Pre-historia da Peninsula Iberica

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Representacao rupestre de gado (cavalo e cabras) no complexo de gravuras rupestres de Vila Nova de Foz Coa
Serie
Historia da peninsula Iberica
Portugal Espanha
Pre-Historia
Periodo pre-romano
Invasao romana
Hispania : Citerior e Ulterior
Betica ; Cartaginense ; Galecia ; Lusitania e Tarraconense
Migracoes barbaras : Suevos e Visigodos
Invasao e dominio arabe
Periodo das taifas
A Reconquista e o Reino das Asturias
Reino de Leao
Portucale   Aragao ; Castela - Leao e Navarra

A pre-historia da Peninsula Iberica iniciou-se com a chegada dos primeiros hominideos a Peninsula ha cerca de 1,2 milhao de anos e durou ate o inicio das guerras Punicas , [ 1 ] quando o territorio entrou no dominio da historia escrita. Neste periodo alguns dos marcos notaveis sao:

No estudo da pre-historia existe o problema fundamental que dificulta sua investigacao: estabelecer a cronologia exata, principalmente das datas referentes aos primeiros habitantes, sua procedencia, relacao etnica com os diferentes tipos pre-historicos e sua localizacao.

Condicionantes: geografia e clima [ editar | editar codigo-fonte ]

O caracter peninsular, limitado pelo Atlantico a oeste e pela barreira natural dos Pireneus criou um isolamento em relacao a restante Europa Continental , que em algumas ocasioes contribuiu para originar uma relativa separacao entre a evolucao da Peninsula Iberica e da restante Europa. A localizacao geografica constituiu porem a ponte que une a Europa ao norte da Africa , formando uma conexao entre os continentes africano e europeu. Outro condicionador foi a influencia dupla do mar, com a ligacao tanto ao oceano Atlantico como ao mar Mediterraneo .

No interior a acao dos rios, mais caudalosos que atualmente, produziu planicies fluviais que propiciaram um ambiente favoravel para o homem. Tambem esta provado que existiu uma atividade vulcanica, sobretudo nas zonas da atual provincia de Ciudad Real e de Gerunda .

O clima deixou de mudar a medida que se desenrolaram alternadamente as quatro eras glaciais e as eras interglaciais . Apesar das glaciacoes terem sido diferentes entre si, em geral pode dizer-se que na Meseta havia um clima mais extremo e chuvoso que agora, comparavel ao existente na Polonia ou Russia atuais. A costa cantabrica era muito mais fria e humida, similar ao atual norte da Escocia , e a populacao da Andaluzia gozaria de um clima mais frio que o do sul da Franca . Durante os periodos interglaciais, este ultimo seria o clima da costa cantabrica, enquanto Andaluzia seria muito ensolarada e a regiao levantina teria um clima semi-arido.

Levando em conta que a maior atividade dos habitantes da Iberia consistia em caca, cabe mencionar as mudancas que a fauna iberica teve com as mudancas climaticas. Nos periodos glaciais os animais caracteristicos foram o mamute , o rinoceronte peludo e a rena , especies vindas do centro e norte da Europa que buscavam o clima relativamente ameno da Peninsula. Durante os periodos interglaciais, o elefante meridional, o elefante antigo e o rinoceronte de Merk foram os animais mais comuns. Indiferentes a todas as mudancas climaticas, tambem havia outros animais como ursos , lobos , cavalos , bisontes , javalis e cabras ,

Todos estes fenomenos geraram uma variedade cultural, de vida e mentalidades que explicam a diversidade permanente do territorio peninsular.

Paleolitico [ editar | editar codigo-fonte ]

~ 1,2 milhao de anos - 7 000 a.C.

