Murilo Mendes

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Murilo Mendes
Murilo Mendes
Retrato de Murilo Mendes por Ismael Nery , 1922 (colecao particular)
Nome completo Murilo Monteiro Mendes
Nascimento 13 de maio de 1901
Juiz de Fora , Minas Gerais , Brasil
Morte 13 de agosto de 1975  (74 anos)
Lisboa , Portugal
Nacionalidade Brasileiro
Ocupacao Poeta, prosador e critico
Premios Premio de Poesia da Fundacao Graca Aranha (1930)

Premio Internacional de Poesia Etna-Taormina (1972)

Escola/tradicao Surrealismo
Religiao Catolica
Assinatura

Murilo Monteiro Mendes ( Juiz de Fora , 13 de maio de 1901 ? Lisboa , 13 de agosto de 1975 ) foi um poeta, prosador e critico de artes plasticas brasileiro, catolico expoente do surrealismo na literatura brasileira .

Biografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Nascido na cidade de Juiz de Fora , no estado de Minas Gerais , em 13 de maio de 1901, aniversario da abolicao da escravidao no Brasil pela Lei Aurea , em 1888 (assim ele gostava de assinalar), Murilo Mendes e filho de Onofre Mendes, funcionario publico, e Elisa Valentina Monteiro de Barros. No dia 20 de outubro de 1902, sua mae, "afeicoada ao canto e ao piano, morre de parto com vinte e oito anos". Casou-se entao o seu pai com Maria Jose Monteiro ("Minha segunda mae, Maria Jose, grande dama de cozinha e salao, resume a ternura brasileira. Risquei do vocabulario a palavra madrasta."). [ 1 ]

Em Juiz de Fora, fez seu curso primario e parte do curso ginasial no Colegio Moraes e Castro, no Colegio Malta e na Academia de Comercio. [ 2 ] Presenciou, em 1910, a passagem do cometa Halley , que o despertou para a poesia. [ nota 1 ] Em 1916, ingressou na Escola de Farmacia de Juiz de Fora, a qual abandonou decorrido um ano apenas. [ 3 ] Como aluno interno, estudou no Colegio Santa Rosa, em Niteroi . Irregular e indisciplinado, fugiu para, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro , assistir a dois espetaculos de Diaguilev e ver Nijinski dancar. [ 4 ] [ 5 ] [ nota 2 ] Por toda a sua vida, teve predilecao por Wolfgang Amadeus Mozart . [ 6 ]

Entre 1917 e 1921, devido a varias tentativas da familia de conseguir-lhe um trabalho, foi empregado como telegrafista, pratico de farmacia, guarda-livros, funcionario do cartorio do pai, professor de frances em um colegio de Palmira (atual Santos Dumont ) e, mudando-se para o Rio de Janeiro com o irmao mais velho, trabalhou como arquivista na Diretoria do Patrimonio Nacional, subordinado ao Ministerio da Fazenda. [ 7 ] Nesse orgao publico, Murilo Mendes conheceu, em 1921, Ismael Nery , desenhista da Secao de Arquitetura e Topografia, tornando-se grandes amigos. [ 8 ] [ 9 ] Contudo, o poeta continuou a buscar, sem vocacao, ocupacoes varias, desde funcionario do Banco Mercantil, escrevente no cartorio de seu primo Anibal Monteiro Machado , inspetor federal de ensino secundario ate escrivao da 4 a Vara da Familia do Distrito Federal. [ 10 ]

A morte prematura de Ismael Nery, em 1934, provocou em Murilo Mendes uma crise religiosa, a qual o converteu ao catolicismo . [ 11 ] [ 12 ] Na edicao Tempo e Eternidade (1935) escreveu um poema em homenagem ao amigo. [ 13 ] A influencia de Ismael fez Murilo ainda publicar, entre junho a dezembro de 1948, no suplemento Letras e Artes do jornal A Manha , artigos com o titulo Recordacao de Ismael Nery .

