Joao Bosco Penido Burnier
,
S.J.
(
Juiz de Fora
,
12 de junho
de
1917
?
Goiania
,
12 de outubro
de
1976
) foi um sacerdote
jesuita
brasileiro que dedicou os anos de sua vida a Igreja ate ser morto por agentes da
ditadura militar
.
E um dos casos que e investigados pela
Comissao Nacional da Verdade
.
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Padre Joao Bosco Penido Burnier nasceu em
Juiz de Fora
,
Minas Gerais
, no dia 12 de junho de
1917
. Filho de Henrique Burnier e Maria Candida Penido, sendo o quinto filho de uma familia de nove irmaos.
Dois de seus oito irmaos tambem se dedicaram a vida religiosa: Frei Martinho da
dominicano
e o monsenhor Vicente Burnier, o primeiro sacerdote surdo do Brasil, que ficou conhecido como um dos padres mais atuantes da Pastoral dos Surdos.
Aos 11 anos de idade, Padre Joao Bosco Penido Burnier foi para um seminario em
Paqueta
, no
Rio de Janeiro
, em
1928
. De la, seguiu para
Rio Comprido
e para o Seminario Maior, em
Roma
, onde concluiu realizou um mestrado em
Filosofia
e
Teologia
na
Pontificia Universidade Gregoriana
.
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Anos mais tarde, em
1946
, foi ordenado sacerdote e complementou sua formacao na
Espanha
. Burnier era ligado ao
Conselho Indigenista Missionario
(Cimi). Fazia trabalho pastoral junto a camponeses e indigenas, denunciando violencias cometidas por latifundiarios e agentes publicos.
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Seu retorno para o
Brasil
ocorreu em
1954
, apos ser nomeado assistente da
Companhia de Jesus
na America Latina e vice-provincial da regiao de
Minas Gerais
,
Goias
e
Espirito Santo
. Tambem participou da fundacao do
Colegio dos Jesuitas
, em
Juiz de Fora
e respondeu pelos cargos de mestre de novicos e diretor espiritual dos juniores. Os anos de sua vida madura foram dedicados a Missao de
Diamantino
,
Mato Grosso
, servindo junto aos
indios
beico de pau
e
bacairis
, quando participou da coordenacao regional do
CIMI
. Um de seus trabalhos mais notaveis com os indios foi na Missao Anchieta, segundo o padre Egon Heck, coordenador do CIMI de
Mato Grosso do Sul
.
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Joao Bosco Penido Burnier foi morto no dia 11 de outubro de
1976
por policiais em
Ribeirao Cascalheira
(na epoca chamada de Ribeirao Bonito), no Mato Grosso
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. O padre estava visitando a cadeia junto a outros padres e ao bispo
Dom Pedro Casaldaliga
, com o objetivo de interceder por pessoas que, apos terem sido presas sem mandado judicial ou flagrante delito estavam sendo torturadas. Eram elas Margarid Barbosa da Silva, Yolanda Elisa de Santos, Santana Rodrigues de oliveira Santos e Jose pereira Andrade.
Na delegacia quatro policiais receberam os religiosos de maneira truculenta, com ate ameacas de morte, mesmo eles tendo avisado que estavam ali a pedidos de hierarquia das forcas de seguranca. O padre foi baleado ao interceder em favor de duas dessas mulheres presas que estavam sendo
torturadas
.
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Dom Pedro Casaldaliga contou em seu depoimento que "era possivel ouvir os gritos da rua".
Segundo Dom Pedro, as mulheres eram ameacadas com um
caititu
bravo que poderia despedaca-las. O assassino foi o soldado Ezy Ramalho Feitosa, que lhe deu um soco, uma coronhada e um tiro de
bala dum dum
na nuca. Gravemente ferido, o religioso foi internado no Instituto Neurologico de Goiania, mas nao resistiu aos ferimentos.
O assassinato do jesuita aumentou a tensao entre a ditadura e a hierarquia catolica, que denunciou o crime nas missas dominicais. A reacao ao crime desencadeou protestos de estudantes em varias universidades.
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Nove dias depois da sua morte, o povo invadiu a delegacia, soltou os presos e destruiu o predio.
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Seu corpo permanece sepultado no seminario menor, Jesus o Bom Pastor, em Diamantino, no Mato Grosso. A cerimonia de despedida do padre foi acompanhada por mais de duas mil pessoas, juntamente com um caravana de 45 carros. No mesmo dia do assassinato, a populacao de Ribeirao destruiu e incendiou a delegacia.
Com 33 anos de atraso, o Governo Federal admitiu, no inicio de dezembro de
2009
, atraves do trabalho da
Comissao Especial sobre Mortos e Desaparecidos Politicos
, CEMDP, que o assassinato do Padre Burnier foi provocado pelo
regime militar
.
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O reconhecimento oficial da culpa do Estado na morte repara um erro historico e abre caminho para a indenizacao dos familiares de Burnier.
O nome religioso consta no
Dossie ditadura: mortos e desaparecidos politicos no Brasil (1964-1985)
, organizado pela Comissao de Familiares de Mortos e Desaparecidos Politicos. O seu caso ja havia sido apresentado anteriormente a CEMDP, mas foi indeferido em 24 de abril de 1997.
Uma rua localizada no bairro do Trevo, em Belo Horizonte, Minas Gerais, foi batizada com o seu nome.
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Assim como uma rua no bairro Camobi, em
Santa Maria
(RS), como uma praca no bairro Jardim Julieta em Sao Paulo e outra rua no conjunto Habitacional P, em
Campinas
(SP). Ainda um bairro na cidade de
Rondonopolis
(MT) recebeu seu nome, homenageado pelas mais de 400 familias sem teto que, apos grilarem a propriedade, a policia tentou tira-los com a forca, mas com a intervencao do
Padre Lothar Bauchrowitz
o local foi adquirido pelo padre e a prefeitura e empossado pelo povo.
O livro "
O Sangue pela Justica"
, escrito pelo padre Jose Coelho de Souza, foi publicado em 1978.
Dom Pedro Casaldaliga
escreveu "
Martirio do Padre Joao Bosco Burnier"
em 2006.
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A obra reconstitui por meio de documentos e depoimentos a vida e o martirio do mesmo.
Hoje, "Burnier" e o nome de uma ONG em defesa dos direitos humanos e de escolas em Minas Gerais e Mato Grosso.
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No local em que o jesuita agonizou, aguardando transporte para atendimento medico foi erguida uma capela que ate hoje e visitada por amigos, religiosos e romeiros. Em julho de 2006, a romaria dos Martires da Caminhada, em Ribeirao Cascalheira, Mato Grosso, marcou as homenagens relativas ao 30º ano do assassinato do religioso. A cerimonia teve a participacao de cerca quatro mil pessoas, contando com a presenca de dom Pedro Casaldaliga e de outros lideres religiosos, assim como de integrantes da Comissao Pastoral da Terra (CPT).
Referencias