한국   대만   중국   일본 
RMS Aquitania ? Wikipedia, a enciclopedia livre Saltar para o conteudo

RMS Aquitania

Origem: Wikipedia, a enciclopedia livre.
RMS Aquitania
  Reino Unido
Operador Cunard Line
Fabricante John Brown & Company
Homonimo Galia Aquitania
Batimento de quilha junho de 1911
Lancamento 21 de abril de 1913
Viagem inaugural 30 de maio de 1914
Aposentadoria 1949
Porto de registro Liverpool , Inglaterra
Destino Desmontado
Caracteristicas gerais
Tipo de navio Transatlantico
Tonelagem 45.647 t
Maquinario 4 turbinas a vapor
Comprimento 274,6 m
Boca 29,6 m
Calado 11 m
Propulsao 4 helices
- 59 000  cv  (43 400  kW )
Velocidade 23 nos (42,5 km/h )
Tripulacao 972
Passageiros 3 230 (1914)
2 200 (1926)

O RMS Aquitania foi um navio de passageiros britanico operado pela Cunard Line e construido pelos estaleiros da John Brown & Company . Foi o terceiro transatlantico gigante da companhia depois de seus irmaos RMS Lusitania e RMS Mauretania , sendo o maior e mais luxuoso dos tres, porem tambem o mais lento. O Aquitania teve sua construcao iniciada em junho de 1911 e comecou seu servico em maio de 1914, conseguindo completar seis viagens comerciais antes do inicio da Primeira Guerra Mundial . Durante o conflito a embarcacao foi convertida em um navio hospital para servir na Campanha de Galipoli e depois em um navio de transporte de tropas ate 1919.

Ele voltou ao servico comercial em 1920, atuando como o principal navio da Cunard ao lado do Mauretania e do RMS Berengaria . O Aquitania acabou se tornando uma das embarcacoes mais populares do Atlantico , recebendo o apelido de "Navio Lindo". Sua popularidade fez com que conseguisse continuar ativo mesmo depois da fusao da Cunard em 1934 com sua antiga rival a White Star Line , quando muitos navios foram aposentados por serem considerados excedentes. Sua substituicao acabou prevista para 1940 depois do lancamento do RMS Queen Elizabeth .

O inicio da Segunda Guerra Mundial em 1939 prorrogou sua vida. O Aquitania foi novamente convertido em navio de transporte de tropas e continuou no servico militar ate 1947, transportando em media tres mil soldados por viagem para os campos de batalha na Europa e posteriormente de volta para suas casas na Oceania e Canada . O Aquitania encerrou sua carreira transportando imigrantes canadenses, porem estava velho e em pessimo estado e a Junta Comercial britanica o julgou como obsoleto. Ele foi tirado do servico em 1949 e desmontado no ano seguinte.

Antecedentes [ editar | editar codigo-fonte ]

A ideia do Aquitania nasceu da rivalidade entre as companhias britanicas Cunard Line e White Star Line , que competiam desde o inicio do seculo XX pelos maiores e melhores navios de passageiros do mundo. A Cunard havia saido na frente com o RMS Lusitania e o RMS Mauretania , enquanto a White Star respondeu com a Classe Olympic : RMS Olympic , RMS Titanic e RMS Gigantic (posteriormente renomeado para HMHS Britannic ). Estes eram trinta metros maiores em comprimento e bem mais luxuosos, porem mais lentos. [ 1 ] Os dois navios da Cunard entraram em servico em 1907 e rapidamente estabeleceram novos recordes de velocidade, ambos vencendo a Flamula Azul de travessia transatlantica mais rapida. Os navios da White Star nao haviam sido construidos para se impor em velocidade, porem concentraram-se em luxo e regularidade. Por sua vez, o Lusitania e o Mauretania nao eram capazes de manter um servico regular entre Europa e America do Norte . [ 2 ]

Para cobrir o buraco, os executivos da Cunard comecaram a pensar em 1910 sobre um terceiro navio no mesmo perfil que os predecessores. Varios projetos evoluiram ao longo do ano para determinar as principais caracteristicas da embarcacao e sua velocidade, que ficou estabelecida em 23 nos aos inves dos 25 do Lusitania e Mauretania . A empresa comecou uma campanha em julho a fim de determinar qual estaleiro construiria o novo navio, no fim escolhendo a John Brown & Company da Escocia , os mesmos construtores do Lusitania . A encomenda foi realizada em dezembro de 1910 e o nome Aquitania foi escolhido em 19 de janeiro do ano seguinte, dando continuidade a precedencia da companhia de nomear suas embarcacoes em homenagem a antigas provincias romanas . O contrato oficial da Cunard com a John Brown foi assinado uma semana depois. [ 3 ]

Construcao [ editar | editar codigo-fonte ]

O Aquitania em construcao, 1913.

