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Primeira invasao francesa de Portugal

Origem: Wikipedia, a enciclopedia livre.
Primeira invasao francesa (1807)
Guerras Napoleonicas ; Guerra Peninsular

Itinerarios da invasao e itinerarios das forcas britanicas e portuguesas.
Data 19 a 30 de novembro de 1807
Local Portugal
Desfecho Vitoria decisiva franco-espanhola
Beligerantes
Imperio Frances
Reino de Espanha
Reino de Portugal
Comandantes
Napoleao Bonaparte

Jean-Andoche Junot

Francisco Solano y Ortiz de Rozas
Joao VI de Portugal
Forcas
24 918
25 500
48 396
Baixas
Desconhecidas Desconhecidas
Junot , comandante das forcas invasoras franco-espanholas em 1807-1808.

A Primeira invasao francesa de Portugal insere-se, por um lado, no plano de Napoleao Bonaparte para impor o Bloqueio Continental a toda a Europa (1806), visando a acabar com o poderio economico e militar do Reino Unido; por outro lado, enquadra-se na dinamica expansionista da Franca Napoleonica. Entre 1807 e 1810, Napoleao ordenou tres invasoes a Portugal, pais que se recusou a aplicar o Bloqueio Continental , mas em todas elas foram derrotadas. [ 1 ] Napoleao tentara invadir a Inglaterra em 1805, mas os preparativos da campanha naval foram arrasados pelos ingleses, apos a grande derrota dos franceses na Batalha de Trafalgar , proximo ao estreito de Gibraltar. [ 2 ]

Para seguir mais facilmente os acontecimentos, sao apresentadas duas cronologias: uma que se limita aos acontecimentos da Primeira Invasao Francesa, a Cronologia da Primeira Invasao Francesa ; outra que enquadra esses acontecimentos num conjunto mais vasto, a Cronologia comparada da Primeira Invasao Francesa .

Antecedentes [ editar | editar codigo-fonte ]

Em 1789, eclodiu a Revolucao Francesa e iniciou-se uma guerra entre a Franca revolucionaria e a Europa conservadora, na qual, potencias como a Austria, Prussia, a Russia, Espanha e Portugal lutaram para preservar as suas independencias e fronteiras. Com o Reino Unido, a Franca disputou a lideranca politica e economica. [ 3 ]

Com a preocupacao de salvaguardar as suas fronteiras e os dominios ultramarinos da ameaca francesa, Portugal assinou, em 1793, tratados com a Espanha e o Reino Unido e enviou uma forca, na qualidade de auxiliar do exercito espanhol, para participar na Campanha do Rossilhao . O Tratado de Basileia (22 de julho de 1795) pos fim ao conflito e Portugal procurou manter dai em diante uma posicao de neutralidade que, na realidade, nao tinha forca para manter.

Manuel de Godoy entregando um ramo com laranjas, para a rainha Maria Luisa de Parma . Ilustracao de Benito Perez Galdos .

Em 1801, a Guerra das Laranjas nao foi apenas um conflito entre Portugal e Espanha. Na realidade, esta era continuamente pressionada pela Franca para invadir Portugal e fechar, desta forma, os portos portugueses ao comercio britanico. Em Janeiro de 1801 foi assinada uma Convencao entre a Franca e a Espanha, que deu origem a um ultimato a Portugal para por termo a alianca com o Reino Unido, fechar os seus portos aquela potencia e abri-los a Franca e Espanha, alem de outras questoes importantes. Caso Portugal nao aceitasse os termos do ultimato seria invadido pelo exercito espanhol, com o auxilio frances. Em desvantagem, e procurando evitar que a invasao fosse muito alem da fronteira do Alentejo, Portugal assinou o Tratado de Badajoz , em 6 de Junho de 1801, com perdas economicas, territoriais e o encerramento dos portos do Reino e de todos os seus dominios aos navios britanicos. Portugal procurou nao hostilizar a Franca ou a Espanha mas nao podia afastar a alianca britanica porque esta era a garantia do seu acesso aos dominios ultramarinos, fundamentais para a manutencao da sua economia.

No dia 21 de Outubro de 1805, na Batalha de Trafalgar , Napoleao perdeu o controlo do Atlantico e tornou-se impossivel a invasao francesa das Ilhas Britanicas. A luta entre a Franca e o Reino Unido, para alem dos confrontos militares das coligacoes, iria entao situar-se no campo economico. Nos anos seguintes, 1806 e 1807, dao-se dois acontecimentos importantes para Portugal: o Decreto de Berlim de 21 de Novembro de 1806, que determinava o Bloqueio Continental, e as assinaturas dos Tratados de Tilsit , com a Russia (secreto, 7 de Julho de 1807) e com a Prussia (publico, 9 de julho de 1807), na localidade de Tilsit, hoje Sovetsk.

O Bloqueio Continental consistiu em impedir o acesso dos navios do Reino Unido a portos dos paises entao submetidos ao dominio do Imperio Frances. Com o decreto de Berlim procurava-se isolar e asfixiar economicamente o Reino Unido, impedindo as suas relacoes comerciais com os principais consumidores da sua producao industrial. As accoes de bloqueio aos portos franceses e o aprisionamento de alguns navios franceses pela armada britanica deram a Napoleao o pretexto para esta accao. Se Portugal aderisse ao Bloqueio Continental, o que significava hostilizar o Reino Unido, certamente perderia a possibilidade de assegurar as linhas de comunicacao com os seus dominios ultramarinos. Alem disso, perdendo os beneficios da alianca com os Britanicos, embora nao hostilizando os Franceses, nao ficava a salvo das ambicoes espanholas. Portugal nao aderiu ao Bloqueio Continental e a sua politica externa continuou a oscilar entre as pressoes britanicas, cuja assistencia se mostrava indispensavel, tanto economica como militarmente, e a Franca cada vez mais ameacadora. [ 4 ]

