Domingos Dias Machado
Domingos Dias Machado
, primeiro
Senhor da Quinta da Picanceira
. Filho de
Manuel de Souza Dias Machado
e
Luisa de Souza Pereira Machado
, nobres proprietarios acoreanos. Nasceu em
Velas
a
12 de Dezembro de 1831
numa familia abastada da antiga nobreza acoreana que mantinha uma das maiores frotas comerciais do pais a altura.
Foi um capitalista, diplomata, politico e dos maiores proprietarios da zona da
estremadura
, tendo desenvolvido e mandado construir os actuais edificios da Quinta dos Machados, ou da
Picanceira
.
Enquanto capitalista, Domingos Dias Machado, detinha grande parte do capital em titulos na
Companhia Das Aguas de Lisboa
, actual EPAL. Na Fabrica de Destilacao de Santa Clara, que hoje tem a sigla SINAGA, para Antiga Fabrica de Destilacao de Alcool de Santa Clara, em
Ponta Delgada
e outras fabricas acoreanas e no continente. Na area da saude detinha capital na Companhia Portuguesa de Higiene, primeira grande farmaceutica portuguesa ainda hoje em funcionamento. No sector publico fez "avultados investimentos" na Junta de Credito Publico que era a entidade responsavel pela missao de divida publica, e em titulos do tesouro. Tendo tido parte relevante nos investimentos iniciais da area dos transportes e caminhos de ferro de Portugal com a Real
Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses
, hoje, a CP e na Companhia dos
Eletricos de Lisboa
. No sector bancario teve grande relevancia na criacao e nas primeiras decadas da Companhia Geral de
Credito Predial Portugues
enquanto seu accionista. Expectavel, pela sua actividade enquanto proprietario, foi ainda o seu papel de accionista e socio na Uniao dos Vinicultores de Portugal, que foi ponto chave no desenvolvimento agriculta do pais e de boa parte das exportacoes de vinho para o estrangeiro. O seu investimento ultrapassava ao todo os cem mil
contos de reis
. Domingos Dias Machado constituiu ainda uma vasta cadeia de comercio internacional com a
Companhia Transatlantica de Navegacao
. Tendo uma vasta frota, entre as quais constava a
Corveta Amizade
. Esta companhia teve por objecto transaccoes comerciais na rota Atlantica cujos principais portos foram nos
Acores
,
Lisboa
,
New Bedford
entre outras cidades dos
Estados Unidos
,
Canada
e
Rio de Janeiro
, entre outras no
Brasil
. E do
Pacifico
, fazendo principalmente a rota entre
California
e
Australia
. A companhia experimentou forte desenvolvimento quando a familia Machado desenhou um forte relacionamento com as familias, tambem nobres acoreanas, Cunha e Goulart, ja que se relacionavam familiarmente. Passando assim a contar na sua frota com o veleiro "Ferreirinha", que depois de vendido aos ingleses se passou a chamar
Cutty Sark
.
Entre os acores e o continente, possuia propriedades rusticas e urbanas, em especial em
Lisboa
e
Mafra
. Destas destacavam-se em Lisboa os palacetes, agora demolidos, na zona do Saldanha e Avenida da Liberdade. Nos acores, os predios que hoje fazem parte da Praca da Republica, em Ponta Delgada. E as quintas da
Picanceira
, do
Gradil
e a Quinta das Barras.
Em 1869, pelas suas estreitas relacoes comerciais com os
Estados Unidos
, Domingos Dias Machado foi indigitado como agente consular deste pais em
Ponta Delgada
, por ser "figura de relevo no local". No exercicio do seu cargo conseguiu manter como capital diplomatica dos Acores a Ilha de Sao Miguel depois de uma forte disputa pela posicao com o consul. Deixou de ser deter este cargo apenas com a sua morte.
A nivel politico foi sucessivamente eleito Chefe Concelhio do
Partido Regenerador
e
Presidente da Camara Municipal
de
Mafra
por dois mandatos.
E ainda reconhecido como benemerito e
filantropo
tendo, em testamento, deixado a
Santa Casa da Misericordia
de
Velas
um montante cujo objectivo era a construcao de um enorme Hospital. Legou ainda para que se fizesse o Hospital de Mafra, cuja primeira pedra foi colocada por
Emircio Teixeira-Pinto
, que se havia casado com uma sua descendente. Impulsionou tambem as artes enquanto mecenas de, entre outros artistas,
Moreira Rato
, que esculpiu as estatuas na
Assembleia da Republica
. Por estes feitos, e enquanto forte apoiante da
Casa Real
, foram-lhe por duas vezes propostos titulos de nobreza, que este abdicou.
Domingos Dias Machado morreu no dia vinte e um de Dezembro de 1912, sendo o seu testamento publicado no Diario de Noticias e no jornal O Seculo.