O projeto geral foi realizado pelo engenheiro naval Leonard Peskett. [ 4 ] Os planos originais eram para uma embarcacao quarenta metros maior que seus dois predecessores. A tonelagem permaneceu ligeiramente menor que a do Olympic , porem o deslocamento do Aquitania ficou um pouco mais elevado. O batimento da quilha ocorreu em junho de 1911 e ao mesmo tempo Peskett embarcou na viagem inaugural do Olympic a fim de observar seu rival e tirar ideias que pudessem tambem ser aplicadas em seu navio. [ 5 ] Ele ainda estava em construcao quando o Titanic afundou em abril de 1912, com a Cunard e a John Brown centrando os projetos na seguranca da embarcacao; a construcao nao foi muito afetada pelo desastre, indicando que possivelmente os planos originais ja incorporavam botes salva-vidas para todos a bordo ou ja tinham abertura para sua colocacao, alem de possuir anteparas a prova d'agua que permitiam a flutuacao com ate cinco compartimentos inundados. O casco duplo tambem foi particularmente destacado em anuncios como uma medida de seguranca extra, que muitas vezes falavam de "um navio dentro de um navio". [ 6 ]

A armacao do casco foi completada no inicio de 1913 e o Aquitania foi lancado ao mar em 21 de abril, sendo batizado por Alice Stanley, Condessa de Derby. Ele logo em seguida foi levado para uma doca seca e pelos treze meses seguintes passou por seu processo de equipagem, em que todas as instalacoes, decoracoes e equipamentos foram colocados no lugar. Os trabalhos internos foram coordenados por Arthur Joseph Davis e auxiliados por Charles Mewes, que ao mesmo tempo estava trabalhando nos navios alemaes SS Imperator , SS Vaterland e SS Bismarck da Hamburg-Amerika Linie . Sob Davis funcionava uma grande equipe de decoradores e artesaos. [ 5 ] Os custos das decoracoes ultrapassaram as estimativas iniciais, ao contrario do que havia acontecido no Mauretania , com os moveis custando mais do que as proprias decoracoes, forcando uma simplificacao do estilo arquitetonico. [ 7 ]

Quando os trabalhos de equipagem terminaram, o navio deixou a John Brown em 10 de maio de 1914 para seus testes maritimos. Os testes acabaram superando as expectativas dos executivos da Cunard, com o Aquitania tambem conseguindo alcancar a velocidade maxima desejada. A embarcacao entrou no rio Mersey em 14 de maio e permaneceu no porto de Liverpool durante duas semanas, periodo em que passou por uma ultima grande limpeza e acabamento antes de sua viagem inaugural. [ 8 ]

Caracteristicas [ editar | editar codigo-fonte ]

Aspectos tecnicos [ editar | editar codigo-fonte ]

Visao longitudinal do Aquitania .

O Aquitania tinha 274,6 metros de comprimento por 29,6 de altura, sendo o maior navio de passageiros britanico na epoca e superando as embarcacoes da classe Olympic por alguns metros. Entretanto, sua tonelagem de 45 647 toneladas era um pouco inferior do que seus rivais. [ 4 ] Foi tambem o primeiro navio da Cunard a ultrapassar a simbolica marca de novecentos pes de comprimento. [ 5 ] A concorrencia era grande sobre este aspecto, tanto que quando a HAPAG descobriu sobre essa realizacao, ela mandou instalar uma aguia decorativa na proa do Imperator , entao na sua fase de conclusao, para poder ganhar alguns metros a mais de comprimento e superar a embarcacao britanica. [ 9 ]