A ocupacao por hominideos data do paleolitico , registando-se diversos vestigios em Portugal e Espanha. Muitos dos vestigios pre-historicos mais bem preservados estao na regiao de Atapuerca , em Espanha, rica em grutas calcarias que preservaram os registos de um milhao de anos de evolucao humana. Entre estes locais esta a cave de Gran Dolina onde se encontraram seis ossadas de hominideos datados de 780 000 a 1,2 milhao de anos, estando entre os mais antigos da Europa. Os peritos debatem se estes pertencerao as especies Homo erectus , Homo heidelbergensis , ou uma nova especie, o Homo antecessor . Na Gran Dolina encontrou-se tambem prova do uso de ferramentas e de fogo.

Biface de quartzito, 350 000 a.C. , Atapuerca , Espanha

Tambem em Atapuerca, esta a estacao de Sima de los Huesos , onde se encontraram os vestigios de 30 hominideos datados de ha cerca de 400 000 anos, possivelmente de Homo heidelbergensis e possivelmente antecessores de neandertais. Sem vestigios de habitacao, exceto um machado, o que sugere que este podera ter sido um monumento funerario, o que seria o primeiro exemplo encontrado entre hominideos.

Ha provas de uma vasta ocupacao pelo Homo Neanderthalensis desde 200 000 a.C. . O homo sapiens tera entrado na Peninsula posteriormente, no fim do paleolitico. Durante algum tempo neandertais e o homem moderno (homo sapiens) coexistiram, ate a extincao do primeiro, sendo o seu ultimo refugio do homem do neandertal o territorio do atual Portugal.

Ha cerca de 200 000 anos, durante o paleolitico inferior , os neandertais chegaram a Peninsula. Por volta de 70 000 a.C. , no Paleolitico Medio, iniciou-se a ultima glaciacao e a cultura mousteriana neandertal estabeleceu-se. Cerca de 35 000 a.C. , durante o Paleolitico Superior, a cultura neandertal Chatelperroniana vinda do sul de Franca estendeu-se ao norte da Peninsula Iberica. Esta cultura perdurou ate 28 000 a.C. , quando o homem do neandertal se extinguiu, sendo o seu ultimo refugio o territorio do atual Portugal. O homo sapiens continuaria a ocupar a Peninsula ao longo dos periodos Mesolitico e Neolitico.

Gravura rupestre, Vila Nova de Foz Coa .

Foi sobretudo no Paleolitico Superior que se desenvolveram as primeiras expressoes artisticas em solo portugues devido a um rigoroso periodo de glaciacao que se verificou nesta epoca.

Em 1994 , foi achado em Portugal o maior complexo de arte rupestre paleolitico ao ar livre conhecido ate hoje: Ha 20 000 anos, o homem gravou milhares de desenhos representando cavalos e bovideos nas rochas xistosas do vale do Coa, afluente do rio Douro , no nordeste de Portugal. os Sitios de arte rupestre do Vale do Coa situam-se ao longo das margens do rio Coa , sobretudo no municipio de Vila Nova de Foz Coa . Formam uma rara concentracao de arte rupestre composta por gravuras em pedra datadas do Paleolitico Superior (22 000- 10 000 a.C. ), constituindo o mais antigo registo de atividade humana de gravacao existente no mundo.

Replica do tecto com pinturas policromas da Caverna de Altamira na Cantabria

Entre os achados mais importantes esta a gruta de Altamira , na Cantabria (Espanha), na qual se conserva um dos conjuntos pictoricos mais importantes de toda a Pre-Historia. Pertence aos chamados periodos Magdaleniano (entre 16 500 e 14 000 anos atras) e Solutreano (18 500 anos atras), dentro do Paleolitico Superior, e o seu estilo artistico constitui a denominada " escola franco-cantabrica " (de que faz parte a notavel gruta de Lascaux ), caracterizada pelo realismo das figuras representadas.

A parte destes existem outros locais onde a arte das cavernas e ao ar livre se destacam, concentrando-se, na sua maioria, na Estremadura, mais precisamente na Peninsula de Lisboa , tais como a gruta do Escoural , Montemor-o-Novo, Mazouco. A tematica da pintura foca sobretudo episodios do dia-a-dia, como por exemplo uma cacada ou uma batalha com uma tribo inimiga. As gravuras sao muito simples, zoomorficas e monocromaticas. Durante este periodo nao existem quaisquer vestigios arquitetonicos devido a natureza nomada das tribos.

