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Fernando Namora

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Fernando Namora
Fernando Namora
Fernando Namora
Nome completo Fernando Goncalves Namora
Nascimento 15 de abril de 1919
Condeixa-a-Nova , Portugal
Morte 31 de janeiro de 1989  (69 anos)
Lisboa , Portugal
Nacionalidade portugues
Ocupacao Escritor , medico
Premios Premio Ricardo Malheiros (1953)

Medalha de Ouro da "Societe d'Encouragement au Progres" (1979)
Premio D. Dinis (1982)

Magnum opus Deuses e demonios da medicina
Assinatura

Fernando Namora GO SE ? GCIH ? GCL ( Condeixa-a-Nova , Condeixa-a-Nova , 15 de abril de 1919 ? Lisboa , 31 de janeiro de 1989 ) foi um medico e escritor portugues , autor de uma extensa obra, das mais divulgadas e traduzidas nas decadas de 1970 e 1980. [ 1 ] Existe uma escola secundaria com o seu nome em Condeixa-a-Nova .

Biografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Licenciado em Medicina (1942) pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra , pertenceu a geracao de 40 , grupo literario que reuniu personalidades marcantes como Carlos de Oliveira , Mario Dionisio , Joaquim Namorado ou Joao Jose Cochofel , moldando-o, certamente, como homem, a semelhanca do exercicio da profissao medica, primeiro na sua terra natal depois nas regioes da Beira Baixa e Alentejo , em locais como Tinalhas , Monsanto e Pavia , ate que, em 1951, acabaria por se instalar em Lisboa - onde, curiosamente, muito jovem tinha estudado no Liceu Camoes -, como medico-assistente do Instituto Portugues de Oncologia . [ 2 ]

O seu volume de estreia foi Relevos (1937), livro de poesia , porventura sob a influencia de Afonso Duarte e do grupo da Presenca . Mas ja publicara em conjunto com Carlos de Oliveira e Artur Varela, um pequeno livro de contos Cabecas de Barro . Em (1938) surge o seu primeiro romance As Sete Partidas do Mundo que viria a ser galardoado com o Premio Almeida Garrett no mesmo ano em que recebe o Premio Mestre Antonio Augusto Goncalves , de artes plasticas - na categoria de pintura. Ainda estudante e com outros companheiros de geracao funda a revista Altitude e envolve-se ativamente no projeto do Novo Cancioneiro (1941), colecao poetica de 10 volumes que se inicia com o seu livro-poema Terra , assinalando [ 3 ] o advento do neo-realismo , tendo esta iniciativa coletiva, nascida nas tertulias de Coimbra, de Joao Jose Cochofel , demarcado esse ponto de viragem na literatura portuguesa. Na mesma linha estetica, embora em ficcao, e lancada a colecao dos Novos Prosadores (1943), pela Coimbra Editora , reunindo os romances Fogo na Noite Escura de Namora, Casa na Duna de Carlos de Oliveira , Onde Tudo Foi Morrendo de Vergilio Ferreira , Nevoeiro de Mario Braga ou O Dia Cinzento de Mario Dionisio , entre outros. [ 4 ]

Com uma obra literaria que se desenvolve ao longo de cinco decadas e de salientar a sua precoce vocacao artistica, de feicao naturalista e poetica, tal como a importancia do periodo de formacao em Coimbra , mais as suas tertulias e movimentos estudantis. Ao dar-se o amadurecimento estetico do neo-realismo e coincidente com as vivencias dos anos 1950, enveredaria por novos caminhos, atraves de uma interpretacao pessoal da narrativa, que o levaria a situar-se entre a ficcao e a analise social . Os muitos textos que escreveu, nos diferentes momentos ou fases da vida literaria, apresentam retratos com aspetos de picaresco, observacoes naturalistas e algum existencialismo . Independentemente do enquadramento, Namora foi um escritor dotado de uma profunda capacidade de analise psicologica , inseparavel de uma grande sensibilidade e linguagem poetica. [ 3 ] Escreveu, para alem de obras de poesia e romances , contos , memorias e impressoes de viagem , com destaque para os cadernos de um escritor , que proporcionam um dialogo vivo com o leitor, a abertura a outras culturas, terras e gentes, a visao de um mundo em transformacao, de uma realidade emergente, expressa em Estamos no Vento (Fevereiro de 1974).