Do ponto de vista externo, o navio retomou caracteristicas da silhueta do Mauretania , porem de maneira revisada e ampliada, especialmente em relacao as chamines vermelhas com aro preto no topo. O Aquitania foi o decima segunda embarcacao da historia a possuir quatro chamines e a ultima delas a servir na rota transatlantica. [ 10 ] Ao contrario de outros navios do tipo, a ultima chamine do Aquitania nao era falsa e servia para evacuar a fumaca produzida nas salas das caldeiras. [ 11 ] Sua superestrutura era pintada de branco com o objetivo de contrastar com seu casco preto, com a falta de um castelo da proa mais elevado lhe dando um visual um pouco mais imponente [ 12 ] Na popa, os conveses superiores da superestrutura eram perfurados por grandes aberturas na altura do conves de passeio. [ 13 ]

Assim como seus dois irmaos, o Aquitania era impulsionado por quatro helices de quatro laminas cada movidas por turbinas alimentadas pela queima de carvao em caldeiras, convertido depois para queima de petroleo em 1920. Seu casco era dividido em varios compartimentos estanques, projetados para que o navio continuasse flutuando com ate cinco compartimentos seguidos inundados. Um casco duplo protegia a porcao central do Aquitania , principalmente nas areas das caldeiras e dos depositos de combustivel. [ 14 ]

Instalacoes [ editar | editar codigo-fonte ]

O salao de jantar da primeira classe do Aquitania no estilo Luis XVI.

Ao ser lancado, o Aquitania podia transportar 3 230 passageiros: 618 na primeira classe, 614 na segunda e 1 198 na terceira. Sua reforma de 1926 reduziu esses numeros para um total de 2 200 passageiros: 610 pessoas na primeira classe, 950 na segunda e 640 na chamada classe "turistica". As especificacoes originais diziam que a embarcacao tambem contava com 972 tripulantes, porem esse numero as vezes chegava em aproximadamente 1 100 durante seus primeiros anos de servico comercial e por volta de oitocentos na epoca da queda da imigracao e conversao para o petroleo como combustivel, em meados da decada de 1920. [ 3 ]

O Aquitania foi decorado de maneira luxuosa, o que depois acabou lhe rendendo o apelido de "Navio Lindo". [ 15 ] Todas as instalacoes foram o trabalho de Arthur Joseph Davis e seu socio Charles Mewes. [ 5 ] A primeira classe oferecia varias areas comuns, incluindo um grande salao no estilo palladiano , uma sala de estar, dois jardins de inverno, duas salas de correspondencias e uma sala de fumar. [ 16 ] Alem disso, tambem havia um grande salao de jantar decorado no estilo Luis XVI e uma churrasqueira. [ 17 ] Ainda havia uma piscina coberta e um ginasio. Por volta de maio de 1912 ainda durante a construcao, a Cunard acabou decidindo retirar os banhos turcos que haviam originalmente sido planejados e que estavam presentes em seus rivais da Classe Olympic . [ 18 ]

Os passageiros da segunda classe tinham a sua disposicao um salao de jantar, varios saloes, um cafe com varanda para o mar e um ginasio, instalacoes unicas para esta classe em especial a bordo de um navio britanico. Ja os passageiros de terceira classe tambem tinham acesso a varias areas comuns e um conves de passeio coberto, alem de tres casas de banho. [ 16 ] As cabines do Aquitania ofereciam grande conforto: a primeira classe tinha oito suites de luxo nomeadas a partir de pintores famosos, com muitas outras cabines possuindo casas de banho proprias (algo ainda raro na epoca). Os alojamentos da segunda classe eram mais amplos do que a media, destinadas a acomodar dois, tres e ate quatro passageiros. As cabines da terceira classe eram menores do que outros navios do periodo, chegando a acomodar ate seis pessoas. [ 5 ]

Ao longo de seus 35 anos de carreira, o Aquitania passou varias por reformas que adicionaram ou removeram certas instalacoes. Por exemplo, um teatro e cinema foram construidos durante a reforma de 1932?33, [ 19 ] enquanto os espacos da classe turistica foram reorganizados na decada de 1920 a fim de fornecerem maior conforto. [ 20 ]

Historia [ editar | editar codigo-fonte ]

Inicio de carreira [ editar | editar codigo-fonte ]

O Aquitania em 1914.

