Obra
Redencao de Can
[
1
]
(1895). Avo negra, filha mulata, genro e neto brancos, para o governo da epoca, a cada geracao o brasileiro ficaria mais branco. Quadro de
Modesto Brocos y Gomes
.
Clareamento racial
,
branqueamento racial
ou simplesmente
branqueamento
, e uma
ideologia
que era amplamente aceita no
Brasil
entre finais do
seculo XIX
e inicio do
seculo XX
, como a solucao para o excesso de indigenas, mesticos e negros.
[
2
]
Simpatizantes
[
quem?
]
da ideologia de Branqueamento acreditavam que a raca negra iria avancar culturalmente e geneticamente, ou ate mesmo desaparecer totalmente, dentro de varias geracoes de
miscigenacao
entre brancos e negros. Esta ideologia ganhou o apoio da ideologia do racismo cientifico e do
Darwinismo social
. Combinando essas duas ideias, a elite branca da epoca acreditava que o sangue ''branco" era superior e inevitavelmente iria
clarear
as demais racas.
[
carece de fontes
]
O uso pratico da ideologia de Branqueamento parece ter ocorrido somente no Brasil, e nao foi visto na Europa ou nos Estados Unidos
[
2
]
. Muitos Europeus acreditavam que a mistura de racas pudesse produzir prole degenerada e eles temiam que a mistura poderia tornar-se uma ameaca para a raca branca, inclusive citando o
Brasil
como exemplo de que suas conviccoes eram veridicas.
[
3
]
[
4
]
Nos Estados Unidos uma barreira entre
negros
e
brancos
foi formada pela
segregacao
, que proibiu a
mistura
entre os dois grupos,
[
4
]
enquanto o Brasil, ja tinha muitos mesticos.
[
4
]
Quando as crencas e ideias do
racismo cientifico
se tornaram mais proeminentes, na decada de 1850, a sociedade brasileira sentiu que precisava encontrar "seu lugar na ordem social" e, para isso, precisava resolver seu problema com as "racas" supostamente inferiores.
No final do
seculo XIX
, houve a disseminacao no Brasil de conceitos de superioridade racial que tinham se desenvolvido e adquirido grande prestigio no exterior. O pensamento cientifico brasileiro da epoca, que era fortemente marcado pelo
positivismo
, adotou "teses cientificas" de
darwinismo social
e
eugenia
racial para defender o branqueamento da populacao como fator necessario para o desenvolvimento do Brasil. A
elite
social e politica brasileira, que era majoritariamente branca, passou a considerar como certo que o pais nao se desenvolvia porque sua populacao era, em sua grande maioria, composta por
negros
e
mesticos
. A imigracao nao era considerada somente um meio de suprir a
mao de obra
necessaria na lavoura, ou de colonizar o territorio nacional coberto por matas virgens, mas tambem com meio de "melhorar" a populacao brasileira pelo aumento da quantidade de europeus.
[
5
]
Refletindo o ideal de
branqueamento
,
Joao Batista de Lacerda
, diretor do Museu Nacional, e unico sul-americano a apresentar um relatorio no I Congresso Universal de Racas, em
Londres
, no ano de 1911, afirmou que: "
no Brasil ja se viram filhos de
metis
apresentarem, na terceira geracao, todos os caracteres fisicos da raca branca[...]. Alguns retem uns poucos tracos da sua ascendencia negra por influencia dos
atavismos
(…) mas a influencia da selecao sexual (…) tende a neutralizar a do atavismo, e remover dos descendentes dos metis todos os tracos da raca negra(…) Em virtude desse processo de reducao etnica, e logico esperar que no curso de mais um seculo os metis tenham desaparecido do Brasil. Isso coincidira com a extincao paralela da raca negra em nosso meio
".
A proposta de "branqueamento" da populacao brasileira com imigrantes europeus sempre foi apresentada como se fosse ciencia comprovada. Entre seus defensores destacaram-se principalmente os medicos como
Silvio Romero
em
Pernambuco
,
Nina Rodrigues
na
Bahia
e
Joao Francisco Lacerda
no
Rio de Janeiro
,
[
6
]
alem do sociologo
Francisco Jose de Oliveira Viana
, autor do livro classico "Populacoes Meridionais do Brasil", publicado em 1918.
[
7
]
Nina Rodrigues
, considerado o criador da
Medicina Legal
brasileira, escreveu nesta epoca: "
a civilizacao ariana esta representada no Brasil por uma fraca minoria da raca branca a quem ficou o encargo de defende-la (…) (dos) atos anti-sociais das racas inferiores…
".
