A
queda da Babilonia
e o conjunto de eventos historicos no final do
Imperio Neobabilonico
apos a
cidade da Babilonia
ter sido conquistada pelo
Imperio Aquemenida
em
539 a.C.
, sob
Ciro II, o Grande
.
Apos a conquista Ciro e citado num cilindro (o
Cilindro de Ciro
) dizendo
[
1
]
:
“
|
Eu sou Ciro, rei do mundo, grande rei, rei legitimo, rei de
Babilonia
, rei da
Sumeria
e de Acade, rei das quatro extremidades [
da terra
], filho de Cambises, grande rei, rei de Anza, neto de
Ciro I
, . . . descendente de Teispes . . . de uma familia [
que
] sempre [
exerceu
] a realeza (...)
|
”
|
Varios fatores acabaram por levar a queda da Babilonia.
Nabonido
(
r.
556?539 a.C.)
, filho da
sacerdotisa
assiria
Ada-Gupi,
[
2
]
subiu ao trono em
556 a.C.
, depois de derrubar o jovem rei
Labashi-Marduk
. Com o passar do tempo, as pessoas ficaram inquietas e cada vez mais desafetadas sob seu mandato. Por um lado, o clero dedicado a Marduk odiava Nabonido porque ele suprimiu o culto de
Marduk
em favor do culto ao deus da lua,
Sin
.
[
3
]
[
4
]
Alem disso, durante longos periodos, o governo foi confiado ao seu filho, o principe e o co-regente
Belsazar
, que era um soldado capaz, mas um mau politico e diplomata.
[
5
]
No oriente, o Imperio Aquemenida estava em forte expansao. O seu regente
Ciro II
conquistou um vasto territorio, que abrangia uma area correspondente aos modernos paises
Turquia
,
Armenia
,
Azerbaijao
,
Irao
,
Quirguistao
e
Afeganistao
. O unico poder significativo nao conquistado que permaneceu no Proximo Oriente foi o Imperio Neobabilonico, que controlou a
Mesopotamia
e os reinos submetidos, como a
Siria
, a
Judeia
, a
Fenicia
e partes da
Arabia
. A Babilonia estava intimamente relacionada com os inimigos de Ciro em outros lugares. O imperio era anteriormente aliado de
Creso
da
Lidia
, cujo reino foi invadido pelos
persas
alguns anos antes da invasao da Babilonia.
[
6
]
Do mesmo modo, Ciro afirmou ser o legitimo sucessor dos antigos reis da Babilonia, e conseguiu ser muito popular na Babilonia, ao contrario de
Nabonido
.
[
7
]
[
8
]
Em
539 a.C.
Ciro invadiu a Babilonia. A
reconstrucao historica
da queda da Babilonia as maos do Imperio Aquemenida e problematica, devido as inconsistencias entre os diversos documentos que servem de fonte documental. Tanto as
Cronicas Mesopotamicas
como o
Cilindro de Ciro
descrevem que Babilonia foi tomada sem ter havido qualquer batalha, enquanto os historiadores gregos
Herodoto
e
Xenofonte
[
9
]
relataram que a cidade foi [cerco|sitiada] pelas forcas de Ciro. O
Livro de Daniel
, por seu lado, relata que Babilonia foi tomada numa so noite, e que o principe Belsazar foi assassinado no processo
[
10
]
. Em outra reconstrucao, relata-se que Nabonido enviou o seu filho Belsazar para evitar o avanco do enorme exercito persa, Belsazar foi traido por [Gobrias], governador da Assiria, que desertou para o lado persa. As forcas da Babilonia foram derrotadas na
batalha de Opis
. Nabonido fugiu para
Borsipa
, e em 12 de outubro, apos os engenheiros de Ciro terem conseguido desviar as aguas do
rio Eufrates
, ≪os soldados de Ciro entraram em Babilonia sem lutar≫. A obra
Ciropedia
de Xenofonte diz que Belsazar foi assassinado, mas o relato nao se considera fidedigno sob esta reconstrucao dos eventos.
[
11
]
A
Cronica de Nabonido
declara que apos a batalha em Opis, ≪no decimo-quarto dia [6 de outubro]
Sipar
foi capturado sem batalha. Nabonido fugiu≫.
[
12
]
A redacao da cronica implica que Nabonido tenha estado presente em Sipar quando chegaram os persas.
[
13
]
Ciro permaneceu em Sipar, e ≪no decimo-sexto dia [12 de outubro] Ug / Gubaru
Gobrias
, governador dos
Gutios
, e o exercito de Ciro entraram em Babilonia sem batalha≫. O mesmo Nabonido foi capturado pouco depois quando regressou a Babilonia.
[
12
]
O seu destino final nao e claro, mas segundo Berosso, historiador babilonico do
seculo III a.C.
, Nabonido foi salvo e foi para o
exilio
na
Carmania
, onde morreu anos depois.
[
14
]
As tropas persas tomaram o controle da cidade, embora a Cronica de Nabonido proporcione poucos detalhes de como teria isto ocorrido. A cronica faz notar que o exercito conquistador protegeu os templos mais importantes da cidade. Dezessete dias mais tarde, em 29 de outubro, Ciro entrou em Babilonia, onde foi proclamado rei, emitiu proclamacoes reais e nomeou governadores para o seu reino recem-conquistado.
