Francisco Caldeira Castelo Branco
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Nascimento
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1566
Castelo Branco
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Morte
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1619
Lisboa
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Cidadania
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Reino de Portugal
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Ocupacao
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explorador, administrador colonial
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Francisco Caldeira Castelo Branco
(
1566
-
1619
) foi um
capitao-mor
portugues, fundador da cidade de
Santa Maria de Belem do Grao-Para
, capital do Estado do
Para
, em
12 de janeiro
de
1616
.
Francisco Caldeira Castelo Branco
[
1
]
teria nascido na localidade portuguesa de
Castelo Branco
, em
1566
.Fontes mais recentes indicam que nasceu no Crato, no distrito de Portalegre, tambem em Portugal e, mais ainda, que se chamou mesmo
Francisco Caldeira de Castelo Branco
, como o demonstram as fontes existentes no
Arquivo Historico Ultramarino
, em Lisboa.
Foi Capitao-mor da
Capitania do Rio Grande
de
1612
a
1614
(atual estado do
Rio Grande do Norte
) e da
Capitania da Bahia
de
1615
a
1618
. Quando servia na guarnicao de
Pernambuco
, foi enviado como comandante de uma expedicao em socorro as tropas portuguesas que, sob o comando de
Jeronimo de Albuquerque
, lutavam contra os
franceses
no
Maranhao
.
Em
1615
, apos a expulsao dos franceses,
Gaspar de Sousa
,
governador-geral
do
Brasil
, substituiu Jeronimo de Albuquerque por
Alexandre de Moura
que, entre outras medidas, preparou uma expedicao militar para expulsar estrangeiros (franceses,
holandeses
,
ingleses
) que se tivessem estabelecido no
Grao-Para
. Para o comando da expedicao, escolheu Francisco Caldeira, que partiu no dia 25 de dezembro de 1615, com um
Caravelao
, um
Patacho
e um
Lanchao
, com dez pecas de artilharia, oito quintais de polvora, municoes e mantimentos. A forca de desembarque, dispunha de tres companhias de infantaria e 50 soldados sob o comando dos capitaes
Alvaro Neto
(no caravelao Santa Maria da Candelaria),
Pedro de Freitas
(no patacho Santa Maria da Graca) e
Antonio Fonseca
(no lanchao Assuncao), tendo por subalternos os
alferes
Gaspar de Macedo
, Pedro Teixeira e
Pedro Favela
. Tambem seguiram na expedicao o piloto
Antonio Vicente Cochado
e o famoso prisioneiro frances,
Charles des Vaux
.
Segundo relato de
Capistrano de Abreu
,
[
2
]
"
partiram no dia de Natal, correndo a costa, fazendo sondagens, dando fundo todas as noites, tomando as conhecencas da terra, numa extensao de cento e cinquenta leguas. Entraram na barra pela ponta de
Saparara
, e seguiram por entre ilhas, bem acolhidos pelo gentio disposto em seu favor, gracas a derrota dos franceses, e encontraram noticias imprecisas de flamengos e ingleses que frequentavam aquelas regioes
".
Em 12 de janeiro, Francisco Caldeira desembarcou na enseada da
Baia do Guajara
, chamada pelos
Tupinambas
de "
Parana-Guacu
", e na elevacao que os nativos chamavam de "
Mairi
", fez edificar um forte de madeira, coberto de palha, ao qual denominou "Presepe" (Presepio), que mais tarde viria a se chamar
Forte do Castelo
. A colonia que se formou junto ao forte, ele deu o nome de "
Feliz Lusitania
" ? embriao da futura cidade de Belem.
Em seguida, Francisco Caldeira mandou ao Maranhao o alferes Pedro Teixeira, para comunicar o resultado de sua missao. Esse oficial, com um pequeno grupo de soldados e alguns indios de confianca, pos-se por terra em 7 de marco de 1616. A dificil viagem, que durou dois meses, tracou uma rota de comunicacao terrestre entre o Grao-Para e o Maranhao. Pedro Teixeira regressou, dessa vez por mar, trazendo no lanchao que o conduzia, 30 soldados
arcabuzeiros
, sob o comando de
Salvador de Melo
, alem de petrechos belicos e fardamento.
O governo de Francisco Caldeira, a frente da nova colonia, foi considerado autoritario e desagregador, razao pela qual, ja em
1617
, um memorial do Governador-Geral do Brasil, dirigido ao rei de
Portugal
, solicitava que ele fosse removido daquele posto "
onde faz mil desconcertos, desaquietando os indios, pondo em seu lugar outra pessoa que os conserve como convem, para nao se rebelarem
".