As politicas de imigracao brasileira foram fortemente influenciadas pelas propostas de branqueamento que impregnaram o imaginario social e politico brasileiro durante a primeira metade do
seculo XX
.
[
6
]
Embora incentivar a miscigenacao tenha sido fato restrito ao territorio brasileiro
[
8
]
, deve-se ressaltar que, no inicio do seculo XX, a incentivacao a imigracao europeia foi comum em quase todos os paises das
Americas
,
Oceania
e, ate, da
Africa
(a epoca, quase totalmente colonizada). Na
America do Norte
, no inicio do seculo XX, mesmo a imigracao de pessoas europeias chegou a ser indesejada: teorias racialistas circulavam na imprensa, promovendo teorias pseudo-cientificas que alegavam que os tipos "
mediterraneos
" (como
portugueses
,
italianos
e
gregos
) eram inerentemente inferiores as pessoas oriundas do norte da Europa
[
9
]
. Ate hoje alguns destes paises, como por exemplo os
Estados Unidos
, ainda controlam a entrada de pessoas vindas de localidades como Africa e America Latina por meio da exigencia de um visto para turismo, o que na pratica dificulta a imigracao ilegal, enquanto beneficiam a entrada de pessoas oriundas da Europa atraves da isencao dos referidos vistos (ingleses, escoceses, alemaes, suecos, noruegueses, etc).
[
10
]
Apesar disto, houve quem sugerisse a vinda de imigrantes da
Africa
ou da
China
para suprir a falta de mao de obra no
Brasil
. Chegou ate a haver uma incipiente imigracao de chineses, porem nao houve continuidade, pois apenas europeus eram considerados
civilizados
o suficiente para imigrarem para o Brasil.
[
11
]
No Brasil, a raca hoje e percebida de modo diferente do restante do mundo. As racas no Brasil podem ser definidas com as pessoas que estao na parte superior do sistema de classes como brancos e aqueles que se encontram na parte inferior da classe do sistema como pretos, podendo haver mobilidade quando se sobe na
estrutura social
, tal fenomeno so acontece no pais, devido ao alto grau de miscigenacao e ao fato do homem branco ser visto como o topo da hierarquia social.
[
12
]
Classe e educacao tambem tem uma influencia na percepcao do nivel de brancura de um individuo, ou seja, alguem que alcanca o ensino superior e percebido como mais branco no Brasil.
[
13
]
Wikcionario
Referencias
- ↑
Ciencia Hoje, ed. (15 de outubro de 2002).
≪Livro explica surgimento do
Homo brasilis
≫
. Consultado em 4 de maio de 2015
- ↑
a
b
Skidmore, Thomas (1974).
Black Into White: Race and Nationality in Brazilian Thought
(em ingles). [S.l.]: Oxford University Press
- ↑
https://cidadeverde.com/fenelonrocha/97063/atos-contra-miscigenacao-recuam-o-mundo-150-anos
- ↑
a
b
c
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882016005008101&script=sci_abstract&tlng=ptM
- ↑
VAINFAS, Ronaldo. Dicionario do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p 152
- ↑
a
b
ENNES, Marcelo Alario. "Imigracao e Direitos na Regiao Noroeste Paulista". Estudos de Sociologia, Recife: Revista do Programa de Pos-Graduacao em Sociologia da UFPE, vol. 12, n. 1, pp.58-59
(Visitado em 16 de outubro de 2008)
- ↑
SUZUKI Jr, Matinas. Historia da discriminacao brasileira contra os japoneses sai do limbo
in
Folha de S.Paulo, 20 de abril de 2008
(visitada em 17 de agosto de 2008)
- ↑
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932002000400002
- ↑
https://www.loc.gov/classroom-materials/immigration/italian/under-attack/
- ↑
https://oficial-esta.pt/programa-de-isencao-de-visto/
- ↑
≪LIMA, Silvio Cezar de Souza. Determinismo biologico e imigracao chinesa em Nicolau Moreira (1870-1890), pp. 104. Dissertation of Master degree in History of Health Sciences. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005≫
(PDF)
.
fiocruz.br
- ↑
Telles, Edward E. (5 de maio de 2002).
≪Racial ambiguity among the Brazilian population≫
.
Ethnic and Racial Studies
.
25
(3): 415-441.
ISSN
0141-9870
.
doi
:
10.1080/01419870252932133
- ↑
Davila, Jerry (2006).
Diploma de Brancura: Politica Social E Racial No Brasil, 1917-1945
. [S.l.]: Editora UNESP.
ISBN
9788571396524