caracteristicas propriamente lapas, agrupando-os na mesma categoria que os
chineses
.
Em 1829, por fim,
Johann Baptist Fischer
criou a terminologia do
Hyperboreus
explicitamente para referir-se coletivamente a lapoes, esquimos e povos indigenas da Siberia, dividindo com chineses a terminologia do
Homo Scythicus
, e como sinonimo declarado do
Homo lappo
de Erxleben e dos ja referidos cranios lapoes de Blumenbach.
No contexto da
Guerra Franco-Prussiana
e das rixas entre
alemaes
e
franceses
, contemporaneas a ascensao do
racismo cientifico
, a suposta racialidade lapa foi utilizada por estes como forma de desqualificar aqueles. Esta tese foi primariamente levantada pelo naturalista frances
De Quatrefages
, que argumentou em seu livro de 1871
Le Race Prussienne
que o principal componente racial entre os alemaes da
Prussia
nao seria
teutonico
, mas sim lapao, aproximando-os dos
finlandeses
e
russos
e buscando exclui-los coletivamente do
fundo genetico
comum europeu, condenando-os
deterministicamente
ao
barbarismo
. Esta tese provocou reacoes inflamadas por parte de alemaes como
Rudolf Virchow
, alimentando o
nordicismo
nascente e levando o
Imperio Alemao
a estabelecer censos de cores dos cabelos e dos olhos, a fim de refutar a tese de De Quatrefages, crescentemente popular entre os franceses.
[
nota 2
]
O volume do segundo semestre do decimo-terceiro ano da revista
La Nature
(1885) trouxe um primeiro estudo
antropometrico
aprofundado dos lapoes, pelo principe
Roland Napoleon Bonaparte
.
Ja em 1889, em breve dissertacao buscando classificacao fisica de todos os povos do mundo na
revista
da
Sociedade de Antropologia de Paris
,
Joseph Deniker
definiu a raca lapa como uma sub-raca uralo-altaica ou turco-finlandesa, diferenciando-se da "finlandesa ocidental" por ser mais escura (mas tendo, como esta, nariz retraido e
braquicefalia
), e ambas se diferenciando da "turca" e da "ugrica" por estas terem nariz reto robusto.
Em seu mais amplo
Les races de l'Europe
de 1899, identificou a influencia lapa ou finlandesa ocidental como provavel componente consideravel na formacao das populacoes massivamente
mesocefalas
de certas regioes escandinavas, como a
Herdalia
.
Em obra de 1899 condensando seus estudos sobre o que definiria a suposta
raca ariana
,
Vacher de Lapouge
atribuiu coletivamente aos lapoes e
samoiedos
a
nomenclatura binomial
de
Homo hyperboreus
, identificando sua especie com os restos encontrados em
sepulturas
e
dolmens
neoliticos
na regiao da Laponia e cranios espalhados pela Escandinavia, Belgica e norte da Russia, e caracterizando-a como uma raca inferior.
Ainda, assim como Deniker, identifica a influencia laponoide como havendo contribuido para a frequente braquicefalia nas costas
norueguesas
.
Ainda no mesmo ano,
William Z. Ripley
publicou seu notorio
The races of Europe
, em que nao apenas reafirmava o forte substrato lapao na Escandinavia
e a pertenca dos samoiedos a raca lapa,
mas tambem argumentou por uma forte presenca laponoide em toda a
Europa
pre-
indo-europeia
, especialmente evidenciada entre os
bascos
e
bretoes
, que teriam significativos tracos lapoes em sua antropometria.
Adicionalmente, postulou que seria possivel mesmo que um linguista encontrasse semelhancas estruturais entre a extinta
lingua etrusca
da
Italia
e as
linguas laponicas
.
[
nota 3
]
Jan Czekanowski
, usando seu ate hoje influente metodo de
clustering
multidimensional,
classificou em 1928 os europeus em quatro racas basicas: tres
caucasoides
(nordica,
ibero-insular
e
armenoide
) e uma mongoloide. A mistura do laponoide com nordicos, ibero-insulares e armenoides respectivamente resultaria em
subnordicos
, o tipo das casas em estaca (em
alemao
:
Pfahlbautypus
) e o
dinarico
.
