Maria II de Inglaterra

Origem: Wikipedia, a enciclopedia livre.
Maria II
Rainha da Inglaterra, Escocia e Irlanda
Princesa de Orange e Condessa de Nassau
Maria II de Inglaterra
Retrato por Godfrey Kneller , 1690
Rainha da Inglaterra , Escocia e Irlanda
Reinado 13 de fevereiro de 1689
a 28 de dezembro de 1694
Coroacao 11 de abril de 1689
Antecessor(a) Jaime II & VII
Sucessor(a) Guilherme III & II (sozinho)
Co-monarca Guilherme III & II
 
Nascimento 30 de abril de 1662
  Palacio de St. James , Londres , Inglaterra
Morte 28 de dezembro de 1694  (32 anos)
  Palacio de Kensington , Londres, Inglaterra
Sepultado em 5 de marco de 1695 , Abadia de Westminster , Londres, Inglaterra
Marido Guilherme III & II
Casa Stuart
Pai Jaime II & VII
Mae Ana Hyde
Religiao Anglicanismo

Maria II ( Londres , 30 de abril de 1662 ? Londres, 28 de dezembro de 1694 ) foi a Rainha da Inglaterra , Escocia e Irlanda . Juntamente com seu marido e primo, Guilherme III & II , Maria reinou de 1689 ate sua morte, em 1694. A partir de entao, Guilherme passou a ser unico monarca.

Guilherme e Maria, ambos protestantes , tornaram-se rei e rainha logo depois da Revolucao Gloriosa , que depos o pai de Maria, o catolico Jaime II & VII .

Ambos os pais de Maria, Jaime e Ana Hyde , tinham-se convertido ao catolicismo, porem ela e a irma Ana haviam sido criadas como protestantes, seguindo ordens do tio Carlos II . Aos quinze anos de idade, Maria se casou com seu primo direto Guilherme de Orange, indo morar nos Paises Baixos e tornando-se popular entre o povo.

Depois da ascensao de Jaime ao trono, o descontentamento entre os suditos nao catolicos cresceu na Gra-Bretanha. Foi entao arquitetada, por sete lordes ingleses (incluindo o bispo de Londres ), uma invasao a Inglaterra, a fim de depor o rei. O protestante Guilherme III de Orange foi entao chamado para liderar a invasao e assumir o trono. Ele encontrou pouca resistencia e foi declarado rei em 1689, juntamente com Maria, a herdeira aparente , pois se recusara a ter uma posicao inferior a da esposa.

Maria tinha menos poder quando Guilherme estava na Inglaterra , cedendo a maior parte da autoridade a ele, embora o rei dependesse muito dela. Ela agia sozinha quando o marido estava em campanhas militares no exterior, mostrando-se uma governante firme, poderosa e eficaz. Sua morte em 1694 muito abalou Guilherme, que se recusou a casar-se novamente.

Inicio de vida [ editar | editar codigo-fonte ]

Maria nasceu no Palacio de St. James , Londres , em 30 de abril de 1662 , sendo a filha mais velha de Jaime, Duque de Iorque e Albany , e sua primeira esposa Ana Hyde . Seu tio era o rei Carlos II , que reinava nos tres reinos da Inglaterra , Escocia e Irlanda ; seu avo materno, Eduardo Hyde, 1.º Conde de Clarendon , serviu por muito tempo como o principal conselheiro de Carlos. Ela foi batizada na fe anglicana na Capela Real do Palacio de St. James, sendo nomeada em homenagem a sua ancestral Maria da Escocia . Seus padrinhos incluiam o primo do pai, principe Ruperto do Reno . [ 1 ] Apesar de sua mae ter tido oito filhos, todos morreram jovens com excecao de Maria e sua irma mais nova Ana . Como o rei nao tinha nenhum herdeiro legitimo, Maria passou toda sua infancia como a segunda na linha de sucessao ao trono atras de Jaime. [ 2 ]

Maria, quando crianca, retratada como a deusa romana Diana
Por Peter Lely , c. 1672. Na Royal Collection .

