Giorgio Agamben

Origem: Wikipedia, a enciclopedia livre.
Giorgio Agamben
Giorgio Agamben
Nascimento 22 de abril de 1942  (82 anos)
Roma
Nacionalidade Italiano
Cidadania Italia
Conjuge Ginevra Bompiani
Alma mater
Ocupacao Filosofo
Principais trabalhos Profanacoes (2005)
Premios
  • Premio Europeu de Ensaio Charles Veillon (2006)
  • Premio Albertus-Magnus (2007)
  • Premio Dr. Leopold Lucas (2021)
Empregador(a) Universidade do Noroeste , Universidade da California em Berkeley , European Graduate School , Instituto Warburg , Universidade de Dusseldorf , University of Macerata, IUAV University of Venice, The New School , Universidade de Verona , College international de philosophie , Universita della Svizzera italiana
Obras destacadas Where Are We Now? The Epidemic as Politics
Movimento estetico filosofia continental

Giorgio Agamben ( Roma , 22 de abril de 1942 ) e um filosofo italiano , autor de obras que percorrem temas que vao da estetica a politica . Seus trabalhos mais conhecidos incluem sua investigacao sobre os conceitos de estado de excecao e homo sacer .

Biografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Formado em Direito , em 1965 , com uma tese sobre o pensamento politico de Simone Weil , participou dos seminarios promovidos por Martin Heidegger , no fim dos anos 1960 . Em 1974 , transferiu-se para Paris, onde ensinou na Universidade de Rennes 2 - Haute Bretagne. No ano seguinte, trabalhou em Londres . Entre 1986 e 1993 dirigiu o College international de philosophie em Paris. De 1988 a 2003 ensinou nas universidades de Macerata e de Verona . De 2003 a 2009 lecionou Estetica e Filosofia , no Instituto Universitario de Arquitetura (IUAV) de Veneza . Em seguida decidiu abandonar a atividade de ensino nas universidades italianas. [ 1 ] Atualmente dirige a colecao "Quarta prosa" da editora Neri Pozza. na Universita IUAV em Veneza . A sua producao se concentra nas relacoes entre a filosofia, a literatura, a poesia e, fundamentalmente, a politica.

Tambem foi professor visitante em varias universidades americanas, de Berkeley a Northwestern University , em Evanston , e na Universidade Heinrich Heine , de Dusseldorf .

Responsavel pela edicao italiana da obra de Walter Benjamin , foi professor visitante da New York University , antes de se decidir a nao mais entrar nos Estados Unidos , em protesto contra a politica de seguranca do governo Bush . [ 2 ]

Entre as suas publicacoes principais, destacam-se Bartleby, la formula della creazione (1993) - uma analise da figura de um escrivao que deixa de escrever (≪preferiria nao≫), que e uma quase reflexao indirecta sobre o seu proprio metodo de escritor e de filosofo - e o imenso projecto, do qual se ocupa desde o inicio dos anos 1990 , e que se refere a uma figura juridica singular do antigo direito romano : o homo sacer ou ≪homem sagrado≫. A publicacao de Homo sacer: Il potere sovrano e la nuda vita (Torino: Einaudi, 1995), um estudo que o leva ao reconhecimento internacional, marca a primeira fase dessa investigacao.

Agamben recebeu o Prix Europeen de l'Essai Charles Veillon em 2006. [ 3 ]

Controversias [ editar | editar codigo-fonte ]

Agamben, em artigo publicado por Il Manifesto no dia 26 de fevereiro de 2020, escreveu que a Pandemia de COVID-19 era uma “invencao”, [ 4 ] “uma verdadeira necessidade de estados de panico coletivo, para o qual a epidemia mais uma vez oferece o pretexto ideal. Assim, em um perverso circulo vicioso, a limitacao da liberdade imposta pelos governos e aceita em nome de um desejo de seguranca que foi induzido pelos proprios governos que agora intervem para satisfaze-lo.” [ 5 ] [ 6 ]

Um artigo brasileiro alega que esse posicionamento teria sido uma leitura superficial do pensamento de Agamben, pois o autor nao estaria fazendo uma analise da COVID-19 a luz da epidemiologia e demais ciencias naturais , mas que estaria, na realidade, exercendo o seu oficio de filosofo no sentido de criticar a nocao de epidemia em termos gerais, a qual nao se limitaria a mero fator sanitario, mas que seria um produto da bio-tanatopolitica [ necessario esclarecer ] praticada pelos Estados Democraticos desde o seculo XVIII [ 7 ] .

