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Bandeirantes

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(Redirecionado de Bandeirante )
  Nota: Para outros significados, veja Bandeirantes (desambiguacao) .
Ciclo da caca ao indio , quadro de Henrique Bernardelli , exposto no Museu Paulista da USP.

Bandeirantes e a denominacao dada aos sertanistas do periodo colonial , que, a partir do inicio do seculo XVI , penetraram no interior da America do Sul em busca de riquezas minerais, sobretudo o ouro e a prata , abundantes na America espanhola , indigenas para escravizacao ou exterminio de quilombos . Contribuiram, em grande parte, para a expansao territorial do Brasil alem dos limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas , ocupando o Centro Oeste e o Sul do Brasil. [ 1 ] Tambem foram os descobridores do ouro em Minas Gerais, Goias e Mato Grosso. [ 2 ]

Segundo Carvalho Franco , a maioria dos bandeirantes era formada por descendentes de primeira e segunda geracao de portugueses em Sao Paulo, sendo os capitaes das bandeiras de origens europeias variadas, havendo nao so descendentes de portugueses, mas tambem de galegos , castelhanos e cristaos novos , alem de alguns casos de parentescos genoveses , bascos , sarracenos , napolitanos e toscanos , entre outros. [ 3 ] Compunham minoritariamente [ 4 ] as tropas segmentos de indios (escravos e aliados) e caboclos (mesticos de indio com branco), [ 4 ] normalmente chegando a, no maximo, vinte por cento do contingente total, [ 5 ] e executando as tarefas secundarias da tropa, tal qual a manutencao dos mantimentos e cuidados dos animais de abate. [ 5 ] Informa Afonso d'Escragnolle Taunay , citando uma carta do jesuita Justo Mancila, que a segunda bandeira, a de Nicolau Barreto , em 1602, foi composta por 270 portugueses, numero elevado, considerando que Sao Paulo tinha poucos habitantes: "No ano de 1602, saiu de Sao Paulo a buscar e trazer indios, Nicolau Barreto com o pretexto de buscar minas e levou em sua companhia 270 portugueses e tres clerigos". [ 6 ]

Para o historiador Darcy Ribeiro , os bandeirantes apresentavam um panorama racial diverso, afirmando que a miscigenacao com os indios era a regra na sociedade da epoca, inclusive entre a elite, considerados "homens bons". Nos primordios, a estrutura familiar paulista era patricenica e poligamica , formada pelo pai, suas mulheres indigenas com suas respectivas proles e os parentes delas. O casamento catolico apenas se firmou mais tarde. [ 7 ] A maior bandeira de Manuel Preto e Antonio Raposo Tavares , ocorrida em 1629, era composta por 69 brancos, 900 mamelucos e 2 mil indigenas, demonstrando o enorme peso demografico amerindio naquele ambiente. [ 8 ]

Alem do portugues , os bandeirantes tambem falavam a lingua paulista , lingua esta que era por vezes a utilizada cotidianamente por eles. [ 9 ] Foi com termos tupis que os bandeirantes nomearam os varios lugares por onde passaram, originando muitos dos atuais toponimos brasileiros, como Jundiai , Piracicaba , Sorocaba , Taubate , Guaratingueta , Mogi das Cruzes , Sao Luiz do Paraitinga , Tatuape , etc. [ 10 ] Os bandeirantes foram os responsaveis pela escravizacao e pelo exterminio de centenas de milhares de indigenas. [ 7 ] Nao obstante, a figura do bandeirante foi reconstruida sob uma otica positiva no final do seculo XIX e sobretudo nas decadas de 1920 e de 1930, como meio encontrado pela elite paulista de afirmar seu poder em um contexto de enfraquecimento da sua influencia politica. [ 11 ] [ 12 ] [ 13 ]

Historia [ editar | editar codigo-fonte ]

Desenho baseado em pinturas de Thomas Ender retratando antigos bandeirantes

Segundo um mando real de 1570, a Lei das Ordenancas, nas zonas rurais ao inves da Companhia de Ordenancas, se organizava uma Bandeira: tinha formacao similar a de uma companhia, sendo que seus componentes eram divididos em esquadras, reunindo todos os que estavam ate a uma legua da sede do capitao-mor. Foi essa a origem das bandeiras que exploraram e devassaram o territorio brasileiro. De inicio, tambem era uma forma de protecao contra os ataques indigenas, ja que haviam destruido uma expedicao de Martim Afonso de Sousa em Cananeia e a de Juan Diaz de Solis no Rio da Prata . [ carece de fontes ? ]

No inicio da colonizacao, os interesses de Portugal se concentravam no litoral ou proximo dele, uma vez que nele estavam localizados o extrativismo do pau-brasil e o plantio da cana-de-acucar . O fator geografico, portanto, foi um dos que mais desmotivaram a penetracao dos colonizadores: a Serra do Mar , que era uma “grande muralha”, recoberta por densas matas, dificultava a penetracao. Em 1585, Fernao Cardim , tendo acompanhado o padre jesuita Cristovao de Gouveia de Sao Vicente a Sao Paulo, relatou: “O caminho e cheio de tijucos, o pior que nunca vi e sempre iamos subindo e descendo serras altissimas e passando rios e caudais de aguas frigidissimas”. Os rios serviam somente como pontos de referencia, oferecendo poucas condicoes a navegacao, pois possuiam diversas quedas d'agua, corredeiras e formacoes rochosas, sendo um outro empecilho a penetracao do branco no territorio brasileiro. [ carece de fontes ? ]

