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Jean-Philippe Rameau

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Jean-Philippe Rameau
Jean-Philippe Rameau
Nascimento 25 de setembro de 1683
Dijon ( Reino da Franca )
Morte 12 de setembro de 1764 ( 80 anos )
Paris ( Reino da Franca )
Sepultamento Igreja de Santo Eustaquio
Cidadania Reino da Franca
Conjuge Marie-Louise Mangot
Filho(a)(s) Claude-Francois Rameau
Irmao(a)(s) Claude Rameau
Alma mater
  • College des Godrans
Ocupacao compositor , coreografo , musicologo , teorico musical , organista , cravista, teorico
Premios
Obras destacadas Dardanus, Pieces de Clavecin en Concert , Traite de l'harmonie reduite a ses principes naturels, Pieces de Clavecin , Castor et Pollux, Les Indes galantes, Hippolyte et Aricie
Movimento estetico musica barroca
Instrumento violino

Jean-Philippe Rameau ( Dijon , 25 de setembro de 1683 ? Paris , 12 de setembro de 1764 ) foi um dos maiores compositores do periodo Barroco - Rococo . Na Franca, porem, e tido como a maior expressao do Classicismo musical.

Filho de organista na catedral de Dijon, seguiu a carreira do pai, na qual distinguiu-se desde cedo, trabalhando em varias catedrais. Nao foi apenas um dos compositores franceses mais importantes do seculo XVIII, como tambem influenciou a teoria musical. Seu estilo de composicao lirica pos fim ao reinado postumo de Jean-Baptiste Lully , cujo modelo dominara a Franca por meio seculo.

Ate 1722 Rameau compusera apenas poucas e curtas pecas para teclado e obras sacras, mas a publicacao de seu tratado sobre harmonia naquele ano marcou o comeco de um periodo muito produtivo, conhecendo a fama. Suas Pieces de Clavecin foram publicadas em 1724, seguidas por um novo livro de teoria, em 1726, e de obras para teclado e cantatas, em 1729. Somente aos cinquenta anos ingressou no terreno da musica cenica, compondo sua primeira opera , Hippolyte et Aricie , um grande sucesso que lhe valeu a posicao de principal operista frances de seu tempo. Escreveu varias operas em varios generos, sempre acolhidas com entusiasmo, e mesmo desencadeando grandes polemicas por sua ousadia, inventividade e pelas novidades que introduziu. Sua musica caracteriza-se por um dinamismo que contrasta com o estilo mais estatico de Lully.

Era tambem professor de cravo , bastante em moda na Paris de sua epoca. A tecnica do dedilhado dos instrumentos de teclado deve muito a Rameau. Foi "Compositor da Camara do Rei", sendo agraciado poucos meses antes de morrer com o titulo de Cavaleiro . Seu funeral foi cercado de pompa, recebendo tambem homenagens em muitas cidades como um compositor excepcional que orgulhava a nacao.

Vida [ editar | editar codigo-fonte ]

Primeiros anos, uma juventude errante [ editar | editar codigo-fonte ]

Foi sempre um homem muito reservado e pouco se sabe sobre sua vida, especialmente de seus primeiros quarenta anos, antes de se fixar em Paris. [ 1 ] Nasceu em 25 de setembro de 1683, sendo batizado no mesmo dia. [ 2 ] Seu pai, Jean Rameau, foi organista em igrejas de Dijon, e sua mae, Claudine de Martinecourt, era filha de um notario , da pequena nobreza. O casal teve onze filhos, dos quais Jean-Philippe foi o setimo. Aprendeu musica com seu pai mesmo antes de ser alfabetizado. Recebeu educacao no colegio jesuita de Godrans , mas nao era bom aluno e atrapalhava as aulas cantando. So o que lhe interessava era a musica, e, segundo suas palavras, seu amor pela opera surgiu quando tinha doze anos. Com isso teve uma cultura inicial pobre, e seu dominio da escrita nunca foi muito bom. [ 3 ] [ 4 ] [ 5 ]