Jaime se converteu ao catolicismo em 1668 ou 1669, porem Maria e Ana foram criadas como anglicanas de acordo com as ordens de Carlos II. [ 3 ] Elas se mudaram para seu proprio estabelecimento no Palacio de Richmond , onde foram criadas pela governanta Francisca Villiers, apenas ocasionalmente visitando os pais em St. James ou o avo em Twickenham . [ 4 ] A educacao de Maria foi com tutores particulares, sendo principalmente restrita a musica, danca, desenho, frances e instrucao religiosa. [ 5 ] Sua mae morreu em 1671 e seu pai casou novamente dois anos depois com Maria de Modena , que era apenas quatro anos mais velha que Maria. [ 6 ]

De seus nove anos de idade ate seu casamento, Maria escreveu cartas muito afetuosas para uma garota mais velha, Francisca Apsley, filha do cortesao sir Allen Apsley. Na epoca, Francisca ficou desconfortavel com as correspondencias, [ 7 ] respondendo de forma mais formal. Aos quinze anos, Maria foi prometida ao seu primo Guilherme III, Principe de Orange , o protestante estatuder da Holanda. Ele era filho da irma falecida de Carlos, Maria, Princesa Real , e assim quarto na linha de sucessao atras de Jaime, Maria e Ana. [ 8 ] No inicio, o rei era contra uma alianca com um governante holandes ? ele preferia que a sobrinha fosse prometida ao delfim Luis , assim criando uma alianca de seus reinos com a Franca catolica e aumentando as chances de um sucessor catolico na Gra-Bretanha; posteriormente, sob pressao do parlamento e com uma coalizao com os catolicos franceses nao sendo mais favoravel, Carlos aprovou a uniao de Maria e Guilherme. [ 9 ] Jaime concordou com o casamento depois de ser pressionado pelo rei e por Tomas Osborne, Conde de Danby, ministro chefe, que incorretamente acharam que isso iria aumentar a popularidade do duque entre os protestantes. [ 10 ] Quando Jaime contou a filha que ela se casaria com o primo, "ela chorou durante toda a tarde e o dia seguinte". [ 11 ]

Casamento [ editar | editar codigo-fonte ]

Maria em 1677. Por Peter Lely .

Guilherme e uma chorosa Maria se casaram em 4 de novembro de 1677 no Palacio de St. James por Henrique Compton, Bispo de Londres . [ 12 ] Ela acompanhou seu marido durante uma dificil travessia maritima para os Paises Baixos mais tarde naquele mes, logo apos um atraso de duas semanas causado pelo tempo ruim. [ 13 ] Roterdao estava inacessivel por causa do gelo, entao eles foram forcados a desembarcar no pequeno vilarejo de Ter Heijde, andando pelos campos congelados ate encontrarem carruagens para leva-los ate Huis Honselaarsdijk. [ 14 ] Em 14 de dezembro, eles formalmente entraram em Haia com uma grande procissao. [ 15 ]

A natureza animada e bem-apessoada de Maria a deixou popular com o povo holandes, e seu casamento com um principe protestante foi popular na Gra-Bretanha. [ 16 ] Ela se tornou devota ao marido, porem ele frequentemente estava em campanhas militares, que levou a familia de Maria a supor que ele era frio e omisso. [ 17 ] Maria ficou gravida poucos meses depois do casamento; entretanto, ela sofreu um aborto ao visitar Guilherme na cidade fortificada de Breda , que pode ter permanentemente comprometido sua capacidade de ter filhos. [ 18 ] Maria sofreu outros ataques de doencas na metade de 1678, comeco de 1679 e comeco de 1680, que podem ter sido abortos. [ 19 ] Sua esterilidade foi a maior fonte de tristeza em sua vida. [ 20 ]

A partir de maio de 1684, Jaime Scott, Duque de Monmouth , filho bastardo de Carlos II, viveu nos Paises Baixos. Scott era visto como um rival de Jaime e um herdeiro protestante em potencial que poderia suplantar o tio na sucessao. Porem, Guilherme nao o considerava uma alternativa viavel e corretamente assumiu que Scott nao tinha apoio suficiente. [ 21 ]

Reinado de Jaime [ editar | editar codigo-fonte ]

Jaime II & VII em 1686. Por Nicolas de Largilliere.

