Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling

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Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling
Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling
F. W. J. Schelling por Joseph Karl Stieler , 1835
Nascimento 27 de janeiro de 1775
Leonberg , Alemanha
Morte 20 de agosto de 1854  (79 anos)
Bad Ragaz , Suica
Alma mater Universidade de Tubinga
Universidade de Leipzig
Magnum opus As Idades do Mundo
Escola/tradicao Filosofia ocidental
Idealismo alemao
Idealismo transcendental
Filosofia da natureza
Principais interesses ciencias naturais , epistemologia , estetica , filosofia crista
Ideias notaveis
Assinatura

Friedrich Wilhelm Joseph Schelling ( Leonberg , 27 de janeiro de 1775 ? Bad Ragaz , 20 de agosto de 1854 ) foi um filosofo alemao e um dos principais representantes do idealismo alemao e do romantismo alemao . A carreira de Schelling foi marcada pela constante busca de um sistema que permitiria conciliar a natureza e o espirito humano com o Absoluto , explorando as fronteiras entre arte , filosofia e ciencia . Para isso ele repensou seus metodos filosoficos diversas vezes.

Schelling abordou durante sua vida intelectual uma ampla variedade de temas, tais como as doutrinas da revelacao e da mitologia , a critica ao dualismo , a defesa de uma concepcao dinamica de natureza, alem dos campos da estetica e do dialogo anamnetico. Essa busca o levou a construir, apos investigacoes sobre filosofia transcendental e filosofia da natureza, um sistema que, entre 1801 e 1806, ficou conhecido como "filosofia da identidade", o qual foi criticado pelo seu ex-colega Hegel no prefacio de A Fenomenologia do Espirito (1807). O jovem Schelling buscou ir alem do conceito kantiano de filosofia transcendental e desenvolveu seu proprio sistema, um mais inspirado em Kant e Fichte, outro aproximando-se de Spinoza e da filosofia da natureza . Em seu pensamento tardio, desenvolve ainda outras formas de se filosofar, como o sistema das Eras do Mundo a Filosofia Positiva.

Em um segundo momento, Schelling abandonou o projeto de identidade para se dedicar as obras Investigacoes Filosoficas sobre a Essencia da Liberdade Humana (1809) e As Eras do mundo (1811-1815) onde investigou o rompimento inicial com o Absoluto . Esse projeto - tambem inacabado - influenciou profundamente a ontologia de Heidegger e, mais recentemente, o materialismo de Slavoj ?i?ek . [ 3 ]

Durante sua ultima abordagem filosofica, a Spatphilosophie (filosofia tardia), Schelling desenvolveu A Filosofia da mitologia presente, por exemplo, na Introducao historico critica a filosofia da mitologia (1842) e a Filosofia da revelacao (1841-42) onde analisou a relacao comum entre os conceitos religiosos, tais como o politeismo e cristianismo .Essas reflexoes nao se mostram ineditas em seu pensamento, pois remetem aos estudos iniciais do filosofo em Tubingen [ 4 ] e tambem surgem nos cursos de Filosofia da Arte (1802-1805). [ 5 ] [ 6 ] O diferencial e o novo quadro teorico com o qual aborda esses temas. Em suas ultimas aulas, ele expos um conceito de concretude da vida em oposicao as abstracoes dialeticas de seu ex-colega Hegel. Varios pensadores frequentaram essas aulas, tais como o filosofo Schopenhauer , o existencialista Kierkegaard , e o teorico anarquista Mikhail Bakunin , que se inspirou nas tendencias materialistas de Schelling.

Biografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Foto de 1910 do seminario Stift , onde Schelling estudou com Hegel .

Schelling nasceu no dia 27 de janeiro de 1775 em Leonberg em Baden-Wurttemberg , Alemanha . [ 7 ] Seu pai foi um pastor luterano, descrito pelo proprio filho como "um homem de estudos, um dos melhores discipulos de Michaelis de seu tempo". Foi com ele que Schelling aprendeu os idiomas arabe e hebraico . [ 8 ]