Apos a destruicao do exercito russo na Batalha de Friedland (hoje chamada Pravdinsk), em 14 de Junho de 1807, o Czar Alexandre I acedeu a assinar o Tratado de Tilsit. Duas das consequencias deste tratado foram a adesao da Russia ao Bloqueio Continental e o fim da Quarta Coligacao . A assinatura do tratado com a Prussia, que tinha sido derrotada no ano anterior na Batalha de Jena , integrava tambem este reino e uma vasta regiao do Baltico no Bloqueio Continental. Mas o Tratado de Tilsit, ao por um fim a Quarta Coligacao, libertava recursos a Napoleao para intervir na Peninsula Iberica. Esta intervencao, com o objectivo declarado de dominar Portugal, depressa revelou a sua verdadeira dimensao ao procurar tambem o dominio de Espanha. Entretanto, Espanha e Franca assinavam o Tratado de Fontainebleau em 27 de Outubro de 1807.

O Tratado de Fontainebleau estipulava a invasao franco-espanhola de Portugal, as permissoes e apoios necessarios para as tropas francesas atravessarem a Espanha e a divisao do Reino Portugues e seus dominios entre os signatarios. Quando este tratado foi assinado ja se reunia em Bayonne, cidade francesa junto a fronteira com Espanha, o 1.ª Corpo de Observacao da Gironda, sob o comando de Junot . Quando o tratado foi assinado ja o exercito frances marchava em direccao a Portugal.

Ocupacao [ editar | editar codigo-fonte ]

O 1º Corpo de Observacao da Gironda, sob o comando do general Junot , com um efectivo de aproximadamente 25 000 homens, iniciou a travessia do rio Bidassoa no dia 18 de Outubro de 1807. Depois de entrar em Espanha, o exercito de Junot dirigiu-se para Salamanca onde, apos ter percorrido quase 500 km em 25 dias, numa marcha calma de cerca de 20 km/dia, chegou no dia 12 de Novembro. [ 5 ] Ai, Junot recebeu instrucoes para apressar a marcha porque, pelas noticias recebidas, cada dia que passava crescia a influencia britanica com o perigo de fazerem chegar tropas a Portugal ou, pelo menos, ser organizada a resistencia ao invasor. De Salamanca, Junot dirigiu-se para Alcantara , na fronteira com Portugal, a meio caminho de Lisboa .

Junot Protegendo a Cidade de Lisboa (1808), de Domingos Sequeira , pintura a oleo sobre tela, 73,5 x 100 cm, no Museu Nacional de Soares dos Reis , Porto.

Segundo as ordens de Napoleao que lhe foram transmitidas em Salamanca, Junot devia entrar em Portugal pelo vale do Tejo. Este era o eixo de progressao mais curto e que atravessava as regioes onde era previsivel que houvesse menos resistencia da parte dos Portugueses pois la nao havia fortalezas. Assim, Junot chegaria rapidamente a Lisboa e aprisionaria a familia real portuguesa. Todas as premissas estavam certas, excepto que a estrada que iria permitir um rapido movimento dos Franceses, so existia no mapa. Na realidade, seguindo as instrucoes do Principe Regente, nao houve resistencia ao invasor mas o terreno, as pessimas vias de comunicacao e as condicoes atmosfericas, quase destruiram o exercito invasor. Alem daquelas dificuldades, a quase impossibilidade em adquirir abastecimentos para as tropas tornavam a marcha ainda mais penosa.

O Principe-regente Dom Joao de Braganca em 1804 .

Em Alcantara, Junot recebeu o reforco de uma forca espanhola com um efectivo de 9 500 homens e sob o comando do general Caraffa. Alem desta forca que participava no principal corpo de invasao, duas outras foram tambem atribuidas: vinda de Vigo (na Galiza), uma forca de 6 500 homens sob comando do general Taranco com destino ao Porto e a regiao do baixo Douro; vinda de Badajoz , com 9 500 homens, sob comando do general Solano , Capitao-general da Andaluzia, para se apoderar de Elvas e marchar para Lisboa pela margem Sul do Tejo. A maior parte das forcas francesas foi para Lisboa.

Declaracao de guerra feita por D. Joao a Napoleao Bonaparte e todos os seus vassalos, 1808. Arquivo Nacional.

As forcas que partiram de Alcantara dirigiram-se para Castelo Branco e dai para Abrantes onde foram chegando entre 23 e 26 de Novembro. A marcha entre Alcantara e Abrantes foi a mais dificil por todas as dificuldades ja apontadas. "Todas as pecas de artilharia excepto quatro pecas espanholas de artilharia a cavalo ficaram pelo caminho; a cavalaria estava praticamente desmontada. Metade da infantaria encontrava-se fora da estrada a saquear ou a descansar, mortos de cansaco, nas poucas e pobres aldeias por onde passavam". [ 6 ] Nao havia uma forca portuguesa para se opor aos Franceses mas, pelo contrario, uma representacao diplomatica com a intencao de fazer demorar o avanco para Lisboa.

Nao teve sucesso a missao diplomatica pois Junot seguiu de imediato para Lisboa com algumas tropas reunidas apressadamente, nao mais de 1 500 homens. Entrou na capital portuguesa no dia 30 de Novembro de manha e ainda tera avistado os navios que transportavam a familia real para o Brasil . Nos dias seguintes chegaram as restantes forcas, ou o que restava delas, e tres semanas mais tarde Junot apenas contava com 10 000 dos 25 000 homens que tinham saido de Bayonne. [ 7 ] A travessia das regioes mais montanhosas da Beira, a chuva torrencial, a escassez de alimentos e as estradas muito mas obrigaram muitos militares e material a ficar pelo caminho.