Seus pais planejavam para ele uma carreira juridica, mas como o jovem preferisse a musica, foi enviado para Milao , na Italia , para se aperfeicoar, mas permaneceu la pouco tempo. Ao retornar, trabalhou como violinista em conjuntos itinerantes, demorando-se uma temporada em Montpellier , onde um certo Lacroix lhe deu licoes de baixo continuo e acompanhamento . Em janeiro de 1702 assumiu o posto de organista interino na catedral de Avignon , assistindo Jean Gilles . Em junho assinou um contrato de seis anos com a catedral de Clermont-Ferrand , [ 6 ] [ 7 ] [ 8 ] mas em 1706 ja estava em Paris, onde publicou suas primeiras obras conhecidas, uma colecao de pecas para cravo intitulada Pieces de clavecin , que mostram influencia de Louis Marchand , seu amigo. [ 9 ] No frontispicio da obra ele se apresentou como "organista dos jesuitas da rua Saint-Jacques e dos Padres da Misericordia". [ 10 ] Em 1709 voltou para Dijon, a fim de suceder seu pai como organista da igreja paroquial de Nossa Senhora. Foi contratado outra vez por seis anos, mas de novo abandonou o posto antes disso e buscou colocacao em Lyon , assumindo em 1713 na igreja dos jacobinos . Em dezembro do ano seguinte fez uma breve viagem a Dijon, por ocasiao da morte de seu pai. Ali tambem assistiu ao casamento de seu irmao Claude. Em janeiro de 1715 estava de volta a Lyon. Em abril, contudo, ja estava outra vez em Clermont-Ferrand, com um novo contrato, que estipulava uma permanencia de vinte e dois anos, mas so cumpriu oito. Durante este periodo compos motetos sacros e cantatas seculares. [ 11 ] [ 12 ]

Fama e maturidade [ editar | editar codigo-fonte ]

Retornou para a capital francesa em 1722, radicando-se na cidade. Ali publicou seu importante tratado de teoria musical , Traite de l'harmonie (Tratado de Harmonia), que logo o tornou famoso. A obra foi seguida pelo Nouveau systeme de musique theorique (Novo Sistema de Musica Teorica, 1726). [ 11 ] Entre 1724 e 1730 publicou mais duas colecoes de obras para cravo. [ 13 ] Suas primeiras obras para o palco surgiram quando o escritor Alexis Piron lhe solicitou que compusesse a musica para suas comedias , apresentadas na feira de Paris. Musicou quatro delas, mas toda a musica se perdeu. [ 14 ] Em 25 de fevereiro de 1726 Rameau casou com Marie-Louise Mangot, cantora e instrumentista. Tiveram quatro filhos, dois meninos e duas meninas, e aparentemente a uniao foi feliz. [ 15 ] A despeito de sua fama como teorico, Rameau teve dificuldade de encontrar uma colocacao como organista. [ 16 ]

Somente quando tinha quase cinquenta anos e que ele cogitou de fazer carreira como operista. A decisao se provou acertada, uma vez que sua fama como compositor repousa em suas operas. Na verdade, em 1727 havia pedido que o escritor Houdar de la Motte lhe preparasse um libretto , mas a encomenda nao resultou em nada. Finalmente, decidiu iniciar no prestigiado genero da tragedia lirica , apos assistir Jephte , de Monteclair , em 1732. Sua primeira obra, Hippolyte et Aricie , estreou na Academia Real de Musica em 1º de outubro de 1733, sendo imediatamente aclamada como a mais notavel opera a surgir na Franca desde a morte de Lully , mas desde logo se iniciou tambem uma polemica, ja que Lully havia fundado uma tradicao dominante no panorama operistico frances, que o brilhante aparecimento de Rameau ameacava derrubar. De um lado havia quem louvasse sua originalidade e a riqueza de suas ideias musicais, e de outro se colocaram os tradicionalistas, para quem suas inovacoes harmonicas pareciam dissonantes. Os dois partidos desencadearam uma guerra atraves de panfletos que permaneceu acesa durante uma decada inteira. [ 17 ]