Em 1938, quando Salzburgo foi tomada na Segunda Guerra Mundial pelos alemaes, Luciana Stegagno Picchio , amiga e organizadora da extensa obra de Murilo Mendes, indica um episodio paradigmatico de seu carater singular: Murilo "telegrafa a Hitler o seu protesto em nome de Wolfgang Amadeus Mozart". [ 14 ]

Devido a tuberculose, passou um periodo de convalescenca na pensao em que morou, transferindo-se, em 1943, ao Sanatorio Boa Vista, em Correas, no Municipio de Petropolis . [ 15 ] [ 16 ] Em 1947, casou-se com a poeta e tradutora portuguesa Maria da Saudade Cortesao, filha de Jaime Cortesao , escritor e historiador portugues exilado no Brasil. Fixou o casal, inicialmente, o domicilio no Rio de Janeiro. [ 17 ]

Viajou a turismo para a Espanha em 1952. [ 18 ] No ano seguinte, esteve novamente na Espanha, como professor visitante na Universidade de Madri. Em 1953, proferiu, na Sorbonne , palestra sobre Jorge de Lima , amigo cuja morte ocorrera ha pouco. [ 17 ] Entre 1953 e 1955, ministrou conferencias nas Universidades de Bruxelas, Louvain, Amsterdam e Paris sobre temas de cultura brasileira. Mudou-se para a Italia em 1957, contratado pelo Departamento Cultural do Itamaraty , a fim de exercer a funcao de professor de literatura brasileira na Universidade de Roma , desenvolvendo ainda curso identico na Universidade de Pisa . [ 19 ] Instalaram-se o poeta e sua esposa no domicilio definitivo, situado em Roma , na Via del Consulato 6. [ 20 ] [ 21 ]

Murilo Mendes faleceu por problemas cardiacos no dia 13 de agosto de 1975, na casa onde habitara seu sogro, Jaime Cortesao, em Lisboa . [ 22 ] Foi sepultado no Cemiterio dos Prazeres . [ 23 ]

Apos a morte de Murilo Mendes, surgiram diversas manifestacoes. Entre elas, dois meses apos o falecimento, o pintor Pasquale Santoro fomentou, na Italia, evento em sua homenagem. No Museu de Arte de Sao Paulo (MASP), Pietro Maria Bardi organizou, em 1980, a Exposicao Brasil-Italia, tendo salas especiais denominadas "Um Poeta Brasileiro na Italia - Murilo Mendes" e "Um Poeta Italiano no Brasil - Giuseppe Ungaretti ". Em Lisboa, com a contribuicao de Maria da Saudade Cortesao e Joao Nuno Alcada, a Fundacao Calouste Gulbenkian realizou, em 1987, a exposicao "Murilo Mendes - O Olhar do Poeta". [ 24 ]

A Murilo Mendes o reconhecimento tambem alcancou em poesia. Na bela Carta de Natal a Murilo Mendes , sua amiga e poeta Sophia de Mello Breyner Andresen enviou: "Querido Murilo: sera mesmo possivel / Que voce este ano nao chegue no verao / Que seu telefonema nao soe na manha de Julho / Que nao venha partilhar o vinho e o pao". [ 25 ] A cordialidade e o carisma de Murilo deixaram, junto a sua obra artistica, inumeros amigos.

Fortuna Critica [ editar | editar codigo-fonte ]

Capa da obra Poesias , de 1959

Em sua Apresentacao da Poesia Brasileira , Manuel Bandeira assinala que Murilo Mendes "e talvez o mais complexo, o mais estranho e seguramente o mais fecundo poeta desta geracao". [ 26 ] Considerando primeiro o seu estilo, de uma espiritualidade particular e, a frente, de uma liberdade da sintaxe, Afranio Coutinho posiciona entao Murilo Mendes na segunda fase, ou geracao, do Modernismo na poesia, que se estende de 1930 ate 1945. [ 27 ] Ao incorporar o surrealismo e o catolicismo , a sua obra destaca-se na literatura brasileira.