Apos a sua chegada Junot publicou uma proclamacao em que se declarava protector do reino contra os ingleses. Em seguida deu ordem para que fossem presos os subditos britanicos que ainda residiam em Portugal e os seus bens foram confiscados. Foram tambem confiscados os bens das pessoas que tinham acompanhado o Principe Regente para o Brasil. Entretanto, os oficiais franceses alojaram-se nas casas particulares mais ricas. Junot ficou alojado no palacio do Barao de Quintela; Delaborde , na casa de Antonio de Araujo. Os soldados ficaram aquartelados no Castelo de S. Jorge e nos conventos de S. Francisco, de Jesus, etc.

O ex-consul Francois-Antoine Herman foi nomeado comissario geral junto a regencia e assumiu o controlo das financas portuguesas. Rapidamente comecaram as requisicoes de mantimentos, roupas e toda a especie de bens necessarios a reorganizacao e manutencao do exercito ocupante. Rapidamente tambem se passou das requisicoes a rapina para satisfazer nao as necessidades oficiais mas a cobica do ocupante. Quando Napoleao ordenou um tributo de 100 milhoes de francos, verificou-se a impossibilidade de cumprir o exigido em moeda pois a quase paralisacao da economia levou ao esgotamento dos recursos economicos do Pais e a miseria avolumava-se com as exigencias para sustento do exercito ocupante e com a subida em flecha dos precos. Junot mandou entao entregar na Casa da Moeda todo o ouro e prata das igrejas e confrarias de Lisboa e arredores.

Vista do Castelo de Sao Jorge a partir do Rossio em 1808, com a bandeira francesa hasteada.

As medidas tomadas por Junot faziam crescer o sentimento nacional contra os Franceses. No dia 13 de Dezembro de 1807, Junot, acompanhado pelo seu estado-maior, passou revista as tropas formadas no Rossio. Em seguida, no castelo de S. Jorge, a bandeira portuguesa foi substituida pela bandeira francesa. A populacao reagiu violentamente e foi necessaria a intervencao armada para por fim ao tumulto. Este foi um incidente entre muitos que afrontaram a consciencia portuguesa. No dia 1 de Fevereiro de 1808, Junot extinguiu o Conselho de Regencia e substituiu-o por um conselho militar a que ele proprio presidia. Uma proclamacao anunciou a destituicao da Casa Real de Braganca . Nos actos publicos, o nome do Principe Regente foi substituido pelo nome do imperador e as armas portuguesas pelas armas de Franca.

Por ordem de Napoleao o Exercito Portugues foi disperso. Das unidades de linha licenciaram-se parte das tropas, reformaram-se muitos oficiais ja idosos e formou-se uma forca que ficou conhecida como Leal Legiao Lusitana , com cerca de 9 000 homens, que foi enviada para fora do Pais, para se integrar no exercito de Napoleao. Comandava esta forca o marques de Alorna, D. Pedro Jose de Almeida Portugal e entre os seus oficiais encontravam-se Gomes Freire de Andrade e Candido Jose Xavier . Por decreto de 11 de Janeiro de 1808 sao dissolvidas as milicias portuguesas. As armas sao confiscadas e a maior parte destruida. As forcas militares existentes em Portugal passaram a ser quase so francesas e espanholas.

Insurreicao [ editar | editar codigo-fonte ]

O descontentamento da populacao portuguesa perante a actuacao das forcas ocupantes transformou-se rapidamente em odio aos franceses. De uma atitude de quase apatia geral passou-se a insurreicao geral e o elemento catalisador foi a revolta em Espanha. Esta teve a primeira manifestacao violenta em Madrid , a 2 de Maio de 1808, duramente reprimida, e rapidamente se espalhou por todo o territorio espanhol. Dias depois, a 5 e 6 de Maio ocorrem as Abdicacoes de Baiona , primeiro de Carlos IV de Espanha e ato seguido, do seu filho, a favor dos franceses. Para o pais vizinho comecava a Guerra de la Independencia Espanola (tambem apelidada de Guerra do Frances na Catalunha ), que nao demorou a influenciar o estado de espirito das forcas espanholas que tinham participado na invasao de Portugal.

A situacao em Portugal, apesar de as manifestacoes contra os franceses serem pouco significativas e facilmente controladas, era nitidamente de descontentamento. Ja no dia 1 de Fevereiro, data da tomada de posse do conselho de governo presidido por Junot, a populacao de Lisboa nao se associou, contrariamente ao que costumava suceder em actos solenes, com a utilizacao das luminarias utilizadas em dia de festa. A calma que se fazia sentir nao significava de forma nenhuma concordancia com a situacao.

A situacao em Espanha torna-se cada vez mais grave e Junot recebe ordens para colaborar com as forcas francesas que se encontram naquele pais. Recorrendo as clausulas do Tratado de Fontainebleau e com o pretexto de reforcar as forcas de Junot em Portugal, Napoleao fez entrar em Espanha sucessivos corpos militares: sob o comando do general Dupond entraram 25 000 homens que ocuparam Burgos e Valladolid ; o marechal Moncey ocupou com as suas forcas Navarra e Biscaia ; o general Duchesne ocupa a Catalunha e Valencia ; os 30 000 homens do marechal Bessieres ocupam Pamplona , San Sebastian e Figueras . Todas estas forcas encontravam-se sob o comando do general Murat que ordenou a violenta repressao em Madrid.