O Aquitania partiu para sua viagem inaugural de Liverpool para Nova Iorque no dia 30 de maio de 1914 sob o comando do capitao William Thomas Turner , comodoro da Cunard Line e que no ano seguinte comandou o Lusitania quando este foi torpedeado por um submarino e afundou. [ 21 ] O evento chamou atencao porque duas semanas antes o alemao SS Vaterland , o maior navio do mundo ate entao, tinha entrado em servico. Sob essas condicoes a viagem do Aquitania foi pintada pela imprensa britanica como uma corrida de prestigio moral para o pais. [ 22 ] Entretanto, todo o evento acabou ofuscado pelo naufragio do canadense RMS Empress of Ireland um dia antes apos colidir com o noruegues SS Storstad no rio Sao Lourenco , perto do vilarejo de Rimouski , com mais de mil pessoas perdendo a vida. [ 23 ] Mesmo assim, apesar de todo furor causado pelo desastre, nenhum passageiro cancelou de ultima hora sua viagem no Aquitania . [ 8 ]

Para sua primeira viagem, a embarcacao deixou Liverpool com 1 055 passageiros, um terco de sua capacidade total. Uma certa supersticao da epoca dizia que era ma sorte estar em um navio em sua viagem inaugural. Mesmo assim a travessia satisfez a tripulacao e a Cunard: o Aquitania mostrou-se estavel e conseguiu manter uma velocidade media de 23 nos, levando ainda em consideracao que precisou reduzir a velocidade por cinco horas por causa de neblina e um campo de icebergs . Por um breve periodo suas maquinas foram capazes de alcancar 25 nos. Alem disso, o consumo de carvao foi menor do que no Lusitania e Mauretania . Os passageiros aproveitaram a viagem e o navio chegou em Nova Iorque no dia 5 de junho sem nenhum grande incidente. Na volta para Liverpool, o Aquitania transportou 2649 pessoas, um recorde para um navio britanico, chegando em 16 de junho. [ 24 ]

Ao voltar para o Reino Unido o navio passou por pequenas modificacoes levando em contas as observacoes feitas durante suas duas travessias inaugurais, algo muito comum para navios novos. [ 24 ] Duas outras ida e volta ocorreram na segunda quinzena de junho e no inicio de julho, com ambas tambem sendo grandes sucessos. O engenheiro Leonard Paskett participou da segunda viagem a fim de observar quaisquer defeitos. Esses dois meses mostraram-se bem satisfatorios; ao final dos seis cruzamentos, o Aquitania tinha transportado ao todo 11 208 passageiros, com uma media de 1 868 pessoas por travessia. Sua carreira comercial acabou interrompida abruptamente pelo inicio da Primeira Guerra Mundial em agosto de 1914 e o navio so retornaria para o servico comercial seis anos depois. [ 25 ]

Primeira Guerra [ editar | editar codigo-fonte ]

O Aquitania como navio hospital , 1916.

O Aquitania foi oficialmente requisitado pela Marinha Real Britanica em 5 de agosto de 1914 com o objetivo de transforma-lo em um cruzador auxiliar para lutar na guerra. A partir do dia 8 seus elementos decorativos comecaram a ser retirados e armas foram instaladas, com ele logo sendo colocado em patrulha da costa britanica. Em 22 de agosto, a embarcacao acabou se envolvendo em uma colisao nao muito seria com outro navio menor. Pouco tempo depois ficou claro para a marinha que grandes navios como transatlanticos nao eram adequados para a funcao de cruzadores auxiliares, ja que consumiam muito combustivel, eram muito grandes e de manobrabilidade limitada quando comparada a navios propriamente de guerra. O Aquitania acabou devolvido para a Cunard um mes depois em 30 de setembro, sendo desarmado e passando por alguns reparos. O navio permaneceu atracado por causa do perigo e da falta de demanda para viagens comerciais. [ 26 ]

