Crinolina

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Crinolina patenteada em 1864

As crinolinas eram armacoes usadas sob as saias para lhes conferir volume, sem a necessidade do uso de inumeras anaguas . Seu uso marca o momento em que surge a industria da moda propriamente dita, sendo este o primeiro modismo que poderiamos chamar de "universal".

Historico [ editar | editar codigo-fonte ]

As crinolinas foram usadas de 1852 a 1870 e chegaram a todos os cantos do planeta, atingindo o auge da sua popularidade na decada de 1860. Eram inicialmente feitas artesanalmente, com crinas de cavalo trancadas (dai o nome), mas, a partir de 1855, passaram a ser produzidas industrialmente, utilizando tirantes e finos arames de aco .

As crinolinas eram usadas por mulheres de todas as classes sociais no Ocidente , da realeza as operarias das fabricas. O modismo foi amplamente criticado pelos cronistas da epoca, sobretudo em publicacoes satiricas.

Crinolina de 1857

Circula no universo da moda o boato, ao qual a historiadora Gilda de Mello e Souza [ 1 ] alude apenas por alto, explicando o surgimento das crinolinas e demonstrando a ligacao destas com a industria: Napoleao III , sobrinho de Napoleao Bonaparte , governou a Franca de 1848 a 1852, como presidente da Republica, e de 1852 a 1870 como imperador. Era casado com a belissima nobre espanhola Eugenia de Montijo , mulher refinada e de grande inteligencia, que detestava o desconforto produzido pelas 9 anaguas engomadas que eram usadas para armar as saias na corte.

Crinolina, ca. 1860

Nesta mesma epoca, uma fabrica de espetos chamada Peugeot estaria em processo de falencia. Em julho de 1854 a fabrica recebeu a ilustre visita da imperatriz, que lhes trouxe um desenho seu para uma especie de gaiola, feita com finissimos aros de arame de aco e que, desde entao, tornaria a indumentaria feminina muito mais leve e arejada. A invencao teria salvo a Peugeot da falencia (apos 1870 a empresa passou a produzir guarda-chuvas, depois bicicletas ate chegar aos automoveis), a Franca tornou-se lider mundial inconteste no universo da moda e o nome da Imperatriz Eugenia passou a estar associado para sempre as maisons de alta costura.

"tournure" (anquinha) , evolucao da crinolina, de 1885

De qualquer maneira, mesmo que a imperatriz Eugenia nao estivesse ligada diretamente a invencao das crinolinas, o certo e que ela foi a principal difusora e propagandista deste modismo.

Apos a Guerra Franco-Prussiana , com o final do 2º Imperio e o exilio de Napoleao III e Eugenia, as crinolinas cairam em descredito, sendo substituidas pelas tournures ("anquinhas") que armavam apenas a parte traseira das saias e vestidos e assumiram protagonismo no final da decada de 1880.

Ironicamente, para tentar apagar as memorias do 2º Imperio, a 3ª Republica adotou o estilo "princesa".

Perigos [ editar | editar codigo-fonte ]

As crinolinas ofereciam riscos as mulheres, entre eles a vulnerabilidade a ventanias pelo seu formato de balao : ha relatos de mulheres a beira de pieres em zonas portuarias que foram carregadas pelo vento ate o mar , onde se afogaram. Outras milhares - incluindo a segunda esposa do poeta Henry Wadsworth Longfellow - morreram queimadas quando as saias, muito rodadas (na sua parte mais larga uma crinolina podia chegar a 5,5 metros de circunferencia ), eram incendiadas por velas e lareiras acesas. [ 2 ] Alem do fogo, havia o risco de as saias ficarem presas ao maquinario e as rodas das carruagens. Ha tambem relatos de mortes por eletrocussao, em ambientes ja servidos por energia eletrica.

Tambem consta que no ano de 1863 em Santiago , Chile , entre 2.000 e 3.000 pessoas morreram em um incendio em uma igreja quando um lampiao ateou fogo a um tecido na parede. As pessoas tentaram escapar das chamas pela saida, mas varias mulheres com esta peca de vestuario acabaram por bloquear a porta.

Referencias no cinema [ editar | editar codigo-fonte ]

Por serem pecas de roupa tao marcantes do seu tempo, as crinolinas tem espaco garantido nas producoes de epoca que retratam a segunda metade do seculo XIX, seja nos longa-metragens de Hollywood ou em obras audiovisuais para a TV. Seu enorme sucesso em sua epoca fica claro em filmes ambientados na Nova Zelandia, cenario do O Piano , onde a peca de roupa inclusive participa da narrativa: a protagonista faz uma tenda com sua crinolina e pernoita sob ela com a filha a beira-mar.

A crinolina tambem tem grande destaque em E o Vento Levou , sendo o exemplo mais classico do uso das modas europeias pelas classes mais abastadas no sul dos Estados Unidos. No Brasil, o longa-metragem Maua - O Imperador e o Rei tambem traz a peca por meio da personagem May, interpretada por Malu Mader , que gira seguidamente sua crinolina, entao uma novidade. A presenca da crinolina nas colonias europeias da Africa e Asia tambem e lembrada na versao classica de O Rei e Eu .

Galeria [ editar | editar codigo-fonte ]

Ver tambem [ editar | editar codigo-fonte ]

Referencias

  1. SOUZA, Gilda de Mello e - O Espirito das roupas : a moda do seculo XIX. Sao Paulo, Cia das Letras, 1987
  2. ≪A peca intima que causou morte de milhares de mulheres na era vitoriana≫ . Folha de S.Paulo . 13 de agosto de 2023 . Consultado em 14 de agosto de 2023  

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]

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