Ele cursou o ensino medio em Nurtingen , onde aprendeu latim e grego e foi colega do poeta Friedrich Holderlin . Em outubro de 1790 entrou para o Stift , um seminario protestante da Universidade de Tubinga , onde novamente foi colega de Holderlin e do futuro filosofo Hegel . [ 9 ] Na epoca do seminario, Hegel e Holderlin tinham 27 anos, e Schelling, considerado precoce, 22. [ 10 ] Ele obteve seu diploma de filosofia em 2 anos de estudos com o ensaio Tentativa de explicacao critica e filosofica dos mais antigos filosofemas de Genesis III sobre a origem primeira da maldade humana (1792). [ 9 ] [ 11 ] Em conjunto com seus dois colegas, ele escreveu o texto O Mais Antigo Sistema do Idealismo Alemao (1795-1797). [ 12 ]

Influenciado por Fichte , com quem se reunira em 1794, [ 9 ] Schelling publicou a obra Sobre a Possibilidade de uma Forma da Filosofia em Geral em 1795. Ainda no mesmo ano ele escreveu uma dissertacao teologica sobre o apostolo Paulo de Tarso nomeada De Marcione Paullinarum epistolarum emendatore . [ 13 ] Em 1796 ele passou a lecionar na Universidade de Leipzig , onde continuou seus estudos sobre filosofia da natureza , ja iniciados em seu seminario de Tubingen, e se aprofundou em matematica e medicina . [ 9 ] Com seus livros Ideias para uma filosofia da natureza (1797) e Sobre a alma do mundo (1798) ele conquistou admiracao e amizade do escritor Goethe , que o indicou para a catedra de filosofia na Universidade de Jena . [ 14 ] Em 1800 ele publicou O Sistema do idealismo transcendental, obra em que desenvolve uma filosofia teorica baseada na nocao de epocas da consciencia, [ 15 ] [ 16 ] antecipando o trabalho hegeliano da Fenomenologia do espirito (1807). Ele tambem desenvolve, nesse texto, uma elaborada filosofia pratica [ 17 ] com uma filosofia da historia nos moldes kantianos e um esboco de filosofia a arte fortemente influenciada por, e influente no, primeiro romantismo alemao. [ 6 ] [ 18 ]

O poeta Holderlin foi colega de Schelling em Tubinga .

Em Jena ele conheceu sua futura esposa Caroline Schlegel , entao casada com o poeta August Wilhelm Schlegel . [ 19 ]

Schelling mudou-se para Munique em 1806, cidade em que permaneceria durante 35 anos. Ele se tornou membro da Academia das Ciencias e foi nomeado secretario-geral da entao recem-fundada Academia das Artes Figurativas, interrompendo assim suas atividades como professor. Em 1809, ele publicou seu grande livro Investigacoes Filosoficas sobre a Essencia da Liberdade Humana , poucos meses antes de Caroline morrer. A morte da esposa fez com que Schelling mergulhasse em uma profunda crise existencial. Em 1812 ele se casou com Pauline Gotter, com quem teve seis filhos. Dois de seus filhos, (Karl Friedrich August Schelling e Hermann von Schelling) publicariam futuramente as obras completas de seu pai. [ 9 ]

Durante seu periodo em Munique, Schelling foi duramente criticado pelo filosofo Friedrich Heinrich Jacobi . Em seu livro Das Coisas Divinas e sua revelacao (1811), Jacobi atacou o pensamento schellingiano, acusando-o de restringir a liberdade humana, extinguindo as diferencas entre o bem e o mal. Schelling, contudo, procurou refutar as criticas evidenciando a compatibilidade entre liberdade e necessidade, o infinito e o finito. [ 20 ]

Schelling so voltaria a lecionar em 1820, estimulado por Franz Xaver von Baader e pela recente publicacao do ensaio de Friedrich Schlegel Sobre a Lingua e a Sabedoria dos Indianos (1808). Outro fator decisivo para seu retorno a catedra foi a critica feita por Hegel ao seu pensamento, escrita no livro Prefacio a Fenomenologia do Espirito (1807). Em sua volta como professor, passou a lecionar para o entao principe herdeiro Maximiliano II , futuro rei da Baviera . [ 21 ]

Hegel morreu em 1831 e Schelling foi chamado para ocupar a cadeira de filosofia de seu ex-colega na Universidade Humboldt de Berlim em 1840. La ele lecionou para nomes como Søren Kierkegaard , Alexander Humboldt , Bakunin e Friedrich Engels . [ 20 ]