De qualquer forma, o posicionamento de Agamben foi alvo de forte critica de diversos filosofos, tais como Sergio Benvenuto , Roberto Esposito , Divya Dwivedi , Shaj Mohan , Jean-Luc Nancy e outros. [ 8 ]

Obras publicadas [ editar | editar codigo-fonte ]

  • L'uomo senza contenuto , Milano, Rizzoli, 1970 (Macerata, Quodlibet, 1994) ? (edicao brasileira: O homem sem conteudo. Traducao de Claudio Oliveira. Belo Horizonte: Autentica, 2012.);
  • Stanze. La parola e il fantasma nella cultura occidentale , Torino, Einaudi, 1979, reedicao ed. Einaudi, 2006 ? (edicao brasileira: Estancias: A palavra e o fantasma na cultura ocidental. Traducao de Selvino Assmann. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.);
  • Infanzia e storia. Distruzione dell'esperienza e origine della storia , Torino, Einaudi 1979 ? (edicao brasileira: Infancia e historia: Destruicao da experiencia da historia. Traducao de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.);
  • Gusto , in Ruggiero Romano (a cura di), Enciclopedia Einaudi , vol. 6, Torino: Einaudi, 1979, pp. 1019?38 ? (edicao brasileira: Gosto . Traducao de Claudio Oliveira. Belo Horizonte: Autentica, 2017.);
  • Il linguaggio e la morte , Torino, Einaudi, 1982 ? (edicao brasileira: Linguagem e morte: Um seminario sobre o lugar da negatividade. Traducao de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.);
  • La fine del pensiero , Paris, Le Nouveau Commerce, 1982 ? (edicao brasileira: O fim do pensamento . Traducao de Alberto Pucheu Neto. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2004.);
  • Idea della prosa , Milano, Feltrinelli, 1985 (Macerata, Quodlibet, 2002) ? (edicao portuguesa: A ideia da prosa . Traducao de Joao Barrento. Lisboa: Cotovia, 1999; edicao brasileira: Ideia da Prosa. Traducao de Joao Barrento. Belo Horizonte: Autentica, 2012.)
  • La comunita che viene , Torino, Einaudi, 1990 ? (edicao portuguesa: A comunidade que vem . Traducao de Antonio Guerreiro. Lisboa: Presenca, 1993; edicao brasileira: A comunidade que vem. Traducao de Claudio Oliveira. Belo Horizonte: Autentica, 2012.);
  • Bartleby, la formula della creazione , Macerata, Quodlibet, 1993, com Gilles Deleuze ? (edicao portuguesa: Bartleby, Escrita da Potencia . Traducao de Pedro A.H. Paixao e Manuel Rodrigues. Lisboa: Assirio & Alvim , 2008; edicao brasileira: Bartleby, ou da contingencia seguido de Bartleby, o escrevente: Uma historia de Wall Street . Traducao de Tomaz Tadeu e Vinicius Honesko. Belo Horizonte: Autentica, 2015.)
  • Homo sacer. Il potere sovrano e la nuda vita , Torino, Einaudi, 1995 ? (edicao portuguesa: Homo Sacer: O poder soberano e a vida nua . Traducao de Antonio Guerreiro. Lisboa: Presenca, 1998; edicao brasileira: Homo Sacer: O poder soberano e a vida nua . Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.);
  • Mezzi senza fine. Note sulla politica , Torino, Bollati Boringhieri, 1996 ? (edicao brasileira: Meios sem fim: Notas sobre a politica . Traducao de Davi Pessoa. Belo Horizonte: Autentica, 2015.);
  • Categorie italiane. Studi di poetica e di letteratura. Venezia: Marsilio, 1996 (2ª ed. ampliada: Roma-Bari: Laterza, 2010. con posfazione di Andrea Cortelessa). ? (edicao brasileira: Categorias italianas: Estudos de po e tica e de literatura. Traducao de Carlos Eduardo S. Capela e Vinicius Nicastro Honesko. Florianopolis: Editora UFSC, 2015.);
  • Image et memoire , Paris, Hoebeke, 1998;
  • Quel che resta di Auschwitz. L'archivio e il testimone , Torino, Bollati Boringhieri, 1998 ? (edicao brasileira: O que resta de Auschwitz: O aquivo e a testemunha [Homo Sacer, III]. Traducao de Selvino Assmann, apresentacao de Jeanne-Marie Gagnebin. Sao Paulo: Boitempo Editorial, 2008.);
  • Il tempo che resta , Torino, Bollati Boringhieri, 2000 ? (edicao brasileira: O tempo que resta: Um comentario a Carta aos Romanos. Traducao de Davi Pessoa. Belo Horizonte: Autentica, 2016.);
  • L'aperto. L'uomo e l'animale , Torino, Bollati boringhieri, 2002 ? (edicao portuguesa: O aberto: O homem e o animal . Traducao de Andre Dias e Ana Bigotte Vieira. Lisboa: Edicoes 70, 2011; edicao brasileira: O aberto: O homem e o animal . Rio de Janeiro: Civilizacao Brasileira, 2017.);
  • L'ombre de l'amour , Paris, Rivages, 2003 (con Valeria Piazza);