Registro da apresentacao de La princesse de Navarre em Versalhes , em 23 de fevereiro de 1745, nas comemoracoes do casamento do Delfim da Franca. Gravura de Charles-Nicolas Cochin

Entrementes, Rameau havia conhecido o rico banqueiro Alexandre de La Poupliniere , que se tornaria seu protetor ate 1753. A amante de Alexandre, Therese des Hayes (mais tarde sua esposa), era aluna de Rameau e grande admiradora de sua musica. Em 1731 Rameau se tornou regente da excelente orquestra mantida pelo mecenas , permanecendo na sua direcao por 22 anos. [ 18 ] No salon de La Poupliniere o musico entrou em contato com alguns dos principais intelectuais de seu tempo, como Voltaire , que logo passou a colaborar com ele. Seu primeiro projeto conjunto, a tragedia lirica Samson , foi abandonado por causa de seu tema religioso, prevendo-se a censura das autoridades. [ 19 ] Na mesma epoca Rameau introduziu seu estilo no genero mais leve da opera-bale , estreando com Les Indes galantes , que teve grande sucesso. Seguiram-se duas tragedias liricas, Castor et Pollux (1737) e Dardanus (1739), e outra opera-bale, Les fetes d'Hebe (1739). Todos esses trabalhos estao entre os seus melhores. [ 20 ] Contudo, depois disso o compositor nao apresentou mais nada novo ao longo de seis anos, fazendo apenas uma nova versao de Dardanus em 1744. A razao para esse silencio e desconhecida. [ 21 ]

Uma nova fase iniciou em 1745, quando ele recebeu importantes encomendas da corte para celebrar a vitoria francesa na Batalha de Fontenoy e o casamento do Delfim Luis com a Infanta espanhola Maria Teresa . Assim surgiu sua mais notavel opera comica , Platee , bem como duas obras em colaboracao com Voltaire: a opera-bale Le temple de la gloire e comedia-bale La princesse de Navarre , que lhe valerem o reconhecimento oficial e o titulo de Compositor da Camara do Rei, com direito a uma generosa pensao. [ 22 ] [ 23 ] No mesmo ano Rameau entrou em choque com Jean-Jacques Rousseau . Embora mais conhecido como escritor, Rousseau tambem tinha ambicoes musicais e escreveu a opera Les muses galantes , inspirada na Indes galantes do outro. No fim do ano, Voltaire e Rameau, ocupados com outros trabalhos, encomendaram a Rousseau a escrita de recitativos para transformar La princesse de Navarre em uma opera, a ser chamada Les fetes de Ramire . Rousseau entao acusou seu colega de nao lhe dar os devidos creditos pelo texto e pela musica que o acompanhava, mas musicologos contemporaneos nao conseguiram encontrar nada dele no material finalizado. Nao obstante, Rousseau a partir de entao nutriu inimizade por Rameau pelo resto de sua vida. [ 24 ]

Isso o levou a atacar Rameau na segunda polemica em que o compositor se viu envolvido, a chamada Querela dos Bufoes , que durou de 1752 a 1754, e que colocou a tradicao operistica francesa contra a italiana. Rameau foi acusado de estar ultrapassado, e sua musica, de ser complicada demais, em comparacao com a "simplicidade" e "naturalidade" da opera comica La Serva Padrona , de Pergolesi . [ 25 ] Em meados de 1750 Rameau criticou os verbetes sobre musica que Rousseau havia escrito para a Encyclopedie , levando a uma disputa com os filosofos D'Alembert e Diderot . [ 26 ] Em 1753 La Poupliniere assumiu uma nova amante, Jeanne-Therese Goermans, que convenceu-o contratar os servicos do compositor Johann Stamitz . Rameau se desentendeu com o patrono e acabou perdendo seu apoio.