Murilo Mendes publicou o seu primeiro livro, Poemas , em 1930, o qual seu pai custeara em Juiz de Fora. [ 28 ] Por ele recebeu, no mesmo ano, o Premio de Poesia da Fundacao Graca Aranha . [ 29 ] Ja no ano seguinte, 1931, Mario de Andrade percebe o aparecimento de Poemas , atribuindo a Murilo Mendes com outros tres autores marcantes a designacao de "poetas feitos". [ 30 ] [ nota 3 ] No mesmo ano, 1931, publicou o auto Bumba-meu-poeta . Em 1932, foi publicado o livro de poemas-piadas Historia do Brasil , os quais, por considerar o poeta que "destoam do conjunto da minha obra", excluiu da obra completa Poesias , editada em 1959. [ 6 ] Poesias reuniu a producao literaria de Murilo Mendes entre 1925 a 1955, excluindo tambem O Sinal de Deus (1936), edicao de poemas em prosa que havia sido retirada do mercado. [ 31 ] Luciana Stegagno Picchio , em sua Historia da Literatura Brasileira , observa que, meticuloso, constituiu Murilo "em torno do nucleo primitivo ( Poemas e Bumba-meu-poeta , 1930)" [...] uma "obra coerente como poucas". [ 32 ]

A mais proxima biografa de Murilo Mendes, Lais Correa de Araujo, nota que o primeiro livro, Poemas (1930), foi publicado posteriormente a Semana de Arte Moderna , acontecimento do Modernismo brasileiro ocorrido em 1922. E questionavel o intervalo, por volta de oito anos, da Semana de 22 ate a edicao de Poemas . Entretanto, verifica a sua biografa que "nao seria o mero fato de um distanciamento geografico do escritor do eixo das operacoes renovadoras ( Sao Paulo - Rio de Janeiro) - pois ja residia no Rio em 1920" e que "em 1922 tinha Murilo vinte e um anos, uma idade portanto psicologicamente propicia as contestacoes, a rebeldia". [ 33 ] Colocando a parte o desvio do livro Historia do Brasil , Lais Correa de Araujo apresenta a justificacao de que, ainda que adotando o verso livre, as "ideias filosoficas", as "preocupacoes esteticas" de Murilo Mendes ja nao repercutiam os movimentos de 1920 a 1930. [ 34 ] No poema emblematico Mapa , que pertence ao livro Poemas , le-se Murilo afirmando que "tudo e ritmo do cerebro do poeta. Nao me inscrevo em nenhuma teoria". Alceu Amoroso Lima , em carta a biografa, escreveu, com agudo senso critico, que Murilo Mendes nunca foi um "homem de rebanhos". [ 35 ]

Porem, em 1934, um importante evento marcou Murilo Mendes. A morte do amigo Ismael Nery conduziu Murilo Mendes na sua conversao ao catolicismo. Com a colaboracao de Jorge de Lima, publicou o livro Tempo e Eternidade (1935). E, a contar deste ponto, surgiu um poeta "inserido na situacao angustiosa do homem dividido entre a constatacao de uma potencialidade redentora (Deus) e a sua impotencia e desamparo do degredado (homem-pecador)". [ 36 ] No poema A Ceia do Poeta , pertencente a Tempo e Eternidade , le-se Murilo a considerar Deus na terra: "Diante do prato em que apenas toquei / Medito no dia em que multiplicaste paes e peixes, / Tu que sacias a fome e a sede do universo". Por outro lado, na obra A Poesia em Panico (1937), o poeta confessa em A Danacao sua dificuldade: "Ha fortes iluminacoes sem permanencia. / A parte da Graca e tao pequena / Que me vejo esmagado pelo monumento do mundo". No livro Mundo Enigma (1945), o poema Emaus expoe tambem Murilo sem conseguir desvendar Deus: "Sempre es o hospede - nunca es o rei. / Muito mais derrotado que vitorioso. / Quando chegas e bates ao meu coracao / Eu nao te reconheco - ha luz demais -". Murilo Mendes mostra-se uma pessoa nao conformada com este mundo.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Murilo Mendes publicou, atraves da Editora Agir, a obra Poesia Liberdade (1947). Veem-se entao "o espectro da guerra" (do poema As Lavadeiras ), "homens e bichos combatendo" ( Poema de Alem-Tumulo ), e o pao e o vinho amaldicoados ( O Tunel do Seculo ). No poema Elegia Nova , Murilo observa, triste: "Esta cidade irregular desfeita, / Roseiras de peles de homens, / Torres de suplicios, / Campos semeados de metralhadoras, / O rendimento dos abismos". Surgem, nos seus versos, tracos que lembram poesias de Carlos Drummond de Andrade . Em O Rato e a Comunidade , Murilo, secamente, escreve: "Procuras consolo, mas nao podes parar. / Es o servo da maquina e do tempo. / Mal sabes teu nome, nem o que desejas neste mundo." Entretanto, Murilo Mendes mantem sua fe na comunhao dos homens com Cristo. O poeta confirma em Oficio Humano : "Esperemos na angustia e no tremor o fim dos tempos, / Quando ao homem se fundirem numa unica familia, / Quando ao se separar de novo a luz das trevas / O Cristo Jesus vier sobre a nuvem, / Arrastando por um cordel a antiga Serpente vencida."

