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Luiz Ignacio Maranhao Filho

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Luiz Ignacio Maranhao Filho
Luiz Ignacio Maranhao Filho
Nascimento 25 de janeiro de 1921
Natal
Morte Desconhecido
Sao Paulo
Cidadania Brasil
Progenitores
  • Luiz Ignacio Maranhao
  • Maria Salome de Carvalho Maranhao
Ocupacao jornalista , advogado , professor

Luiz Ignacio Maranhao Filho (Rio Grande do Norte, Natal, 25 de janeiro de 1921) foi advogado, jornalista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e nomeado Deputado Estadual pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN) em 1958. [ 1 ] Em 1952, Luiz Ignacio foi preso pela primeira vez, no municipio de Parnamirim , pela Forca Aeronautica, onde sofreu diversas torturas. [ 2 ] Apos o inicio da Ditadura Militar Brasileira , Luiz foi preso e torturado novamente, permanecendo em carcere ate o fim de 1964, quando foi libertado e passou a viver clandestinamente [ 1 ] . Desaparecido em Sao Paulo no dia 3 de abril de 1974, Luiz e mais um dos casos investigados pela Comissao da Verdade , orgao que apura mortes e desaparecimentos da ditadura.

Sua historia constitui um capitulo do livro A Historia Militar do Brasil , de Nelson Werneck Sodre. Sua esposa, Odete Maranhao, professora universitaria, foi a responsavel por buscar informacoes em diversas delegacias, entidades e com autoridades, ao lado do advogado Aldo Lins e Silva, acerca do desaparecimento do marido. Ela contatou o professor Candido Mendes, da Comissao Justica e Paz, e conseguiu, inclusive, uma audiencia com o entao comandante do II Exercito, o general Ednardo D'Avila de Mello, entre outros.

Depois dos resultados do desaparecimento forcado de Luiz, Odete enviou uma carta ao Ministerio da Justica em janeiro de 1996 para "requerer o pagamento da indenizacao determinada pela mencionada Lei [nº 9.140/1995], ao tempo em que requer a localizacao dos restos mortais do de cujus [falecido cujos bens estao em inventario]". [ 3 ] O caso do jornalista foi incluido pela Comissao Estadual da Verdade (CEV) “Rubens Paiva”, de Sao Paulo, em 2014, na lista de "presos politicos mortos por tortura ou dados como desaparecidos.

Biografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Luiz Inacio Maranhao Filho nasceu em Natal , no Rio Grande do Norte , no dia 25 de janeiro de 1921, filho de Luis Inacio Maranhao e Maria Salme Carvalho Maranhao [ 1 ] . Era irmao de Djalma Carvalho Maranhao, deputado federal e prefeito de Natal , que tambem era filiado ao PCB e durante a ditadura foi para o exilio no Uruguai . [ 1 ] Luiz Ignacio era casado com Odete Roselli Garcia Maranhao. Era advogado e professor universitario, dava aulas no Atheneu Norte-Riograndense , na Fundacao Jose Augusto e na UFRN e tambem colaborava como jornalista no Diario de Natal e na Revista Civilizacao Brasileira .

Entrou para o Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1945 e, em 1952, foi preso e torturado pela Aeronautica , em Parnamirim (RN) [ 1 ] .

Em 1958, foi eleito Deputado Estadual pelo Partido Trabalhista Nacional , onde permaneceu no cargo ate 1962. Cerca de dois anos depois, no inicio de 1964, Luiz Ignacio visitou a Cuba e, ao retornar para o Brasil, foi novamente preso e torturado, dessa vez em Fernando de Noronha , junto com Miguel Arraes , ambos cassados de direitos politicos [ 4 ] .

