Humanidades

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Humanidades e um termo polissemico que denomina um nucleo de disciplinas que estudam a expressao humana , principalmente a linguagem e a arte em sua varias formas. Abrange, historicamente, a filologia , a linguistica , a musicologia , a historia e teoria da arte, a teoria literaria . Contemporaneamente, inclui, tambem, os estudos de midia e o estudo do cinema . [ 1 ] A distincao e autonomia das humanidades como campo de estudos foi elaborada gradativamente ao longo do periodo moderno, consolidando-se notoriedamente no seculo XIX , [ 2 ] porem, muitas diferenciacoes conceituais foram implantadas anteriormente na educacao e na academia , esquematizando as relacoes entre humanidades, ciencias humanas e ciencias naturais . [ 3 ]

Definicao [ editar | editar codigo-fonte ]

Historia [ editar | editar codigo-fonte ]

Antiguidade [ editar | editar codigo-fonte ]

Ver tambem : Idade Antiga

Inicio do estudo da linguagem [ editar | editar codigo-fonte ]

P?nini [ editar | editar codigo-fonte ]

Ver artigo principal: P?nini

Os primeiros estudos sistematicos da linguagem sao atribuidos ao gramatico indiano P?nini , cuja vida, pouquissimo conhecida, e situada entre o seculo VII e V antes de Cristo, tendo nascido em Gandara . Considerado o 'pai da linguistica', sua obra foi tardiamente conhecida na Europa , e ainda assim causou uma profundo transformacao no estudo da linguagem. [ 4 ] Sua obra Ashtadhyayi , contem uma descricao do sanscrito enquanto um sistema de regras gramaticais interconectadas, somando 3,959 ao todo, que possibilitam um numero enorme de sentencas. Sendo, assim, a primeira elaboracao conhecida de uma formalizacao completa da linguagem, que permanece, ate hoje, uma referencia no estudo do sanscrito . [ 4 ] Os metodos e o formalismo intrinseco implementado por P?nini nesse esforco tornaram-se objeto de interesse proprio, pela sofisticacao e consistencia logica resultante do sistema. [ 5 ] Sua relacao com a tradicao filosofica e linguistica existente na India e, por outro lado, obscura, dado a falta de acesso as obras dos gramaticos precedentes. E especulado que o conexto intelectual de P?nini fosse propriamente a tradicao de interpretacao religiosas dos textos Vedicos , que desenvolveu uma grande sofisticacao nesse periodo da historia indiana, e tambem argumentado, em contraposicao, que sua gramatica e focada especialmente na determinacao das formas corretas de falar o sanscrito, o valor educacional dessas obras permanecerao em vigor por muito tempo, especialmente na formacao dos Bramanes . [ 6 ]

O Ashtadhyayi cultivou inumeras escolas linguisticas e logicas na India, produzindo uma tradicao de comentarios e comentarios de comentarios a obra, como tambem aplicacoes da gramatica, ate mesmo para linguas nao indo-europeias como o Tamil e o Tibetano . Mais tarde, no seculo VII , tornou-se conhecido na China por acao de peregrinos budistas, e entao, no seculo XI , foi propagado de forma resumida no mundo persa atraves do livro Indica , do polimata Albiruni . Na Europa , a gramatica de P?nini so foi conhecida no seculo XIX , com a emergencia da linguistica comparada . [ 6 ]

Dionisio, o Tracio [ editar | editar codigo-fonte ]

Ver artigo principal: Dionisio, o Tracio

Ainda que nenhuma obra da antiguidade se compare a abrangencia da gramatica de P?nini, o trabalho de Dionisio, o Tracio , denominado Techne grammatike , desenvolvido no seculo I antes de Cristo, e a primeira gramatica prescritiva sobrevivente da antiguidade grega. [ 7 ]