Estes "desconcertos" prosseguiriam no ano seguinte quando, em setembro de
1618
, o capitao
Alvaro Neto
foi assassinado a punhaladas por
Antonio Cabral
, sobrinho de Francisco Caldeira. Os capitaes
Paulo da Rocha
e
Tadeu de Passos
vendo que o Capitao-mor dava pouca atencao a anormalidade do delito, exigiram a imediata punicao do assassino. Contudo, temerosos de sofrerem represalias, eles se recolheram ao
Convento dos Religiosos de Santo Antonio
.
Pressionado, Francisco Caldeira prendeu Antonio Cabral, mas logo o libertou, sob a alegacao de ter necessidade de todos os homens disponiveis para lutar em caso de um ataque dos indigenas. Deu ordens, tambem, para que fossem presos os militares refugiados no convento dos franciscanos. Essas e outras medidas, arbitrarias e impopulares, acabariam determinando sua remocao do cargo que ocupava na colonia.
E o proprio Francisco Caldeira quem relata o episodio de sua deposicao. Segundo ele, na manha do dia 23 de setembro de
1618
, um domingo, ele foi acordado e preso pelo franciscano
Cristovao Vaz
e pelos oficiais
Francisco de Almeida
e
Antonio Pinto
, tendo suas maos sido amarradas com uma corda e os pes com uns grilhoes e uma grande e grossa corrente de ferro. Em seu relato, ele reclama ter sido mantido preso em regime de incomunicabilidade, "
negando-se licenca aos que me querem visitar, de modo que todos temem pedi-la, e assim estou nesta estreiteza, desamparo e aperto a quem Deus acuda
".
[
3
]
O fundador de Belem foi remetido a
Lisboa
, onde acabaria morrendo na prisao, em 1619. Em 12 de Junho desse mesmo ano, Maria Cabral e Francisca de Castelo Branco, mulher e filha de Francisco Caldeira de Castelo Branco apresentam ao Rei Filipe II (Filipe III de Espanha) um requerimento ≪pedindo confirmacao das terras que possuem no Para e que pertenciam a seu marido e Pai, o Capitao-mor do Para, Francisco Caldeira de Castelo Branco≫.
[
4
]
A situacao nao estava ainda inteiramente resolvida em 11 de Fevereiro de 1623, ano em que as mesmas requerem a Filipe III, identificando-se expressamente como suas herdeiras, ≪que se declare quem devera fazer as diligencias para confirmar as sesmarias que possuem no Para, visto serem herdeiras do ex-capitao-mor Francisco Caldeira de Castelo Branco≫.
[
5
]
Como resulta destas fontes primarias, Francisco Caldeira aparece expressamente nomeado como "Francisco Caldeira de Castelo Branco". Dele existe vasta descendencia legitima em Portugal.
[
6
]
Referencias
- ↑
Segundo algumas fontes, o nome do fundador de Belem nao era Castelo Branco, era apenas Francisco Caldeira. Por ele ser natural de Castelo Branco, alguns historiadores passaram a chama-lo de Francisco Caldeira de Castelo Branco ou Francisco Caldeira Castelo Branco
≪Titulo ainda nao informado (favor adicionar)≫
. www.ufpa.br
- ↑
Capistrano de Abreu:
Capitulos de historia colonial (1500-1800
).
- ↑
Memorial de Francisco Caldeira ao rei de Portugal, em 1618.
- ↑
Arquivo Historico Ultramarino_ACL_CU_103_Cx. 1, D. 13) ?
Catalogo de Documentos Manuscritos Avulsos da Capitania do Para Existentes no Arquivo Historico Ultramarino de Lisboa
, SECULT/APEP, Belem, 2002, Vol. I, pag. 22
- ↑
Arquivo Historico Ultramarino,AHU_ACL_CU_103_Cx. 1, D. 25.
- ↑
Nuno Gorjao Henriques/Miguel Gorjao-Henriques, Gorjao Henriques, ed. dos Autores, distribuicao Dislivro Historica, 2006.
- Amaral, Ribeiro do.
A Fundacao de Belem: a jornada de Francisco Caldeira de Castelo Branco em 1616
. 2ª ed., Brasilia: Senado Federal, 2004.
- Cruz, Ernesto.
Historia de Belem
. (2 volumes) Belem: Universidade Federal do Para, 1973.
- Meira Filho, Augusto.
Evolucao Historica de Belem do Grao-Para
. Belem: Grafisa, 1976.
- Saragoca, Lucinda.
Da Feliz Lusitania aos Confins da Amazonia (1615-1662
). Lisboa: Cosmos, 2000.
- Abreu, J. Capistrano de.
Capitulos de historia colonial (1500-1800
). Brasilia: UNB, 1963.
- Fundacao de Belem do Para - A Jornada de Francisco Caldeira Castelo Branco
- Gorjao-Henriques, Miguel.
Francisco Caldeira Castelo Branco Para. Notas sobre o fundador de Belem
, Textiverso, Lda, 2016, ISBN: 978-989-8812-26-1