Quando Carlos II morreu em fevereiro de 1685 sem deixar herdeiros legitimos, o Duque de Iorque se transformou no rei Jaime II de Inglaterra e Irlanda & VII da Escocia. Maria estava jogando cartas com Guilherme quando foi informada da ascensao do pai e que agora era herdeira presuntiva . [ 22 ] Quando Scott montou uma forca de invasao em Amesterdao e velejou para a Gra-Bretanha, Guilherme ordenou que os regimentos ingleses nos Paises Baixos voltassem para a Inglaterra. [ 23 ] Para o alivio de Guilherme, Scott foi derrotado, capturado e executado, porem ele e Maria ficaram consternados pelas acoes seguintes de Jaime. [ 24 ]

Jaime tinha uma politica religiosa controversa; sua tentativa de garantir liberdade de religiao para nao-anglicanos ao suspender decretos do parlamento por decreto real nao foi bem recebida. [ 25 ] Maria considerava tal acao ilegal, com seu capelao expressando essa visao com carta em nome dela para o Arcebispo da Cantuaria , Guilherme Sancroft . [ 26 ] Ela ficou ainda mais consternada quando o pai se recusou a ajudar quando o rei catolico Luis XIV de Franca invadiu Orange e perseguiu refugiados huguenote . Tentando danificar o genro, o rei encorajou o pessoal de sua filha a informa-la que Guilherme estava tendo um caso com Isabel Villiers. Maria esperou do lado de fora dos aposentos de Villiers e pegou seu marido saindo tarde da noite. Guilherme negou o adulterio, e aparentemente ela acreditou e o perdoou. [ 27 ] Possivelmente, Villiers e Guilherme nao estavam se encontrando como amantes, mas trocando inteligencia diplomatica. [ 28 ] O pessoal de Maria foi dispensado e voltou para a Inglaterra. [ 28 ]

"Revolucao Gloriosa" [ editar | editar codigo-fonte ]

Maria em 1685. Por Willem Wissing.
Ver artigo principal: Revolucao Gloriosa

Politicos e nobres protestantes descontentes entraram em contato com Guilherme logo em 1686. [ 29 ] Depois de Jaime forcar em maio de 1688 clerigos anglicanos a ler a Declaracao de Indulgencia ? uma proclamacao garantindo liberdade religiosa aos catolicos e dissidentes ? da porta de suas igrejas, sua popularidade despencou ainda mais. [ 25 ] O alarme entre os protestantes cresceu quando a rainha consorte deu a luz um filho ? Jaime Francisco Eduardo ? em junho, ja que o menino seria criado como catolico, diferentemente de Maria e Ana. Alguns acusaram a crianca de ser um "espurio", tendo sido secretamente levado aos aposentos de Maria de Modena em uma bandeja como substituto de uma bebe natimorto. [ 30 ] Querendo mais informacoes, Maria enviou uma longa lista de questoes para sua irma Ana sobre as circunstancias do nascimento. A resposta de Ana, junto com as fofocas, pareceram confirmar as suspeitas de Maria que a crianca nao era seu irmao natural e que o pai estava conspirando para garantir uma sucessao catolica. [ 31 ]

Em 30 de junho, os Sete Imortais secretamente pediram para Guilherme ? que estava nos Paises Baixos ? vir a Inglaterra com um exercito para depor Jaime. [ 32 ] Inicialmente ele ficou relutante; possivelmente com inveja da posicao de Maria como herdeira da coroa e achando que ela ficaria mais poderosa que ele. Porem, de acordo com Gilberto Burnet, ela convenceu o marido que nao se importava com poderes politicos, dizendo que "nao seria nada alem que sua esposa, e que ela faria tudo em seu poder para faze-lo rei por toda a vida". [ 33 ] Maria garantiu que sempre obedeceria Guilherme assim como havia prometido em seu juramento de casamento. [ 34 ]

Guilherme concordou em invadir e emitiu uma declaracao que chamava Jaime Francisco Eduardo de o "pretenso Principe de Gales ". Ele tambem deu uma lista de queixas do povo ingles e afirmou que sua expedicao tinha o unico proposito de "reunir um parlamento livre e legitimo". [ 35 ] Guilherme e o exercito holandes, sem Maria que ficou nos Paises Baixos, desembarcaram em 5 de novembro de 1688, tendo sido repelido em outubro por tempestades. [ 36 ] Os descontentes exercito e marinha ingleses passaram para o lado de Guilherme, [ 37 ] e em 11 de dezembro o derrotado rei Jaime tentou fugir, porem foi interceptado. Uma segunda tentativa de fuga em 23 de dezembro foi bem sucedida; Guilherme deliberadamente deixou Jaime escapar para a Franca onde viveu em exilio pelo resto da vida. [ 38 ]