Pessoalmente, antes de sua mudanca para Roma, Murilo Mendes fez amizades com escritores e artistas brasileiros no Rio de Janeiro. Frequentando o Mosteiro de Sao Bento , relata, em Retratos-relampago (1973), curioso dialogo com Graciliano Ramos , quando esse foi designado inspetor federal do Colegio de Sao Bento . [ 37 ] Data desta epoca os retratos de Murilo pintados por Alberto da Veiga Guignard , um em 1930 e outro em 1931, [ 38 ] e Candido Portinari . [ 39 ] [ 40 ] Um homem jovem que logo se aproximou de Murilo Mendes foi Joao Cabral de Melo Neto . O primeiro encontro deu-se em 1940, na pensao onde morava Murilo, localizada na Rua Marques de Abrantes, no bairro do Flamengo. [ 41 ] Mais tarde, como diplomata, Joao Cabral estabeleceu lacos estreitos com Murilo ao longo do exercicio de seu servico publico na Catalunha e em Sevilha . [ 42 ]

Albert Camus , Maria da Saudade Cortesao e Murilo Mendes no Rio de Janeiro, em 1949

Conheceu, no Brasil, certos pintores e escritores estrangeiros: Arpad Szenes e Maria Helena Vieira da Silva , casal que deixou a Europa de 1939 ate 1947, George Bernanos , que se exilou logo apos o Acordo de Munique , retornando em 1945, [ 43 ] e Albert Camus , que esteve no Brasil para uma turne de conferencias em 1949. [ 44 ] [ 45 ]

Na Europa, Murilo Mendes entrou em contato com varios artistas novos e renomados. Podem ser citados exemplos como Giuseppe Ungaretti , [ 46 ] Alberto Magnelli , Ruggero Jacobbi , [ nota 4 ] Sophia de Mello Breyner Andresen , Jorge Guillen , Rafael Alberti [ 47 ] e Ezra Pound [ 48 ] .

Em especial, Murilo Mendes aproximou-se dos surrealistas Mario Cesariny , Joan Miro , [ 49 ] , Rene Char e, finalmente, Andre Breton . [ 50 ] [ 51 ] [ nota 5 ] A proposito, muito do surrealismo originario de Breton e atribuido a Murilo Mendes "passa por estas amizades, embora existisse na base uma predisposicao ao 'surreal', antes ou alem das modas e dos credos de escola". [ 52 ] Em carta enderecada, em 1949, a Francis Picabia , ilustrador de sua obra Janela do Caos , Murilo expressou a sua visao do surrealismo:

"[...] Nao sou um surrealista ortodoxo, mas devo confessar que o surrealismo sempre exerceu sobre mim um grande fascinio. Acho que ha muita surrealidade mesmo em certos classicos; que ha um estado surrealista na vida, um estado que com frequencia se esconde, mas que todavia se revela em toda sua estranheza e angustia. Esse estado transparece inevitavelmente em meus poemas. [...]." [ 53 ]

Em carta para Lais Correa de Araujo, Murilo Mendes declarou essa posicao insolita sua:

"Eu tenho sido toda a vida um franco-atirador. Procuro obedecer a uma especie de logica interna, de unidade apesar dos contrastes, dilaceracoes e mudancas; e sempre evitei os programas e manifestos." [ 54 ]

E relevante tambem mencionar que o surrealismo de Murilo Mendes uniu, fortemente, a sua poesia com o elemento plastico. Joao Cabral de Melo Neto afirmou que "sua poesia me foi sempre mestre, pela plasticidade e novidade de imagem. Sobretudo foi ela quem me ensinou a dar precedencia a imagem sobre a mensagem, ao plastico sobre o discursivo". [ 55 ]