  • Stato di Eccezione, Torino, Bollati Boringhieri, 2003 ? (edicao portuguesa: Estado de excepcao . Lisboa: Edicoes 70, 2010; edicao brasileira: Estado de excecao [Homo Sacer, II, 1] . Traducao de Iraci Poletti. Sao Paulo: Boitempo Editorial , 2004.);
  • La potenza del pensiero. Saggi e conferenze , Neri Pozza, 2005 ? (edicao portuguesa: A potencia do pensamento . Traducao de Antonio Guerreiro. Lisboa: Relogio D'Agua, 2013; edicao brasileira: A potencia do pensamento: Ensaios e conferencias. Traducao de Antonio Guerreiro, revista por Claudio Oliveira. Belo Horizonte: Autentica, 2015);
  • Profanazioni , Nottetempo, 2005 ? (edicao portuguesa: Profanacoes . Traducao de Luisa Feijo. Lisboa: Cotovia, 2006; edicao brasileira: Profanacoes . Traducao de Selvino Assmann Sao Paulo, Boitempo Editorial , 2007.);
  • Che cos'e un dispositivo? , Nottetempo, 2006 ? (edicao portugesa: O que e um dispositivo? . Traducao de Nilceia Valdati. Santa Maria: Palloti, 2006; edicao brasileira: O amigo & o que e um dispositivo? Traducao de Vinicius Nicastro Honesko. Chapeco: Argos, 2009.);
  • L'Amico , Nottetempo, 2007 ? (edicao portuguesa: O amigo . Lisboa: Pedago, 2013; edicao brasileira: O amigo & o que e um dispositivo? . Traducao de Vinicius Nicastro Honesko. Chapeco: Argos, 2009.);
  • Ninfe , Torino, Bollati Boringhieri, 2007 ? (edicao brasileira: Ninfas. Traducao de Renato Ambrosio. Sao Paulo: Hedra, 2012.);
  • Il regno e la gloria. Per una genealogia teologica dell'economia e del governo. Homo sacer. Vol 2/2 , Neri Pozza, 2007 ? (em portugues: O reino e a gloria: Por uma genealogia teologica da economia e do governo [Homo Sacer, II, 2]. Traducao de Selvino Assmann. Sao Paulo: Boitempo Editorial , 2011.);
  • Che cos'e il contemporaneo? , Nottetempo, 2008 ? (edicao brasileira: O que e o contemporaneo? e outros ensaios . Traducao de Vinicius Nicastro Honesko. Chapeco: Argos, 2009.);
  • Il sacramento del linguaggio. Archeologia del giuramento , 2008 ? (edicao brasileira: O sacramento da linguagem. Arqueologia do juramento . Traducao de Selvino Jose Assmann. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.);
  • Signatura rerum. Sul Metodo , Torino, Bollati Boringhieri, 2008 ? (edicao brasileira: Signatura rerum: Sobre o metodo. Traducao de Andrea Santurbano e Patricia Peterle. Sao Paulo: Boitempo Editorial , 2019.);
  • Nudita. Roma: Nottetempo, 2009 ? (edicao portuguesa: Nudez . Traducao de Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relogio D'Agua, 2010; edicao brasileira: Nudez. Traducao de Davi Pessoa. Belo Horizonte: Autentica, 2014.);
  • Angeli. Ebraismo Cristianesimo, Islam , a cura di E. Coccia e G. Agamben. Vicenza, Neri Pozza, 2009;
  • La Chiesa e il Regno , Roma, Nottetempo, 2010 ? (edicao brasileira: A igreja e o reino . Traducao de Pedro Fonseca. Belo Horizonte: Ayine, 2016.);
  • La ragazza indecibile. Mito e mistero di Kore (con Monica Ferrando), Milano, Electa Mondadori, 2010;
  • Altissima poverta. Regola e forma di vita nel monachesimo. Homo sacer. Vol 4/1 , Vicenza, Neri Pozza, 2011 ? (edicao brasileira: Altissima pobreza: Regras monasticas e formas de vida [Homo Sacer, IV, 1] . Traducao de Selvino Assmann. Sao Paulo: Boitempo Editorial , 2014.);
  • Opus Dei. Archeologia dell’ufficio. Homo sacer. Vol 2/5 , Torino, Bollati Boringhieri, 2012 ? (edicao brasileira: Opus dei: Arqueologia do sacrificio [Homo Sacer, II, 5] . Traducao de Daniel Arruda Nascimento. Sao Paulo: Boitempo Editorial , 2013.);
  • Pilato e Gesu. Roma: Nottetempo, 2013 ? (edicao brasileira: Pilatos e Jesus. Traducao de Patricia Peterle e Silvana de Gaspari, apresentacao de Vinicius Nicastro Honesko. Sao Paulo: Boitempo Editorial e Editora UFSC, 2014.);
  • Il mistero del male: Benedetto XVI e la fine dei tempi . Roma: Laterza, 2013 ? (edicao brasileira: O misterio do mal: Bento XVI e o fim dos tempos. Traducao de Patricia Peterle e Silvana de Gaspari. Sao Paulo: Boitempo Editorial e Editora UFSC, 2015.);
  • Il fuoco e il racconto. Roma: Nottetempo, 2014 ? (edicao brasileira: O fogo e o relato: Ensaios sobre criacao, escrita, arte e livros . Sao Paulo: Boitempo Editorial , 2018.);
  • L'Uso dei corpi. Homo Sacer IV, 2. Vicenza: Neri Pozza, 2014 ? (edicao brasileira: O uso dos corpos [Homo Sacer, IV, 2] . Traducao de Selvino J. Assmann. Sao Paulo: Boitempo Editorial , 2017.);
  • L'avventura , Roma: Nottetempo, 2015 ? (edicao brasileira: A aventura . Traducao de Claudio Oliveira. Belo Horizonte: Autentica, 2018).

