Candido Mota Filho

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Candido Mota Filho
Candido Mota Filho
Nascimento 16 de setembro de 1897
Sao Paulo , SP
Morte 4 de fevereiro de 1977  (79 anos)
Rio de Janeiro , RJ
Nacionalidade brasileiro
Parentesco Nelson Motta (neto)
Ocupacao
Premios Premio Jabuti ( 1967 , 1972 )
Premio Juca Pato (1972)
Magnum opus O poder executivo e as ditaduras constitucionais

Candido Mota Filho ( Sao Paulo , 16 de setembro de 1897 ? Rio de Janeiro , 4 de fevereiro de 1977 ) foi um advogado , professor , magistrado , jornalista , escritor , ensaista e politico brasileiro .

Biografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Seu pai foi advogado e professor de Direito Penal na Faculdade de Direito de Sao Paulo , deputado, senador e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura do Estado de Sao Paulo.

Motinha, assim o chamavam seus amigos mais chegados e os sempre irreverentes estudantes da Academia, tambem se formou pela mesma Faculdade, turma de 1919, e, tal como o pai, fez parte do corpo docente como professor catedratico de Direito Constitucional. Mais tarde, seria nomeado para o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal , deixando a docencia.

Na mocidade, engajou-se ao movimento modernista tendo participado ativamente de Semana de Arte Moderna de 1922.

Com Cassiano Ricardo , Menotti del Picchia e Plinio Salgado , fundou o Movimento Verde-Amarelo, que procurava imprimir novos rumos nacionais a literatura brasileira. Pouco mais tarde, com a maior parte dos integrantes desse movimento, fundou o grupo Bandeira, cujo pensamento valorizava um governo forte, baseado nas tradicoes nacionais, na disciplina e na hierarquia social.

Atividade politica [ editar | editar codigo-fonte ]

Em 1929 , Mota Filho fundou, junto de Jose de Alcantara Machado , Abelardo Vergueiro Cesar e Alarico Caiubi , a Acao Nacional do PRP, uma corrente dentro do Partido Republicano Paulista inspirada no pensamento nacionalista de Alberto Torres que se propunha a lutar no Brasil por uma solucao politica contraria a teoria liberal.

Em janeiro de 1932, foi um dos fundadores da revista paulista Politica , a qual tambem dirigiu. Esse periodico refletia a convergencia ideologica antiliberal de parte da intelectualidade que, desiludida com a Revolucao de 1930 e com as caracteristicas assumidas pela democracia liberal, pretendia encontrar novos caminhos para o Brasil.

Em fevereiro do mesmo ano, Mota Filho ingressou, ao lado de dezenas de outros jovens intelectuais, na Sociedade de Estudos Politicos (SEP), promovida por Plinio Salgado na sede de seu jornal A Razao. A SEP estava organizada em comissoes de estudo, tendo ele ficado nas comissoes de de pedagogia e de historia e sociologia .

Quando eclodiu a Revolucao Constitucionalista de 1932 , Mota Filho alistou-se no Batalhao Republicano, tornando-se membro do gabinete do governador de Sao Paulo, Pedro de Toledo , ao lado de Menotti del Pichia e Cassiano Ricardo. [ 1 ]

Opos-se a transformacao da SEP em uma organizacao politica, que, mais tarde, viria a se tornar a Acao Integralista Brasileira (AIB), movimento que congregou mais de um milhao de brasileiros e funcionou ate 1937. Ele chegou a fazer parte da comissao de redacao do Manifesto de Outubro, documento maximo da SEP, que serviria de base pro movimento. Da comissao, participaram tambem Jose de Almeida Camargo , Ataliba Nogueira e o proprio Plinio Salgado. [ 2 ] Nao obstante, Mota Filho recebeu ampla divulgacao na bibliografia integralista. Plinio Salgado reproduz em suas obras integralistas intensos comentarios aos seus ensaios "Introducao ao estudo do pensamento nacional", de 1926, e "Alberto Torres e o tema da nossa geracao", de 1931. A esse primeiro, embora apresente fortes criticas quanto a sua estrutura, Plinio denomina "o drama de Mota Filho" e o considera "uma contribuicao oportuna". "Fundado no relato ou na observacao de Silvio, Verissimo, Ronald, Graca, Machado, tem pensamentos proprios, conclusoes suas e, principalmente, uma maneira oportuna de focalizar as montanhas mais culminantes da nossa cordilheira mental". Baseado na tese de Mota Filho, Plinio delineia uma ideia propria para um "novo romantismo" genuinamente brasileiro. [ 3 ] Em relacao ao segundo, Plinio tece elogios a pessoa e a intelectualidade do autor, tracando um panorama sobre a relacao da obra de Alberto Torres, tema do ensaio, nos problemas contemporaneos, e caracterizando a publicacao como "mais um livro notavel". [ 4 ]

Com a implantacao do Estado Novo , em 1937, o fechamento de todos os partidos politicos, e o subsequente Levante Integralista de 1938 , em que um grupo de integralistas invadiu o Palacio Guanabara na tentativa de depor Getulio Vargas , Mota Filho foi colocado sob regime de prisao domiciliar devido ao seu envolvimento com a AIB.