Schelling morreu de tuberculose no dia 20 de agosto de 1854 em Bad Ragaz , Suica . Suas obras passaram a ser editadas e publicadas a partir do ano de 1856. [ 22 ]

Pensamento [ editar | editar codigo-fonte ]

A obra de Schelling e de dificil enquadramento historico. Alguns historiadores reclamam da falta de unidade entre suas ideias, fato que torna Schelling inclassificavel em um movimento ou escola. Embora as vezes seja enquadrado como um dos representantes do idealismo alemao , a obra de Schelling se difere das dos demais representantes do movimento, [ 23 ] rejeitando a ideia de Hegel de um sistema definitivo de conhecimento. Segundo Schelling a forma unitaria de um sistema sera sempre superada e ajustada em um sistema posterior, mas nenhum em definitivo. [ 24 ] Em resposta a filosofia transcendental de Kant, ele propos uma correspondencia entre a mente e a Natureza em que ambas se identificam progressivamente no Absoluto , o que permite um conhecimento real das coisas e a integracao dos fenomenos e das coisas-em-si (noumenos); ele foi inspirado por um certo panenteismo dos pensamentos teologicos alemaes de sua epoca, por exemplo os de Jakob Bohme , e influenciou a conciliacao de idealismo e realismo na poesia e ciencia de Goethe. [ 25 ] [ 26 ]

A despeito da dificuldade de definicao, Schelling define sua propria filosofia em tres periodos distintos: [ 27 ]

  1. A transicao do metodo de Fichte para uma concepcao mais objetiva da natureza, a chamada Naturphilosophie (filosofia da natureza). [ 28 ]
  2. A formulacao sistematica e definitiva da Naturphilosophie , e o avanco para Identitatsphilosophie (filosofia da identidade). [ 28 ]
  3. Critica a distincao entre filosofia negativa e filosofia positiva de Hegel , tema que foi desenvolvido durante suas aulas em Berlim . [ 28 ]

Naturphilosophie (Filosofia da natureza) [ editar | editar codigo-fonte ]

As obras Ideias para uma Filosofia da Natureza (1797), Da Alma do Mundo (1798) e Primeiro Esboco de Um Sistema da Filosofia da Natureza (1799) compoem a primeira fase de Schelling. Essas obras introduziram interpretacoes fundamentais da natureza que reverberam por meio das ciencias naturais, sobretudo na biologia. Elas compuseram as doutrinas fundamentais da chamada Naturphilosophie . [ 29 ]

Filosofia da Natureza [ editar | editar codigo-fonte ]

Il Mattino , pintura do artista romantico Caspar David Friedrich

A filosofia da natureza de Schelling tem como pressuposto a reintegracao da unidade originaria entre espirito e natureza , a qual teria sido rompida pelo racionalismo . De acordo com Schelling, o ato de ruptura deste estado inicial (ao qual chamou de “estado da natureza”) foi um ato de liberdade responsavel pela instauracao da contradicao entre o ser humano e o mundo exterior. Ele aponta a incapacidade do dualismo cartesiano de considerar a presenca de uma racionalidade no interior da propria natureza, bem como critica a crenca numa razao meramente humana como algo capaz de abarcar a total subjetividade do saber, fundamentando-se no mecanicismo para tal. [ 30 ]

"A partir do momento que o ser humano coloca a si mesmo em oposicao com o mundo exterior, e dado o primeiro passo para a filosofia. Com esta separacao comeca pela primeira vez a racionalizacao; a partir dai o ser humano separa aquilo que a natureza uniu para sempre, ele separa o objeto da intuicao, os conceitos da imagem e, por fim, ele mesmo de si mesmo." [ 30 ]

Schelling tambem critica a teleologia do tipo " design " nesse periodo da filosofia da natureza, julgando-a incapaz de captar o que e mais proprio a natureza: a capacidade de dar fins a si propria, sem necessidade de um Autor externo a ela. [ 31 ] Retomando parcialmente o conceito de anima mundi de Plotino , Schelling chamou de “a alma do mundo” a unidade que move a natureza. Schelling baseou-se na concepcao da identidade essencial da esfera real e ideal como duas visoes diferentes de um mesmo Absoluto, fertilizada pelo estudo de Spinoza e Giordano Bruno . Essas ideias formam parte do conteudo da assim chamada Filosofia de identidade . Schelling desenvolveu essa doutrina pela primeira vez no Zeitschrift fur speculative Physik (1801), depois - misturado a teoria platonica das ideias - em seu estudo onde dialoga com Bruno e nas Palestras sobre o metodo de estudo academico (1802). [ 32 ]