A 30 de Maio, a insurreicao espanhola tinha alcancado a Galiza. Murat pede a Junot que envie 6 000 homens em auxilio do general Dupond na Andaluzia mas aquele apenas enviou 2 500 homens e comecou a colocar as suas tropas com os seguintes objectivos:

  • procurar isolar o movimento insurreccional em Espanha recorrendo ao sentimento antiespanhol fazendo crer que o objectivo dos nossos vizinhos era tirar-nos a independencia; [ 8 ]
  • assegurar as linhas de comunicacoes atraves da fronteira espanhola;
  • prevenir a possibilidade de um desembarque de forcas britanicas.

Para garantir estes tres objectivos, enviou Kellermann com 2 000 homens para Elvas , guarneceu tambem as pracas de Almeida , Tomar e Abrantes e colocou ou reforcou guarnicoes francesas nos pontos da costa onde considerou ser mais provavel um desembarque. Junot comecou assim a dispersar as suas forcas pelo Pais.

Tendo aderido a insurreicao, os generais espanhois dispuseram-se a abandonar Portugal. A retirada comecou pelas forcas do Alentejo e dai o envio de Kellermann para Elvas que nao consegue impedi-las de passarem para Espanha. O general espanhol D. Domingo Balesta, sucessor do recem falecido general Taranco como comandante das forcas de ocupacao do Porto, segue para norte onde se junta a outras forcas espanholas por ordem da Junta da Galiza. Atraves de uma armadilha, Junot consegue desarmar e aprisionar em embarcacoes as forcas do general Caraffa que se encontravam na guarnicao de Lisboa. Para alem da dispersao das forcas, Junot via agora os seus efectivos significativamente reduzidos.

No Porto , antes de partir para a Galiza, a 6 de Junho, as forcas comandadas pelo general espanhol Domingo Belesta aprisionaram o general frances Francois-Jean-Baptiste de Quesnel , que governava a regiao em nome de Junot, e todos os franceses que ai se encontravam, e incitou as autoridades civis e militares e as principais individualidades da cidade a proclamarem a sua independencia. Foi aclamado o Principe Regente e foi icada a bandeira nacional mas, apos a saida das forcas espanholas, com receio das represalias francesas, voltaram a situacao anterior. Em Braga , onde tambem tinha surgido um movimento insurreccional, tomaram a mesma atitude.

Pormenor do monumento aos Herois da Guerra Peninsular , Lisboa.

Entretanto as noticias do levantamento no Porto chegaram a Tras-os-Montes . Em Braganca , no dia 11 de Junho, o antigo governador de armas da provincia, general Manuel Jorge Gomes de Sepulveda , fez aclamar o Principe Regente, convocou os transmontanos as fileiras conseguindo levantar alguns regimentos de milicias e estabeleceu uma junta governativa. Em breve toda a provincia de Tras-os-Montes aderia a este movimento que chegou a Viana , Guimaraes , Caminha e Porto onde, a 18 de Junho, a populacao se amotinou novamente dando origem a criacao da Junta Provisional do Supremo Governo do Reino, presidida pelo bispo do Porto D. Antonio Jose de Castro, e da qual faziam parte representantes da Igreja, do povo, da magistratura e do exercito.

A insurreicao comecou a alastrar para sul do Douro. Viseu , Lamego , Guarda , Castelo Branco , Aveiro e Coimbra aderiram ao movimento. Nesta ultima cidade o Principe Regente foi aclamado no dia 23 de Junho e foi constituido um governo civil presidido pelo vice-reitor da Universidade, Manuel Pais de Aragao Trigoso, e indicado para governador de armas o General Bernardim Freire de Andrade ; procedeu-se a organizacao de forcas com o material dos regimentos que tinham sido dissolvidos e que ainda foi possivel recuperar; a Universidade ajudou a resolver o problema do fabrico de polvora e municoes com o seu laboratorio e estudantes e professores formaram um corpo militar.

Os insurrectos de Coimbra organizaram duas colunas que se dirigiram, uma a Figueira da Foz , a outra a Leiria . A primeira, comandada por Bernardo Antonio Zagalo, saiu de Coimbra no dia 25 de Junho, seguiu por Tentugal e Montemor-o-Velho e chegou a Figueira da Foz com mais 3 000 homens que foi incorporando pelo caminho. Ali cercaram o Forte de Santa Catarina (a norte da foz do Mondego) que estava ocupado por uma guarnicao francesa que se rendeu e entregaram-no a uma guarnicao britanica desembarcada da esquadra inglesa que se encontrava ao largo. O entusiasmo dos primeiros sucessos desta forca levaram a formacao do Batalhao Academico .

A insurreicao continuava a avancar e as guarnicoes francesas, onde existiam, retiravam rapidamente para nao cairem nas maos da populacao. Revoltaram-se Ega , Soure , Condeixa , Pombal e Leiria , onde tinha chegado uma forca de Coimbra, esta a 30 de Junho. Dai partiram em socorro da Nazare onde expulsaram os franceses bem como de outros fortes proximos. Em Tomar o Principe Regente foi aclamado a 2 de Julho. Lisboa estava cada vez mais proxima mas nas localidades em seu redor os franceses tinham maior capacidade de intervencao e era mais dificil acompanhar a accao do resto do pais.

A sul do Tejo, Olhao sublevou-se em primeiro lugar, a 16 de Junho. Os revoltosos passaram de Olhao a Faro e, no dia 19 de Junho, os franceses ai existentes foram presos. Foi nomeada uma junta governativa que tratou rapidamente de organizar tropas e melhorar algumas fortificacoes da regiao e entrou em contacto com as povoacoes vizinhas de Espanha que se tinham rebelado. Ayamonte forneceu algum armamento.