Entre os muitos titulos que publica em prosa contam-se Fogo na Noite Escura (1943), Casa da Malta (1945), As Minas de S. Francisco (1946), (capitulo inedito publicado no nº 16 da revista Mundo Literario [ 5 ] existente entre 1946 e 1948), Retalhos da Vida de um Medico (1949 e 1963), A Noite e a Madrugada (1950), O Trigo e o Joio (1954), O Homem Disfarcado (1957), Cidade Solitaria (1959), Domingo a Tarde (1961, Premio Jose Lins do Rego ), Os Clandestinos (1972), Resposta a Matilde (1980) e O Rio Triste (1982, Premio Fernando Chinaglia , Premio Fialho de Almeida e Premio D. Dinis ). Ou, as biografias romanceadas de Deuses e Demonios da Medicina (1952). Alem dos titulos ja referidos, publicou em poesia Mar de Sargacos (1940), Marketing (1969) e Nome para uma Casa (1984) . Toda a sua producao poetica seminal foi reunida numa antologia(1959) denominada As Frias Madrugadas . Escreveu ainda sobre o mundo e a sociedade em geral, na forma de narrativas romanceadas ou de anotacoes de viagem e reflexoes criticas, sendo disso exemplo Dialogo em Setembro (1966), Um Sino na Montanha (1968), Os Adoradores do Sol (1971), Estamos no Vento (1974), A Nave de Pedra (1975), Cavalgada Cinzenta (1977), URSS, Mal Amada, Bem Amada e Sentados na Relva , ambos de (1986). Porem, foram romances como os Retalhos da Vida de um Medico , O Trigo e o Joio , Domingo a Tarde , O Homem Disfarcado ou O Rio Triste , que vieram a ser traduzidos em diversas linguas, tendo inclusive, em 1981, sido proposto para o Premio Nobel da Literatura , pela Academia das Ciencias de Lisboa e pelo PEN Clube . [ 6 ]

Tambem em 1975, Namora colaborou na publicacao periodica Jornal do Caso Republica. [ 7 ]

Se quisermos contextualizar, sistematizar a sua obra em fases distintas de criacao literaria , podemos identificar: (1) o ciclo de juventude , principalmente enquanto estudante em Coimbra, coincidente com o livro-poema Terra e o romance Fogo na Noite Escura ; (2) o ciclo rural , entre 1943 e 1950, representado pelas novelas Casa da Malta (escrita em 8 dias) e Minas de San Francisco , ou pelos romances A Noite e a Madrugada , O Trigo e o Joio sem esquecer os Retalhos da Vida de um Medico , cuja edicao espanhola (1ª traducao) apresenta o prefacio de Gregorio Maranon ; (3) o ciclo urbano , coincidente com a sua vinda para Lisboa, marcado pela solidao e vivencias do quotidiano, e que se tera refletido no romance O Homem Disfarcado , em Cidade Solitaria ou no Domingo a Tarde ; (4) o ciclo cosmopolita , ou seja, dos cadernos de um escritor , balizado no final dos anos 1960 e decada de 1970, explicado pelas muitas viagens que fez, nomeadamente a Escandinavia, e pela sua participacao nos encontros de Genebra ; (5) o ciclo final , entre a ficcao contemporanea, onde se insere o romance O Rio Triste ou Resposta a Matilde , intitulado pelo proprio divertimento , e as reflexoes intimas de Jornal sem Data (1988). [ 6 ]

Faleceu em 31 de Janeiro de 1989 tendo sido sepultado no Talhao dos Artistas do Cemiterio dos Prazeres , em Lisboa. [ 8 ] [ 9 ]

Obras [ editar | editar codigo-fonte ]

A sua obra e composta por: [ 10 ] [ 11 ] [ 12 ]