Ele foi requisitado novamente na primavera de 1915 para servir como navio de transporte de tropas para Dardanelos no Imperio Otomano . Por volta de trinta mil homens foram transportados ate o local a bordo do Aquitania entre maio e agosto do mesmo ano. [ 26 ] Sua velocidade lhe permitiu escapar de um torpedo disparado por um u-boot alemao em uma de suas travessias, diferentemente de seu irmao Lusitania que havia sido torpedeado e naufragado apenas alguns meses antes. [ 27 ] A Campanha de Galipoli acarretou varias baixas para a Triplice Entente e logo o Aquitania foi transferido para ser um navio hospital. A embarcacao foi transformada para poder receber ate 4 200 pacientes e comecou a exercer sua nova funcao em setembro de 1915, logo sendo acompanhado pelo seu irmao Mauretania [ 28 ] e pelo Britannic da White Star Line. [ 15 ] Seus servicos nao foram mais considerados necessarios em abril de 1916 apos o fim das batalhas em Dardanelos, porem acabou requisitado mais uma vez em julho do mesmo ano. Entretanto, Aquitania so conseguiu voltar ao mar em novembro devido a problemas burocraticos. Apos o naufragio do Britannic em novembro de 1916 (creditado pela imprensa britanica a um torpedo alemao) e outros incidentes envolvendo navios hospitais, a Marinha Real comecou a ver esse tipo de embarcacao como alvos em potencial, retirando-os do mar. O Aquitania assim passou todo o ano de 1917 atracado no Solent . Por volta de 25 mil feridos foram transportados a bordo durante seus poucos meses de servico. [ 29 ]

O Aquitania como transporte de tropas, 1918.

O navio voltou para o mar em 1918 como transporte de tropas entre o Reino Unido e a America do Norte . O Aquitania foi todo pintado com uma camuflagem estilo Dazzle : um conjunto de formas geometricas que tinham o objetivo de quebrar a silhueta da embarcacao e assim dificultar a determinacao de sua rota e distancia por parte de submarinos inimigos. Ele foi reformado novamente, desta vez para poder transportar aproximadamente oito mil homens. O Aquitania realizou nove viagens nesta funcao e transportou ao todo por volta de sessenta mil soldados. Foi neste periodo que a embarcacao se envolveu em um dos acidentes mais graves de sua vida, quando colidiu no dia 9 de outubro com o contratorpedeiro USS Shaw . A colisao destruiu a ponte do navio norte-americano e o incendiou parcialmente, com doze homens morrendo. [ 30 ]

A guerra terminou oficialmente em novembro de 1918 e o Aquitania foi dispensado do servico militar no mes seguinte, porem continuou no servico governamental ate 1919 realizando viagens entre Southampton e Nova Iorque para levar soldados de volta para casa. [ 31 ] Em dezembro ele foi oficialmente devolvido para a Cunard e levado para os estaleiros da Armstrong Whitworth em Newcastle upon Tyne . Seus motores de combustao a carvao foram substituidos pela queima de petroleo, reduzindo bastante o numero de tripulantes necessarios para operar sua casa de maquinas. [ 10 ] Todos os seus elementos decorativos tambem foram reinstalados a fim de restaura-lo para sua aparencia original pre-guerra. [ 31 ]

Volta ao servico [ editar | editar codigo-fonte ]

O Aquitania apos as modificacoes de 1920.

O Aquitania voltou para o servico comercial em 17 de julho de 1920, partindo de Liverpool. Sua volta era aguardada com muita expectativa e 2433 passageiros embarcaram na viagem. A travessia foi um grande sucesso, com o navio conseguindo manter uma boa velocidade, comprovando que o oleo combustivel era muito mais barato que o carvao. Mesmo assim houve um acidente em que um tubulacao explodiu e matou um dos tripulantes da sala de maquinas. [ 32 ] Os meses seguintes mostram-se ainda mais promissores, apesar de uma greve dos comissarios de bordo em maio de 1921 que provocou alguns incidentes a bordo durante uma travessia. [ 33 ] O Aquitania acabou se tornando o principal navio da Cunard no inicio da decada, ja que o Lusitania tinha sido perdido na guerra e o Mauretania havia sido retirado do servico para uma reforma apos um incendio em um de seus conveses. Dessa maneira 1921 foi um bom ano para a embarcacao, estabelecendo um recorde de sessenta mil passageiros transportados no total. [ 34 ] O Mauretania voltou para o servico no ano seguinte junto com o RMS Berengaria , antigo navio alemao SS Imperator da Hamburg-Amerika que foi entregue para a Cunard como uma compensacao de guerra. [ 35 ] Juntos eles formaram os "Tres Grandes" da empresa, que rivalizavam com o trio da White Star Line formado pelo RMS Olympic , RMS Homeric e RMS Majestic , os dois ultimos tambem sendo compensacoes alemas de guerra e que entraram em servico em 1922. [ 36 ]