Referencias

  1. Laterza
  2. ≪Giorgio Agamben, ≪No to Bio-Political Tattooing≫, in Le Monde , 10 de Janeiro 2004≫  
  3. Giorgio Agamben - Prix Europeen de l'Essai Charles Veillon 2006 pour l’ensemble de son oeuvre
  4. Frateschi, Yara (12 de maio de 2020). ≪Agamben sendo Agamben: o filosofo e a invencao da pandemia≫ . Blog da Editora Boitempo. Em suas reflexoes sobre a crise do coronavirus, Giorgio Agamben chega as raias do rompimento com a verdade factual e nem mesmo as milhares de mortes ou o colapso dos sistemas de saude em diversos paises do mundo o demovem da tese de que as medidas de contencao, como o distanciamento social, sejam “irracionais” e “imotivadas”.  
  5. ≪Lo stato d'eccezione provocato da un'emergenza immotivata≫ (em italiano)  
  6. ≪Giorgio Agamben and the new state of exception - the coronavirus.≫ (em portuguese)  
  7. Buchard, Alan (13 de julho de 2020). ≪Estado de excecao e emergencia sanitaria: Giorgio Agamben sobre a pandemia por coronavirus≫ . Revista Investigacoes Filosoficas . Consultado em 19 de dezembro de 2020 . No conjunto de textos de Giorgio Agamben sobre a atual pandemia por Sars-CoV-2 procurei destacar os pontos principais da argumentacao do filosofo italiano. A finalidade foi apresentar o quadro geral das teses e dos corolarios desenvolvidos pelo filosofo. Verificou-se que no primeiro texto a “epidemia” e tida no contexto contemporaneo como um dispositivo de justificacao para o decreto do estado de excecao. Mais do que um fator sanitario, a nocao de epidemia e um produto, isto e, uma invencao, da bio-tanatopolitica exercida pelos Estados Democraticos desde o seculo XVIII.  
  8. ≪On Pandemics. Nancy, Dwivedi, Mohan, Esposito, Nancy, Ronchi | European Journal of Psychoanalysis≫ (em ingles) . Consultado em 4 de janeiro de 2021  

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]