Maria ficou chateada pelas circunstancias da deposicao do pai e ficou em conflito entre ele e seu dever com Guilherme, porem ficou convencida que as acoes do marido, mesmo desagradaveis, eram necessarias para "salvar a Igreja e o Estado". [ 39 ] Quando viajou para a Inglaterra depois do ano novo, ela escreveu sobre sua "alegria secreta" de voltar para sua terra natal, "porem isso logo foi substituido pela consideracao dos infortunios de seu pai". [ 40 ] Guilherme mandou que ela parecesse alegre ao chegar em Londres. Como resultado, ela foi criticada por parecer fria em relacao a condicao do pai. [ 41 ] Jaime escreveu criticando sua deslealdade, acao que muito afetou a piedosa Maria. [ 42 ]

Guilherme de Orange c. 1685. Por Godfrey Kneller .

Uma convencao parlamentar foi convocada por Guilherme em janeiro de 1689, discutindo qual acao deveria ser tomada. [ 43 ] Um partido liderado por Tomas Osborne mantinha que Maria deveria ser a unica monarca como a herdeira hereditaria de direito, enquanto que Guilherme e seus apoiadores afirmavam que um marido nao deveria ser subordinado da esposa. [ 44 ] Ele desejava reinar como rei ao inves de ser apenas o consorte. [ 45 ] Por sua vez, Maria nao queria ser rainha soberana, acreditando que as mulheres deveriam ater a seus maridos e "sabendo que meu coracao nao foi feito para um reino e minha inclinacao me leva a uma vida tranquila". [ 46 ]

Em 13 de fevereiro de 1689, o parlamento aprovou uma declaracao que afirmava que Jaime tinha abdicado do governo ao fugir em 11 de dezembro do ano anterior e que o trono estava dessa forma vago. [ 47 ] [ 48 ] O parlamento ofereceu a coroa a Guilherme e Maria como co-monarcas, nao a Jaime Francisco Eduardo que seria o herdeiro aparente em circunstancias normais. O unico precedente de uma monarquia conjunta vinha do seculo XVI: quando Maria I se casou com Filipe de Espanha , foi concordado que o segundo tomaria o titulo de rei durante a vida de sua esposa, com restricoes colocadas em seu poder. Porem, Guilherme seria rei mesmo apos a morte de Maria e "o unico e completo exercicio do poder regio [seria] executado pelo dito Principe de Orange em nome dos ditos Principe e Princesa durante sua vidas conjuntas". [ 47 ] A declaracao foi posteriormente estendida para excluir do trono nao apenas todos os herdeiros de Jaime (com excecao de Ana), mas tambem todos os catolicos pois "foi encontrado por experiencia que e inconsistente com a seguranca e bem estar deste reino Protestante ser governado por um principe papista". [ 48 ]

Henrique Compton, Bispo de Londres, coroou Guilherme e Maria em 11 de abril de 1689 na Abadia de Westminster . Normalmente, o Arcebispo da Cantuaria realiza as coroacoes, porem Guilherme Sancroft , mesmo anglicano, recusou-se a reconhecer a validade da remocao de Jaime. [ 49 ] Nenhum dos dois novos monarcas gostaram da cerimonia; Maria achou que foi "tudo vaidade" e Guilherme a chamou de "papista". [ 50 ] No mesmo dia, o parlamento escoces ? mais dividido que o ingles ? finalmente declarou que Jaime nao era mais o rei da Escocia, que "nenhum Papista pode ser Rei ou Rainha deste Reino", que Guilherme e Maria seriam co-monarcas e que o primeiro exerceria poder unico e total. Em 11 de maio, os dois formalmente aceitaram a coroa escocesa. [ 47 ]

Ainda existia apoio substancial a Jaime na Escocia. Nomeadamente Joao Graham, 1.º Visconde Dundee, reuniu um exercito nas Terras Altas e conseguiu uma vitoria na Batalha de Killiecrankie em 27 de julho. Porem, as grandes perdas sofridas pelas tropas de Graham, junto com seu ferimento fatal no inicio do combate, acabaram por remover a unica resistencia efetiva contra Guilherme. A revolta foi logo esmagada no mes seguinte com uma enorme derrota na Batalha de Dunkeld. [ 51 ] [ 52 ]

Reinado [ editar | editar codigo-fonte ]

Ilustracao de Guilherme e Maria sendo oferecidos com a coroa inglesa.