Mesolitico [ editar | editar codigo-fonte ]

O Mesolitico ( pedra intermediaria ) e um periodo intermediario entre o Paleolitico e o Neolitico presente (ou pelo menos, com duracao razoavel) apenas em algumas regioes do mundo.

As regioes que sofreram maiores efeitos das glaciacoes tiveram Mesoliticos mais evidentes. Na Peninsula Iberica, menos afetada pelas glaciacoes, nao se fez sentir com intensidade.

O final do Paleolitico da lugar ao aparecimento da Cultura Aziliense na zona pirenaica , com extensao pela zona cantabrica da Peninsula Iberica , cultura de transicao sem grandes novidades e que continua as antigas tecnicas paleoliticas. Maior importancia adquirem os concheiros portugueses das margens do Tejo , como os Concheiros de Muge onde esta assente uma populacao que vai evoluindo lentamente e na qual aparecem ja muitos elementos raciais mistos. Os principais jazigos sao Cabeco da Amoreira, Cova da Onca e Fonte do Padre Pedro. A este ciclo cultural pertencem tambem as oficinas de trabalho manual de silex , ao ar livre, que existem na regiao tarraconense .

Neolitico [ editar | editar codigo-fonte ]

~ 7 000 a.C. - 3 000 a.C.
Cromeleque dos Almendres , Evora
Anta de S. Geraldo, Portugal
Ceramica cardial da caverna de La Sarsa , Valencia
Anta da Cerqueira , tera sido edificada entre 4 000- 3 500 a.C. , Aveiro
Cervo esquematico de Cueva de Bacinete . A representacao caracteriza-se pelo uso de tracos simplificados e convencionais que nao pretendem ser realistas

A chamada Revolucao Neolitica , com a passagem do Homem de simples recolector para a agricultura, levou as populacoes a fixar-se definitivamente, tendo por base uma economia produtora e proporcionando um maior controle das fontes de alimentacao.

Embora a Peninsula tenha desenvolvido tardiamente a agricultura, o Neolitico trouxe mudancas a paisagem humana da Peninsula Iberica a partir de ha 7 mil anos, com o desenvolvimento da agricultura e o inicio da cultura megalitica da Europa , que viria a espalhar-se por grande parte da Europa Ocidental e parte do Norte de Africa. Um dos centros mais antigos desta cultura monumental foi Portugal.

Persistem numerosos registos, como dolmens , antas , cromeleques e menires , como o Cromeleque dos Almendres , um monumento megalitico situado na freguesia de Nossa Senhora de Guadalupe, concelho de Evora , Distrito de Evora. Trata-se do monumento megalitico mais importante de toda a Peninsula Iberica, nao so devido a sua dimensao, mas tambem, devido ao seu estado de conservacao. E tambem considerado um dos mais importantes da Europa.

Na primeira fase do Neolitico, 7 000 a.C. , desenvolveu-se na Peninsula a cultura da ceramica cardial , caracterizada pela decoracao impressa com conchas de berbigao (cardium edule). Desta cultura encontram-se jazidas na Catalunha, Levante e Andaluzia. Nelas ha mostras de praticas agricolas.

Este e igualmente o periodo em que se assiste a expansao por via maritima, a partir do leste mediterranico, da cultura da ceramica cardial , associada igualmente a processos migratorios.

Note-se que, com algumas excecoes localizadas, os dados arqueologicos demonstram que este processo foi essencialmente de aculturacao das populacoes europeias, mais do que de migracao em massa. Mesmo assim, a Cultura da Ceramica Cardial tera tido um papel de relevo no lento desenvolvimento das primeiras culturas Neoliticas das regioes Atlanticas, embora com maior impacto direto nas zonas do leste iberico (apresenta uma distribuicao basicamente mediterranica, particularmente na Catalunha, Valencia, Vale do Ebro e Baleares). De facto, os monumentos megaliticos europeus estao frequentemente acompanhados de restos arqueologicos de ceramica e outros artefactos provenientes desta cultura.

