Denis Diderot
(
frances:
[d?ni did?o]
) (
Langres
,
5 de outubro
[
1
]
de
1713
?
Paris
,
31 de julho
de
1784
) foi um
filosofo
e
escritor
frances
. Notavel durante o
iluminismo
, e conhecido por ter sido o cofundador,
editor
chefe e contribuidor da
Encyclopedie
, junto com
Jean le Rond d'Alembert
.
Denis Diderot nasceu na
Champanha
e comecou sua educacao formal no Colegio Jesuita de Langres. Seus pais eram Didier Diderot (1685?1759), um
cuteleiro
, e sua esposa Angelique Vigneron (1677?1748). Tres dos cinco irmaos de Diderot chegaram a idade adulta, Denise Diderot (1715?1797), Pierre-Didier Diderot (1722?1787) e Angelique Diderot (1720?1749).
Diderot ingressou no colegio
jesuita
de Langres em 1723 (data mais provavel). O ensino fornecido pelos jesuitas, que detinham o monopolio da
educacao secundaria
na Franca de entao, enfatizava o ensino das linguas
classicas
(
grego
e
latim
) e uma atencao rigorosa as
oracoes
catolicas
, o que visava a atenuar a influencia
humanista
e
secular
. Diderot foi um aluno muito perspicaz e recebeu ate mesmo algumas
mencoes honrosas
e
premiacoes
em virtude de seu excelente desempenho escolar.
Em 1726, o
bispo
de Langres concede, a Diderot, a
tonsura
. Tudo indicava que o jovem Denis seguiria uma carreira eclesiastica. A familia de Diderot esperava que ele herdasse a
prebenda
de seu tio, o
conego
Didier Vigneron. Contudo, por uma serie de infortunios (o
testamento
em que o tio legava a prebenda ao sobrinho se tornou invalido porque so chegou a
Roma
apos a morte de seu autor), Diderot nao recebeu o beneficio esperado, embora recebesse a
alcunha
de
abade
("
abbe
") por parte de seus concidadaos.
Por motivos ainda nao inteiramente esclarecidos, em 1728, aos dezesseis anos, Diderot parte para
Paris
e passa a frequentar o colegio de Harcourt (Liceu Saint-Louis). Em 1732, recebe o grau de mestre em artes na
Universidade de Paris
. Pouco se sabe sobre os primeiros anos de Diderot em Paris. Sabe-se que considerou a possibilidade de estudar
direito
, que sua conduta foi motivo de preocupacao para seu pai e que passou por dificuldades financeiras.
Diderot iniciou sua carreira como
tradutor
. Em 1743, ele traduz a
Grecian History
, de Temple Stanyan. E, contudo, a traducao de
An inquiry concerning virtue or merit
, de
Ashley-Cooper, 3º Conde de Shaftesbury
, sob o titulo
Essai sur le merit et la vertu
, publicado em 1745, que Diderot se torna um pouco mais conhecido. A primeira peca relevante da sua carreira literaria e
Lettres sur les aveugles a l'usage de ceux qui voient
(Cartas sobre os cegos para uso por aqueles que veem), em que sintetiza a evolucao do seu pensamento desde o
deismo
ate ao
cepticismo
e o
materialismo
ateu
, e tal obra culminou em sua prisao. Sua
obra-prima
e a edicao da
Encyclopedie
(
1750
-
1772
) ou
Dictionnaire raisonne des sciences, des arts et des metiers
(Dicionario razoado das ciencias, artes e oficios), onde buscou reportar todo o conhecimento que a
humanidade
havia produzido ate sua epoca. Demorou 21 anos para ser editada, e e composta por 28 volumes. Mesmo que, na epoca, o numero de pessoas que sabia ler fosse pouco, ela foi vendida com sucesso. Denis conseguiu uma fortuna. Deu continuidade com empenho e entusiasmo apesar de alguma oposicao da
Igreja Catolica
e dos poderes estabelecidos. Escreveu tambem algumas outras
pecas teatrais
de pouco exito. Destacou-se particularmente nos
romances
, nos quais segue as normas dos
humoristas
ingleses, em especial de
Sterne
:
A Religiosa
,
O Sobrinho de Rameau
,
Jacques, o fatalista e seu mestre
. Escreveu varios
artigos
de
critica de arte
.
Foi um dos primeiros
autores
que fizeram da
literatura
um oficio, mas sem esquecer jamais que era um filosofo. Preocupava-se sempre com a natureza do
homem
, a sua condicao, os seus problemas morais e o sentido do
destino
. Admirador entusiasta da vida em todas as suas manifestacoes, Diderot nao reduziu a
moral
e a
estetica
a
fisiologia
, mas situou-as num contexto humano total, tanto
emocional
como
racional
. Diderot e considerado por muitos um precursor da
filosofia
anarquista
. Alguns
estudiosos
acreditam que, sob inspiracao de sua obra "
A Religiosa
", barbaries foram praticadas contra religiosos e
freiras
na
Revolucao Francesa
de
1789
com o deturpado intuito de "protege-los" contra os crimes praticados pela
Santa Se
. Ha, ainda, um suposto
dossie
encontrado por
Georges May
em 1954, que mostra a obra "A religiosa" como pura
ficcao
e nao um retrato da realidade.