Em 1939,
Carleton S. Coon
criticou esta esquematizacao, apontando que Czekanowski e Eickstedt errariam em identificar os exemplares mais tipicos da
raca alpina
como laponoides e que a apropriacao do termo para supostas misturas de nordicos com armenoides seria absurda, seguindo uma tradicao de descaracterizacao terminologica da qual Gunther partilharia.
Parcialmente acolhendo a critica na terceira edicao de seu manual
Człowiek w czasie i przestrzeni
, Czekanowski inverteu as definicoes de dinarico e alpino, tomando este como mistura de armenoide e laponoide, e aquele como de nordico e armenoide.
Na sistematica racial de seu extenso
Rassenkunde der Menschheit
de 1934,
Egon von Eickstedt
caracterizou os lapoes como
Homo sapiens lappo
, um subtipo e forma arcaica da raca alpina, subdivisao do "cinturao das racas montanhesas" a quem o nome latino
Homines sapientes albi brachimorphi
e atribuido, enquanto o alpinideo tipico seria chamado "alpinideo ocidental" (
Homo sapiens cevenolicus
, remetendo a terminologia de Deniker). Desta forma, nao seriam mongoloides, mas sim, uma variedade caucasoide arcaica,
perspectiva aderida por
Henri-Victor Vallois
,
mas criticada por
Andreas Vonderach
.
Ao reescrever o
magnum opus
de Ripley em 1939,
Carleton S. Coon
dedicou um capitulo a analise da raca lapa, em que, baseado nos estudos sobre
osteologia
sami de
Kristian Schreiner
, descreveu-os como uma transicao entre caucasoides e mongoloides que retiveram mongoloidismos adquiridos durante o
ultimo maximo glacial
, provavelmente separando-se das populacoes que se especializaram em caucasoides e mongoloides mais tipicos no oeste da Siberia, especificamente durante a regressao glacial de Laufen, fase morna da
glaciacao de Wurm
. Coon apontou diferenca conceitual entre o povo lapao e a raca lapa, citando exemplos tanto de populacoes originalmente nao-lapas absorvidas pela cultura sami como de populacoes racialmente lapas incorporadas a outras culturas, mais notavelmente os
noruegueses
da
Noruega Setentrional
. Formas transicionais entre laponoides e caucasoides mais tipicos, segundo Coon, poderiam ter contribuido para a braquicefalia e grande largura ocular encontrada no sul da
Russia
e na
Polonia
do
Neolitico
em diante.
[
nota 4
]
Mais tarde, em
The Origins of Races
(1962), apontou que novas pesquisas indicariam a afiliacao caucasoide dos lapoes, apontando que a ausencia de adaptacao
hemodinamica
em suas
maos
em reacao a agua fria era consistente com caucasoides, e nao com mongoloides.
Renato Biasutti
, em seu compendio
Razze e popoli della terra
(1941), dividiu os europoides (caucasoides) em tres grupos: europideos (mais tipicos), pre-europideos (
ainus
e uralicos, grupos anteriores a especializacao do
Cro Magnon
) e lapideos, sendo esta a especializacao propria dos lapoes.
Com base em
Viktor Bunak
e Vojt?ch Suk, descreve supostas formas deste na
Europa Oriental
.
Em
Geographische Anthropologie
(1967),
Bertil Lundman
tambem empreendeu uma breve analise do tipo lapideo, dividindo o entre uma variedade meridional (tambem chamada samidea ou escandolapidea) propriamente caucasoide e uma oriental, de tendencias mais mongoloides.
O escandolapideo em particular e classificado dentro do "grupo racial" caspideo ou sudoestino da raca capital (em
alemao
:
Hauptrasse
) europidea, com cranios altos, sendo especificado como tendo corpo borealizado (adaptado ao frio) e rosto infantil, assim como os alpinos orientais, mas apresentando
serologia
marcadamente distinta destes.