Tambem a pintura levantina e a arte esquematica na Peninsula Iberica , que evoluiria nos tempos seguintes sao caracteristicas do neolitico peninsular. Estava localizada em abrigos rochosos das serras interiores e representa cenas de grupos, com muito dinamismo e figura humanas estilizadas, reflexo de um maior grau de abstraccao e esquematizacao.

Calcolitico ou Idade do Cobre [ editar | editar codigo-fonte ]

~ 3 000 - 1 900 a.C.
Tigela da Cultura de Los Millares , Espanha
Vaso campaniforme da Cultura de Los Millares , Espanha
Idolo , Granja de Cespedes

O Calcolitico ou Idade do Cobre marca o inicio da metalurgia . Esta fase caracteriza-se pelo aumento da complexidade e estratificacao sociais , bem como, no caso iberico, pelo aparecimento das primeiras civilizacoes e de extensas redes de troca e comercio que vao do Norte de Africa ate ao Mar Baltico , com relevo para as Ilhas Britanicas . [ 2 ]

No sudoeste iberico afloram os chapeus-de-ferro, formacoes geologicas ricas em cobre , ouro e prata , facilmente exploraveis por uma tecnologia metalurgica primitiva. Estes metais comecaram entao a ser minerados e trabalhados, embora fossem demasiado macios para substituir a maioria das ferramentas de pedra.

A data convencional para o inicio do Calcolitico iberico e do Terceiro milenio a.C. . Nos seculos que se seguiram, particularmente no sul da Peninsula, bens metalicos, geralmente com fins decorativos e rituais, tornaram-se cada vez mais comuns.

Este e igualmente o periodo de grande expansao do Megalitismo , com as praticas funerarias associadas, que se expande ao longo das regioes Atlanticas e pelo sul da Peninsula (alem de pelo resto da Europa atlantica ). Em contraste, a maioria das regioes do interior peninsular e do mediterraneo permaneceram refractarias a este fenomeno.

Outro fenomeno do inicio da Idade do Cobre e o desenvolvimento de monumentos funerarios de tipo tolo e cavernas artificiais, que se encontram no sul iberico, desde o estuario do Tejo ate Almeria (sul de Espanha ) e ao sudeste frances . Todos estes fenomenos se inscrevem na que foi a grande linha de demarcacao cultural e demica (em menor grau) iberica em geral e portuguesa em particular - mais mediterranica a sul e leste, mais europeia continental a norte e oeste.

Por volta de 2 600 a.C. , comecaram a aparecer comunidades urbanas , mais uma vez mais marcadamente no sul do territorio. As mais importantes de toda a Iberia foram a de Los Millares (no sudeste espanhol) e a de Zambujal (pertencendo a cultura de Vila Nova de Sao Pedro , em Portugal), podendo ja ser chamadas ≪civilizacoes≫, ainda que lhes falte a componente escrita .

A partir de 2 150 a.C. da-se uma importante transformacao cultural e, em parte, populacional na Iberia calcolitica, com o aparecimento da Cultura do Vaso Campaniforme , com origem no Castro do Zambujal , [ 3 ] (talvez mesmo proto-indo-europeia ), que se associara ao complexo populacional e cultural do megalitismo. Esta cultura demonstra tendencias de regionalizacao, com diferentes estilos produzidos em varias regioes, sendo os mais importantes o tipo de Palmela em Portugal, testemunhado pelas Grutas da Quinta do Anjo , e os tipos Continental e Almeriano em Espanha.