Na decada de 1940, tornou-se chefe da secao paulista do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), orgao criado pela ditadura estadonovista para divulgar as ideias do novo regime nacionalista e promover suas iniciativas.

Durante a presidencia de Eurico Gaspar Dutra , apos o fim do Estado Novo, Mota Filho exerceu o cargo de chefe de gabinete do Ministro do Trabalho, Honorio Fernandes Monteiro , de 23 de abril a 4 de maio de 1949. Em 1954, quando era vice-presidente do Partido Republicano, tornou-se Ministro da Educacao no governo interino de Cafe Filho . Apos a eleicao presidencial de 1955 , em que venceram Juscelino Kubitschek e Joao Goulart , Mota Filho renuncia ao lado de todo o Ministerio, assumindo, pouco depois, a presidencia do Partido Republicano, com a morte de Artur Bernardes . [ 1 ]

Vida pessoal [ editar | editar codigo-fonte ]

Foi casado com Elza Lichtenfels, com quem teve cinco filhos, entre os quais o advogado e escritor Nelson Candido Motta, pai do jornalista e produtor musical Nelson Motta . [ 5 ]

Obras [ editar | editar codigo-fonte ]

  • O Romantismo: Introducao ao estudo do pensamento nacional , ensaio (1926);
  • A funcao de punir , direito (1928);
  • Alberto Torres e o tema da nossa geracao , critica (1931);
  • Introducao ao estudo da politica moderna , politica (1935);
  • A defesa da infancia contra o crime , direito (1936)
  • Erasmo de Roterda (1936)
  • Da premeditacao , direito (1937)
  • Rui Barbosa, esse desconhecido , ensaio (1937);
  • Alcantara Machado (1938);
  • Do estado de necessidade , direito (1939);
  • Silvio Romero (1941);
  • Uma grande vida: biografia de Bernardino de Campos , biografia (1941);
  • O Poder Executivo e as ditaduras constitucionais , politica (1942);
  • O caminho das tres agonias: Alvares de Azevedo, Machado de Assis e padre Antonio Feijo , critica (1944);
  • Camoes (1946);
  • A declaracao de direitos (1947);
  • Castro Alves (1947);
  • Basilio Machado (1948);
  • Goethe (1949);
  • O conteudo politico das constituicoes , politica (1950);
  • Pela educacao (1952);
  • Doutrinas politicas contemporaneas , politica (1952);
  • Notas de um constante leitor , critica (1958);
  • A vida de Eduardo Prado , biografia (1967);
  • Ensaio sobre a timidez , psicologia (1969);
  • Contagem regressiva , memorias (1972);
  • Dias lidos e vividos , memorias (1977).

Academia Brasileira de Letras [ editar | editar codigo-fonte ]

Foi eleito em 7 de abril de 1960 para a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras , sucedendo Aloisio de Castro , e recebido em 20 de julho de 1960 pelo academico Josue Montello . Tambem ocupou a cadeira 2 da Academia Paulista de Letras , cuja posse ocorreu em 17 de outubro de 1935. [ 6 ]

Premio Jabuti [ editar | editar codigo-fonte ]

Em 1968 recebeu o Premio Jabuti , da Camara Brasileira do Livro , pela publicacao da obra "A vida de Eduardo Prado", uma biografia de Eduardo Prado .

Referencias

  1. a b MOTA FILHO, Candido (Verbete biografico) - Fundacao Getulio Vargas (Dicionario Historico-Biografico Brasileiro - DHBB - Centro de Pesquisa e Documentacao de Historia Contemporanea do Brasil - CPDOC - FGV)
  2. ≪Manifesto de 7 de Outubro de 1932≫ . Frente Integralista Brasileira . Consultado em 4 de marco de 2018  
  3. SALGADO, Plinio (1954). O Brasil e o Romantismo . Despertemos a Nacao! . Col: Obras Completas. 10 . Sao Paulo: Editora das Americas. pp. 58?68  
  4. SALGADO, Plinio (1955). Criticas e Prefacios . Col: Obras Completas. 19 . Sao Paulo: Editora das Americas. pp. 219?228  
  5. ≪Advogado Nelson Candido Motta morre aos 92 anos no Rio≫ . Portal G1. 17 de janeiro de 2014 . Consultado em 21 de julho de 2018 . Copia arquivada em 21 de julho de 2018  
  6. Candido Motta Filho

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]

Precedido por
Edgar Santos
Ministro da Educacao do Brasil
1954 ? 1955
Sucedido por
Abgar Renault
Precedido por
Aloisio de Castro
ABL - quarto academico da cadeira 5
1960 ? 1977
Sucedido por
Rachel de Queiroz
Precedido por
Vicente de Paulo Vicente de Azevedo
Premio Jabuti - Biografia e/ou Memorias
1968
Sucedido por
Afonso Arinos de Melo Franco