No entendo, a primeira metade da decada de 1920 testemunhou uma tendencia cada vez menos favoravel para os grandes navios transatlanticos. Apos a guerra os Estados Unidos colocou limitacoes e restricoes em suas politicas de imigracao, fazendo com que aos poucos o numero de passageiros de terceira classe diminuisse. Em 1921 o Aquitania transportou aproximadamente 26 mil passageiros na terceira classe apenas, porem esse numero caiu para por volta de 8 200 em 1925. A tripulacao, que ja havia diminuido pela alteracao do combustivel, foi reduzida mais ainda para 850 pessoas. Mesmo com o numero de passageiros de primeira e segunda classe ainda mantendo-se estaveis, o navio comecou a operar com perda de dinheiro. [ 36 ] A terceira classe era a chave para a rentabilidade da embarcacao e assim a Cunard resolveu se adaptar. A essa altura ela ja estava gradualmente se tornando uma "classe turistica" e a empresa comecou a oferecer servicos convenientes a precos mais baixos. O Aquitania entao passou por uma grande reformulacao em 1926, que modificou as condicoes das cabines e reduziu drasticamente o numero total de passageiros para 2 200. [ 37 ]

O periodo tambem abriu chances de prosperidade. O navio se beneficiou particularmente da Lei Seca , com muitos norte-americanos embarcando para poderem beber alcool. Essa foi uma epoca tranquila para o Aquitania , com os maiores incidentes sendo principalmente tempestades. O mais serio ocorreu em 15 de julho de 1928 quando o comodoro sir James Charles, oficial comandante da embarcacao, desmaiou a bordo devido a uma hemorragia e morreu pouco depois. [ 38 ] O navio continuou a fazer sucesso apos reformas e voltou a operar em grandes lucros. Ele passou por mais modificacoes em 1929 que adicionaram casas de banho para todas as cabines da primeira classe, alem de modificacoes nas acomodacoes das outras classes. As alteracoes foram eficazes e o numero de passageiros aumentou. O Aquitania permaneceu popular com o publico apesar de seus quinze anos de servico, a competicao de outros navios mais novos como o alemao SS Bremen e os planos da Cunard para a construcao de navios maiores e mais modernos. [ 39 ]

Grande Depressao [ editar | editar codigo-fonte ]

O Aquitania encalhado em Thorne Knoll perto de Southampton, 10 de abril de 1935.

A Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929 custou muito as companhias de navegacao, que viram seus clientes diminuirem drasticamente junto com os lucros. Para tentar enfrentar as perdas a Cunard decidiu baixar os precos e ao mesmo tempo agendar cruzeiros baratos que ate entao estavam se mostrando cada vez mais populares, especialmente no Aquitania . [ 40 ] Outro problema era o sucesso do Bremen e do SS Europa da alema Norddeutscher Lloyd , que em 1929 e 1930 respectivamente conquistaram a Flamula Azul de viagem transatlantica mais rapida. [ 41 ] Os alemaes fizeram tanto sucesso que em 1932 transportaram praticamente o mesmo numero de passageiros que os tres grandes da Cunard juntos. [ 40 ] Esses fatores acertaram o Aquitania violentamente: das quase trinta mil pessoas que levou em 1929, esse numero caiu para treze mil em 1934. [ 42 ] Mesmo assim a embarcacao manteve-se popular e foi o terceiro navio mais movimentado de 1930, atras apenas dos alemaes. [ 40 ]

A fim de manter o navio em boa forma e atraente aos passageiros, a Cunard fez o Aquitania passar por uma nova reforma na virada de 1932 para 1933 que modificou e adicionou varias instalacoes, dentre elas um teatro. Ao mesmo tempo a empresa estava construindo o RMS Queen Mary com o objetivo de modernizar sua frota. Entretanto, a Grande Depressao dificultou o financiamento para as obras e a Cunard acabou se fundindo em 1934 com sua rival White Star Line, criando a Cunard-White Star Line, para poder completar seu navio, que finalmente entrou em servico em 1936. [ 43 ] No ano anterior o numero de passageiros ja havia comecado a se recuperar um pouco, melhorando a situacao do Aquitania . Um ligeiro transtorno manchou um pouco essa recuperacao: em 10 de abril do mesmo ano o navio encalhou em Throne Knoll perto de Southampton, porem foi liberado rapidamente sem grandes danos para ele e os rebocadores. [ 21 ]