Querubim no estilo barroco

A obra poetica de Murilo Mendes e vasta e nao exprime, exatamente, a evolucao do Modernismo brasileiro. Todavia, nao deixou o poeta de olhar, peculiarmente, para o Brasil, a exemplo do livro Contemplacao de Ouro Preto , publicado em 1954. Nesta "viagem as raizes barrocas ", com profunda reflexao em relacao ao catolicismo, Murilo passou a "assumir abertamente a sua mineiridade". [ 56 ] No poema Romance das Igrejas de Minas , redige Murilo: "Por isso escrevi um canto / Com palavras essenciais, / Baseado na beleza / Da antiga Minas Gerais, / Inspirado na grandeza / Da rude religiao, / Principio e fim da existencia,". Neste livro, Murilo Mendes cita, em certos pontos, figuras emblematicas de Ouro Preto: o extraordinario Aleijadinho ("O escopro genial do Aleijadinho", Motivos de Ouro Preto ); os primeiros revolucionarios da Inconfidencia Mineira contra a Monarquia de Portugal sobre a sua colonia ("Paredes em faiscado, / Consistorios, corredores / Onde vagueiam fantasmas / De poetas inconfidentes, / De frades conspiradores;", de Romance das Igrejas de Minas ); em Acalanto de Ouro Preto , a dedicatoria a Alberto da Veiga Guignard; tambem de Romance das Igrejas de Minas , outra dedicatoria, desta vez a Rodrigo M. F. de Andrade , primeiro diretor do Servico de Patrimonio Historico e Artistico Nacional (SPHAN, atual IPHAN ) e responsavel por proteger na sua gestao, dentre o patrimonio historico e cultural brasileiro, o Museu da Inconfidencia , em Ouro Preto.

Na Italia Murilo Mendes nao sofreu o sentimento de exilio, mas acompanhou os principais representantes da vanguarda europeia. Nesta fase, consolidou-se como critico especializado das artes plasticas muito respeitado em Roma. Acrescentando seu conhecimento musical, apresentou "com a literatura o substrato dessa personalidade intelectual aberta a todas as manifestacoes das artes". [ 57 ] Por carta a Lais Correa de Araujo, Murilo acentuou que as fronteiras das diferentes formas artisticas foram "hoje tornadas muito fluidas". [ 57 ] Em dezembro de 1970, surgiu a obra Convergencia , a qual, em outra carta a Lais, considerou Murilo "um dos meus livros maiores, resumindo a experiencia de 3 geracoes, inclusive concretos e praxis". [ 58 ]

A obra Convergencia vai alem da poesia concreta. Lais Correa de Araujo explica que a reconsideracao concretista da informacao estetica sobre a informacao semantica ja teve inicio no livro Siciliana (1959), ou antes. Convergencia e, pois, a realizacao de uma "liberdade da sintaxe poematica", [ 59 ] difundindo:

"Primeiro na area dos elementos fonico-temporais - musicalidade, ritmo - e, por fim, na dos elementos morfologicos - visuais. Rebelde, rebelado, Murilo Mendes nunca se deixou, por temperamento, interditar pelos habitos mentais alienadores que acomodam e/ou constrangem o homem as imposicoes da conjuntura e aos padroes tanto de um sistema de vida, quanto de um estilo de criacao." [ 60 ]

Convergencia inicia-se com "Grafitos", palavra do italiano "graffitto", [ 61 ] a qual significa "inscricao ou desenho de epocas antigas, toscamente riscado a ponta ou a carvao, em rochas, paredes, vasos, etc.". [ 62 ] E a partir deles que Murilo Mendes cria, com enorme cultura, novos poemas. Interessante e o Grafito para Mario Pedrosa , onde se le, musicalmente: "Sigo cego maquinal / Signos magicos disparados / Cego sigo maquinal / Siga | avanti | alt | stop / Cego sigo maquinando". No Grafito para Paolo Uccello , possivelmente ao olhar, na Galleria degli Uffizi , a pintura Battaglia di San Romano , comunica, visualmente: "Na tua batalha entro / Da tua batalha saio"; e questiona: "Esgota-se (?) a pintura / Nao a palavra pintura". Em principio enigmatico, Murilo enfatiza, na vanguarda literaria, o relativismo da linguagem. No poema Texto de Consulta indaga: "A palavra cria o real? / O real cria a palavra?". Trata-se de uma concepcao que e objeto de estudos aprofundados de linguistas e semiologistas.