No Alentejo, as numerosas forcas francesas presentes, intimidaram durante mais tempo as populacoes. Kellermann estava agora presente com cerca de 6 000 homens alem de outros pequenos contingentes espalhados em varias povoacoes. Apesar disso, no dia 19 de Junho, o movimento eclodiu em Vila Vicosa . Beja imitou-a a 24 mas, apos as violencias cometidas pela populacao sobre os que considerava ao lado dos franceses veio a violencia da repressao francesa.

A rebeliao estendeu-se ao Marvao e Campo Maior . Aqui foi criada uma junta particularmente activa que entrou em contacto com os espanhois de quem recebeu ajuda em armamento e tropas sob o comando de D. Nicolau Moreno de Monroy. Tratou-se imediatamente da reparacao das muralhas e da reorganizacao dos Regimento de Infantaria 20 e Regimento de Infantaria 5, ambos de Campo Maior e criou-se um corpo de cavalaria denominado Hussares de Campo Maior que chegou a dispor de 260 cavalos. Com o apoio dos espanhois, Campo Maior conseguiu arrastar consigo Castelo de Vide , Portalegre , Crato , Arraiolos , Borba , Estremoz e muitas outras povoacoes. A junta de Estremoz reorganizou os extintos Regimentos de Infantaria 13 e 15 alem de outras unidades. Beja revoltou-se de novo apesar da chacina de que tinha sido alvo por parte dos franceses. Por fim, com apoio das juntas de Sevilha e de Badajoz e com o apoio do general Francisco de Paula Leite de Sousa sublevou-se Evora .

Varias unidades que tinham sido dispersas por Junot foram reactivadas a base da populacao local e de armamento que se ia recuperando ou recebendo em ajuda de Espanha. Mas os exercitos nao se improvisam e esses corpos armados mais nao eram que agrupamentos de populacao armada, sem duvida nenhuma pronta a sacrificar-se mas sem experiencia de combate e pouco disciplinadas. Era igualmente dificil encontrar oficiais com experiencia para tentar melhorar esta situacao. Muitas vezes eram as proprias juntas que nao tinham em conta a necessidade de uniao e unidade de direccao e com isto perderam-se alguns esforcos. A Junta do Supremo Governo do Reino, no Porto, acabou, no entanto, por ser aceite pela generalidade das outras juntas como representativa do poder politico em Portugal.

E alias a junta do Porto que toma as principais providencias para obter os recursos e os apoios exteriores necessarios a expulsao dos franceses. Bernardim Freire de Andrade foi encarregue de reunir e organizar as tropas. As milicias foram convocadas e formaram-se novos regimentos. Ate os eclesiasticos formaram um corpo de voluntarios. Mas o problema nao era apenas de efectivos. Era necessario encontrar recursos materiais e financeiros que permitissem manter a situacao e desenvolver a luta contra os franceses. Para alem do auxilio que nos chegou de Espanha, foi enviada uma delegacao ao Reino Unido de onde se conseguiu ajuda em viveres, armas e municoes, um emprestimo de 3 milhoes de cruzados e a garantia da colaboracao de tropas britanicas.

As noticias da insurreicao em Portugal chegaram ao Rio de Janeiro atraves de pescadores daquela povoacao que, no Caique Bom Sucesso , sairam de Olhao a 7 de Julho e conseguiram ali chegar no dia 22 de Setembro. Em recompensa, o lugar de Olhao passou a designar-se, de acordo com o Alvara Regio de 15 de Novembro de 1808, Vila de Olhao da Restauracao.

Repressao [ editar | editar codigo-fonte ]

Ao tomar conhecimento da rebeliao no norte do Pais e porque ali existiam poucas tropas francesas, Junot enviou uma ordem a Loison, que se encontrava em Almeida, para marchar sobre o Porto e por fim a rebeliao. No dia 17 de Junho, Loison partiu de Almeida a frente de um corpo de tropas com um efectivo 1 800 homens, em direccao ao Porto. Chegaram a Lamego no dia 19 de Junho, a 21 passaram para norte do Douro e dirigiram-se para Mesao Frio. Nas regioes montanhosas, as forcas organizadas pelo general Silveira acompanhadas de numerosos populares prontos a castigar o invasor infligiram-lhe baixas consideraveis, de tal forma que com o combate de Padroes de Teixeira decide voltar para tras. De regresso a Almeida, comecou por saquear a Regua e dirigiu-se depois para Lamego, Viseu e Celorico. Em Castro Daire, entre Lamego e Viseu, uma tentativa de resistencia da populacao portuguesa foi duramente reprimida causando cerca de 400 mortos e feridos.

Quando a revolta atingiu o Alentejo a repressao assumiu igualmente um caracter muito violento. Uma coluna francesa comandada pelo general Avril dispersou os revoltosos de Vila Vicosa com uma carga de baioneta. Em Beja, o coronel Jean-Pierre Maransin com 950 homens esmagou a revolta atirando sobre a populacao o que provocou mais de 1 000 mortes e incendiando parte da cidade. As accoes de repressao eram cada vez mais duras mas a insurreicao nao parava e so em Lisboa e arredores havia ainda alguma contencao. Junot, que tinha as suas forcas diminuidas pela partida dos espanhois e pelo auxilio enviado para Espanha, decidiu entao concentrar as suas unidades na regiao de Lisboa deixando apenas algumas guarnicoes em pontos considerados essenciais para controlar as vias de comunicacoes e vigiar os possiveis locais de desembarque. Almeida ficou com 1 200 homens depois de Loison partir em direccao a Lisboa. Ao chegar a Santarem ficaram sob seu comando as tropas que para ai se dirigiam sob comando de Kellermann, Thomieres e Brenier. Foram colocadas tropas em Peniche, em Obidos e em Abrantes. Este movimento em direccao a Lisboa ficou marcado, por um lado com a flagelacao das forcas francesas por parte das populacoes insurrectas, por outro por uma repressao selvagem que atingia principalmente os mais indefesos.