  • As Sete Partidas do Mundo , romance ? 1938
  • Terra , romance, 1941
  • Fogo na Noite Escura , romance ? 1943
  • Casa da Malta , romance ? 1945
  • Minas de San Francisco , romance ? 1946
  • Retalhos da Vida de um Medico , narrativas / primeira serie ? 1949
  • A Noite e a Madrugada , romance ? 1950
  • Deuses e Demonios da Medicina , biografias romanceadas ? 1952
  • O Trigo e o Joio , romance ? 1954
  • O Homem Disfarcado , romance ? 1957
  • Cidade Solitaria , narrativas ? 1959
  • As Frias Madrugadas , poesia / antologia ? 1959
  • Domingo a Tarde , romance ? 1961
  • Retalhos da Vida de um Medico , narrativas (segunda serie) ? 1963
  • Dialogo em Setembro , cronica romanceada ? 1966
  • Um Sino na Montanha , cadernos de um escritor ? 1968
  • Marketing , poesia ? 1969
  • Os Adoradores do Sol , cadernos de um escritor ? 1971
  • Os Clandestinos , romance ? 1972
  • Estamos no Vento , narrativa literario-sociologica ? 1974
  • A Nave de Pedra , cadernos de um escritor ? 1975
  • Cavalgada Cinzenta , narrativa ? 1977
  • Encontros , entrevistas ? 1979
  • Resposta a Matilde , divertimento ? 1980
  • O Rio Triste , romance ? 1982
  • Nome para uma Casa , poesia ? 1984
  • URSS mal amada, bem amada' , cronica ? 1986
  • Sentados na Relva , cadernos de um escritor ? 1986
  • Jornal sem Data , cadernos de um escritor ? 1988

Adaptacoes ao cinema [ editar | editar codigo-fonte ]

Varias obras de Fernando Namora foram adaptadas ao cinema. Sendo talvez uma das suas obras mais conhecidas, Retalhos da Vida de um Medico , foi a primeira a ser adaptada ao cinema, por intermedio do realizador Jorge Brum do Canto (em 1962, filme selecionado para o Festival de Berlim ), seguindo-se a serie televisiva, da responsabilidade de Artur Ramos e Jaime Silva (1979-1980). [ 13 ]

O Trigo e o Joio foi adaptado para o cinema em 1965 numa longa metragem com o mesmo titulo com realizacao de Manuel Guimaraes e com Eunice Munoz e Igrejas Caeiro , entre outros. Do mesmo realizador, para televisao e em 1969, tem-se o documentario Fernando Namora . [ 14 ] [ 15 ]

Domingo a Tarde (selecionado para o Festival de Veneza ), foi realizado por Antonio de Macedo em 1965 e contou com atores como Isabel de Castro , Ruy de Carvalho e Isabel Ruth . [ 16 ]

Em 1975, surge Fernando Namora ? Vida e Obra realizado por Sergio Ferreira .

A Noite e a Madrugada , de 1985, deve a sua realizacao a Artur Ramos . [ 17 ] Resposta a Matilde , de 1986, foi adaptado a televisao por Dinis Machado e Artur Ramos , com a participacao de Raul Solnado e Rogerio Paulo . [ 18 ] Em 1990, regista-se O Rapaz do Tambor , curta metragem de Vitor Silva . [ 19 ]

Premios e honras [ editar | editar codigo-fonte ]

Casa Museu Fernando Namora [ editar | editar codigo-fonte ]

Casa onde nasceu Fernando Namora em Condeixa-a-Nova

Ali, a dois passos da Vila, o Rio de Mouros. Nasceu de um fio de agua, do suor de uma rocha, entre urzes e montes. Ainda a meio da serra, e um ribeirito que nao da para matar a sede a um rebanho. Mas depois, a terra comeca, subitamente, a ficar brava, com penedos que tem o ar de montanhas, e o rio despenha-se entre os silvais e as fragas em som e espuma, com um fragor que, de Inverno, com as cheias, estremece os ouvidos da serra e dos homens . ? texto de 1941. [ 21 ]

E possivel visitar a casa onde Fernando Namora nasceu, e onde os seus pais abriram um pequeno estabelecimento comercial, situada no centro da vila de Condeixa-a-Nova , distrito de Coimbra .