A segunda parte de Convergencia e formada pelos "Murilogramas", com dedicatoria a sua estimada amiga Luciana Stegagno Picchio. Os murilogramas sao enderecados a Deus e pessoas. Neles, Murilo Mendes tambem explora a linguagem. Lais Correa de Araujo anota:

"Nos grafitos e especialmente nos murilogramas, as texturas sonoras ainda tem valor preponderante, perceptivel a partir da apresentacao da linha melodica, que se sustenta muitas vezes invariavel na sua forma de antifona e salmatica, as vezes enriquecida pelo contraponto solo/parte coral, como no ' Murilograma a Joao Sebastiao Bach '. " [ 63 ]

A plasticidade de Murilo em Convergencia pode, por sua vez, ser vista no Murilograma a Guido Cavalcanti : "Radiograficamente entrego-te o texto tactil / Interrogo o que | sem transistor | ves apalpas ouves / Nesses teus proximos bulevares entre Jupiter e Saturno". [ nota 6 ]

Na ultima parte de Convergencia , "Sintaxe", Murilo Mendes, livremente, prossegue seus experimentos. No poema Texto de Informacao contradiz a funcao gramatical, as expressoes da retorica: "Tiro do bolso examino / Certas figuras de gramatica [de retorica [de poetica / Considero-as na sua forma visual / Fora de funcao / no seu peso especifico [& som proprio [de palavras isoladas:" [ nota 7 ] E, ao modo dos surrealistas em seus quadros, Murilo implementa versos que se aproximam a imagens em colagens, como na Colagem para Drummond : "As pedras de Itabira. A pedra de Drummond. / O ferro de Itabira. As farpas de Drummond. / As tropas de Itabira. Os tropos de Drummond. / Os tetos de Itabira. O tato de Drummond. / As madres de Itabira. Os mortos de Drummond [...]." Os jogos com as palavras continuam em "Sintaxe". Murilo Mendes procura desconcerta-las, formando novas conexoes.

Retrato de Murilo Mendes por Ismael Nery , 1923

A excecao de O Discipulo de Emaus (1945), obra formada de maximas incisivas, Murilo Mendes tornou-se, na Italia, igualmente prosador. Mas, nas palavras de Luciana Stegagno Picchio, ajustado "daquela especial prosa poetica, epigramatica, definitoria e surrealista a sua maneira". [ 52 ] No seu primeiro livro em prosa publicado da Italia em 1968, A Idade do Serrote , Murilo remonta a sua juventude em Juiz de Fora. Na obra Poliedro , editada em 1972, fixa a licao surrealista sua, salientando "faces" e significados, ou signos, novos a diversos objetos. Outra prosa poetica notavel e Retratos-relampago , de 1973, na qual, dividida em setores, reproduz variadas pessoas. Deste modo, Murilo Mendes reuniu, em equivalencia, a obra poetica a prosa, retirando delimitacoes.

Jose Guilherme Merquior afirma que "Murilo Mendes e um poeta deslocado na tradicao dominante da lirica de lingua portuguesa" o qual "nao obteve compreensao substancial por parte da generalidade da critica". Diante do seu surgimento, poucos foram os criticos que conseguiram alcanca-lo a exemplo de Alceu Amoroso Lima, ao ver na sua obra a marca de um " estado de espirito ". Um estado de espirito que, segundo Jose Guilherme Merquior, Mario de Andrade, ja em 1931, definiu como sendo o "aproveitamento mais sedutor e convincente da licao surrealista". [ 64 ] [ 65 ] Mas, Murilo Mendes adota um surrealismo no qual busca "uma compreensao critica de sua epoca". Na indignacao diante do conflito armado, ilustra Merquior que Murilo Mendes "exerceu para nos o lirismo da denuncia humanista da guerra, frequentemente alcancando o cerne social da desgraca. E suficiente reler apenas como Lamentacao ou como Os Pobres para verificar com que profundidade o poeta foi tocado pela guerra, e com que humanidade lhe reagiu". [ 66 ]