Por analise craniologica e serologica, Lundman associou os ancestrais dos lapoes a povos que ocupavam os
Carpatos Ocidentais
durante a
Era do Gelo
.
O avanco da serologia e da
genetica
permitiu resultados mais objetivos sobre a origem e afiliacao dos lapoes, assim como, contemporaneamente as mudancas de perspectiva sobre a possibilidade de se falar em
racas humanas
, alterou radicalmente a perspectiva da antropologia fisica de classificacoes perigosamente tendenciosas baseadas em caracteristicas fisicas visualizaveis para estes metodos mais cientificos e objetivos.
Os estudos de
Lars Beckman
, por exemplo, foram reveladores em demonstrar a dissimilitude genetica entre os lapoes e os povos modernos da
Asia
, apesar de nao serem suficientes para negar-se a origem oriental isolada daqueles. Ainda, foram os primeiros a apontar a alta e estranha frequencia de sangue especificamente A
2
nas populacoes estudadas,
embora
Yrjo Suominen
ja houvesse percebido uma estranha frequencia do mais amplo
tipo A
, pelo que dissera que os lapoes teriam um sangue "um pouco mais escandinavo que o dos proprios escandinavos".
[
nota 5
]
Seguindo as novas tecnicas de serologia comparativa,
Sonia Cole
concordou com a tese de Schreiner e Coon sobre as origens dos lapoes, mas, ainda buscando classifica-los segundo categorias classicas de raca, argumentou por sua afiliacao caucasoide, dada sua alta frequencia de sangue do
tipo A
(e, mais curiosamente ainda, do subtipo A
2
, chegando a 35%, mais que o triplo de qualquer outra populacao existente) e sua distribuicao tipicamente europeia de
antigenos MNS
, apesar de uma alta frequencia de
Rh negativo
,
antigeno Duffy
e sensibilidade a
feniltiocarbamida
tipicamente asiaticas.
Andreas Vonderach, por sua vez, apesar de baseado nos mesmos dados utilizados por Cole, argumenta que, tanto fenotipica quanto genetica e culturalmente, os lapoes sao estranhos em relacao aos outros europeus, sendo mais proximos dos nativos do oeste da
Siberia
previamente classificados como mongoloides, com a alta frequencia de sangue de tipo A (e especificamente A
2
) aproximando-os mais de populacoes europeias mais arcaicas como os bascos e os
sardos
que de outras populacoes do continente, mas afastando-se destes por sua alta frequencia de Rh negativo.
Pela relativa frequencia do sangue A
2
no centro-oeste da Suecia, Vonderach ainda sugeriu uma ligacao entre o tipo sami e a antiga
cultura da ceramica perfurada
, assimilada entre os suecos da regiao.
Em 2004, foi publicado pela
Sociedade Americana de Genetica Humana
o primeiro estudo comparativo em grande escala de
haplogrupos
do cromossomo Y
e
do DNA mitocondrial
entre os lapoes, contando com centenas de amostras destes e milhares da
Eurasia
ocidental e
Siberia
. Foi descoberto que o haplogrupo dominante do cromossomo Y era o
N
, especificamente em seu clado N3a, associado a populacoes do
norte da Asia
e da Europa Oriental, mas praticamente inexistente na
Europa Ocidental
, sugerindo uma incursao do oriente. O segundo haplogrupo mais comum, entre um terco da populacao, e o
I
, cuja ausencia entre samoiedos,
mansis
e
ostiacos
, mas frequencia na Europa, sugere que represente uma populacao escandinava ainda mais antiga que os lapoes, mas por eles assimilada.
Pesquisas de 2006 com ossadas historicas apontaram para uma introducao relativamente tardia do haplogrupo I no fundo genetico sami, no seculo XIV, atraves de colonos
viquingues
da Laponia.
O terceiro haplogrupo mais comum e o
R
, especificamente nos clados
R1a
(11%) e
R1b
(4%), representando a assimilacao de povos indo-europeus vizinhos alem daqueles de haplogrupo I. Os mais raros, por fim, sao os
J
e
E
, exclusivos de alguns
lapoes de Quildim
, adquiridos pela assimilacao mais recente de russos.