Inaugurada em 30 de junho de 1990, esta iniciativa resultou da ideia de um grupo de amigos, seus conterraneos, que quiseram homenagea-lo atraves da proposta da criacao de uma Casa-Museu, de modo a recordar a todos, e nas palavras do Sr. Ramiro de Oliveira, que e Condeixense e que aqui viveu a sua infancia e parte da mocidade . [ 21 ]

Aberta ao publico desde entao, nela se pode encontrar o seu escritorio, tal qual estava em Lisboa, com todos os seus livros e objetos pessoais, e que acabou por ser o destino do que fui acumulando ao longo dos anos, coisas minhas, coisas do que vi e vivi e ainda valiosas coisas alheias que de algum modo se relacionam comigo . - carta de 7 de junho de 1984. [ 21 ]

Ver tambem [ editar | editar codigo-fonte ]

Referencias

  1. Agencia Lusa (2009), “Aquando dos 20 anos do falecimento do autor. ”, Lisboa: noticias.sapo.p ; Arquivado em 3 de fevereiro de 2009, no Wayback Machine . Noticia da Lusa.
  2. Namora (1987), “Autobiografia”, Lisboa: ed. O Jornal.
  3. a b Vieira Reis, Carlos (2000), “Fernando Namora- Medico, Escritor, Artista, Argumentista e Humanista Universal: 1919-1989”, Lisboa: http://vidaslusofonas.pt/namora.htm Arquivado em 9 de junho de 2010, no Wayback Machine ..
  4. Arquivo Fernando Namora (2011), “Fotografias e documentacao bio-bibliografica.”, Lisboa: http://fernando-namora.blogspot.com .
  5. Helena Roldao (27 de janeiro de 2014). ≪Ficha historica: Mundo literario : semanario de critica e informacao literaria, cientifica e artistica (1946-1948).≫ (pdf) . Hemeroteca Municipal de Lisboa . Consultado em 3 de Novembro de 2014  
  6. a b ≪Doacao do Espolio de Fernando Namora a BNP≫ . www.bnportugal.gov.pt . Consultado em 31 de janeiro de 2023  
  7. ≪Jornal do Caso Republica [1975]≫ . hemerotecadigital.cm-lisboa.pt . Consultado em 31 de janeiro de 2023  
  8. ≪Biografia≫ . livro.dglab.gov.pt . Consultado em 3 de janeiro de 2022  
  9. ≪Cemiterio dos Prazeres, quando a morte tambem e um monumento≫ . jornal PUBLITURIS . 29 de janeiro de 2019 . Consultado em 3 de janeiro de 2022  
  10. ≪Biblioteca Nacional de Portugal - Obras de Fernando Namora≫ . catalogo.bnportugal.gov.pt . Consultado em 3 de janeiro de 2022  
  11. ≪Fernando Namora | Wook≫ . www.wook.pt . Consultado em 3 de janeiro de 2022  
  12. Fidelizarte. ≪Fernando Namora≫ . Portal da Literatura . Consultado em 3 de janeiro de 2022  
  13. ≪Retalhos da Vida dum Medico - Filmes≫ . cinemaportuguesmemoriale.pt . Consultado em 3 de janeiro de 2022  
  14. ≪O Trigo e o Joio - Filmes≫ . cinemaportuguesmemoriale.pt . Consultado em 3 de janeiro de 2022  
  15. ≪Manuel Guimaraes - Pessoas Cinema Portugues≫ . cinemaportuguesmemoriale.pt . Consultado em 3 de janeiro de 2022  
  16. ≪Domingo a Tarde - Filmes≫ . cinemaportuguesmemoriale.pt . Consultado em 3 de janeiro de 2022  
  17. ≪A Noite e a Madrugada - Filmes≫ . cinemaportuguesmemoriale.pt . Consultado em 3 de janeiro de 2022  
  18. Portugal, Radio e Televisao de. ≪Resposta a Matilde - Artes e Cultura - Teatro - RTP≫ . www.rtp.pt . Consultado em 3 de janeiro de 2022  
  19. ≪O Rapaz do Tambor - Filmes≫ . cinemaportuguesmemoriale.pt . Consultado em 3 de janeiro de 2022  
  20. a b c ≪Cidadaos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas≫ . Resultado da busca de "Fernando Goncalves Namora". Presidencia da Republica Portuguesa . Consultado em 10 de outubro de 2019  
  21. a b c Pessoa, Miguel e Rodrigo, Lino (1999), “Crescer em Condeixa com Fernando Namora”, Condeixa: ed. Camara Municipal de Condeixa.

Precedido por
Manuel Goncalves Cerejeira
Socio correspondente da ABL - fundador da cadeira 10
1978 ? 1989
Sucedido por
Agustina Bessa-Luis