[
12
]
Apos a queda, a Babilonia ficou sob dominio estrangeiro pela primeira vez. Foi estabelecido um novo
sistema de governo
e tornou-se num
estado multinacional
persa. Este sistema de governo chegou ao apogeu depois da
conquista do Egito
por
Cambises II
durante o reinado de
Dario I
, e recebeu fundamento ideologico na inscricao dos reis persas.
[
15
]
Por outro lado, a invasao da Babilonia por Ciro foi facilitada pela existencia de uma parte da populacao descontente com a administracao do Estado e com a presenca de exiliados estrangeiros como os
judeus
, que tinham sido colocados no meio do pais. Um dos primeiros atos de Ciro foi permitir que estes exiliados regressassem a casa, levando consigo artigos sagrados. A permissao para o fazer estava incluida numa proclamacao real, pela qual o conquistador se esforcava por justificar a sua pretensao ao trono da Babilonia. Diz-se que os judeus inicialmente saudaram os persas como libertadores. Ciro enviou os exiliados judeus de volta a
Israel
a partir do
cativeiro da Babilonia
.
[
16
]
Embora os judeus nunca se rebelassem contra a ocupacao persa,
[
17
]
permaneceram inquietos no periodo de
Dario I
consolidando o seu poder,
[
18
]
e sob
Artaxerxes I
,
[
19
]
[
20
]
sem tomar armas nem exercer represalias sobre o governo persa.
Entre os babilonios, os sentimentos de que ninguem tinha direito a governar sobre a Asia Ocidental continuaram fortes, ate que Bel e os seus sacerdotes consagraram Ciro no cargo; em consequencia, este assumiu o titulo imperial de Rei da Babilonia. Ciro afirmou ser o sucessor legitimo dos antigos reis da Babilonia e o vingador de Bel-Marduk, e autodescreveu-se como salvador escolhido por Marduk para restaurar a ordem e a justica.
[
21
]
- Barker, Margaret (2003). ≪Isaiah≫. In: Dunn, James D. G.; Rogerson, John William.
Eerdmans Commentary on the Bible
. [S.l.]: Eerdmans.
ISBN
9780802837110
- Bright, John.
A History of Israel
, The Westminster Press-Philadelphia, 1959, p.342-396
- Oates, Joan.
Babylon
, revised ed., Thames & Hudson, 1986, p.132
- Whybray, R.N. (1983).
The Second Isaiah
. [S.l.]: T&T Clarke.
ISBN
9780567084248
Referencias
- ↑
Ancient Near Eastern Texts [Textos Antigos do Oriente Proximo], J. Pritchard, 1974, p. 316)
it-1
p. 511
- ↑
Oates, 1986, p.132
- ↑
A.T. Olmstead,
History of the Persian Empire
, Univ. of Chicago Press, 1948, p.38
- ↑
Oates, 1986, p.133
- ↑
John Haywood,
The Penguin Historical Atlas of Ancient Civilizations
, Penguin Books Ltd. London, 2005, p.49
- ↑
Briant, Pierre (2002).
From Cyrus to Alexander: A History of the Persian Empire
(em ingles). [S.l.]: Eisenbrauns. pp. 40?43.
ISBN
1-57506-120-1
- ↑
Georges Roux,
Ancient Iraq
, 3rd ed., Penguin Books, Londres, 1991, p.381-382
- ↑
Oates, 1986, p.134-135
- ↑
Histories I.191; Cyropaedia VI.5.15?16.
- ↑
Biblia Sagrada. Daniel 5.1-31
. [S.l.: s.n.]
- ↑
Harper's Bible Dictionary
, ed. by Achtemeier, etc., Harper & Row, San Francisco, 1985, p.103
- ↑
a
b
c
Kuhrt, A. (2007).
The Persian Empire: A Corpus of Sources of the Achaemenid Period
(em ingles). [S.l.]: Routledge. pp. 48?51.
ISBN
0-415-43628-1
- ↑
Vanderhooft, David. ≪Cyrus II, Liberator or Conqueror? Ancient Historiography concerning Cyrus in Babylon≫.
Judah and the Judeans in the Persian Period
(em ingles). [S.l.]: Lipschitz, Oded; Oeming, Manfred. pp. 351?372
- ↑
Leick, Gwendolyn (1999). ≪Nabonidus≫.
Who's who in the Ancient Near East
(em ingles). [S.l.]: Routledge. p. 112.
ISBN
0-415-13230-4
- ↑
Melammu Symposia Vol.3,
Ideologies
, p.143
- ↑
Isaiah 45 | Biblegateway.com
- ↑
Bright, 1959, p.342-396
- ↑
Bright, 1959, p.351-354
- ↑
Bright, 1959, p.361
- ↑
Josephus,
The New Complete Works
, traduzido para ingles por William Whiston, Kregel Publications, 1999, "Antiquites" Book 11:6, p.374
- ↑
Georges Roux,
Ancient Iraq
, 3rd ed., Penguin Books, London, 1991, p.382