Quanto ao DNA mitocondrial, a pesquisa da Sociedade Americana de Genetica Humana mostrou frequencia e distribuicao dominantes dos haplogrupos
V
e
U5b1b1
, ausentes entre samoiedos, mansis e ostiacos
e comuns na Europa, sugerindo uma comunidade diversificada passando por diversos periodos de
efeito de gargalo
na estabilizacao do fundo genetico sami. Tambem um pouco comum e o
H1
, resultado de misturas mais recentes com populacoes vizinhas. Os dois haplogrupos mais orientais sao
Z1
e
D5
, provavelmente egressos de uma migracao do sul dos
Montes Urais
para a Laponia pela
bacia
do
Rio Volga
, deixando tracos pelos povos nativos de toda a regiao.
A raca lapa e descrita como uma das mais baixas do mundo,
com Lapouge
apresentando uma faixa de altura entre 1.50m e 1.63m,
Yrjo Kajava
entre 1.52m e 1.61m, Coon
uma figura mais atualizada de 1.55m a 1.64m,
Hooton
de 1.523m a 1.609
e Cole
estabelecendo uma media de 1.59m. Enquanto as
pernas
seriam excessivamente curtas, e as maos e
pes
pequenos, o
tronco
e os
bracos
seriam relativamente grandes.
O corpo dos lapoes apresentaria adaptacoes especiais para o frio, com a
isolacao termica
dos
orgaos
internos mais vulneraveis atraves de seu padrao
anastomotico
especializado, uma tatica evolutiva de sobrevivencia tambem encontrada entre
aborigenes australianos
, e, entre os animais nao-humanos, entre
porcos domesticos
do
Alasca
e
focas
.
Os lapoes sao tambem descritos como extremamente
braquicefalos
, tendo um dos maiores
indices cefalicos
do mundo,
a media estimada em 84 por Cole,
85 por Lapouge
, Biasutti
e
Baker
,
e 86-87 pela
La Nature
,
com Kajava
apontando uma faixa entre 81 e 87 e Vallois
crendo que poderia ultrapassar 88. A
cabeca
seria relativamente grande, mas absolutamente ainda pequena,
e teve o formato descrito como ovoide ou globular,
com uma testa pequena.
A
mandibula
seria baixa e pequena, com
queixo
recessivo e
dentes
pequenos, mas havendo grande distancia
bigonial
,
e o
mento
pontudo.
O
rosto
da "raca lapa" seria pequeno e estreito em relacao ao
cranio
, mas aparentando ser grande se comparado com a pequena mandibula ortognata,
sendo marcado por
zigomas
proeminentes
e
caixa craniana
bastante arredondada, exceto na parte anterior, com uma descida abrupta ate o
occipital
.
Os olhos seriam pequenos, puxados, profundos, com
palpebra
retraidas, e, nos individuos tidos como mais puros e originais, sempre escuros, apesar de haver certa variacao considerando-se os de origem mista.
O
nariz
seria pequeno e retraido, mas relativamente largo, apresentando base maior que o de outros europeus
e arrebitamento.
A razao media entre largura e altura do nariz seria de 74.59% entre os homens e 73.64% entre as mulheres, segundo estudo da
La Nature
.
A boca e descrita como grande pela
La Nature
.
Apesar de o povo lapao ter sido reconhecido pelos povos vizinhos por suas
barbas
nao aparadas, sao igualmente descritas como falhas,
e de fato antropologos fisicos observaram que, apesar da setentrionalidade, o potencial de crescimento de pelos corporais dos lapoes seria pequeno.
Ocasionalmente, apresentariam
cabelos
crespos,
mas mais geralmente lisos.
Coon
argumenta que a tonalidade de cabelo original seria de um
castanho
escuro, mas cabelos
negros
estariam dentro da variedade comum, e as barbas tenderiam a ser mais claras que os cabelos.