Naquele mesmo ano, ao sair da prisao, Maranhao Filho passou a viver clandestinamente no Rio de Janeiro , onde atuou em comissoes partidarias. Em 1967, foi eleito membro do Comite Central do Partido Comunista, no VI Congresso do PCB . [ 5 ]

Desaparecimento [ editar | editar codigo-fonte ]

No dia tres de abril de 1974, Luiz Ignacio Maranhao Filho foi preso em uma praca localizada na capital de Sao Paulo , desaparecendo em seguida. Seu caso foi analisado na Comissao Rubens Paiva, a quinta audiencia da Comissao da Verdade de Sao Paulo. A Comissao revela que no dia tres de abril de 1974, Luiz Ignacio Maranhao Filho se encontrou com Walter de Souza Ribeiro e Joao Massena Melo e, em seguida, os tres desapareceram e nunca mais foram encontrados. Algumas pessoas presentes no momento do ocorrido relataram que Luiz Ignacio fora algemado e levado em uma locomocao destinado a presos, pertencente aos agentes do DOI-CODI do Segundo Exercito, porem o desaparecimento nunca foi reconhecido. [ 6 ]

Em maio daquele ano, sua esposa Odette Roselli denunciou atraves de uma carta que Luiz Maranhao estava sendo torturado pelo delegado do DOPS , Sergio Paranhos Fleury . Sua denuncia foi encaminhada ao Movimento Democratico Brasileiro ( MDB ) e lida na Camara Federal pelo Secretario-Geral do Partido, Deputado Thales Ramalho [ 7 ] .

Apos a denuncia pelo MDB , o Jornal do Brasil , divulgado no dia 15 de maio, dizia que o vice-lider da Alianca Renovadora Nacional (ARENA) , deputado Garcia Neto , reafirmaria a disposicao do governo em verificar a procedencia dos desaparecimentos para para solucionar o caso, no entanto, tais atitudes nunca foram tomadas [ 1 ] .

Odette Maranhao, junto de seu advogado Aldo Lins e Silva, buscou informacoes em diversas delegacias e entidades. Conseguiu uma audiencia com o general Ednardo D’Avila , comandante do II Exercito, que lhe disse ter procurado o coronel do Exercito e Secretario de Seguranca Publica Erasmo Dias e este lhe garantiu que o deputado nao estava sob sua responsabilidade. A viuva de Luiz Ignacio conseguiu ainda fazer um apelo ao presidente Ernesto Geisel para que o caso fosse apurado com urgencia, mas de nada adiantou. A Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) tambem protestaram e exigiram respostas de Geisel.

Em entrevista para a revista IstoE , O psicanalista e um dos torturadores de muitos desaparecidos na ditadura Amilcar Lobo falou que presenciou o momento em que o deputado Luiz Maranhao foi torturado no Destacamento de Informacoes-Centro de Operacoes de Defesa Interna ( DOI-CODI ) do Rio de Janeiro . Seis anos apos a revelacao, o ex- sargento e ex-agente do DOI-CODI de Sao Paulo, Marival Dias, afirmou em uma entrevista para a revista Veja que fez parte de ao menos oito esquartejamentos de militantes do PCB , vendo seus corpos sendo jogados no Rio Novo, em Avare . Ao falar das mortes que presenciou, Dias revelou que Luiz Ignacio e Joao Massena tomaram uma dose de injecao para matar cavalo em um centro clandestino [ 4 ] . Em especifico a morte de Luis, Marival ainda relatou que houve trucidamento feito por parte da seguranca da ditadura [ 1 ] . A acao faria parte da "Operacao Radar", realizada pelos orgaos de repressao, com o objetivo de acabar com o PCB por meio da execucao de seus dirigentes [ 4 ] .

A casa onde as torturas e mortes aconteciam foi localizada na estrada que liga Itapevi a Barueri, proxima ao Rio Novo, regiao onde os corpos dos dirigentes foram atirados. A chamada Casa de Itapevi atuou sob o comando do DOI-CODI entre os anos de 1974 e 1975 com o tenente-coronel Audir Santos Maciel no poder.