Em dezembro de 1689, o parlamento aprovou um dos mais importantes documentos constitucionais da historia inglesa, a Declaracao de Direitos . Essa medida ? que atualizava e confirmava muitas provisoes feitas pela declaracao anterior ? estabelecia restricoes na prerrogativa real ; estabelecia, entre outras coisas, que o soberano nao podia suspender leis aprovadas pelo parlamento, aumentar taxas sem o consentimento parlamentar, infringir o direito de peticao , reunir um exercito em tempos de paz sem a aprovacao do parlamento, negar o direito de suditos protestantes portarem um brasao de armas, interferir indevidamente em eleicoes parlamentares, punir membros de ambas as camaras por quaisquer coisas ditas em debates, pedir fianca judicial em excesso ou aplicar punicoes crueis e injustas. A Declaracao de Direitos tambem confirmava a sucessao ao trono. Apos a morte de Guilherme ou Maria, o outro continuaria a reinar. Em seguida na linha de sucessao vinha os filhos do casal, seguidos por Ana e seus descendentes. Por ultimo estava quaisquer filhos que Guilherme poderia ter com um casamento subsequente. [ 53 ]

Guilherme e Maria em guineu cunhado em 1691.

A partir de 1690, Guilherme estava frequentemente fora da Inglaterra em campanhas, anualmente em geral da primavera ate o outono. Em 1690, lutou contra os jacobitas na Irlanda; enquanto o marido estava fora, Maria administrava o governo com a ajuda de um Conselho de Gabinete. Ela nao estava interessada em assumir o poder e sentia-se "privada de tudo que me e querido na pessoa de meu marido, deixada entre completos estranhos pra mim: minha irma de um humor tao reservado que eu teria pouco conforto nela". [ 54 ] Ana havia brigado com o rei e a rainha sobre dinheiro, danificando a relacao das duas irmas. [ 55 ] Guilherme esmagou os jacobitas irlandeses em 1692, porem continuou em campanhas no exterior para travar uma guerra contra a Franca nos Paises Baixos. Maria agia por conta propria se o conselho dele nao estava disponivel; enquanto Guilherme estava na Inglaterra ela se abstinha de todos os assuntos politicos, como havia sido concordado na Declaracao de Direitos [ 47 ] [ 53 ] e como preferia. [ 56 ] Ela mostrou-se uma governante firme, ordenando a prisao de seu tio Henrique Hyde, 2.º Conde de Clarendon, por conspirar para restaurar Jaime ao trono. [ 57 ] O influente Joao Churchill, 1.º Conde de Marlborough , foi dispensado em janeiro de 1692 por acusacoes similares; essa acao acabou diminuindo sua popularidade [ 33 ] e prejudicou ainda mais sua relacao com Ana (que era muito influenciada por Sarah , esposa de Churchill). [ 58 ] Ana apareceu na corte com Sarah, claramente apoiando Churchill, o que fez com que a rainha exigisse que a irma mandasse Sarah embora para desocupar seus aposentos. [ 59 ] Maria adoeceu com uma febre em abril e perdeu a missa de domingo pela primeira vez em doze anos. [ 60 ] Ela tambem nao conseguiu visitar Ana, que estava passando por um trabalho de parto dificil. Apos sua recuperacao e a morte do filho da irma pouco apos o nascimento, Maria visitou Ana, porem usou a oportunidade para critica-la por sua amizade com Sarah. [ 61 ] Foi a ultima vez que elas se encontraram. [ 62 ] Churchill foi preso, porem logo foi libertado quando seu acusador mostrou-se ser um impostor. [ 63 ] Maria escreveu em seu diario que a rixa entre as irmas era uma punicao de Deus pela "irregularidade" da Revolucao. [ 64 ] Ela era extremamente devota e rezava pelo menos duas vezes ao dia. [ 65 ] Muitas de suas proclamacoes visavam combater a licenciosidade, insobriedade e o vicio. [ 66 ] Ela participava dos assuntos da igreja ? todas as questoes de patronagem eclesiastica passavam por suas maos. [ 67 ] Quando Joao Tillotson, Acebispo da Cantuaria, morreu em dezembro de 1694, Maria queria nomear Eduardo Stillingfleet, Bispo de Worcester, porem Guilherme passou por cima dela e deu o cargo a Tomas Tenison, Bispo de Lincoln. [ 68 ]