Cole
admite algum grau de
blondismo
entre individuos tipicos. Igualmente, Coon
aponta a tonalidade amarela acinzentada ou marrom amarelada como a mais tipica e original, mas tonalidades mais claras integraram sua tipificacao por adaptacao ou mistura. A
La Nature
ja indicava em 1886 uma predominancia de peles claras.
Em um estudo comparativo de resultados
testes de Ishihara
entre varias populacoes, o
oftalmologista
Forrest Clements encontrou um indice de 6.3% de
deuteranopia
entre lapoes, apenas mais baixo globalmente que entre
todas
.
O territorio tradicional e tipico associado a dita raca lapa e a regiao
eponima
da Laponia, passando pelos territorios setentrionais da
Noruega
(especialmente
Finamarca
e
monte Tron
),
Suecia
(especialmente
Botnia Setentrional
),
Finlandia
(nas
tundras
) e
Russia
(especificamente a
Peninsula de Kola
).
Haveria, contudo, variacoes internas, e a percepcao de misturas e variacoes e mais dispersa ao longo da Europa.
Ao isolar os tracos mais tipicos e antigos de sua raca lapa, Coon divide a populacao lapa em dois grupos culturais e raciais: os lapoes de
rena
e os
sedentarios
. Enquanto os lapoes
nomadicos
dedicados ao
pastoreio
de
renas
, em geral mais orientais, preservariam os tracos mais puros da estirpe original, os sedentarios dedicados a
pesca
e geralmente mais ocidentais ja mostrariam variacoes derivadas de adaptacoes e misturas com a populacao nordica.
Egon von Eickstedt, adepto da promocao
nazista
de "
higiene racial
", alegava que estes
mesticos
adquiriam deformidades e doencas com frequencia, alem de ter "habilidades espirituais" diminuidas.
Bertil Lundman, em seu
Nordens rastyper
(1940), definiu duas racas distintas associadas a lapoes da Escandinavia: a escandolapa e a lapa setentrional, esta associada ao nordeste da Laponia, guardando mais semelhancas com os samoiedos. Enquanto escandolapoes teriam um indice cefalico medio de 87 e uma razao altura-largura do cranio de 77, estes indices seriam respectivamente de 81 e 68 nos lapoes setentrionais, mostrando tracos menos acentuados. O rosto dos lapoes setentrionais, contudo, seria ainda mais arredondado e achatado que o dos lapoes setentrionais, com nariz mais deprimido, testa mais estreita e ingreme e queixo e pigmentacao mais fortes.
Ainda mais a oriente, alguns autores perceberam variacoes significativas entre os lapoes de Quildim, concentrados em Kola, e os da Escandinavia. Ripley atribuiria seu indice cefalico medio inferior, estimado por
David Zolotarev
em 82.8, a mistura com outros nativos
finicos
, como os samoiedos.
Vonderach tambem detectou influencia "mongoloide" extra nos falantes de Quildim, que tambem percebeu terem olhos mais puxados.
Viktor Bunak fez uma classificacao mais ampla da raca lapa, investigando sua amplitude, variacoes e misturas. Bunak chama a dita raca lapa
lato sensu
de "protoasiatica ocidental", dividindo-a entre uma variedade mais tipica, propria dos lapoes ("protoasiatica ocidental escandinava") e uma de tracos atenuados e
mesocefala
transitoria para os finicos do Volga tipicos, chamada "sub-lapa" ou, em homenagem aos dois rios entre as quais se concentrava,
Viatka
-
Kama
.
Bunak ainda aponta que haveria alguns tipos entre o sub-lapao e o "grao-russo central", uma variedade
baltica oriental
que descreve.
O tipo de
Vologda
-
Costroma
seria uma mistura do grao-russo central com o sub-lapao, sendo, por isto, mais escuro e braquicefalizado que outros balticos.
O tipo de
Tcherepovets
seria ambiguo entre o grao-russo central e o sub-lapao, exigindo, para o autor, ulteriores estudos.
O tipo da
Volinia
, por fim, seria basicamente grao-russo central, mas Bunak supoe que poderia ser mais escuro por influencia sub-lapa.
Vojt?ch Suk tambem identificou um tipo laponoide de baixa estatura no leste da
Transcarpatia
.