Ultimos anos [ editar | editar codigo-fonte ]

Brasao de Jean-Philippe Rameau

Ate entao o compositor havia escrito muito, mas a partir dali seu ritmo declinou acentuadamente, embora continuasse produzindo alguns trabalhos de composicao e teoria ate seus ultimos dias. Deste periodo merecem nota a opera comica Les Paladins (1760) e a tragedia lirica Les Boreades , que nao foi estreada senao em tempos recentes. [ 27 ] Em 1761 foi recebido como membro da Academia de Dijon , [ 28 ] e em 1764 foi enobrecido com o titulo de cavaleiro . [ 29 ] No final da vida, ainda morando com sua esposa e dois de seus filhos, Rameau costumava sair todos os dias para um passeio solitario e pensativo, quando ocasionalmente encontrava o jovem escritor Chabanon , que registrou algumas palavras do mestre: "Dia apos dia desenvolvo um gosto mais apurado, mas ja nao possuo genio", e "A imaginacao fugiu de minha velha mente; nao e avisado, com esta idade, praticar uma arte que e toda imaginacao". [ 30 ] Rameau faleceu em 12 de setembro de 1764, acometido por uma febre. Foi sepultado na igreja de Santo Eustaquio, em Paris, no dia seguinte. Seu funeral foi magnificente, e homenagens lhe foram prestadas em muitas cidades francesas. [ 31 ] Chabanon, no elogio funebre que publicou apos a morte do compositor, o celebrou nos seguintes termos:

"A Natureza, tao sabia e tao justa para com todos os Homens por igual, que nao lhes da sequer o direito de qualquer um invejar a seu semelhante, produz as vezes Homens de um talento e de um genio tao excepcional, que a sua existencia e a marca visivel de uma especial predilecao. Assim foi o Artista celebre que a Franca perdeu, assim foi o Senhor Rameau... Nos rios que atravessam nossas Cidades e Campanhas, e coleiam eternamente para nosso beneficio e nosso prazer, quase ninguem presta atencao. Mas se algum poder de repente fechasse suas fontes e secasse seus leitos, e os tirasse de suas praias, atordoados e sofrendo clamariamos ao Ceu o socorro de suas aguas benfazejas, com saudade de todos os bens que elas nos proporcionaram. Da mesma forma, a superioridade dos grandes Homens e sentida no momento em que os perdemos, diante de uma ausencia que nada pode preencher". [ 32 ]

Obra [ editar | editar codigo-fonte ]

Capa do Traite de l'harmonie , 1722
Capa do seu tratado Generation harmonique , 1737
Capa da edicao de 1736 de Les Indes galantes

Rameau escreveu 24 trabalhos de teoria musical, entre tratados e panfletos, mas a despeito da fama que lhes trouxeram em vida, em particular o seu Traite de l'harmonie , para o publico e o musicista modernos eles sao de escasso interesse, e sao estudados mais por especialistas em historia da harmonia. Porem, ele introduziu algumas inovacoes importantes para o seu tempo. Entre elas, buscou afastar-se dos esquemas entao prevalentes derivados das concepcoes pitagorica e escolastica das relacoes entre sons e numeros, procurando estabelecer principios harmonicos baseados na natureza, na forma como o ouvido percebe as combinacoes de sons e os seus efeitos. Para elaborar esta concepcao ele se baseou nos trabalhos de Mersenne , Brossard , Kircher , Zarlino , Descartes , Saint-Lambert , entre outros, e nos de Sauveur , pioneiro da acustica , que lancou as bases de uma harmonia fundamentada na fisica . Subordinou a melodia a harmonia , considerava as diferencas de oitava nulas em termos harmonicos, e tomava a nota mais baixa de uma corda em vibracao como o fundamento da construcao da harmonia atraves dos seus harmonicos ; para ele quaisquer acordes que fizessem uso das mesmas notas, em qualquer posicao que estivessem, eram essencialmente o mesmo acorde, praticamente inventando a tecnica da inversao de acordes. [ 33 ] [ 34 ] [ 35 ] [ 36 ]