General Louis Henri Loison.

A divisao do general Margaron, com cerca de 4 000 homens, foi enviada para Leiria que ocupou no dia 5 de Julho apos eliminar a resistencia oferecida pelos seus habitantes, mal armados, e muitos morreram em consequencia do saque e do massacre que se seguiu. No minimo, morreram cerca de 900 Portugueses. Tomar foi poupada ao saque porque pagou uma pesada contribuicao. Apesar destes actos de repressao, surgiu a insurreicao em Alcobaca para onde Junot enviou Loison e Kellermann. Margaron juntou-se a estas forcas e, segundo os relatorios franceses, no dia 10 de Julho derrotaram e puseram em fuga uma forca de 15 000 Portugueses. Coimbra seria o proximo objectivo se nao tivesse sido avistada ao largo, em direccao a Lisboa, uma numerosa esquadra britanica. Por outro lado, corriam boatos - e disso nao passavam - que uma forca portuguesa e espanhola se dirigia para Sul e, perante esta nova situacao, as forcas francesas voltaram a Lisboa apos deixarem uma brigada na regiao de Peniche, Obidos e Caldas da Rainha. No entanto, o receado desembarque britanico nao se verificou.

Uma das preocupacoes de Junot era nao perder as suas linhas de comunicacoes com Espanha. Se tal acontecesse ficaria isolado, tanto para receber apoios como para uma eventual retirada. Quando Evora se revoltou essa ameaca ficou mais perto de se concretizar pois aquela cidade tinha a possibilidade de o fazer devido a sua posicao geografica e porque funcionou como polo aglutinador das forcas insurrectas na regiao. Junot enviou Loison para retomar o controlo de Evora. Loison chegou a esta cidade a 29 de Julho e ali uma forca com o efectivo de cerca de 3 000 homens de tropas regulares, dos quais metade eram espanhois, sob comando do general Paula Leite, preparavam-se para defender a cidade. Alem destas tropas que estavam mal armadas e mal preparadas, comandadas por um oficial que tinha servido quase exclusivamente na Armada e, portanto, nao tinha experiencia do combate terrestre, estavam presentes alguns milhares de populares dispostos a combater mas sem qualquer preparacao e armados de forma improvisada e rudimentar. Os defensores foram derrotados, a cidade cruelmente saqueada, a populacao martirizada. A insurreicao e a repressao de Evora foi das mais violentas da historia das invasoes francesas. O numero de mortos tera ultrapassado os 2 000 (ver Combate de Evora ).

No dia 1 de Agosto Loison marchou para Elvas que tinha sido cercada por forcas portuguesas e espanholas. Dispersou essas forcas e, no dia 3 de Agosto foi a vez de Estremoz enfrentar as atrocidades francesas. Entretanto, a praca de Almeida foi cercada por tropas portuguesas. Estas fortalezas eram da maior importancia para a manutencao das linhas de comunicacao dos franceses mas, perante um iminente desembarque britanico era necessario concentrar as forcas disponiveis para enfrenta-los. Loison encaminhou-se para Lisboa por Abrantes e Tomar.

Intervencao britanica [ editar | editar codigo-fonte ]

A insurreicao em Portugal teve como catalisador a insurreicao espanhola. Este movimento de insurreicao foi essencial para o sucesso do desembarque britanico porque sem os acontecimentos que se verificaram em Espanha as forcas francesas estacionadas naquele pais teriam vindo em socorro de Junot. [ 9 ] Mas Junot nao recebeu ajuda das tropas francesas em Espanha. Antes pelo contrario, para la tinha enviado cerca de 2 500 homens alem dos efectivos espanhois que o abandonaram e se juntaram a luta que permitiu o desembarque britanico em Portugal.

O desembarque nao foi uma surpresa para os Franceses pois sabiam que os Britanicos procuravam uma oportunidade para intervirem e manterem uma plataforma de acesso ao resto da Europa. A insurreicao em Espanha surgiu como uma oportunidade ha muito esperada e ja nao havia necessidade de manter no SE das Ilhas Britanicas unidades preparadas para a sua defesa contra uma invasao francesa. [ 10 ] Desde Trafalgar que a frota francesa nao podia garantir nenhum dominio maritimo. Alem disso, as reformas do Exercito Britanico tinham-lhe dado maiores capacidades de intervencao.

Em Junho de 1808 existiam varios corpos de tropas britanicas que podiam ser utilizados numa expedicao na Peninsula Iberica. O mais importante desses corpos estava a ser reunido no sul da Irlanda - uma forca de cerca de 9 000 homens - com destino a America do Sul. A insurreicao espanhola levou a decisao de empregar essas tropas na Peninsula. Estavam disponiveis mais duas brigadas no sudeste ingles assim como varios regimentos sediados nas Ilhas Britanicas, cerca de 10 000 homens comandados por Sir John Moore na regiao do Baltico e as tropas do general Spencer que se encontravam ao largo de Gibraltar e Cadiz. Ao todo era possivel reunir cerca de 40 000 homens. As forcas em Cork, na Irlanda, estavam sob comando do tenente-general Sir Arthur Wellesley .

Arthur Wellesley, 1º Duque de Wellington (1 Maio 1769 ? 14 Setembro 1852).