Estudos baseados nos
marcadores geneticos
identificados por Lars Beckman indicaram que entre um quarto e um terco dos habitantes dos condados de Norrbotten e
Vasterbotten
teriam origem sami.
Outras populacoes citadas por antropologos fisicos como tendo contribuicao racial lapa incluem
zirianos
,
finlandeses (especialmente habitantes do norte e leste da Finlandia),
certos povos da Franca (especificamente montanheses,
bascos e bretoes),
poloneses
e os antigos etruscos
e
proto-eslavos
.
Notas e referencias
Notas
- ↑
A ideia de
racas humanas
e cada vez mais evitada para a conceituacao da variacao fisica humana por sua equivalencia com o cientificamente impreciso conceito de
subespecie
, tampouco coincidindo com o conceito de
etnia
.
Em geral, autores relativamente mais tardios de
antropologia fisica
tenderam a preferir a terminologia de "tipos" humanos introduzida por
Ilse Schwidetzky
, de forma a afastarem-se de implicacoes
racistas cientificas
.
Hoje, o consenso dos antropologos fisicos e de que as classificacoes raciais historicas nao representam a
biodiversidade
humana e moveram-se por interesses politicos e vies racista.
- ↑
Comentando a controversia posteriormente,
Ripley
argumentou que ambos estavam certos em alguns aspectos: embora
De Quatrefages
tenha acertado em apontar afinidade entre
prussianos
e
finlandeses
, ambos estariam bastante distantes dos lapoes.
- ↑
Contudo, nao ha qualquer evidencia de parentesco entre o
etrusco
e
linguas uralicas
como as
laponicas
, apesar de o linguista
Mario Alinei
ter afirmado o oposto estritamente com base na
analise combinatoria
de dados parciais.
- ↑
Esta opiniao ecoa a de
Carl Heinrich Stratz
, que tambem argumentava que os lapoes seriam o remanescente de uma raca indiferenciada ancestral de ambos caucasoides e mongoloides.
- ↑
Bertil Lundman
tambem calculou frequencia impressionantemente baixa do
alelo sanguineo
q
.
Referencias
- American Association of Physical Anthropology
(2019).
≪AAPA Statement on Race & Racism≫
(PDF)
(em ingles)
. Consultado em 23 de junho de 2019
- Avdeyev, Vladimir (2011) [2007].
Raciology: the science of the hereditary traits of peoples
(em ingles). Traduzido por Patrick Cloutier 2 ed. [S.l.]: Lulu.
ISBN
978-1-257-08342-8
. Consultado em 19 de fevereiro de 2019
- Baker, John
(1981) [1974].
Race
(em ingles). Athens (Georgia): Foundation for Human Understanding
. Consultado em 22 de fevereiro de 2019
- Beckman, Lars
(1990). ≪Genetiska studier av svenska samer≫.
Thule: Kungl. Skytteanska samfundets Arsbok
(em sueco).
3
.
Uma
: Skytteanska Samfundet. pp. 51?58.
ISBN
91-86438-11-5
.
ISSN
0280-8692
- Bernier, Francois
(1684).
≪Nouvelle division de la terre≫
.
Journal des Scavans
(em frances).
12
. pp. 148?155
. Consultado em 9 de fevereiro de 2019
- Biasutti, Renato
;
Bartoli, Matteo
;
Corso, Raffaele
; Genna, Giuseppe;
Graziosi, Paolo
;
Sergi, Sergio
;
Tagliavini, Carlo
;
Vidossi, Giuseppe
(1953a) [1941].
Razze e popoli della terra
(em italiano).
1
2 ed. Torino: Tipografia Sociale Torinese
- Biasutti, Renato; Corso, Raffaele;
Battaglia, Raffaello
; Muccioli, Marcello (1953b) [1941].
Razze e popoli della terra
(em italiano).
2
2 ed. Torino: Tipografia Sociale Torinese
- Blumenbach, Jo. Frid.
(1808).