Dionisio definiu o estudo da linguagem como um "conheciemtno pratico dos elementos de uma linguagem como usados por poetas e escritores de prosa" , o que revela a intencao pratica e educativa que orienta os gramaticos da epoca, que se tornaria referencia na instrucao da lingua grega, especialmente para os romanos , mas tambem estabelecendo a terminologia padrao das gramaticas europeias ate o seculo XVIII . A Techne grammatike concentrava-se na definicao das pronuncias corretas, na pontuacao , alfabeto , silabas , substantivos , verbos , artigos e demais elementos basicos da nocao contemporanea de gramatica, incluido tambem instrucao sobre metrica . [ 7 ]

Apolonio Discolo [ editar | editar codigo-fonte ]

Ver artigo principal: Apolonio Discolo

Destaca-se, no periodo seguinte, a obra de Apolonio Discolo, que viveu no seculo II , e iniciou analise da sintaxe do grego antigo, ainda que baseado, na maior parte, na concepcoes Aristotelicas de sujeito e predicado . Apolonio inaugura, por exemplo, o estudo da concordancia gramatical . Aborda tambem, atraves de exemplos, diversas excecoes e idiosincrasias da lingua grega, deixando, na maior parte, de generalizar regras linguisticas subjacentes. [ 8 ]

Gramaticos latinos [ editar | editar codigo-fonte ]

O estudo da gramatica da lingua latina tambem desenvolveu-se numa tradicao. Eruditos como Marco Terencio Varrao , que elaborou no seculo I um estudo com enfase nas categorias formais da lingua, enquanto que Elio Donato e Prisciano dedicaram-se a categorias semanticas. As obras de Donato, Ars minor e Ars maior , escritas no seculo IV , foram influentes ate o fim da primeira metade do periodo medieval, enquanto que a obra Institutiones grammaticae , de Prisciano, foi redescoberta durante o renascimento carolingio e inspirou a linguistica europeia com seu estudo taxonomico das palavras. [ 8 ]

Periodo medieval [ editar | editar codigo-fonte ]

Ver tambem : Idade media

Primordios da modernidade [ editar | editar codigo-fonte ]

Ver artigos principais: Idade Moderna e Modernidade

Contemporaneidade [ editar | editar codigo-fonte ]

Ver tambem : Idade Contemporanea

Ramos contemporaneos [ editar | editar codigo-fonte ]

Humanidades ambientais [ editar | editar codigo-fonte ]

Humanidades ambientais , tambem conhecido como humanidades ecologicas, denomina um campo interdisciplinar de pesquisa acerca da interface humano - meio ambiente , combinando repertorios das ciencias naturais , sociais e das humanidades. Sua origem remonta a uma convergencia de tendencias academicas da decada de 1970 e 80, especialmente na literatura , filosofia , geografia , antropologia , historia e estudos de genero , consolidando-se autonomamente em torno da decada de 1990. [ 9 ] O campo inclui ramos notorios independentemente, como a historia ambiental , a ecologia cultural , a ecologia politica , a filosofia ambiental e o ecocriticismo , entre outros.

Estudos de midia [ editar | editar codigo-fonte ]

Apresendando a ordem de surgimento da midia social
Os estudos de midia sao uma disciplina e sub-area da area da comunicacao . Com inclinacoes epistemologicas tangentes a corrente estudos culturais , em ascensao dentro dos estudos em comunicacao, os estudos em midia abordam as relacoes entre midia e sociedade. Sendo assim, seus objetos de estudo consistem em uma abordagem dos meios de comunicacao de massa - como a TV, o radio e o jornal impresso, por exemplo. Existe uma grande interdisciplinariedade entre os estudos em comunicacao e ciencias sociais percebido nos estudos de midia. [ 10 ] Com a ascensao de midias nao-convencionais, com o advento da internet e posteriormente das web 2.0 e web 3.0 , os estudos em midia problematizam a ruptura na teoria social provocada pelas tecnologia digitais e virtuais. [ 11 ]

Estudos de genero [ editar | editar codigo-fonte ]