Wellesley era o mais moderno dos tenentes-generais britanicos e, assim, o comando das forcas em Portugal iria ser entregue ao tenente-general Sir Hew Dalrymple , oficial mais antigo. O segundo comandante da forca seria o tenente-general Sir Harry Burrard. O terceiro elemento em antiguidade era o tenente-general Sir John Moore que era entao um dos oficiais mais conceituados do Exercito Britanico. Wellesley assumiu o comando da expedicao e partiu de Cork no dia 12 de Julho convencido que manteria esse comando ate ao fim da missao. So no dia 15 de Julho foi enviado o despacho atraves do qual teve conhecimento que o comando seria entregue a Sir Hew Dalrymple. Apesar de tudo, Wellesley so teve de entregar o comando da forca expedicionaria apos a Batalha do Vimeiro .

Wellesley chegou a Corunha a 20 de Julho e ai entregou o armamento e dinheiro que tinha sido solicitado pelas juntas da Galiza e das Asturias mas estas recusaram quaisquer forcas auxiliares. Ai Wellesley recebeu a noticia da revolta no Porto e nas restantes regioes do norte de Portugal. Perante a recusa espanhola em receber as tropas britanicas, a revolta em Portugal era uma porta aberta para a expedicao britanica e Wellesley dirigiu-se para a foz do Douro. Desembarcou e teve uma reuniao com a Junta do Porto que pediu o fornecimento urgente de armamento e fardas, o que Wellesley satisfez em parte com o armamento que transportava para apoio da insurreicao. Foi recomendado o desembarque na foz do Mondego pois era um local abrigado e o Forte de Santa Catarina estava ja na mao de uma forca britanica, agora com 300 homens.

Ficou tambem estabelecido que Bernardim Freire com os seus 5 000 homens se juntaria as forcas britanicas enquanto outras forcas que estivessem disponiveis poriam cerco a Almeida e vigiariam a fronteira ao longo do Douro contra um possivel avanco do general Bessieres que se encontrava em Castela. O bispo do Porto concordou tambem em enviar todas as montadas e mulas que conseguisse arranjar, para a cavalaria e para o comissariado.

O desembarque comecou no dia 1 de Agosto na praia de Lavos, a sul da foz do rio Mondego, em condicoes dificeis pois, apesar das vantagens daquela posicao, havia uma ondulacao forte que fez com que se perdessem armas, equipamentos e ate algumas vidas. No dia 5 chegou a foz do Mondego a esquadra com as forcas do general Spencer. Ao todo, Wellesley dispunha de 12 626 homens de infantaria, 394 de cavalaria, 471 de artilharia e 45 do estado-maior. O seu corpo de cavalaria apenas dispunha de 180 cavalos mas foi possivel manter uma forca montada de 240 homens quando receberam mais cavalos por ordem do bispo do Porto.

Wellesley passou os primeiros dias desde o seu desembarque em Lavos a organizar o comissariado do seu exercito. Resolveu depois avancar em direccao a Lisboa por uma estrada perto da costa que passava por Alcobaca, Obidos e Torres Vedras. A escolha do itinerario teve em atencao dois factores: em primeiro lugar devia manter-se em contacto com a frota para obter generos alimentares que eram dificeis de adquirir em Portugal; em segundo lugar, esperava receber reforcos do Reino Unido nos proximos dias. As brigadas dos generais Acland e Anstruther deveriam chegar em breve e, estimando os efectivos franceses superiores aos seus, entendeu ser necessario receber esses reforcos antes de travar batalha.

No dia 7 de Agosto, Wellesley foi ate Montemor-o-Velho com a finalidade de se encontrar com Bernardim Freire a quem entregou 5 000 mosquetes. Pretendeu juntar ao seu corpo expedicionario aquelas forcas portuguesas mas Bernardim Freire pretendia marchar para Lisboa por Leiria e Santarem. Em Leiria, a 10 de Agosto, encontraram-se as forcas britanicas e as portuguesas mas Wellesley e Bernardim Freire nao chegaram a um acordo e seguiram itinerarios diferentes. Antes de partirem, juntaram-se ao corpo expedicionario britanico algumas forcas portuguesas: 260 de cavalaria, um batalhao de cacadores e 1 514 homens de tres regimentos de infantaria de linha, ao todo cerca de 2 300 homens. [ 11 ]

Wellesley iniciou entao o movimento para Lisboa e entrou em Alcobaca a 14 de Agosto. Ai tomou conhecimento que uma forca sob o comando de Delaborde se encontrava no seu caminho, perto de Obidos. Tratava-se uma divisao fraca (cerca de 5 000 homens) enviada por Junot no dia 6 de Agosto para vigiar e, se possivel, deter o avanco da forca de Wellesley, ou seja, ganhar tempo para Junot concentrar o seu exercito para enfrentar o corpo expedicionario britanico. Foi dada a indicacao a Delaborde que Loison, vindo do lado de Tomar e Santarem, iria juntar-se a ele logo que possivel. Wellesley encontrou a Divisao Delaborde a sul de Obidos tendo sido travado o Combate da Rolica no dia 17 de Agosto. Em consequencia desta batalha, Delaborde foi obrigado a retirar em direccao a Torres Vedras sem que Loison tivesse aparecido.

Apos o combate da Rolica, Wellesley dirigiu-se para os terrenos que circundavam Porto Novo, na foz do rio Maceira (ou rio Alcabrichel ), perto do Vimeiro, e dispos as suas forcas por forma a proteger o desembarque das brigadas de Acland e Anstruther. Wellesley ocupou as posicoes do Vimeiro enquanto a brigada de Anstruther desembarcava no dia 19. No dia 20 iniciou-se o desembarque da brigada de Acland mas o mau tempo e a escassez de embarcacoes tornou a operacao muito demorada e cerca de um terco das forcas ainda se encontravam a bordo na manha do dia 21.