Decas quinta collectionus suae craniorum diversarum gentium illustrata
(em latim). Gottingen: Heinrich Dietrich
. Consultado em 22 de fevereiro de 2019
- Bunak, V.
(1932). ≪Neues Material zur Aussonderung anthropologischer Typen unter der Bevolkerung Osteuropas≫.
Zeitschrift fur Morphologie und Anthropologie
(em alemao).
30
(3). Estugarda: E. Schweizerbart'sche Verlagsbuchhandlung. pp. 441?503.
doi
:
10.2307/25749116
- Cole, Sonia
(1965) [1963].
Races of Man
(em ingles) 2 ed. Londres: Butler & Tanner Ltd.
- Coon, Carleton Stevens
(1939).
The Races of Europe
(em ingles). Nova Iorque: The Macmillan Company
. Consultado em 18 de marco de 2019
- Coon, Carleton S. (1962).
The Origin of Races
(em ingles). Nova Iorque: Alfred A. Knopf
. Consultado em 18 de marco de 2019
- Czekanowski, Jan
(1928). ≪Das Typenfrequenzgesetz≫.
Anthropologischer Anzeiger
(em alemao).
5
(4). pp. 335?359.
doi
:
10.2307/29535328
- Czekanowski, Jan (1967) [1934].
Człowiek w czasie i przestrzeni
(em polones) 3 ed. Varsovia: Pa?stwowe Wydawnictwo Naukowe
- Deniker, J.
(1889).
≪Essai d'une classiflication des races humaines, basee uniquement sur les caracteres physiques≫
.
Bulletins et Memoires de la Societe d'Anthropologie de Paris
(em frances).
12
(3). Paris:
Societe d'Anthropologie de Paris
. pp. 320?336
. Consultado em 30 de janeiro de 2019
- Deniker, Joseph (1908) [1899].
Les races de l'Europe
(em frances). Paris: Association francais pour l'avancement des sciences
. Consultado em 10 de fevereiro de 2019
- Edlund, Lars-Erik; Frangsmyr, Tore (1996).
Norrlandsk uppslagsbok: ett uppslagsverk pa vetenskaplig grund om den norrlandska regionen
(em sueco). Uma: Norrlands universitetsforlag.
ISBN
91-972484-2-8
- Eickstedt, Egon von
(1952). ≪Die prioritatsgerechten Bezeichnungen der menschlichen Varitaten≫. In: Kern, Fritz.
Historia Mundi
(em alemao). 1: Fruhe Menschheit. Munique: Francke Verlag. pp. 223?226
- Erxleben, Io. Christ. Polyc.
(1777).
Systema regni animalis per classes, ordines, genera, species, varietates cum synonymia et historia animalium
(em latim). 1: Mammalia. Gotemburgo: Impensis Weygandiansis
. Consultado em 9 de fevereiro de 2019
- Escard, Francois (1886).
Le Prince Roland Bonaparte en Laponie
(em frances). Paris: G. Chamerot
. Consultado em 29 de abril de 2019
- Facchetti, Giulio M. (2005). ≪The Interpretation of Etruscan Texts and its Limits≫.
The Journal of Indo-European Studies
(em ingles).
33
(4). pp. 359?388
- Fischer, Joannis Baptista
(1829).
Synopsis Mammalium
(em latim). Estugarda: J. G. Cotta
. Consultado em 1 de marco de 2019
- Hooton, Earnest
(1946).
Up from the Ape
(em ingles). Nova Iorque:
The Macmillan Company
. Consultado em 12 de abril de 2018
- Karlsson, Andreas O.; Wallerstrom, Thomas; Gotherstrom, Anders; Holmlund, Gunilla (2006). ≪Y-chromosome diversity in Sweden ? A long-time perspective≫.
European Journal of Human Genetics
(em ingles).
14
. Nature Publishing Group. pp. 963?970
- Keita, S. O. Y.; Kittler, R. A.; Royal, C. D. M.; Bonney, G. E.; Furbert-Harris, P.; Dunston, G. M.; Rotimi, C. N. (2004).
≪Conceptualizing human variation≫
.
Nature Genetics
(em ingles).