Luciana Stegagno Picchio ressalta que Murilo buscou ser contemporaneo: "Se o texto a interpretar e o mundo e o meio cognoscitivo, a linguagem, o oficio do poeta e fazer-se contemporaneo de todo acontecimento". [ 52 ] Tendo por base o surrealismo, Murilo Mendes conciliou, em poesia e prosa, a realidade, mesmo vulgar, a elementos transcendentes. Manuel Bandeira destaca que Murilo realizou uma "constante incorporacao do eterno ao contingente". [ 67 ]

Fotografia de Murilo Mendes com Luciana Stegagno Picchio

Na Introducao Geral a Poesia Completa e Prosa publicada, em 1994, pela Editora Nova Aguilar, Jose Guilherme Merquior aponta tambem, com perspicacia, que Murilo Mendes integrou o surrealismo ao catolicismo. Nota o critico que, em verdade, "o projeto surreal nao era, em substancia, estetico, mas sim de cunho, antes de tudo, existencial ". [ 68 ]

Na Italia, publicou, em 1959, Siciliana , texto bilingue traduzido e com prefacio de Giuseppe Ungaretti. Por sua vez, organizada por Ruggero Jacobbi, em obra bilingue (portugues-italiano) realizada por Luciana Stegagno Picchio, Chiocchio e Ungaretti, editou-se, em 1961, Introducao a Poesia de Murilo Mendes . [ 69 ] Diante de suas diversas publicacoes, o reconhecimento de Murilo Mendes o levou a ganhar, no ano de 1972, o Premio Internacional de Poesia Etna-Taormina. Carlos Drummond de Andrade, na sua cronica no Jornal do Brasil , criticou, tendo em vista o Premio atribuido a Murilo e com o qual se tinham distinguido tambem Salvatore Quasimodo , Premio Nobel de Literatura de 1959 , e Giuseppe Ungaretti, a indiferenca dos artistas brasileiros. Do Brasil, Drummond assinalou "uma obra que e fruto saboroso da cultura brasileira confrontada com valores universais". [ 70 ] [ 71 ]

Recentemente, houve um resgate de uma das caracteristicas de Murilo Mendes. Entre setembro de 2023 e janeiro de 2024, no Museu de Arte Moderna de Sao Paulo (MAM) ocorreu a exposicao "Murilo Mendes, o poeta critico: o infinito intimo", organizada pelos curadores Lorenzo Mammi, Maria Betania Amoroso e Taisa Palhares. Atraves de pinturas e obras de artes plasticas originarias, em grande parte, do acervo pertencente ao Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), apresentou-se a atividade de Murilo como critico, incentivador de artistas e organizador de eventos publicos. Deste modo, Murilo foi, por exemplo, curador do Pavilhao Brasileiro na Bienal de Veneza de 1964 [ nota 8 ] e elaborador de uma galeria na Embaixada Brasileira em Roma, pondo a vista, pela primeira vez na Europa, artistas brasileiros como Volpi , Goeldi e Weissmann . [ 72 ]

No Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), situado em sua cidade natal, Juiz de Fora, encontram-se reunidos livros, correspondencias, documentos e obras de arte do poeta que foram transmitidos por sua viuva, Maria da Saudade Cortesao.

Obras [ editar | editar codigo-fonte ]

Fachada do Museu de Arte Murilo Mendes , em Juiz de Fora , Minas Gerais
  • Poemas (1930);
  • Bumba-meu-poeta (1931);
  • Historia do Brasil (1932) - com capa de Di Cavalcanti ;
  • Tempo e Eternidade (1935) - escrita, em conjunto, com Jorge de Lima ;
  • Os Quatro Elementos (1935);
  • O Sinal de Deus (1936);
  • A Poesia em Panico (1937);
  • O Visionario (1941) - incluindo Jandira , poema exemplar da poetica muriliana; [ 73 ]
  • As Metamorfoses (1944) - ilustrada por Portinari e com capa de Santa Rosa ;
  • Mundo Enigma (1945);
  • O Discipulo de Emaus (1945);
  • Poesia Liberdade (1947);
  • Janela do Caos (1949) - ilustrada com seis litografias de Francis Picabia ;
  • Contemplacao de Ouro Preto (1954);
  • Poesias (1959) - obra completa ate a data e incluindo Sonetos Brancos , com a exclusao de O Sinal de Deus e Historia do Brasil ;
  • Siciliana (1959) - em texto bilingue traduzido por A. A. Chiocchio e com prefacio de Giuseppe Ungaretti ;
  • Tempo Espanhol (1959);
  • Siete Poemas Ineditos (1961);
  • Introducao a Poesia de Murilo Mendes (1961) - organizada por Ruggero Jacobbi , em texto bilingue de Luciana Stegagno Picchio , Chiocchio e Giuseppe Ungaretti;
  • Antologia Poetica (1964);
  • Italianissima ( 7 Murilogrammi ) (1965);
  • A Idade do Serrote (1968);
  • Convergencia (1970);
  • Poliedro (1972);
  • Retratos-relampago, 1 a serie (1973);
  • Marrakech (1974) - com litografias de G. I. Giovannola.