Luiz Ignacio tinha 53 anos quando desapareceu. Ele e um dos onze membros do Comite Central do PCB na lista de desaparecidos politicos pela ditadura militar de 1964 . Segundo outros depoimentos de Marival Dias, dessa vez para a CNV, em 2013, na Casa de Itapevi tambem tinham sidos assassinados Hiran Pereira de Lima, Orlando da Rosa Silva Bonfim Junior, Joao Massena Melo, Elson Costa, Itair Jose Veloso, Jayme Amorim Miranda e Jose Montenegro de Lima [ 4 ] .

Entretanto, Claudio Guerra, ex-delegado do DOPS do Espirito Santo, apresenta uma versao diferente do desaparecimento em depoimento a CVN em 2014, dizendo ter levado o corpo de Luiz Ignacio para a "Casa da Morte", na cidade de Petropolis, no Rio de Janeiro, e apos para a usina Cambahyba, onde teria incinerado o corpo [ 4 ] .

Anistia [ editar | editar codigo-fonte ]

Em 21 de setembro de 1978 , Luiz Ignacio Maranhao Filho ganhou anistia apos o Conselho Permanente de Justica absolve-lo, por prescricao penal, diversos membros do Partido Comunista acusados durante a ditadura militar. [ 8 ]

Morte [ editar | editar codigo-fonte ]

O Diario Oficial de Brasilia , no numero 232 de 5 de dezembro de 1995 , reconheceu a morte de 136 desaparecidos politicos durante a ditadura. Estao na lista os militantes politicos desaparecidos entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 . Luiz Ignacio era, entao, declarado morto. [ 8 ] Seu corpo nao foi encontrado.

Homenagens [ editar | editar codigo-fonte ]

Em 1993, acontece a criacao do Instituto Prof. Luis Maranhao Filho, uma entidade vinculada a campanha de legalizacao do PCB no inicio da decada de 80. Apos a Lei dos Desaparecidos Politicos do Brasil ser sancionada no Brasil por Fernando Henrique Cardoso , o nome de Luis Maranhao Filho passou a constar na primeira relacao dos mortos e desaparecidos politicos, onde a Uniao e reconhecida e responsabilizada pela morte desses militantes. [ 9 ]

Em 2011, o professor Antonio Capistrano, ex reitor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) tentou realizar um evento em homenagem aos 90 anos de Luiz Ignacio Maranhao Filho, mas nao foi possivel. Em contrapartida, Antonio Capistrano redigiu um texto no Portal Vermelho em consagracao ao natalense. Um trecho da homenagem exalta a importancia da figura de Maranhao Filho: [3]

Para mim era motivo de orgulho, ainda muito jovem, iniciando a militancia politica, participar de reunioes com a presenca de dirigentes do partido. Tinhamos uma verdadeira admiracao pelos nossos lideres. Aqui, no estado, dois se destacavam - Dr. Vulpiano Cavalcanti, uma figura humana exemplar, medico nascido no Ceara, veio morar em Natal no final dos aos de 1930, aqui viveu ate o fim da sua vida. Tive o privilegio de conhece-lo e, como deputado estadual, de conceder-lhe o titulo de cidadao norte-riograndense, diploma entregue em uma bela sessao solene na Assembleia Legislativa em 1993. O outro, o camarada Luiz Maranhao, professor, advogado, jornalista, chefe de redacao do Diario de Natal, homem das letras, um grande camarada.


Na capital do Rio Grande do Norte , Natal , ha a Escola Municipal Luiz Maranhao Filho, localizada na Zona Oeste da cidade. [4] A doutorado em Historia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Maria Conceicao Pinto de Goes, publicou, em 1999 , o livro A aposta de Luiz Ignacio Maranhao Filho: cristaos e comunistas na construcao da utopia, que reconstroi historicamente a sociedade brasileira, conforme a influencia de importantes movimentos internacionais, dando foco na segunda decada do seculo XX ate os anos 70 . [5]

Referencias

Ver tambem [ editar | editar codigo-fonte ]