Outra contribuicao foi a explicacao do relacionamento entre a tonica , a dominante e a subdominante a partir de duas series de quintas - ascendente e descendente -, considerando a primeira a origem da dominante, para ele o "reino da alegria, da luz e da forca", e a segunda, a origem da subdominante, considerada triste, fraca e sombria. Com isso ele apontou tambem para uma teoria da psicologia das escalas musicais . [ 37 ] [ 34 ] A parte mais insatisfatoria de sua producao teorica e a explicacao das dissonancias . Outras de suas proposicoes ja foram descartadas pela ciencia moderna, como a explicacao da possibilidade de existirem os acordes (sons com multiplas notas tocadas em simultaneo) por causa da "elasticidade do ar". Tambem propos a construcao de novos instrumentos e o aperfeicoamento do canto atraves dos principios que apresentou. [ 38 ]

Apesar de suas ideias originais, sua base de matematica, filosofia e fisica nao era solida, parece ter sido adquirida sem metodo ou seletividade, e ate mesmo sua capacidade de se expressar em bom frances era fraca, o que lhe dificultava uma boa articulacao das suas ideias. Isso se reflete em sua argumentacao, em muitas partes obscura, prolixa ou deficiente, varias vezes apresentou postulados sem qualquer justificativa, e noutras deixou-se levar por um entusiasmo grandiloquente que o fez perder o foco, pois concebeu uma ideia que ele mesmo considerou uma descoberta revolucionaria: toda a arte musical estaria sintetizada sob um unico principio unificador derivado da natureza, principio que ele havia descoberto - mas que jamais explicou satisfatoriamente -, e pretendeu, em varias passagens, em meio a peroracoes filosoficas, citacoes da Biblia e outras referencias heterogeneas, que este principio abolia tudo o que antes havia sido escrito sobre teoria musical, era incontestavel e, mais ainda, era geral, ao qual deveriam se curvar todas as ciencias: [ 38 ] [ 36 ]

"Quando a pessoa percebe que a Musica dada pela Natureza e tao absolutamente perfeita e completa; .... como nao vai crer que esta arte, que pensaramos ser feita apenas para nosso deleite, na verdade foi planejada pela Natureza para nos servir com uma utilidade mais adequada as suas intencoes?...
"O principio em questao e efetivamente retirado da propria natureza, sendo perceptivel por tres de nossos sentidos, e ja nao deixa margem a questionamento, conjetura ou hipotese; tudo o que foi escrito ate hoje e absolutamente inutil para atingirmos o conhecimento e a habilidade nas Artes;.... eu digo Artes, porque ha todas as razoes para presumir que .... este principio afeta tambem todas as Belas Artes que tem os sentidos como juiz e as proporcoes como regra.
"O principio em questao nao e apenas o das Belas Artes, como este Tratado confirma; .... mas tambem e o de todas as Ciencias conhecidas". [ 39 ]

Essa pretensao gerou polemica, mais acentuada porque ele contestou os artigos musicais da Encyclopedie escritos por Rousseau depois de ter sido convidado em primeiro lugar para escreve-los - e ter-se negado a faze-lo -, e lhe valeu criticas imediatas da Academia de Ciencias. Na resposta, escrita por d'Alembert, a Academia declarava que havia aprovado uma de suas publicacoes por seu interesse intrinseco e originalidade, mas que com isso nao havia se comprometido a adotar oficialmente nenhuma de suas teorias, que permaneciam, para os academicos, como hipoteses e opinioes pessoais. Ao mesmo tempo, questionava a coerencia e o merito de varios de seus argumentos mais importantes. [ 40 ] [ 41 ] Outras vezes tambem atraiu censuras por seu "excesso de Matematica" e cerebralismo na composicao. Ele mesmo via sua arte decididamente como uma ciencia e um aprendizado, embora reconhecendo como imprescindivel que o musico possua genio e imaginacao. [ 42 ] [ 36 ]