Dentre exemplos tipicos desta Idade do Cobre espalhados por inumeras povoacoes por todo o sudoeste iberico, destacam-se em Portugal na Area Metropolitana de Lisboa , entre outros:

Idade do Bronze [ editar | editar codigo-fonte ]

~1 800 - 700 a.C.
Machado de bronze (Bronze atlantico 1 100- 800 a.C. ), Museu Arqueologico de Valhadolide
Mapa da idade do Bronze media Iberica c. 1 500 a.C. , mostrando as principais culturas, as duas cidades principais e a localizacao da minas estrategicas de estanho.
Mapa da idade do Bronze final Iberica a partir de c. 1 300 a.C. , mostrando as principais culturas.

A Idade do Bronze foi o periodo no qual ocorreu o desenvolvimento desta liga metalica , resultante da mistura de cobre com estanho , permitindo o fabrico de ferramentas capazes de substituir os artefactos em pedra. A data de adopcao do bronze variou segundo as diferentes culturas.

O centro tecnologico da Idade do Bronze na Peninsula Iberica foi o sudoeste a partir de c. 1 800 a.C. . [ 2 ] Ai, nas regioes de Almeria, Granada e Murcia, a Cultura de Los Millares foi substituida pela de El Argar com o aparecimento gradual de ferramentas de bronze e de povoados fortificados de grande dimensao. Afirma-se o poder politico acima dos clas e familias primordiais, e muda bruscamente a organizacao social, nascendo uma vida urbana mais proxima da atual. Deste centro a tecnologia do bronze estendeu-se a outras regioes, constituindo o substrato onde viria a desenvolver-se a cultura Ibera e mais tarde os Tartessos . A rede de relacoes e comunicacoes criada por estes povos entre si viria a permanecer quase intacta ate a chegada dos romanos a Peninsula.

Alem de El Argar, algumas das mais notaveis culturas do bronze inicial da Peninsula sao:

  • o Bronze de Levante, na regiao de Valencia, com povoados menores mas uma intensa interacao com os vizinhos de El Argar;
  • O Bronze Iberico do Sudoeste, no sul de Portugal e na Estremadura espanhola, assinalado pela presenca de adagas de bronze, expandindo-se para norte, que veio substituir a cultura megalitica existente na mesma regiao durante o calcolitico. caracteriza-se pelos tumulos individuais em cistas acompanhados por uma adaga de bronze;
  • As culturas de pastoreio de Cogotas I sao unificadas pela primeira vez, como testemunha a ceramica troncoconica caracteristica. Algumas areas, como a civilizacao de Vila Nova mantiveram-se isoladas da expansao da tecnologia de bronze, permanecendo tecnicamente no Calcolitico por seculos.

No Bronze intermedio, o norte de Portugal e a Galiza, regioes possuidoras das maiores reservas de estanho da Europa; [ carece de fontes ? ] indispensavel a fabricacao de bronze, tornaram-se um centro mineiro aderindo entao a tecnologia do bronze, como testemunham os seus machados em bronze caracteristicos (Grupo de Montelavar);

No bronze final, cerca de 1 300 a.C. deram-se varias grandes mudancas na Peninsula. A cultura calcolitica de Vila Nova desaparece, possivelmente devido ao assoreamento do canal que ligava a cidade de Zambujal ao mar. [ 4 ] A cultura unificada de El Argar tambem desaparece, restando diversas cidades fortificadas dispersas. Os primeiros celtas , da Cultura dos Campos de Urnas surgem a partir de noroeste, conquistando toda a Catalunha e algumas areas vizinhas. O vale do Guadalquivir assiste ao nascimento da sua primeira cultura diferenciada que podera estar relacionada com os miticos Tartessos ;

As culturas do bronze do ocidente da Peninsula mostram alguma interacao, nao so entre si, mas tambem com culturas atlanticas distantes, no que foi chamada a Idade do bronze atlantica . [ 2 ] Este complexo cultural, compreendido no periodo entre 1 300- 700 a.C. aproximadamente, incluia diferentes culturas ibericas , das Ilhas Britanicas e do Atlantico Frances . Foi marcada em especial pelas trocas culturais e economicas das culturas locais sobreviventes que acabaram por ser absorvidas pelos Indo-Europeus da Idade do Ferro , maioritariamente Celtas . Os seus principais centros aparentam ser Portugal , Andaluzia ( Tartessos ), Galiza e Gra-Bretanha . Os seus contactos comerciais estendiam-se ate a locais como a Dinamarca e o Mediterraneo .