Morreu em
31 de julho
de
1784
e encontra-se sepultado no
Panteao
de
Paris
, na
Franca
.
[
2
]
Existe uma
anedota
de um fato que nunca aconteceu sobre
Euler
e Diderot, quando este estava em
Sao Petersburgo
influenciando a
corte
russa
com seu
ateismo
, e Euler foi chamado a intervir. Euler teria uma
prova matematica
da
existencia de Deus
, e teria dito "senhor,
, entao Deus existe. Responda!" Diderot nao teria conseguido responder, e teria se retirado
humilhado
sob os
risos
da corte. Esta anedota e completamente falsa.
[
3
]
[
4
]
Coloquio entre a Marechala e Diderot, ou Dialogo do Crente (Marechala) com o nao Crente (Thomas Crudeli/filosofo)
[
editar
|
editar codigo-fonte
]
O Coloquio (dialogo), foi escrito provavelmente no ano de 1774. Ele acontece entre Crudele, nome ficticio adotado por Diderot, e a Marechala, segundo a edicao da
Bibliotheque de la Pleiade
(embora a edicao de
P. Verniere
(Garnier) e a de
Laurent Vernine
(
Editions Robert Laffont
) o substitua por Diderot).
[
5
]
Formulacoes filosoficas sobre a
moral
(
bem
/
mal
) no ser humano sao construidas por Diderot nesse dialogo, com a plasticidade de sua linguagem e a representatividade das suas personagens e armacoes ficcionais. A narrativa visa a que o leitor, faca uma
analise filosofica
profunda sobre a questao acima citada. O bem e o mal no ser humano (uma questao moral), nao estao ligados diretamente a ser ou nao ser religioso, diz o filosofo para a Marechala, fato este contestado por ela. Mas, ao longo do dialogo, Crudele (Diderot-filosofo), adotara um metodo de analise da questao, onde a Marechala ira compreender o ponto de vista e a analise do filosofo, e ela com isso tambem estara fazendo uma abordagem filosofica.
A Marechala, seria a esposa de
Victor Francois
, Duque de Broglie e Marechal da Franca (1718-1804). O coloquio sobre a questao do bem e do mal no ser humano no crente e nao crente teria entao ocorrido em
Paris
no ano de 1771.
A Marechala e uma crista catolica e
devota
, que cre que o bem esta relacionado aos fundamentos religiosos e o mal aos que nao seguem uma religiao. Ja o filosofo Crudele (Diderot), nao relaciona essas questoes morais ao fato de ser ou nao ser religioso. Para Crudele, ser bom ou ser mal e uma questao moral e individual.
O individuo nao necessita ser um religioso para praticar o bem, mas sim ter uma conduta correta. Diz Crudele, "Nao pensais que se possa ter nascido tao afortunadamente, que se encontre grande prazer em praticar o bem?".
[
6
]
A Marechala, por sua vez, tenta persuadi-lo ao contrario, pois, segundo sua concepcao, e por temor do castigo de Deus, que devemos ter uma boa conduta moral, praticar o bem para esperar alcancar as delicias divinas, ficar longe dos
vicios
. Ja os incredulos nao terao
salvacao
e sim a
danacao
eterna, quando morrerem.
Mas, aos poucos, Crudele, vai alargando suas conviccoes, e se convencendo que nao e necessario que o ser humano tenha alguma crenca divina para ser bom.
Marechala ? "O mal ha de ser o que apresenta mais inconveniente do que vantagens; e o bem, ao contrario, o que apresenta mais vantagens do que inconvenientes".
[
7
]
Crudele (Diderot), chama a atencao da Marechala, pois o que ela esta fazendo e filosofia ao debater sobre esta questao, o que a surpreende positivamente. Tambem aponta como os religiosos sao
intolerantes
por nao compartilhar o seu entendimento com os
pagaos
, e ate mesmo entre os seus, e que isso tem repercussoes "funestas". Com a intolerancia religiosa, muitas pessoas padeceram ao longo dos seculos. A Marechala concorda com Crudele em relacao a essa analise.
Crudele critica as instituicoes
monasticas
e os cristaos pela maneira como se comportam, sendo
individualistas
e intolerantes e nao obedecendo o
Evangelho
que dizem seguir. Sao
proselitistas
, nao obedecendo as regras de conduta moral estabelecidas pela religiao crista, o que nao deveria acontecer com quem se diz religioso e cristao.
Embora admire a conduta crista da Marechala e de seu esposo, "Do fato de ser impossivel sujeitar um povo a uma regra que convem apenas a alguns homens
melancolicos
, que a calcam sobre seus proprios
caracteres
".