Apesar das inconsistencias que possa ter, tentando fundir o racionalismo organizador e o empirismo naturalista, sua teoria foi pelo menos fundamental para sua propria obra de composicao , aplicando-a de forma coerente, e por causa da composicao sua fama e grande e duradoura, louvada em varios aspectos ate por alguns de seus maiores criticos, como Rousseau e Diderot. A complexidade de suas obras vocais nao tem paralelo na musica francesa de sua geracao; sao grandes a organicidade e ousadia de sua harmonia ; sua orquestracao e sensivel e original; fez um uso habil da modulacao para veicular sentimentos especificos, e tambem importante foi seu estudo sobre a capacidade que a arte tem de imitar a natureza - a mimese . Sua teoria, mesmo reclamando o merito de ser inedita, na verdade nao o foi tanto assim, pois varios de seus elementos centrais, como o uso de proporcoes matematicas, o entendimento da arte como meio de expressao e a teoria da mimese, ja vinham sendo debatidos desde a Grecia Antiga . De qualquer forma, sua obra vocal, suas operas, se destacam no contexto de seu tempo exatamente pela sua interpretacao renovadora de antigos conceitos, pelo seu dinamismo, complexidade, vivacidade, flexibilidade, expressividade, nao hesitando em romper formulas consagradas e "fixas" como a da aria da capo a fim de criar um resultado mais efetivo dramaticamente. Tambem foi notavel pela sua capacidade de penetrar fundo na psicologia de seus personagens, representando-a adequadamente, fossem comicos, tragicos, romanticos ou heroicos, e de evocar sugestivamente atmosferas especificas, os sons da natureza, e as sonoridades, ritmos e inflexoes da fala natural do homem - especialmente nos recitativos -, sem que esta "imitacao plausivel" perca o carater de arte conscientemente construida. Neste sentido, seu ideal, como expressou certa vez, foi o de "esconder a Arte na Arte". As virtudes que os criticos contemporaneos encontram em sua musica, em sua epoca foram recebidas por uma parcela do publico como novidades excitantes, mas muitas vezes foram encaradas com estranhamento e rejeicao, e durante boa parte de sua carreira esteve envolvido em alguma polemica, pois suas ideias quebravam regras estabelecidas e tradicionais. [ 40 ] [ 42 ] [ 36 ]

Busto de Rameau por Jean-Jacques Caffieri , 1760

Segundo seu biografo Girdlestone,"nascido quando reinava Luis XIV , Rameau permaneceu sempre um filho do Grand Siecle , em um tempo em que as artes estavam comecando a se tornar simples entretenimento, mas cultivou seu dom como coisa seria". Embora tenha introduzido muita coisa nova no terreno da opera e sido um dos mais dotados operistas de todos os tempos, em termos de estilo ele nao pode evitar muitas das convencoes especificas do genero, como a divisao da opera em recitativos, bailados, coros e arias, e do movimento Barroco - Rococo , com seu apreco pelos fortes contrastes e pelo suntuoso colorido sonoro, sendo incapaz de vencer completamente uma tradicao tao forte. Continuando, diz Girdlestone que "a posicao de Rameau na historia da opera pode ser comparada a relacao de Beethoven e Wagner com as formas de seu tempo". Na verdade, parte da eficiencia e novidade de suas operas esta na maneira arrojada como trabalhou essas convencoes para tirar partido expressivo do conflito entre o antigo e o novo, alargando as formas tradicionais ao ponto da ruptura. Nao a toa foi chamado de "selvagem" pelos tradicionalistas, que entendiam suas transgressoes - ate na prosodia do frances classico - como uma ameaca a tragedia lirica fundada por Lully, considerada uma instituicao nacional e um simbolo de identidade e da gloria da Franca. Sua grandeza tambem esta na humanidade que deu a seus personagens, em como teve simpatia por todos eles, e em como ele foi capaz de escrever musica que emociona ate hoje. [ 43 ] [ 44 ]

Publicacoes [ editar | editar codigo-fonte ]

