Diogo do Couto
(
ca.
1542
?
Goa
,
10 de dezembro
de
1616
) foi um
historiador
portugues
com a funcao de
guarda-mor
da
Torre do Tombo de Goa
.
[
1
]
Nasceu em 1542, em
Lisboa
, filho dos nobres
Gaspar do Couto
e de Isabel de Serra de Calvos.
Aos onze anos comecou a ouvir
gramatica
, estudou
Latim
e
Retorica
no
Colegio de Santo Antao
e
Filosofia
no Convento de Benfica.
[
2
]
[
3
]
Em
1559
vai para o
Estado da India
, donde so regressaria uma decada depois.
Escreveria o autor posteriormente, que se o
Oceano
, em vez de agua, fosse uma estrada, estaria "
toda calcada de ossos de Portugueses, perdidos em tao perigosa viagem
".
[
4
]
Amigo intimo de
Luis Vaz de Camoes
, vai descobri-lo na
Ilha de Mocambique
em
1569
, com dividas e sem dinheiro para voltar. Diogo de Couto e outros amigos disponibilizam-se para ajudar o poeta, que deste modo podera apresentar na capital a sua maior obra, os
Lusiadas
. Chegam a Lisboa em Abril de
1570
na
nau
Santa Clara
:
"
Em
Cascais
, as naus fundeadas esperavam que Diogo de Couto voltasse de
Almeirim
, onde fora solicitar de el-Rei a sua entrada no
Tejo
, porque
Lisboa
estava fechada com a
peste
. Logo que a ordem veio, Santa Clara entrou na
barra
.
" (Oliveira Martins)
No entanto voltou de novo ao
Oriente
, tendo recebido do Rei
Filipe I
a missao de prosseguir as ≪
Decadas
≫ de
Joao de Barros
. Escreveu as que vao da IV a XII, mas so publicou completas a IV, V e VII e um resumo da VIII e IX porque VI ardeu na casa de imprensa, a VIII e IX foram roubadas, XI perdeu-a.
Entendeu que a historia deve conter as "
verdades
" sem restricoes, acaba por sofrer repressoes, dizendo como objectividade incomodava muita gente cujos antepassados estavam envolvidos nos acontecimentos que narrava. Este historiador criticou os abusos, a corrupcao e as violencias correntes na
India
, protestando abertamente contra eles.
Alem das
Decadas
, de oracoes congratulatorias e comemorativas que proferiu em solenidades no
Oriente
, e do relato do
naufragio
da
Nau Sao Tome
, escrito na
Historia tragico-maritima
, escreveu tambem o celebre
Dialogo do Soldado Pratico
, que contem uma critica mordaz ao funcionalismo na India, pondo a descoberto a ambicao da riqueza, o amor ao luxo, a opressao aos pobres, a falta de dignidade e a deslealdade nas informacoes ao Rei.
Referencias
- Couto, Diogo do;
Observacoes sobre as principais causas da decadencia dos portugueses na Asia
- Diogo do Couto, o portugues da India ha 500 anos, por Carlos Maria Bobone.
Observador,
16 de dezembro de 2016.
- Figuras de antagonismo: Reatamento das negociacoes luso-otomanas, Diogo do Couto e a audiencia de Antonio Teixeira de Azevedo ao Grao-Turco (1563)", por Dejanirah Couto, Diogo do Couto: historia e intervencao politica de um escritor polemico, ed.by Rui Manuel Loureiro and M.Augusta Lima Cruz, 2019
- Diogo do Couto e Belchior Nunes Barreto: similitudes e diferenciacoes de dois interventores politicos contemporaneos por Nuno Vila-Santa, Diogo do Couto: historia e intervencao politica de um escritor polemico, ed.by Rui Manuel Loureiro and M. Augusta Lima Cruz, 2019
- Diogo do Couto - Historia e Intervencao Politica de um Escritor Polemico, por Rui Manuel Loureiro; Maria Augusta Lima Cruz; e outros, Edicoes Humus, 1ª edicao: Maio 2019
- Obras de Diogo do Couto na Biblioteca Nacional de Portugal