Sobre a Alma do Mundo [ editar | editar codigo-fonte ]

Em Sobre a Alma do Mundo (1798) ele abordou a influencia que a natureza teve sobre o projeto estetico do romantismo alemao . [ 33 ] Schelling "naturaliza" a filosofia transcendental de Fichte , atribuindo a natureza uma atividade autogeradora oposta ao mecanicismo cartesiano e newtoniano . Para ele a natureza regula a acao de forcas opostas que tenderiam a destruicao mutua. [ 34 ]

"A natureza nao e um mero produto de uma criacao inconcebivel, ela e, ao contrario, esta propria criacao. Nao e uma aparicao ou revelacao do eterno. Ela e, ao mesmo tempo, esse proprio eterno." [ 34 ]

Identitatsphilosophie (Filosofia da identidade) [ editar | editar codigo-fonte ]

A Identitatsphilosophie , conhecida como filosofia da identidade, nada mais e senao o aprofundamento sistematico da Naturphilosophie onde Schelling aborda o tema dualismo como uma unidade que representa dois lados ou polos da mesma realidade. Schelling trabalhou nessa sistematizacao no periodo entre 1801 e 1806. [ 35 ]

Schelling recorda que os seus primeiros escritos tinham expressamente como proposito uma mutua compenetracao do realismo e do idealismo, e que o conceito fundamental de Espinosa, alcancou uma base viva, “em um modo superior de considerar a natureza (...), de que resultou a filosofia da natureza”, [ 35 ] que foi sempre considerada por ele, no tocante ao todo da filosofia, apenas como uma parte ? a sua parte real ?, “que so seria capaz de se elevar ao autentico sistema racional quando complementada pela parte ideal, onde domina a liberdade”. [ 35 ]

Na chamada filosofia da identidade, Schelling desenvolve uma filosofia da arte sofisticada, integrando elementos da tradicao platonica, seus estudos de filosofia da natureza e seu convivio com Circulo de Jena, ou seja, os romanticos como Friedrich von Hardenberg (Novalis), Tieck, os irmaos Schlegel, Caroline Schlegel, Friedrich Schleiermacher, Wackenroder, entre outros. A filosofia da arte de Schelling e ancorada na filosofia da natureza e seus conceitos de produtividade, aconsciente, impulso formativo (proveniente do fisiologo e medico Blumenbach), materia (uma concepcao dinamica e idealista, irredutivel ao materialismo convencional), entre outros [ 6 ] . O filosofo alemao revaloriza a mimesis como recriacao a partir do intelecto artistico [ 6 ] [ 36 ] e trabalha a poesia como forma mais originaria de arte, oriunda da propria natureza.

O periodo em Berlim [ editar | editar codigo-fonte ]

Daguerreotipo de Schelling, Hermann Biow em fevereiro de 1848

Durante o periodo em que lecionou em Berlim Schelling chegou a conclusao de que nenhuma doutrina filosofica pode arranhar a realidade, levando apenas a ilusao aos intelectuais, que se detiveram ao conhecimento meramente abstrato. [ 37 ] Em sua filosofia da revelacao, ele afirma que a potencia intermediaria que conserva a consciencia humana foi deduzida dos processos mitologicos. O que ele chama de “revelacao” nada mais e do que a manifestacao divina misturada de maneira indissoluvel com o fracasso do ser humano. [ 37 ]

De acordo com Schelling, se a mitologia for capturada em seu aspecto essencial e nao e julgada a primeira vista como um conjunto de crencas antigas e ultrapassadas, ela conseguira desvelar os sinais e formas em que a historia humana e articulada. [ 38 ] Enquanto o pensamento logico permanece incapaz de captar a particularidade e concretude da realidade que se torna, o mitologico permite um conhecimento mais apropriado dele. O mito, na verdade, e tautegorico, nao alegorico, no sentido de que nao deve ser explicado com base em supostas verdades, mas se expressa apenas como um no particular de desenvolvimento da longa e significativa jornada da consciencia humana. [ 39 ]