36
. pp. 17?20
. Consultado em 26 de maio de 2019
- Lapouge, G. Vacher de
(1899).
L'Aryen: son role social
(em frances). Paris: Albert Fontemoing
. Consultado em 4 de janeiro de 2019
- Lundman, Bertil
(1940).
Nordens rastyper: Geografi och historia
(em sueco). Estocolmo: Albert Bonniers Forlag
- Lundman, Bertil (1967).
Geographische Anthropologie
(em alemao). Estugarda: Gustav Fischer Verlag
- Palsson, Hermann (1997).
Ur landnorðri: Samar og ystu rætur islenskrar menningar
(em islandes). Reiquiavique: Bokmenntafræðistofnun Haskola Islands
- Ripley, William Z.
(1910) [1899].
The Races of Europe
(em ingles). Nova Iorque: D. Appleton and Company
. Consultado em 4 de janeiro de 2019
- Schefferus, Joannes
.
Lapponia
(em latim e sueco). Francoforte: Officina Christianis Wolffii
. Consultado em 13 de fevereiro de 2018
- Soltysiak, Arkadiusz; Jaskulski, Piotr (1999). ≪Czekanowski's Diagram: A Method of Multidimensional Clustering≫. In: Barcelo, J.A.; Briz, I.; Vila, A.
New Techniques for Old Times. CAA98. Computer Applications and Quantitative Methods in Archaeology. Proceedings of the 26th Conference, Barcelona, March 1998
. Col: BAR International Series, 757 (em ingles). Oxonia: Archaeopress. pp. 175?184
- Suominen, Yrjo
(1929). ≪Physical Anthropology in Suomi (Finland)≫.
The Journal of the Royal Anthropological Institute of Great Britain and Ireland
(em ingles).
59
(207). Londres:
Royal Anthropological Institute of Great Britain and Ireland
. pp. 207?230.
doi
:
10.2307/2843566
- Tambets, Kristiina; Rootsi, Siiri; Kivisild, Toomas; Help, Hela; Serk, Piia; Loogvali, Eva-Liis; Tolk, Helle-Viivi; Reidla, Maere; Metspalu, Ene; Pliss, Liana; Balanovsky, Oleg; Pshenichnov, Andrey; Balanovska, Elena; Gubina, Marina; Zhadanov, Sergey; Osipova, Ludmila; Damba, Larisa; Voevoda, Mikhail; Kutuev, Ildus; Bermisheva, Marina; Khusnutdinova, Elza; Gusar, Vladislava; Grechanina, Elena; Parik, Juri; Pennarun, Erwan; Richard, Christelle; Chaventre, Andre; Moisan, Jean-Paul; Barac, Lovorka; Pericic, Marijana; Rudan, Pavao; Terzic, Rifat; Mikerezi, Ilia; Krumina, Astrida; Baumanis, Viesturs; Koziel, Slawomir; Rickards, Olga; De Stefano, Gian Franco; Anagnou, Nicholas; Pappa, Kalliopi I.; Michalodimitrakis, Emmanuel; Ferak, Vladimir; Furedi, Sandor; Komel, Radovan; Beckman, Lars; Villems, Richard (2004). ≪The Western and Eastern Roots of the Saami?the Story of Genetic "Outliers" Told by Mitochondrial DNA and Y Chromosomes≫.
American Journal of Human Genetics
(em ingles).
74
. pp. 661?682.
doi
:
10.1086/383203
- Vallois, Henri-Victor
(1967) [1947].
Les races humaines
(PDF)
(em frances) 7 ed. Paris: Les Presses universitaires de France
. Consultado em 24 de janeiro de 2019
- Von Sydow, C. O. (1976). ≪Linnaeus and the Lapps≫.
Taxon
(em ingles).
25
(1). Hoboken: Wiley. pp. 9?14.
doi
:
10.2307/1220397
- Vonderach, Andreas
(2008).
Anthropologie Europas
(em alemao). Graz: Ares Verlag.
ISBN
978-3-902475-52-7
- Media
relacionados com
lapoes
no Wikimedia Commons