Maria era alta (1,80 m ) e aparentemente em boa forma; caminhava regularmente entre os palacios de Whitehall e Kensington . [ 69 ] Porem, ela contraiu variola no final de 1694. Ela mandou embora todos que ainda nao tinham tido a doenca para impedir uma infestacao. [ 70 ] Ana, que estava novamente gravida, enviou uma carta para Maria dizendo que correria qualquer risco para ver a irma de novo, porem a oferta foi recusada pela dama da estola da rainha. [ 71 ] Maria morreu no Palacio de Kensington pouco depois da meia noite do dia 28 de dezembro de 1694 . [ 72 ] Guilherme, que dependia cada vez mais da esposa, ficou devastado com sua morte, dizendo a Burnet que "de ser a mais feliz" ele agora "seria a criatura mais miseravel da terra". [ 70 ] Apesar dos jacobitas considerarem a morte como retribuicao divina pela quebra do quinto mandamento ("honra a teu pai"), ela foi muito lamentada na Gra-Bretanha. [ 73 ] Seu corpo foi embalsamado durante o frio inverno e foi velado na Casa Banqueting. No dia 5 de marco do ano seguinte, ela foi enterrada na Abadia de Westminster . Seu servico funerario foi o primeiro que teve a presenca de todos os membros das duas camaras do parlamento. [ 74 ] Para a cerimonia, o compositor Henry Purcell escreveu Music for the Funeral of Queen Mary . [ 75 ] [ 76 ]

Legado [ editar | editar codigo-fonte ]

Guilherme e Maria no teto do Painted Hall. Por James Thornhill.

Maria dotou a Universidade de Guilherme & Maria (na atual Williamsburg , Virginia , Estados Unidos ) em 1693, [ 77 ] apoiou Thomas Bray, que fundou a Sociedade para Promocao do Conhecimento Cristao, e foi instrumental na fundacao do Hospital Real dos Marinheiros depois da vitoria anglo-holandesa na Batalha de La Hogue. [ 78 ] Ela e creditada por influenciar os jardins dos palacios de Het Loo e Hampton Court , por popularizar a porcelana azul e branca e por manter peixinhos-dourados como animais de estimacao. [ 79 ]

Maria foi representada pelos jacobitas como uma filha infiel que destruiu seu pai pelo seu proprio ganho e o de seu marido. [ 80 ] Ela era frequentemente vista como completamente sob a influencia de Guilherme nos primeiros anos de seu reinado, porem depois de governar sozinha durante as ausencias dele foi representada como capaz e confiante. A Present for the Ladies (1692), de Nahum Tate, a comparou com a rainha Isabel I . [ 81 ] Sua modestia e acanhamento foram elogiadas em obras como A Dialogue Concerning Women (1691), de William Walsh, que a comparava com Cincinato , um general romano que assumiu um grande desafio quando chamado e que em seguida abandonou voluntariamente o poder. [ 82 ]

Uma semana antes de morrer, ela olhou toda sua papelada, eliminando alguns documentos que depois foram queimados, porem seu diario sobreviveu assim como suas cartas a Francisca Apsley. [ 83 ] Os jacobitas a repreenderam, porem a avaliacao de seu carater que veio para a posteridade foi principalmente a visao de uma esposa obediente e submissa, que assumiu o poder relutantemente, o exerceu com consideravel habilidade quando necessario e o entregou de bom grado ao marido. [ 84 ]

Titulos, estilos e brasao [ editar | editar codigo-fonte ]

Titulos e estilos [ editar | editar codigo-fonte ]

  • 30 de abril de 1662 ? 13 de fevereiro de 1689: " Sua Alteza , a Srta. Maria" [ 85 ]
  • 4 de novembro de 1677 ? 13 de fevereiro de 1689: "Sua Alteza, a Princesa de Orange"
  • 13 de fevereiro de 1689 ? 28 de dezembro de 1694: " Sua Majestade , a Rainha"