Mas enquanto a mitologia nao vai alem de uma concepcao puramente naturalista de Deus, a filosofia do Apocalipse, possibilitada pela proclamacao crista, consegue elevar-se a um tipo de conhecimento sobrenatural. Para Schelling, a essencia do cristianismo e dada por sua natureza intimamente historica, expressa em particular na encarnacao de Cristo. Nisto reside o imenso valor da religiao crista, cujo conteudo fundamental nao deve ser reduzido, como Hegel queria, [ 40 ] a um conjunto de preceitos morais ditados pela razao, dos quais a historia humana de Jesus representaria apenas o envelope externo: “O conteudo fundamental do cristianismo e precisamente o proprio Cristo, nao o que Ele disse, mas o que Ele e, o que Ele fez. O cristianismo nao e imediatamente uma doutrina, e uma realidade". [ 41 ]

Para Schelling, a partir da pura realidade da existencia, de uma facticidade, que ja e sempre antes da autoconsciencia e antes da capacidade do pensamento de compreende-la no conceito. Essa “imemorialidade” da origem e a “exuberancia do ser” que nos provoca admiracao, porque nos expoe ao Infinito que existe incondicionalmente e sem fundamento. E isso nos expoe a nossa propria finitude e mortalidade. [ 42 ]

Kierkegaard inicialmente se entusiasmou com as aulas , mais tarde, passou a critica-las.

A atencao do publico foi poderosamente atraida por essas vagas sugestoes de um novo sistema que prometia algo mais positivo, especialmente no tratamento da religiao, do que os resultados aparentes dos ensinamentos de Hegel. O aparecimento de escritos criticos de David Friedrich Strauss , Ludwig Feuerbach e Bruno Bauer , e a evidente desuniao na propria escola hegeliana, expressam uma crescente alienacao da filosofia entao dominante. Em Berlim, sede dos hegelianos, isso se expressou nas tentativas de obter oficialmente de Schelling um tratamento do novo sistema. A realizacao do desejo nao ocorreu ate 1841, quando a nomeacao de Schelling como conselheiro particular da Prussia e membro da Academia de Berlim lhe deu o direito, um direito que ele foi solicitado a exercer, ministrando palestras na universidade de Berlin. [ 43 ] Entre os participantes de suas palestras estavam Søren Kierkegaard (Kierkegaard inicialmente parecia estar muito entusiasmado com Schelling, mas com o tempo ele foi se cansando e parou de fazer anotacoes. Em uma carta a seu irmao, de fevereiro de 1842, ele escreve, "Schelling fala as tolices mais insuportaveis. Estou velho demais para frequentar prelecoes, assim como Schelling esta velho demais para da-las.") [ 44 ] Mikhail Bakunin (que classificou as aulas como "interessantes, mas bastante insignificantes). Jacob Burckhardt , Alexander von Humboldt [ 45 ] [ 46 ] (que nunca aceitaram a filosofia natural de Schelling), [ 47 ] e Friedrich Engels (que, como partidario de Hegel, se certificou de "proteger a sepultura do grande homem do abuso "). [ 48 ] A palestra de abertura do curso de Schelling foi ouvida por uma grande e entusiasmada audiencia. A inimizade de seu antigo inimigo, HEG Paulus, agucada pelo aparente sucesso de Schelling, levou a publicacao clandestina de uma transcricao literal das palestras sobre a filosofia da revelacao e, como Schelling nao conseguiu obter condenacao legal e a supressao dessa pirataria, em 1845, deixou de ministrar cursos publicos. [ 43 ]

Influencia e Legado [ editar | editar codigo-fonte ]

Zizek e um dos autores contemporaneos influenciados por Schelling.

Schelling foi importante no romantismo alemao e no pre-romantico Goethe, que anotou muitas vezes em seu diario ter lido Schelling e ficado impressionado com seus escritos. [ 49 ] Novalis (Friedrich von Hardenberg) (1772-1801) o cita muitas vezes. "Tanto Friedrich Wilhelm Joseph Schelling (1775-1854) quanto Novalis reconhecem a natureza como organismo dotado de inteligencia propria, algo que remete ao neoplatonismo; porem, enquanto Schelling explorara bastante a ideia da natureza como produtividade, Hardenberg se aventurara na tematica da natureza como livro a ser desvendado, sendo mais fiel a um pano de fundo teosofico". [ 50 ] Muitas vezes, Novalis polemiza com Schelling, por exemplo, sobre a questao do flogistico (com que este discorda e aquele concorda, sendo Schelling adepto do oxigenio para se explicar a combustao). [ 51 ] "Carl August Eschenmayer (1768-1852) e um importante filosofo da natureza romantico, interlocutor frequente de Schelling tanto em questoes de filosofia da natureza quanto em temas de filosofia da religiao". [ 51 ]