A fusao da Cunard com a White Star colocou muitos navios em situacoes delicadas, ja que a empresa tinha um excedente de transatlanticos. Os mais antigos, o Mauretania e o Olympic , foram imediatamente tirados de servico, com o Majestic e depois o Aquitania aparentemente sendo os proximos. Porem, a chegada do Queen Mary nao foi o suficiente para a aposentadoria do mais velho ja que mesmo assim ele ainda se manteve mais popular e rentavel que seus companheiros. O Majestic foi vendido para a Marinha Real em 1936 enquanto o Berengaria completou o trio principal durante um periodo. [ 44 ] Este ultimo foi retirado em 1938 apos um incendio, com a imprensa especulando que a vez do Aquitania chegaria em 1940 com a estreia do RMS Queen Elizabeth . O desempenho do navio continuou bom em seus ultimos anos e ele ainda satisfazia a empresa: a temporada de 1939 teve um aumento no numero de passageiros. No entanto, o Aquitania ja estava com 26 anos de idade e a vida estimada de um navio na epoca era de 25 anos. [ 45 ]

Segunda Guerra [ editar | editar codigo-fonte ]

O Aquitania na Segunda Guerra Mundial.

O Aquitania estava aguardando ordens em Nova Iorque junto com o Queen Mary , Queen Elizabeth e SS Normandie quando a Segunda Guerra Mundial comecou em setembro de 1939. O navio rapidamente voltou para Southampton e realizou uma ida e volta ainda em servico comercial. Em 10 de outubro a Cunard-White Star recebeu ordens de manter seus navios no porto em caso de uma possivel requisicao por parte da Marinha Real, com a convocacao do Aquitania ocorrendo em 18 de novembro. Ele partiu dez dias depois em um comboio para Halifax , retornando com um grande contingente de tropas canadenses. A viagem de volta foi marcada por um acidente: o RMS Samaria nao havia sido bem informado e acabou acidentalmente indo parar no meio do comboio, colidindo com o Aquitania e causando pequenos danos. [ 46 ] O navio continuou no transporte de soldados canadenses ate fevereiro de 1940, sendo em seguida enviado para uma doca seca onde a Cunard-White Star esperava mante-lo em seguranca. No entanto, o governo britanico o requisitou novamente para recolher tropas na Africa do Sul , Australia e Nova Zelandia . [ 47 ]

Pelos anos seguintes o Aquitania viajou pelo mundo transportando tropas para dentro e fora das zonas de combate, passando por lugares como Singapura , Bombaim e Rio de Janeiro . De forma geral ele transportava aproximadamente tres mil soldados por viagem, porem em uma ocasiao chegou a levar por volta de sete mil. [ 48 ] Essas atividades eram ocasionalmente pontuadas por incidentes que perturbavam a rotina de transporte; por exemplo, em novembro de 1941, ele salvou os sobreviventes do cruzador auxiliar alemao Kormoran , que havia afundado apos travar uma batalha com o cruzador rapido australiano HMAS  Sydney . [ 21 ]

Com o final da guerra em setembro de 1945, o Aquitania transportou milhares de soldados de volta para suas casas na Australia e Canada. [ 4 ] Durante todo o seu servico militar na guerra, a embarcacao transportou um total de 380 mil homens e viajou por 805 mil quilometros ao redor do globo. [ 49 ]

Fim de carreira [ editar | editar codigo-fonte ]

O navio voltou para a Cunard-White Star em 1948 e foi submetido a uma revisao para restaura-lo a uma condicao adequada para o transporte de passageiros. A empresa e o governo canadense firmaram um acordo, com o Aquitania sendo preparado para levar 1 100 imigrantes e 650 passageiros de primeira classe. As condicoes mesmo assim ficaram precarias: as reformas foram rapidas e superficiais a fim de permitir seu retorno imediato. Ele transportou ao longo do ano um grande numero de passageiros, principalmente mulheres que soldados canadenses desposaram durante seu tempo na Europa e seus filhos. O contrato foi renovado em 1949 e os numeros foram satisfatorios. [ 50 ]