Estudos de genero e um campo de estudo interdisciplinar dedicado a identidade de genero e a representacao de genero como categorias centrais de analise. Esse campo inclui estudos sobre as mulheres (sobre mulheres , feminismo , genero e politica), estudos sobre os homens e estudos queer . [ 12 ] As vezes, estudos de genero sao definidos como conjunto ao estudo da sexualidade humana . Essas disciplinas estudam genero e sexualidade nos campos da literatura , lingua , geografia , historia , ciencia politica , sociologia , antropologia , midia , [ 13 ] desenvolvimento humano , direito , saude publica e medicina . [ 14 ] Elas tambem analisam como raca, etnia, localizacao, classe, nacionalidade e deficiencia se cruzam com as categorias de genero e sexualidade. [ 15 ] [ 16 ]

Em relacao ao genero, Simone de Beauvoir disse: "Nao se nasce mulher, se torna uma". [ 17 ] Essa visao propoe que, nos estudos de genero, o termo "genero" deve ser usado para se referir as construcoes sociais e culturais das masculinidades e feminilidades e nao ao estado de ser homem ou mulher em sua totalidade. [ 18 ] No entanto, essa visao nao e mantida por todos os teoricos de genero. A visao de Beauvoir e a que muitos sociologos apoiam, embora haja muitos outros contribuintes para o campo dos estudos de genero com diferentes origens e pontos de vista opostos, como o psicanalista Jacques Lacan e feministas como Judith Butler .

O genero e pertinente a muitas disciplinas, como a teoria literaria , os estudos de teatro e do cinema, a historia da arte contemporanea, a antropologia, a sociologia, a sociolinguistica e a psicologia . No entanto, essas disciplinas as vezes diferem em suas abordagens sobre como e por que o genero e estudado. Por exemplo, na antropologia, na sociologia e na psicologia, o genero e frequentemente estudado como uma pratica, enquanto nos estudos culturais as representacoes de genero sao mais frequentemente examinadas. Na politica, o genero pode ser visto como um discurso fundamental que os atores politicos empregam para posicionar-se em uma variedade de questoes. [ 19 ] Os estudos de genero tambem sao uma disciplina em si, incorporando metodos e abordagens de uma ampla gama de disciplinas. [ 20 ]

Cada campo passou a considerar o "genero" como uma pratica, as vezes referida como algo que e performativo. A teoria feminista da psicanalise, articulada principalmente por Julia Kristeva [ 21 ] (a "semiotica" e "abjecao") e Bracha L. Ettinger [ 22 ] (o "eros matricial feminino-prematerno-materno", [ 23 ] a "trans-subjetividade matricial" e as "fantasias maternais primitivas"), [ 24 ] e informadas por Freud , Lacan e pela teoria da relacao de objetos , e muito influente nos estudos de genero. De acordo com Sam Killermann, o genero tambem pode ser dividido em tres categorias, identidade de genero, expressao de genero e sexo biologico. [ 25 ]

Humanidades digitais [ editar | editar codigo-fonte ]

Humanidades digitais (HD) e um campo interdisciplinar de pesquisa acerca da interface entre as humanidades e as novas midias e tecnologias digitais . O campo tem se consolidado intelectual e institucionalmente num periodo bem recente, apesar de proceder de uma tradicao mais antiga da computacao nas humanidades (analise de lexico; tecnologias de arquivamento) presente desde a metade do seculo XX , [ 26 ] emerge autonomamente, enquanto 'humanidades digitais', no periodo entre 2004 e 2008 , em consonancia com a crescente interseccao entre as transformacoes da cultura e da producao de conhecimento com as transformacoes das tecnologias digitais e redes de telecomunicacao. [ 27 ] A pesquisa nas humanidades digitais e marcada tanto pela utilizacao da computacao e da digitalizacao para o estudo de textos e artefatos pre-digitais, quanto pela mobilizacao do repertorio das humanidades para o estudo de praticas e artefatos que participam das tecnologias digitais. [ 28 ]

Referencias [ editar | editar codigo-fonte ]