Junot deixou Lisboa, na noite de 15 de Agosto, com o objectivo de localizar e enfrentar o exercito de Wellesley. Seguiu por Vila Franca e Cercal onde se reuniu com as forcas de Loison. No dia 18 marcharam para Torres Vedras e tiveram a noticia da retirada de Delaborde que se encontrava ja em Montachique. No dia 19 todas estas forcas encontravam-se em Torres Vedras. Nao sabendo qual o itinerario que Wellesley iria seguir para Lisboa decidiu ir ao seu encontro para forcar a batalha. No dia 20 a noite partiu ao encontro do exercito inimigo e no dia seguinte de manha travou-se a Batalha do Vimeiro que resultou numa vitoria para as forcas britanicas e portuguesas. Os 13 500 franceses presentes no campo de batalha nao foram suficientes para vencer os mais de 18 000 britanicos e portugueses que ocupavam a posicao do Vimeiro.

Apos a derrota da batalha do Vimeiro e depois de ouvir os restantes comandantes do seu exercito, Junot decidiu que nao tinha condicoes para voltar a enfrentar o exercito de Wellesley. Foi entao enviado o general Kellermann para negociar um armisticio, ja com o general Dalrymple que tinha desembarcado apos a batalha do Vimeiro. Como resultado das negociacoes que se seguiram foi assinada a polemica Convencao de Sintra ao abrigo da qual as tropas francesas abandonaram Portugal durante o mes de Setembro e inicio de Outubro de 1808. Terminava a primeira invasao francesa.

Consequencias [ editar | editar codigo-fonte ]

Transferencia da corte portuguesa para o Brasil [ editar | editar codigo-fonte ]

Embarque da familia real portuguesa no cais de Belem, em 27 de novembro de 1807.

Apenas no dia 23 de novembro de 1807 , o principe regente D. Joao VI , e notificado de que, batalhoes do exercito franco - espanhol, ja estao em territorio portugues. A noticia tardia, fez com que os preparativos para transferencia fossem adiantados, porem o assunto ja estava sendo discutido desde o mes de Outubro do mesmo ano, em uma Convencao Secreta com os britanicos.

Depois de 6 dias, D. Joao autoriza que as naus, lideradas pela Marinha Real Britanica , partam do Porto de Lisboa , em direcao a Bahia , no Brasil . Apenas um dia depois, no dia 30 de novembro , o general Junot , invade a cidade de Lisboa com cerca de 26 mil homens, que rendem a cavalaria portuguesa, o primeiro ato de Junot e destituir o Conselho de Regencia nomeado poucos dias antes da partida do principe.

Mapa da cidade do Rio de Janeiro em 1820.

No dia 8 de marco de 1808, a familia real portuguesa , chega na cidade do Rio de Janeiro , que agora deixaria de ser uma capital colonial, para ser a primeira capital de um Imperio europeu fora da Europa . A chegada da corte mudou completamente as estruturas sociais, economicas e politicas do Brasil, mudancas essas que duram ate hoje.

Referencias

  1. Gomes, Laurentino (27 de agosto de 2014). 1808: Como uma rainha louca, um principe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleao e mudaram a Historia de Portugal e do Brasil . [S.l.]: Globo Livros  
  2. ≪Inglaterra e Franca na Batalha de Trafalgar. Batalha de Trafalgar≫ . Brasil Escola . Consultado em 20 de janeiro de 2021  
  3. VICENTE, pag 7.
  4. MARQUES, Volume 1, pag. 576
  5. OMAN, pag. 26
  6. OMAN, pag. 28.
  7. ALMEIDA, Prof. Lopes de, pag. 325.
  8. SANTOS, pag. 182
  9. MACEDO, pag. 363
  10. OMAN, pag. 223
  11. OMAN, pag. 233 e 234

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

  • ALMEIDA, Prof. Lopes de, A Guerra Peninsular in Historia de Portugal, volume VI , direccao literaria de Damiao Peres, Portucalense Editora L. da, Barcelos, 1934.
  • ARAUJO, Ana Cristina Bartolomeu de, As invasoes francesas e a afirmacao das ideias liberais in Historia de Portugal, Volume 5 , direccao de Jose Mattoso, Circulo de Leitores, 1993.
  • AZEREDO, Brigadeiro Carlos de, As populacoes a Norte do Douro e os Franceses em 1808 e 1809 , edicao do Museu Militar do Porto, 1984.
  • BOTELHO, TCOR J. J. Teixeira, Historia Popular da Guerra Peninsular , Lello & Irmao Editores, Porto, 1915.
  • CHARTRAND, Rene, Vimeiro 1808, Wellesley’s first victory in the Peninsular War , Osprey, Campaign, 90.
  • MACEDO, Jorge Borges de, Historia Diplomatica e Portuguesa, Constantes e Linhas de Forca , Edicao da Revista ≪Nacao e Defesa≫, Instituto de Defesa Nacional, Lisboa, 1987.
  • MARQUES, Antonio Henrique Rodrigo de Oliveira, Historia de Portugal, Volume I, Edicoes Agora, Lisboa, 1973.
  • OMAN, Sir Charles, A History of the Peninsular War, volume 1 , Clarendon Press, Oxford, 1902.
  • SANTOS, COR Jose Alberto Loureiro dos, Apontamentos de Historia para Militares , Instituto de Altos Estudos Militares, 1979
  • VICENTE, Antonio Pedro, Guerra Peninsular 1801-1814 , Academia Portuguesa de Historia, setembro de 2007

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]