A influencia de Schelling em Hegel e notavel e, embora este nao tenha sido tao original quanto aquele ou quanto Fichte, sem duvida foi mais rigoroso metodologicamente que os dois e aprofundou na investigacao do mundo social e da esfera logica da realidade.

Durante decadas o pensamento de Schelling foi subestimado e ficou restrito a um pequeno grupo de estudiosos. Contudo, o interesse pela obra de Schelling foi crescendo paulatinamente e passou a ser estudado pela perspectiva de diversas areas cientificas e filosoficas, tais como a biologia , [ 29 ] o naturalismo , a estetica , a epistemologia e a ontologia . [ 52 ]

O pensamento de Schelling ainda e estudado, embora sua reputacao tenha variado ao longo do tempo. Seu trabalho impressionou o poeta e critico romantico ingles Samuel Taylor Coleridge , que introduziu suas ideias na cultura de lingua inglesa, as vezes sem pleno reconhecimento, como na Biographia Literaria. O trabalho critico de Coleridge foi influente, e foi ele quem introduziu na literatura inglesa o conceito de inconsciente de Schelling. O Sistema de Idealismo Transcendental de Schelling foi visto como um precursor da Interpretacao dos Sonhos (1899), de Sigmund Freud . [ 53 ]

Em relacao a psicologia, Schelling foi considerado como tendo cunhado o termo " inconsciente ". Slavoj ?i?ek escreveu dois livros tentando integrar a filosofia de Schelling, principalmente suas obras do periodo intermediario, incluindo Weltalter , com a obra de Jacques Lacan . [ 54 ] [ 55 ] Em seu trabalho The Indivisible Remainder , ?i?ek confrontou Schelling com Hegel usando as ideias schellinganas para analisar assuntos contemporaneos, tais como as consequencias de uma vida virtual na experiencia sexual; o cinismo como a forma predominante de ideologia e os impasses epistemologicos da fisica quantica. [ 3 ]

A oposicao e divisao em Deus e, portanto, o problema do mal em Deus enfrentado pelo Schelling tardio influenciaram o pensamento de Luigi Pareyson . [ 56 ] [ 57 ] [ 58 ] Ken Wilber coloca Schelling como um dos dois filosofos que "depois de Platao, tiveram o impacto mais amplo sobre a mente ocidental". [ 59 ]

Martin Heidegger foi um dos grandes filosofos influenciados pelos pensamentos de Schelling. Durante uma aula feita na Universidade de Friburgo , Heiddeger afirmou que: [ 60 ]

Para Schelling, nao e Deus que e rebaixado ao nivel do homem, mas ao contrario, o homem que experimenta aquilo que o conduz e o expoe alem de si mesmo; ele experimenta, segundo suas necessidades, gracas as quais ele e determinado como o que e inteiramente outro (...) O homem: esse Outro que ele tem de ser enquanto tal, para que Deus possa revelar-se em geral gracas a ele, se ele se revela." [ 60 ]

O impacto de todas as fases da filosofia de Schelling continua relevante. [ 61 ] Uma conferencia internacional sobre Schelling foi realizada em 1954, ano do centenario de sua morte. [ 61 ] Varios filosofos fizeram apresentacoes onde discorreram sobre a singularidade e relevancia do autor. Schelling foi o tema da dissertacao de Jurgen Habermas , apresentada no mesmo ano. [ 62 ] [ 63 ] Em 1955 Karl Jaspers publicou um livro intitulado de Schelling , onde o apresentava como o grande precursor do existencialismo . [ 63 ]

Walter Schulz , um dos organizadores da conferencia de 1954, publicou um livro afirmando que Schelling havia abarcado todo o idealismo alemao com sua filosofia tardia, particularmente com suas palestras em Berlim na decada de 1840. De acordo com Schulz, Schelling resolveu os problemas filosoficos que Hegel nao finalizara. [ 63 ]