Entretanto, ficou claro ao final de 1949 que o Aquitania , apesar de toda sua popularidade, era um navio velho e ultrapassado. Algumas historias inclusive diziam que um teto havia desabado deixando um piano cair no conves inferior. [ 4 ] Entretanto, esse relato nao e corroborado por nenhuma fonte da epoca. Ele estava em mau estado geral e em dezembro os inspetores da Junta Comercial britanica concluiram que a embarcacao so poderia continuar em servico se passasse por uma enorme reforma completa. A Cunard-White Star chegou a conclusao que apos 35 anos de carreira, dez a mais do que o previsto, gastos extras com o Aquitania seriam inuteis. [ 51 ]

O navio assim foi vendido por 125 mil libras para a British Iron and Steel Corporation, sendo levado para a base naval de HMNB Clyde a fim de ser desmontado e vendido como sucata. Os trabalhos demoraram quase um ano e so foram perturbados por um incendio em outubro de 1950. [ 51 ] Em sua longa carreira, uma das mais longas para um transatlantico na historia, o Aquitania transportou mais de um milhao de passageiros e viajou por mais de 4,8 milhoes de quilometros. [ 49 ]

Referencias [ editar | editar codigo-fonte ]

  1. le Goff 1998 , p. 37
  2. le Goff 1998 , p. 33
  3. a b Chirnside 2008 , p. 8
  4. a b c d Othfors, Daniel. ≪Aquitania≫ . The Great Ocean Liners . Consultado em 2 de marco de 2016 . Arquivado do original em 7 de agosto de 2009  
  5. a b c d e Chirnside 2008 , p. 13
  6. Chirnside 2008 , p. 14
  7. Chirnside 2008 , p. 18
  8. a b Chirnside 2008 , p. 19
  9. le Goff 1998 , p. 48
  10. a b le Goff 1998 , p. 54
  11. Chirnside 2008 , pp. 58?59
  12. Chirnside 2008 , p. 40
  13. Chirnside 2008 , p. 38
  14. Chirnside 2008 , pp. 14?15
  15. a b le Goff 1998 , p. 55
  16. a b Chirnside 2008 , p. 10
  17. Chirnside, Mark. ≪RMS Aquitania: Frequently Asked Questions (FAQ)≫ . Mark Chirnside's Reception Room . Consultado em 6 de marco de 2016  
  18. Chirnside 2008 , p. 88
  19. Chirnside 2008 , p. 45
  20. Chirnside, Mark. ≪Aquitania 'Down the Years ' . Mark Chirnside's Reception Room . Consultado em 6 de marco de 2016  
  21. a b c ≪Aquitania (1914): Builder's Data≫ . MaritimeQuest . Consultado em 6 de marco de 2016  
  22. le Goff 1998 , p. 52
  23. le Goff 1998 , p. 28
  24. a b Chirnside 2008 , p. 23
  25. Chirnside 2008 , p. 26
  26. a b Chirnside 2008 , p. 27
  27. Chirnside 2008 , p. 31
  28. le Goff 1998 , p. 50
  29. Chirnside 2008 , p. 33
  30. Chirnside 2008 , p. 34
  31. a b Chirnside 2008 , p. 35
  32. Chirnside 2008 , p. 36
  33. Chirnside 2008 , p. 42
  34. Chirnside 2008 , p. 4
  35. le Goff 1998 , p. 49
  36. a b Chirnside 2008 , p. 43
  37. Chirnside 2008 , p. 49
  38. Chirnside 2008 , p. 51
  39. Chirnside 2008 , p. 52
  40. a b c Chirnside 2008 , p. 62
  41. le Goff 1998 , p. 73
  42. Chirnside 2008 , p. 91
  43. Chirnside 2008 , p. 64
  44. Chirnside 2008 , p. 66
  45. Chirnside 2008 , p. 67
  46. Chirnside 2008 , p. 74
  47. Chirnside 2008 , p. 75
  48. Chirnside 2008 , p. 76
  49. a b Chirnside 2008 , p. 89
  50. Chirnside 2008 , p. 85
  51. a b Chirnside 2008 , p. 86

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

  • Chirnside, Mark (2008). RMS Aquitania: The Ship Beautiful . [S.l.]: The History Press. ISBN   9780752444444  
  • le Goff, Olivier (1998). Les Plus Beaux Paquebots du Monde . [S.l.]: Solar. ISBN   2-263-02799-8  

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre RMS Aquitania