Mercedes Baptista
(
Campos dos Goytacazes
,
20 de maio
de
1921
?
Rio de Janeiro
,
19 de agosto
de
2014
) foi uma
bailarina
e
coreografa
brasileira
, a primeira negra a integrar o
corpo de baile
do
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
.
[
1
]
Baptista foi a responsavel pela criacao do bale afro-brasileiro, inspirado nos
terreiros de candomble
, elaborando uma codificacao e vocabulario proprio para essas dancas.
[
1
]
[
2
]
O seu
Ballet Folclorico Mercedes Baptista
foi responsavel pela consolidacao da
danca moderna do Brasil
.
[
2
]
Segundo a pesquisadora Mariana Monteiro, da
Universidade Estadual Paulista
:
“
|
Mercedes estruturou uma aula de danca afro, com barra, centro e diagonal. Criou uma gramatica corporal especifica, a partir da observacao das dancas do candomble e do folclore e acabou sendo de enorme importancia para o aperfeicoamento dos bailarinos...
[
3
]
|
”
|
De origem humilde, Mercedes mudou-se nova para o Rio de Janeiro onde teve varios trabalhos (dentre os quais como empregada domestica e como operaria em fabrica de chapeus e numa grafica
[
1
]
[
4
]
), mas foi como bilheteira de cinema que teve acesso aos filmes e ao sonho de dedicar-se a arte.
[
5
]
Frequentou escola publica situada no bairro da
Tijuca
, o Colegio Municipal Homem de Mello.
[
6
]
Iniciou seus estudos de bale (em 1945
[
6
]
) com a bailarina
Eros Volusia
, entao professora do Servico Nacional de Teatro,
[
4
]
que indicou-lhe os primeiros caminhos para a danca; completou sua formacao na Escola de Dancas do Theatro Municipal (atualmente a
Escola Estadual de Danca Maria Olenewa
) com a professora russo-brasileira
Maria Olenewa
e
Yuco Linderberg
, na decada de 1940.
[
5
]
Em 18 de marco de 1948, em dificil
concurso publico
, passou a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal, sendo a primeira mulher negra a consegui-lo e, ao lado de
Raul Soares
que tambem prestou este concurso, uma dos dois negros ali.
[
1
]
[
6
]
Apesar disto, sofria constante
discriminacao racial
, a ponto de nao conseguir trabalhar; numa entrevista de 1981 ela declarou: "
Madeleine Rosay
,
Vaslav Veltchek
,
Edy Vasconcelos
e
Nina Verchinina
me deram boas oportunidades na carreira, sem olhar minha cor. Os problemas vieram depois. Eu me vi de repente excluida de tudo, e nem que pusesse um capacho cobrindo meu rosto me deixavam pisar em cena. So uma vez atravessei o palco usando sapatilhas de pontas e, ainda assim, la no fundo." ? ao que ela procurou contornar, como disse em outra ocasiao: “Tudo foi sempre muito dificil, mas quem iria assumir ou deixar claro que parte das minhas dificuldades era pelo fato de que eu nao era branca? Nunca iriam me dizer isso, nem dizer que o problema era racial, mas eu sabia que era e, por isso, sempre lutei cada vez procurando me aperfeicoar.”
[
6
]
Ela entao passa a integrar o
Teatro Experimental do Negro
como bailarina, depois como colaboradora e finalmente coreografa.
[
6
]
A convite da coreografa e antropologa
Katherine Dunham
, que havia criado nos
Estados Unidos
uma companhia de danca exclusivamente formada por bailarinos negros, Baptista foi para aquele pais onde teve aulas de
danca moderna
e tomou parte do
ativismo negro
.
[
5
]
De volta ao Brasil funda o
Ballet Folclorico Mercedes Baptista
, dedicado a formacao de bailarinos negros que, ali, pesquisavam e incorporavam em seus trabalhos e movimentos a
cultura afro-brasileira
, granjeando destaque no cenario artistico e realizando turnes por paises da Europa e
America do Sul
.
[
5
]
Em 1963 elaborou a coreografia da
escola de samba
Academicos do Salgueiro
, e inseriu de modo pioneiro na sua
Comissao de Frente
elementos da danca classica.
[
5
]
Tambem foi responsavel pela "ala do minueto", hoje considerada classica, no enredo que tratava de
Xica da Silva
; sobre essa inovacao o carnavalesco Manoel Dionisio, que participara do desfile, declarou: "
Houve muitas criticas na epoca. Foi um escandalo. Fomos considerados pela critica os idealizadores de uma coreografia maldita para o carnaval carioca. Mas, dois anos depois, comecaram nos copiar.
"
[
4
]
Sofrendo de
diabetes
e problemas cardiacos, Mercedes faleceu em 19 de agosto de 2014, aos noventa e tres anos de idade, no asilo onde morava no bairro de
Copacabana
, e teve seu corpo cremado no
Memorial do Carmo
.
[
1
]
[
4
]
No
desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro
de 2008 a
Academicos do Cubango
apresentou como seu
samba-enredo
o tema
“Mercedes Batista, de passo a passo, um passo”
em sua homenagem.
[
4
]
Em 2009 tambem foi lembrada pela escola
Unidos de Vila Isabel
, que homenageou os cem anos do Theatro Municipal; neste ano tambem foi premiada simbolicamente peo jornal
O Globo
com o trofeu
Estandarte de Ouro
por sua contribuicao ao carnaval do Rio de Janeiro.
[
4
]
Em 2007 foi lancado o
filme documentario
Bale de Pe no Chao ? A danca afro de Mercedes Baptista
, dirigido por Lilian Sola Santiago e Marianna Monteiro.
[
5
]
Em 2016 foi autorizada pela Prefeitura do Rio a instalacao numa das areas recuperadas da zona portuaria da cidade de uma estatua em sua homenagem, obra do escultor
Mario Pitanguy
, e doada a Prefeitura pelo "Movimento Artistico da Praia Vermelha".
[
7
]
2009 - Personalidade
[
8
]
Referencias
Personalidades do Carnaval do Rio de Janeiro
|
---|
Carnavalescos
| |
---|
Compositores
| |
---|
Coreografos
| |
---|
Diretores de bateria
| |
---|
Dirigentes
| |
---|
Interpretes
| |
---|
Mestres-sala
| |
---|
Porta-bandeiras
| |
---|
Outros
| |
---|
|
---|
Academias literarias
| |
---|
Atracoes turisticas
| |
---|
Universidades
| |
---|
Construcoes historicas
| |
---|
Distritos
| |
---|
Empresas
| |
---|
Principais escolas
| |
---|
Teatros
| |
---|
Ciencia e Tecnologia
| |
---|