Estudioso de Schelling, o Teologo Paul Tillich escreveu: "O que eu aprendi com Schelling tornou-se determinante do meu proprio desenvolvimento filosofico e teologico". [ 63 ]

Baseando-se na dialetica especulativa, Schelling antecipou uma importante tese sobre a natureza da luz , a qual o Nobel de Fisica Louis de Broglie comprovou a validade apenas 150 anos mais tarde. [ 64 ]

Na filosofia lusofona , exerceu profunda influencia no filosofo luso-brasileiro Eudoro de Sousa , [ 65 ] e no filosofo paulista Vicente Ferreira da Silva , que afirmou:

Entre os titas do idealismo alemao, constituido pela triade Fichte, Hegel e Schelling, e sem duvida este ultimo que atualmente monopoliza a atencao do mundo culto, alternando-se os pronunciamentos sobre a importancia decisiva de sua obra, nao so parte dos filosofos propriamente ditos, como tambem por parte dos etnologos e historiadores da religiao. [ 66 ]

Rubens Rodrigues Filho foi um dos primeiros tradutores de Schelling para o portugues e a influencia do alemao pode ser vista ao longo de seus ensaios. [ 67 ]

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

  • 1793 - Ueber Mythen, historische Sagen und Philosopheme der altesten Welt ( Sobre mitos, lendas historicas e temas filosoficos da antiguidade primeva ) [ 68 ]
  • 1795 - "Vom Ich als Prinzip der Philosophie" Sobre o eu como principio da filosofia
  • 1795-96 - "Philosophische Briefe Uber Dogmatismus und Kriticismus" Cartas filosoficas sobre dogmatismo e criticismo
  • 1796 - "Neue Deduktion des Naturrechts" Nova deducao do direito natural
  • 1796-1798 - "Allgemeine Ubersicht" Panorama geral
  • 1795 - De Marcione Paulinarum epistolarum emendatore [ 69 ] [ 70 ]
  • 1797 - Ideen zu einer Philosophie der Natur als Einleitung in das Studium dieser Wissenschaft (Ideias para uma filosofia da natureza como introducao ao estudo dessa ciencia)
  • 1798 - Von der Weltseele (Sobre a alma do mundo)
  • 1800 - System des Transzendentalen Idealismus (Sistema do idealismo transcendental)
  • 1800 - Allgemeine Deduction des dynamischen Processes (Deducao geral do processo dinamico)
  • 1801 - Ueber den wahren Begriff der Naturphilosophie und die richtige Art ihre Probleme aufzulosen (Sobre o verdadeiro conceito de filosofia da natureza e o modo correto de resolver seus problemas)
  • 1801 - Darstellung meines Systems der Philosophie (Apresentacao do meu sistema de filosofia)
  • 1802 - Bruno oder uber das gottliche und naturliche Prinzip der Dinge (Bruno, ou sobre o principio divino e natural das coisas)
  • 1802-1803 - Vorlesungen uber die Methode des akademischen Studiums (Licoes sobre o metodo de estudo academico)
  • 1802-1805- Philosophie der Kunst (Nachlass) (Filosofia da arte - postumo)
  • 1804 - System der gesamten Philosophie und der Naturphilosophie insbesondere ('Nachlass') (Sistema do todo da filosofia e da filosofia da natureza em particular. Postumo)
  • 1809 - Philosophische Untersuchungen uber das Wesen der menschlichen Freiheit und die damit zusammenhangenden Gegenstande (Investigacoes filosoficas sobre a essencia da liberdade humana e os objetos a ela relacionados)
  • 1810 - Clara. Oder uber den Zusammenhang der Natur mit der Geisterwelt ( Nachlass ) (Clara. ou sobre a conexao entre a natureza e o mundo espiritual)
  • 1811?15 - Weltalter (Eras do mundo)
  • 1815 - Ueber die Gottheiten von Samothrake (Sobre as divindades da Samotracia)
  • 1830 - Darstellung des philosophischen Empirismus (Nachlass') (Apresentacao do empirismo filosofico. Postumo)
  • 1833?4 - Zur Geschichte der neueren Philosophie (Para a historia da filosofia mais recente)
  • 1842 - Historisch-kritische Einleitung in der Philosophie der Mythologie (Introducao historico-critica a filosofia da mitologia)
  • 1854 - Philosophie der Offenbarung (Filosofia da revelacao)