[
8
]
(...) "Mas, Senhora Marechala, acaso existem cristaos? Eu nunca os vi".
[
9
]
"A religiao e como o
casamento
. O casamento que constitui a desgraca de tantos outros, constitui a
felicidade
e a do Marechal (...) a religiao que fez e fara tantos malvados",
[
10
]
nao deixa de criticar aos que fazem ma conduta, aos que agem com
hipocrisia
.
O filosofo (Diderot) permite que cada um pense de uma determinada maneira, nao cre em
supersticoes
nem que vem de fora nem de dentro das religioes, tem o compromisso com a
verdade
, repugna o mal provocado tanto pelos religiosos quanto pelos nao religiosos, alimenta a esperanca do
bem comum
e nao se oculta na
vaidade
. Teve o intuito de provocar reflexao na Marechala, em busca de aumentar seu conhecimento, o que a levou a reflexoes profundas sobre a questao do bem e do mal no ser humano.
- Essai sur le merite et la vertu
, escrito por Anthony Ashley-Cooper traducao francesa e anotacao por Diderot (1745)
- Philosophical Thoughts
, ensaio (1746)
- La Promenade du sceptique
(1747)
- The Indiscreet Jewels
, novel (1748)
- Lettre sur les aveugles a l'usage de ceux qui voient
(1749)
- Encyclopedie
,
(1750?1765)
- Lettre sur les sourds et muets
(1751)
- Pensees sur l'interpretation de la nature
, ensaio (1751)
- "Systeme de la Nature," (1754)
- Le Fils naturel
(1757)
- Entretiens sur le Fils naturel
(1757)
- Le pere de famille
(1758)
- Discours sur la poesie dramatique
(1758)
- Salons
, critique d'art (1759?1781)
- La Religieuse
, Roman (1760; revisado em 1770 e no inicio da decada de 1780; o romance foi publicado pela primeira vez como um volume postumamente em 1796).
- Le neveu de Rameau
, dialogue (1763).
[
11
]
- Lettre sur le commerce de la librairie
(1763)
- Mystification ou l’histoire des portraits
(1768)
- Entretien entre D'Alembert et Diderot
(1769)
- Le reve de D'Alembert
, dialogue (1769)
- Suite de l'entretien entre D'Alembert et Diderot
(1769)
- Paradoxe sur le comedien
(escrito entre 1770 e 1778; publicado pela primeira vez postumamente em 1830)
- Apologie de l'abbe Galiani
(1770)
- Principes philosophiques sur la matiere et le mouvement
, essai (1770)
- Entretien d'un pere avec ses enfants
(1771)
- Jacques le fataliste et son maitre
, romance (1771-1778)
- Ceci n'est pas un conte
, conto (1772)
- Madame de La Carliere
, conto e fabula moral, (1772)
- Supplement au voyage de Bougainville
(1772)
- Histoire philosophique et politique des deux Indes
, em colaboracao com
Raynal
(1772?1781)
[
12
]
- Voyage en Hollande
(1773)
- Elements de physiologie
(1773?1774)
- Refutation d'Helvetius
(1774)
- Observations sur le Nakaz
(1774)
- Essai sur les regnes de Claude et de Neron
(1778)
- Est-il Bon? Est-il mechant?
(1781)
- Lettre apologetique de l'abbe Raynal a Monsieur Grimm
(1781)
- Aux insurgents d'Amerique
(1782)
Referencias
- ↑
Sobre a data exata do seu nascimento, ver George R. Havens, ≪ The Dates of Diderot's Birth and Death ≫ in
Modern Language Notes
, Vol. 55, No. 1 (jan 1940), p. 31-33
- ↑
Denis Diderot
(em ingles) no
Find a Grave
- ↑
Brown, B.H. (1942). ≪The Euler-Diderot Anecdote≫.
The American Mathematical Monthly
.
49
(5): 302?303.
doi
:
10.2307/2303096
;
Gillings, R.J. (1954). ≪The So-Called Euler-Diderot Incident≫.
The American Mathematical Monthly
.
61
(2): 77?80.
doi
:
10.2307/2307789
- ↑
Dirk J. Struik, "A Historia Concisa das Matematicas
- ↑
Guinsburg, Jacob, 2000. “Diderot Obras I Filosofia e Politica”, Sao Paulo, editora Perspectiva S.A., p. 233
- ↑
Ibid.,p. 235.
- ↑
Ibid., p.236.
- ↑
Ibid., p.238
- ↑
Ibid., p.239.
- ↑
Ibid., p.240.
- ↑
Diderot "Le Neveu de Rameau",
Les Tresors de la litterature Francaise
, p. 109. Collection dirigee par Edmond Jaloux;
http://www.denis-diderot.com/publications.html
- ↑
≪A Philosophical and Political History of the Settlements and Trade of the Europeans in the East and West Indies≫
.
World Digital Library
. 1798
. Consultado em 30 de agosto de 2013