  1. Bod 2013 , p. 1.
  2. Bod 2013 , p. 2.
  3. Bod 2013 , p. 3.
  4. a b Bod 2013 , p. 14.
  5. Bod 2013 , p. 15.
  6. a b Bod 2013 , p. 17.
  7. a b Bod 2013 , p. 18.
  8. a b Bod 2013 , p. 19.
  9. Emmett & Nye 2017 , p. 3.
  10. ≪Proposta pedagogica de curso e curriculo pleno do Bacharelado em Estudos de Midia da UFF≫ . Universidade Federal Fluminense . Consultado em 13 de janeiro de 2020  
  11. Trivinho, Eugenio (2001). O mal-estar da teoria . Rio de Janeiro: Quartet. 13 paginas. ISBN   8585696400  
  12. ≪Gender Studies≫ . Whitman College . Consultado em 1 de maio de 2012 . Arquivado do original em 12 de dezembro de 2012  
  13. Krijnen, Tonny; van Bauwel, Sofie (2015). Gender And Media: Representing, Producing, Consuming . New York: Routledge. ISBN   978-0-415-69540-4  
  14. ≪About ? Center for the Study of Gender and Sexuality (CSGS)≫ . The University of Chicago . Consultado em 1 de maio de 2012  
  15. Healey, J. F. (2003). Race, Ethnicity, Gender and Class: the Sociology of Group Conflict and Change .
  16. ≪Department of Gender Studies≫ . Indiana University (IU Bloomington) . Consultado em 1 de maio de 2012  
  17. de Beauvoir, S. (1949, 1989). "The Second Sex".
  18. Garrett, S. (1992). "Gender", p. vii.
  19. Salime, Zakia. Between Feminism and Islam: Human Rights and Sharia Law in Morocco . Minneapolis: University of Minnesota Press, 2011.
  20. Essed, Philomena ; Goldberg, David Theo ; Kobayashi, Audrey (2009). A Companion to Gender Studies . [S.l.]: Wiley-Blackwell. ISBN   978-1-4051-8808-1 . Consultado em 7 de novembro de 2011  
  21. Anne-Marie Smith, Julia Kristeva: Speaking the Unspeakable (Pluto Press, 1988).
  22. Griselda Pollock, "Inscriptions in the Feminine" and "Introduction" to "The With-In-Visible Screen", in: Inside the Visible edited by Catherine de Zegher. MIT Press, 1996.
  23. Ettinger, Bracha L. (2007). ≪Diotima and the Matrixial Transference: Psychoanalytical Encounter-Event as Pregnancy in Beauty≫. In: Van der Merwe, Chris N.; Viljoen, Hein. Across the Threshold . NY: Peter Lang  
  24. Ettinger, Bracha L. (2010). ≪(M)Other Re-spect: Maternal Subjectivity, the Ready-made mother-monster and The Ethics of Respecting≫ . Studies in the Maternal . 2 (1?2). doi : 10.16995/sim.150 . Arquivado do original em 3 de dezembro de 2013  
  25. Understanding the Complexities of Gender: Sam Killermann at TEDxUofIChicago . YouTube (Notas de midia). 3 de maio de 2013 . Consultado em 26 de julho de 2015  
  26. Jones 2014 , p. 3.
  27. Jones 2014 , p. 5.
  28. Jones 2014 , p. 6.

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

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  • Grishakova, Marina; Salupere, Silvi, eds. (2015). Theoretical Schools and Circles in the Twentieth-Century Humanities - Literary Theory, History, Philosophy (em ingles). [S.l.]: Routledge. ISBN   978-1-315-75291-4  
  • Reitter, Paul; Wellmon, Chad (2021). Permanent crisis: the humanities in a disenchanted age (em ingles). [S.l.]: University of Chicago Press  
  • Upchurch, Ana; Belfiore, Eleonora, eds. (2013). Humanities in the Twenty-First Century - Beyond Utility and Markets (em ingles). [S.l.]: Palgrave Macmillam. ISBN   978-0-230-36665-7  
  • Bod, Rens (2013). A New History of the Humanities - The Search for Principles and Patterns from Antiquity to the Present (em ingles). [S.l.]: Oxford University Press. ISBN   9780199665211  
  • Eve, Martin Paul (2014). Open Access and The Humanities - Contexts, Controversies and the Future (em ingles). [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN   978-1-107-09789-6