O titulo completo conjunto de Guilherme III & II e Maria II ao ascenderem ao trono era: "Guilherme e Maria, pela Graca de Deus, Rei e Rainha da Inglaterra, Franca e Irlanda, Defensores da Fe, etc." A partir de 11 de abril de 1689, quando o parlamento escoces os reconheceu como monarcas, o casal passou a ser chamado de "Guilherme e Maria, pela Graca de Deus, Rei e Rainha da Inglaterra, Escocia, Franca e Irlanda, Defensores da Fe, etc.". [ 86 ]

Brasao [ editar | editar codigo-fonte ]

O brasao de armas usado pelo rei e rainha era: Esquatrelado , I e IV grandesquatrelado, azure tres flores-de-lis (pela Franca) e goles tres leoes or passant guardant em pala ( pela Inglaterra ); II or um leao rampant dentro de um tressure flory-contra-flory goles ( pela Escocia ); III azure uma harpa or com cordas argente ( pela Irlanda ); em cima de tudo um escudo interior azure com um leao rampant or (pela Casa de Orange-Nassau ). [ 87 ]

Brasao de armas de Maria como Princesa de Orange e Condessa de Nassau
Brasao de armas de Guilherme III e Maria II como co-monarcas
Brasao de Armas de Guilherme e Maria na Escocia

Ancestrais [ editar | editar codigo-fonte ]