  • Traite de l'harmonie reduite a ses principes naturels (Paris, 1722)
  • Nouveau systeme de musique theorique (Paris, 1726)
  • Dissertation sur les differents methodes d'accompagnement pour le clavecin, ou pour l'orgue (Paris, 1732)
  • Generation harmonique, ou Traite de musique theorique et pratique (Paris, 1737)
  • Memoire ou l'on expose les fondemens du Systeme de musique theorique et pratique de M. Rameau (1749)
  • Demonstration du principe de l'harmonie (Paris, 1750)
  • Nouvelles reflexions de M. Rameau sur sa 'Demonstration du principe de l'harmonie' (Paris, 1752)
  • Observations sur notre instinct pour la musique (Paris, 1754)
  • Erreurs sur la musique dans l'Encyclopedie (Paris, 1755)
  • Suite des erreurs sur la musique dans l'Encyclopedie (Paris, 1756)
  • Reponse de M. Rameau a MM. les editeurs de l'Encyclopedie sur leur dernier Avertissement (Paris, 1757)
  • Nouvelles reflexions sur le principe sonore (1758?59)
  • Code de musique pratique, ou Methodes pour apprendre la musique...avec des nouvelles reflexions sur le principe sonore (Paris, 1760)
  • Lettre a M. Alembert sur ses opinions en musique (Paris, 1760)
  • Origine des sciences, suivie d'un controverse sur le meme sujet (Paris, 1762)

Referencias

  1. Beaussant, Philippe. Rameau de A a Z . Fayard, 1983, p.21
  2. Chabanon, M. Eloge de M. Rameau . M. Lambert, 1764, p. 5
  3. New Grove p.207-208
  4. Beaussant, pp. 13; 22; 285
  5. Chabanon, p. 7
  6. Girdlestone, p. 3
  7. Beaussant, p. 14
  8. Marandet, C. "Orgues, organistes en Auvergne". Bulletin historique de l'Auvergne , 85, 1971, p. 82.
  9. Dufourcq, Norbert. Le clavecin , p. 87
  10. Laloy, Louis. Rameau . Alcan Felix, 1908, p. 16
  11. a b Girdlestone, p. 7
  12. Suaudeau, R. Introduction a l'harmonie de Rameau . Clermont-Ferrand, 1960.
  13. New Grove
  14. New Grove p. 215
  15. Girdlestone p.8
  16. New Grove p.217
  17. New Grove p. 219
  18. Girdlestone, p.475
  19. New Grove , pp. 220?223
  20. New Grove p.256
  21. Beaussant p.18
  22. New Grove pp.228?230
  23. Girdlestone p.483
  24. New Grove p.232
  25. Viking p.830
  26. New Grove pp.236?8
  27. Viking p.846
  28. Eloge historique de Mr Rameau , Maret, Paris, 1766, p. 46
  29. Laloy, Louis. Rameau . Paris, Alcan Felix, col. Les musiciens celebres , 1908, p. 76
  30. Beaussant, p. 19
  31. New Grove p.240
  32. Chabanon, p. 3-4
  33. Girdlestone, pp. 519-520; 549
  34. a b Abdounur, Oscar Joao. Matematica e musica . Escrituras Editora, 2006, pp. 74-79
  35. Meadows, Patrick Alan. Francis Ponge and the Nature of Things: From Ancient Atomism to a Modern Poetics . Bucknell University Press, 1997, p. 53-54
  36. a b c d Christensen, Thomas. Rameau and Musical Thought in the Enlightenment . Cambridge University Press, 2004, pp. 22-35
  37. Girdlestone, pp. 521-522
  38. a b Girdlestone, pp. 521-526
  39. Girdlestone, p. 524
  40. a b Martin, Terence J. Living Words: Studies in Dialogues about Religion . Oxford University Press, 1998, p. 166-168
  41. Girdlestone, pp. 524-526
  42. a b Girdlestone, pp. 524-548
  43. Girdlestone, pp. 570-572
  44. Bloechl, Olivia A. Native American Song at the Frontiers of Early Modern Music . Cambridge University Press, 2008, p. 177-178

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