Postumas [ editar | editar codigo-fonte ]

  • Ipotesi (1977) - organizada e prefaciada por Luciana Stegagno Picchio;
  • Transistor (1980) - antologia de prosa escrita entre 1931 e 1974;
  • Janelas Verdes , primeira parte (1989) - com ilustracoes em tinta da China e duas serigrafias originais assinadas por Maria Helena Vieira da Silva .

Ineditas publicadas na edicao Poesia Completa e Prosa da Editora Nova Aguilar (1994) [ editar | editar codigo-fonte ]

  • Carta Geografica (1965-1967);
  • Espaco Espanhol (1966-1969) - notas de viagem;
  • Janelas Verdes , segunda parte (1970);
  • Retratos-relampago 2 a serie (1973-1974);
  • Conversa Portatil (1971-1974) - miscelania em prosa e verso;
  • A Invencao do Finito (1960-1970);
  • Papiers - originais em prosa e verso, em frances;
  • Quatro Textos Evangelicos (1984) - publicados, postumamente, na revista Letterature d'America , em Roma;
  • O Infinito Intimo (1948-1953) - inclui textos poeticos menores.

Premios recebidos [ editar | editar codigo-fonte ]

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  • Premio Graca Aranha , pelo livro Poemas (1930) ;
  • Premio Internacional de Poesia Etna-Taormina (1972).

Notas

  1. A passagem do cometa Halley foi um dos momentos marcantes de Murilo Mendes, ressaltado no poema A Luz e a Vida , do livro Os Quatro Elementos (1935).
  2. Murilo Mendes afirmou que no Theatro Municipal do Rio de Janeiro vislumbrou "Nijinski dancando no arco-iris".
  3. Os outros tres autores de que Mario de Andrade distingue o surgimento sao: Carlos Drummond de Andrade, Alguma Poesia ; Manuel Bandeira, Libertinagem ; e Augusto Frederico Schmidt , Passaro Cego .
  4. Ruggero Jacobbi foi um amigo proximo de Murilo e um dos primeiros tradutores de sua poesia para o italiano.
  5. Murilo visitou Andre Breton e Rene Char em Paris, de 1952 a 1953.
  6. A reproducao do poema, por limitacoes de edicao, nao e fiel a sua forma estetica.
  7. Tenta-se reproduzir o poema, ainda com as limitacoes de edicao
  8. Apos o Golpe de 1964 , no Brasil, Murilo Mendes foi indicado pelos proprios italianos para arrumar o Pavilhao Brasileiro da Bienal de Veneza .

Referencias

  1. MENDES, Murilo (1994). Poesia Completa e Prosa . Rio de Janeiro: Nova Aguilar. p. 67  
  2. ARAUJO, Lais Correa (2000). Murilo Mendes: ensaio critico, antologia, correspondencia . Sao Paulo: Perspectiva. p. 12  
  3. MENDES 1994 , p. 67.
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Bibliografia detalhada [ editar | editar codigo-fonte ]

  • Araujo, Lais Correa de. Murilo Mendes : ensaio critico, antologia, correspondencia . Sao Paulo: Perspectiva, 2000.
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  • Mendes, Murilo. Poesia Completa e Prosa . Organizacao e preparacao do texto Luciana Stegagno Picchio. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
  • Merquior, Jose Guilherme . Razao do Poema: ensaios de critica e de estetica . Rio de Janeiro: Topbooks, 1996.
  • Picchio, Luciana Stegagno . Historia da Literatura Brasileira . Trad. Perola de Carvalho e Alice Kyoko. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.
  • Sant'Anna, Affonso Romano de . O Menino Experimental: antologia . Sao Paulo: Summus, 1979.

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]