Obras traduzidas para o portugues [ editar | editar codigo-fonte ]

Referencias

  1. The term absoluter Idealismus occurs for the first time in Schelling's Ideen zu einer Philosophie der Natur als Einleitung in das Studium dieser Wissenschaft ( Ideas for a Philosophy of Nature: as Introduction to the Study of this Science ), Vol. 1, P. Krull, 1803 [1797], p. 80.
  2. Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling by Saitya Brata Das in Internet Encyclopedia of Philosophy , 2011.
  3. a b Zizek, Slavoj. The Indivisible Remainder: On Schelling and Related Matters (em ingles). [S.l.: s.n.] p. 17-35. ISBN   1844675815  
  4. ASSUMPCAO, G. A. A recepcao em duas vias da teologia em Schelling na decada de 1790. Revista Cogitationes , vol IV, n. 11, ago-nov 2013, p. 4-18. Disponivel em: < https://www.academia.edu/67225717/A_RECEP%C3%87%C3%83O_EM_DUAS_VIAS_DA_TEOLOGIA_EM_SCHELLING_NA_D%C3%89CADA_DE_1790 >.
  5. AZEVEDO, C. A. de. A Filosofia da arte e os primeiros elementos para a formulacao da filosofia da mitologia. Artefilosofia , v. 8, n. 15, p. 15-24, 2013. Disponivel em: <https://periodicos.ufop.br/raf/article/view/531/487>. Acesso em: 26 jun. 2023.
  6. a b c d ASSUMPCAO, Gabriel Almeida (2022). Criacao das artes plasticas e produtividade da natureza em Friedrich Schelling . Sao Paulo: Edicoes Loyola. pp. 131?155. ISBN   9786555041965  
  7. Tilliette, Xavier. Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling : biographie (em frances). [S.l.]: CNRS. p. 171-173. ISBN   2271068703  
  8. Tilliette, Xavier. Schelling (em frances). [S.l.]: CNRS. p. 15. ISBN   2271068703  
  9. a b c d e ≪Friedrich Wilhelm Joseph Schelling≫ (em alemao). Biographie Wunschliste . Consultado em 10 de maio de 2017  
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  13. Schelling, Friedrich Wilhelm Joseph (1795). De Marcione paullinarum epistolarum emendatore (em latim). [S.l.: s.n.]  
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  38. Nel breve trattato Le divinita di Samotracia , ad esempio, pur considerato un saggio estraneo alla speculazione filosofica e di impronta prettamente filologica , Schelling mostra come le narrazioni di ordine mitico-simbolico possano essere, se opportunamente interpretate, una materia prolifica per il pensiero speculativo. Egli, infatti, nell'approfondire il significato concettuale delle divinita di Samotracia (tracciando anche interessanti analogie con le piu note divinita del pantheon greco-romano), anticipa la fondamentale idea per cui il mito non e soltanto una semplice narrazione fantastica, ma rappresenta invece un importante strumento per la comprensione dell'immaginazione come una delle forme fondamentali del relazionarsi alla realta fenomenica (cfr. Paolo Bellini, F. W. J. Schelling, Le divinita di Samotracia , a cura di F. Sciacca, Il melangolo, Genova, 2009).
  39. Nell'opera, inoltre, Schelling sembra accettare un'ipotesi molto in voga durante la fine del XVIII secolo, secondo cui, come sembravano rivelare numerose leggende mitiche, le piu arcaiche evidenze scientifiche dell'antichita altro non fossero che le vestigia rimaste della scienza di un popolo piu remoto, antichissimo e ormai completamente dimenticato (G. W. F. Hegel, Lectures on the Philosophy of Religion [english translation], p. 428). Il principale propugnatore di tale ipotesi era stato l' astronomo francese Jean Sylvain Bailly , che si era occupato soprattutto di studiare la mitologia cinese e indiana; Schelling sembra accettare le ipotesi di Bailly sebbene preferisca riferirsi piu alla mitologia greca e alla Kabbala piuttosto che alle antiche leggende orientali (F. Schelling, Ueber die Gottheiten zu Samothrake , pp. 25-37).
  40. Cfr. la concezione spiritualistica e astorica del cristianesimo formulata da Hegel, che emerge in particolare nelle sue Lezioni sulla filosofia della storia , 1837.
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