Idade do Ferro [ editar | editar codigo-fonte ]

~700 - 218 a.C.
Ver artigo principal: Povos ibericos pre-romanos

A Idade do Ferro refere-se ao periodo em que se iniciou a metalurgia do ferro , metal com vantagens face ao bronze , dada a maior dureza e abundancia de jazidas . Caracteriza-se pela utilizacao do ferro como metal , utilizacao importada do Oriente atraves da emigracao de tribos indo-europeias ( celtas ), que a partir de 1 200 a.C. comecaram a chegar a Europa Ocidental , e o seu periodo alcanca ate a epoca romana . A Idade do Ferro na Peninsula Iberica tem dois focos: a influencia da cultura de Hallstatt no nordeste e a colonizacao fenicia a sul.

Expansao dos povos indo-europeus (celtas) [ editar | editar codigo-fonte ]

Expansao dos Celtas , c. 400 a.C.

Desde finais do seculo VIII a.C. , a cultura dos Campos de Urnas do nordeste da Peninsula comeca a incorporar a metalurgia do ferro e, por fim, elementos da cultura de Hallstatt. Neste periodo verifica-se uma clara expansao orientada para montante do rio Ebro, chegando a Rioja e a Alava, com algumas ramificacoes nos montes do sistema iberico, que podem ter sido o preludio da formacao dos Celtiberos .

Neste periodo ha uma visivel diferenciacao social com testemunhos da existencia de chefias locais e uma elite de cavaleiros.

Castro de Barona , Galiza , Espanha .

Destas estacoes no Ebro e Sistema Iberico , a cultura celta expandiu-se na Meseta Central e na costa atlantica, em varios agrupamentos:

  • O agrupamento de Bernorio-Miraveche (a norte das regioes de Burgos e Palencia , que influenciaria os povos do extremo norte.
  • O grupo do Douro, provavel precursor dos Vaccei ;
  • A cultura dos Cogotas II, provavel precursor dos Vetoes , dedicada a pastoricia e que gradualmente se expandiria para sul, ate a Estremadura ;
  • A cultura castreja lusitana, no centro de Portugal, precursora dos Lusitanos ;
  • A cultura castreja do norte de Portugal e da Galiza, relacionada com a anterior, mas com um caracter proprio bem vincado devido a forte persistencia do bronze atlantico.

Todos estes grupos indo-europeus tem elementos em comum, como a ceramica e o armamento.

A partir de cerca de 600 a.C. a cultura do campo das urnas e substituida pela cultura Ibera, num processo que so terminaria no seculo IV a.C. . A separacao fisica dos celta ibericos dos seus semelhantes continentais faria com que os celtas da Peninsula Iberica nunca recebessem a influencia da Cultura de La Tene .

Influencia Fenicia [ editar | editar codigo-fonte ]

Fenicios, gregos e cartagineses, todos colonizaram partes da Peninsula Iberica, estabelecendo postos comerciais.

No seculo X a.C. estabeleceram-se os primeiros contactos fenicios na Iberia, ao longo da costa mediterranica, com a emergencia de diversas cidades e povoados no litoral sul. Os fenicios fundaram a colonia de Gadir (actual Cadis ), proximo de Tartessos, o que fez desta a mais antiga cidade com uma ocupacao continua da Europa ocidental, tradicionalmente datada de 1 104 a.C. . Ao longo de seculos os fenicios fizeram da cidade o posto comercial, deixando uma vasta heranca de artefactos, como notaveis sarcofagos. ao contrario do que por vezes se afirma, nao ha registo de colonias fenicias a oeste do Algarve (nomeadamente Tavira), embora possam ter havido viagens de exploracao fenicia, e a influencia que estes tiveram no territorio do atual Portugal foi feita a partir de trocas comerciais e culturais com Tartessos.