Referencias

  1. Waller 2006 , p. 249
  2. Waller 2006 , p. 252
  3. Van der Kiste 2003 , p. 32
  4. Waller 2006 , p. 251
  5. Waller 2006 , pp. 251?253
  6. Waller 2006 , p. 255
  7. Van der Kiste 2003 , p. 34
  8. Waller 2006 , p. 256
  9. Pollock, John. ≪The Policy of Charles II and James II. (1667?87.)≫ . Consultado em 3 de novembro de 2013  
  10. Van der Kiste 2003 , pp. 44?45
  11. Waller 2006 , p. 257
  12. Van der Kiste 2003 , pp. 47?48; Waller 2006 , p. 258
  13. Van der Kiste 2003 , pp. 50?51; Waller 2006 , p. 259
  14. Van der Kiste 2003 , p. 51; Waller 2006 , pp. 258?259
  15. Van der Kiste 2003 , p. 52
  16. Waller 2006 , pp. 257?259
  17. Waller 2006 , pp. 259?262
  18. Van der Kiste 2003 , pp. 55?58; Waller 2006 , p. 261
  19. Van der Kiste 2003 , pp. 57, 58, 62
  20. Van der Kiste 2003 , p. 162; Waller 2006 , p. 262
  21. Van der Kiste 2003 , pp. 72?73
  22. Van der Kiste 2003 , p. 76
  23. Van der Kiste 2003 , p. 78
  24. Van der Kiste 2003 , p. 79
  25. a b Van der Kiste 2003 , p. 91
  26. Waller 2006 , p. 265
  27. Van der Kiste 2003 , p. 81; Waller 2006 , p. 264
  28. a b Van der Kiste 2003 , p. 64; Waller 2006 , p. 264
  29. Van der Kiste 2003 , p. 86
  30. Van der Kiste 2003 , p. 92
  31. Van der Kiste 2003 , pp. 90, 94?95; Waller2006 , pp. 268?269
  32. Van der Kiste 2003 , pp. 93?94
  33. a b ≪Mary II≫. Encyclopædia Britannica . XVII 11 ed. Nova Iorque: Encyclopædia Britannica, Inc. 1911. p. 816  
  34. Van der Kiste 2003 , p. 85; Waller 2006 , p. 266
  35. Van der Kiste 2003 , p. 98
  36. Van der Kiste 2003 , pp. 100?102
  37. Van der Kiste 2003 , p. 104
  38. Van der Kiste 2003 , pp. 105?107
  39. Van der Kiste 2003 , p. 95; Waller 2006 , pp. 269?271
  40. Van der Kiste 2003 , p. 113; Waller 2006 , p. 271
  41. Van der Kiste 2003 , p. 113; Waller 2006 , pp. 272?273
  42. ≪The House Of Stuart: William III and Mary II≫ . English Monarchs . Consultado em 5 de novembro de 2013  
  43. Waller 2006 , p. 274
  44. Waller 2006 , pp. 274?275
  45. Van der Kiste 2003 , p. 108; Waller 2006 , p. 273
  46. Van der Kiste 2003 , p. 114; Waller 2006 , p. 273
  47. a b c d ≪King James' Parliament: The succession of William and Mary≫ . The History and Proceedings of the House of Commons: volume 2: 1680-1695 . British History Online. 1742 . Consultado em 5 de novembro de 2013  
  48. a b ≪William III (r. 1689-1702) and Mary II (r. 1689-1694)≫ . The British Monarchy . Consultado em 5 de novembro de 2013  
  49. ≪William Sancroft≫ . Encyclopædia Britannica . Encyclopædia Britannica, Inc. 2006 . Consultado em 6 de novembro de 2013  
  50. Van der Kiste 2006 , p. 118
  51. ≪John Graham of Claverhouse, 1st viscount of Dundee≫. Encyclopædia Britannica . Encyclopædia Britannica, Inc. 2006  
  52. ≪The Contemplator's Short History of "Bonnie Dundee" John Graham, Earl of Claverhouse, Viscount of Dundee≫ . Contemplator . Consultado em 6 de novembro de 2013  
  53. a b ≪Bill of Rights 1689≫ . Constitution.org . Consultado em 6 de novembro de 2013  
  54. Van der Kiste 2003 , p. 138
  55. Van der Kiste 2003 , pp. 130?131
  56. Van der Kiste 2003 , p. 144; Waller 2006 , pp. 280, 284
  57. Waller 2006 , p. 281
  58. Van der Kiste 2003 , pp. 159?160
  59. Van der Kiste 2003 , p. 160
  60. Van der Kiste 2003 , p. 155
  61. Van der Kiste 2003 , p. 161
  62. Van der Kiste 2003 , p. 162
  63. Van der Kiste 2003 , pp. 161?162
  64. Waller 2006 , p. 279
  65. Waller 2006 , pp. 277, 282
  66. Van der Kiste 2003 , p. 164; Waller 2006 , pp. 281, 286
  67. Van der Kiste 2003 , pp. 163?164
  68. Van der Kiste 2003 , p. 176
  69. Waller 2006 , p. 285
  70. a b Van der Kiste 2003 , p. 177
  71. Van der Kiste 2003 , p. 179
  72. Van der Kiste 2003 , pp. 179?180
  73. Waller 2006 , p. 288
  74. Van der Kiste 2003 , p. 186; Waller 2006 , p. 289
  75. ≪Music for Queen Mary≫ . The Public Library of Cincinnati and Hamilton County . Consultado em 8 de novembro de 2013  
  76. Van der Kiste 2003 , p. 187
  77. ≪Historical Chronology of William & Mary≫ . William & Mary . Consultado em 8 de novembro de 2013  
  78. Waller 2006 , p. 283
  79. Waller 2006 , pp. 260, 285?286
  80. Waller 2006 , pp. 277?279
  81. Waller 2006 , pp. 283?284
  82. Waller 2006 , p. 284
  83. Waller 2006 , p. 287
  84. Waller 2006 , p. 290
  85. ≪Edinburgh, Octob. 30.≫ . The London Gazette (1249): 1. 5?8 de novembro de 1677 . Consultado em 3 de novembro de 2013  
  86. Brewer, E. Cobham (1898). Dictionary of Phrase and Fable . Filadelfia: Henry Altemus Company. p. 891  
  87. ≪Royal Coats of Arms: England & France≫ . Fleur-de-lis-Desings . Consultado em 3 de novembro de 2013  
  88. ≪Queen Mary II > Ancestors≫ . RoyaList . Consultado em 2 de novembro de 2013  

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

  • Van der Kiste, John (2003). William and Mary . Stroud: Sutton Publishing. ISBN   0-7509-3048-9  
  • Waller, Maureen (2006). Sovereign Ladies: The Six Reigning Queens of England . Londres: John Murray. ISBN   0-7195-6628-2  

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Maria II de Inglaterra
Maria II de Inglaterra
Casa de Stuart
30 de abril de 1662 ? 28 de dezembro de 1694
Precedida por
Jaime II & VII

Rainha da Inglaterra , Escocia e Irlanda
13 de fevereiro de 1689 ? 28 de dezembro de 1694
com Guilherme III & II
Sucedida por
Guilherme III & II
(sozinho)