No seculo IX a.C. os fenicios da cidade-estado de Tiro (Libano) fundaram Cartago. Neste seculo os fenicios teriam uma grande influencia na Peninsula com a introducao da metalurgia e uso do ferro, da roda de oleiro , a producao de azeite e vinho . Foram tambem responsaveis pelas primeiras formas de escrita iberica , influenciaram a religiao e aceleraram o desenvolvimento urbano. Ha contudo falta de provas da fundacao fenicia de Lisboa em 1 300 a.C. , sob o nome Alis Ubo (porto seguro), embora neste periodo datem assentamentos em Olissipona com claras influencias mediterranicas.

Houve uma forte influencia e presenca fenicia na cidade de Balsa (atual Tavira) no seculo VIII a.C. , que seria violentamente destruida no seculo VI . Com o declinar da colonizacao fenicia na costa mediterranica muitas das colonias foram abandonadas, sendo substituidos pelo dominio da poderosa Cartago.

Historia Linguistica [ editar | editar codigo-fonte ]

Que linguas foram faladas na Europa durante o periodo pre-historico e controversa. A maioria dos estudiosos acreditam que uma ou mais linguas nao indo-europeias foram proferidas, antes da introducao do Proto-Indo-Europeu, quer no periodo Neolitico ou Bronze. Uma hipotese substrato Vasconico para a Europa Ocidental, com influencia de uma lingua "Semitidica , tem sido postulada, mas rejeitaram. Kalevi Wiik sugeriu que fino-ugricas linguas podem ter sido faladas em todo o territorio do norte da Europa no final do ultimo maximo glacial. Esta hipotese foi rejeitada pela linguistica tradicional.

Uma minoria de estudiosos tem defendido uma maior profundidade de tempo da proto-indo-europeu na Europa. Um grupo de estudiosos liderado por Mario Alinei considera que o indo-europeu foi falado na Europa desde o ultimo maximo glacial, na teoria da continuidade paleolitica. Jonathan Adams e Marcel Otte tem um ponto de vista ligeiramente diferente, sugerindo que a expansao indo-europeia, imediatamente apos o Dryas, recente.

O Proto-Indo-Europeu acredita-se que deu origem a maioria das linguas da Europa no periodo historico. No entanto, sabe-se que um numero de linguas nao indo-europeias foram faladas na parte proto-historica da Europa pre-historica. No norte da Europa ha um grupo separado de linguas uralicas que foi considerado ter sido falado na regiao desde tempos pre-historicos.

Donald Ringe rejeita todas as propostas especificas acima mencionadas em razao dos resultados da geografia linguagem em areas de "tribal", sociedades pre-estatais, como America do Norte antes da colonizacao europeia, o que torna uma Europa neolitica dominada por apenas algumas poucas familias de linguas extremamente implausiveis , ate mesmo impossivel. Ele argumenta que, antes da propagacao das familias indo-europeia e Uralica , a Europa deve ter sido um lugar de grande diversidade linguistica.

Referencias

  1. ≪LOS PRIMEROS POBLADORES DE LA PENINSULA IBERICA≫ . mural.uv.es . Consultado em 8 de outubro de 2020  
  2. a b c F. Jorda Cerda et al. (1986), Historia de Espana I: Prehistoria .
  3. Le Campaniforme et l’Europe a la fin du Neolithique, Olivier Lemercier ⓒ 2006
  4. Deutsches Archalogisches Institut: Zambujal, Torres Vedras Arquivado em 27 de setembro de 2007, no Wayback Machine . (em ingles)

Ver tambem [ editar | editar codigo-fonte ]

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]

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