A maioria dos Bandeirantes andava descalco, sendo que geralmente levavam como equipamento: as botas e as alpargatas, normalmente feitas de couro; coletes; armaduras e armas como as espadas, as adagas, as lancas, as facas, os punhais, os tercados, os alfanjes, os machados, as bestas de arco de madeira , os arcos e flechas indigenas, os tacapes ou as bordunas, as pistolas, os arcabuzes , as espingardas, as escopetas, os mosquetes de um unico tiro ou os bacamartes boca de sino. [ carece de fontes ? ]

Origens paulistas [ editar | editar codigo-fonte ]

Representacao ficticia de Domingos Jorge Velho , um bandeirante paulista. Pintura de 1903.

Houve umas poucas expedicoes ao atual territorio de Minas Gerais nos seculos XVI e XVII, sendo que tais entradas foram mal registradas e sobram poucas informacoes sobre os caminhos e os acontecimentos das viagens. Sertanistas corajosos, nao deram importancia ao registro e a documentacao das viagens. Uma bandeira vagueava anos por matas e sertoes, sem uma so pessoa com conhecimento de astronomia e geografia para guia-la (todos procuravam o limite do Brasil, que era o Rio Parana , estabelecido por Pero Lopes de Sousa em 1531). Ate mesmo a interpretacao erronea da lingua de uma tribo indigena fazia com que uma expedicao alterasse o percurso, em incursoes infrutiferas. Nem mesmo historiadores conseguiram definir, com exatidao, os caminhos usados. Capistrano de Abreu , comentando a descricao de Gabriel Soares de Sousa sobre a viagem de Sebastiao Fernandes Tourinho , diz: “No meio destas indicacoes e contraindicacoes, fielmente resumidas por Gabriel Soares, e impossivel uma pessoa entender-se”. [ carece de fontes ? ]

Antes de surgirem aldeamentos na bacia do Rio da Prata , os paulistas ja percorriam o sertao, buscando, na preacao e venda dos indigenas, o meio para sua subsistencia (a grande captura de indigenas guaranis ocorreu em 1632, quando os Bandeirantes voltaram ao Paranapanema e levaram cativos para Sao Paulo os remanescentes dos indigenas na Vila do Espirito Santo. Nesta ocasiao a maioria de guaranis ja haviam sido enviadas para as Missoes ao sul. A Capitania de Paranagua, pertencente aos sucessores de Pero Lopes de Sousa se estendia do Paranapanema ao Rio da Prata. Em 1709, Paranagua foi unida a Sao Vicente e Santo Amaro para formar a Capitania de Sao Paulo). As tribos vitoriosas nas guerras ofereciam-lhes os prisioneiros em troca de armamentos. Essa “vocacao interiorana” era alimentada por condicoes geograficas, economicas e sociais. Sao Paulo, separada do litoral pela muralha da Serra do Mar , voltava-se para o sertao, cuja penetracao era facilitada pela presenca do Rio Tiete e de seus afluentes, que comunicavam os paulistas com o interior. Alem disso, apesar de afastada dos principais centros mercantis, sua populacao crescera muito porque boa parte dos habitantes de Sao Vicente havia migrado para la quando os canaviais plantados no litoral por Martim Afonso de Sousa entraram em decadencia, na segunda metade do seculo XVI, arruinando fazendeiros. [ carece de fontes ? ]

O historiador britanico Russell-Wood identificou os paulistas como pertencendo a um grupo etnico, em oposicao a metropole, ligado a terra, e com sentimento nativista: “Os paulistas eram uma anomalia para os portugueses natos. De um lado, eram de ascendencia portuguesa, falavam portugues, praticavam o catolicismo, eram capazes de feitos heroicos, demostravam coragem indiscutivel, e sua vila de Sao Paulo tinha os equipamentos administrativos e institucionais e edificios publicos ? tanto civis quanto religiosos ? de uma vila portuguesa. De outro lado, muitas vezes, tinham sangue amerindio, falavam as linguas indigenas, tomavam indias como esposas e concubinas, opunham-se as autoridades civis e religiosas e mostravam desdem aos representantes da Coroa e aversao a leis, alvaras e ordens-regias. Debate e acirrado sobre se e a ascendencia comum ou a cultura e consciencia de pertencimento compartilhadas a caracteristica diferencial mais importante. De acordo com qualquer uma das definicoes, os paulistas constituem um grupo etnico. Foi precisamente este senso de ‘ser outro’ que perturbava, no Brasil, a Coroa portuguesa e ate os colonos portugueses natos. Autossuficiencia, distancia, inacessibilidade, mobilidade e independencia de espirito tornavam-nos refratarios ao controle regio”. [ 14 ]

As consequencias [ editar | editar codigo-fonte ]

"Os Bandeirantes" (oleo sobre tela de Henrique Bernardelli )

Os mais famosos bandeirantes nasceram no que e hoje o estado de Sao Paulo . Foram em parte responsaveis pela conquista do interior e extensao dos limites de fronteira do Brasil para alem do limite do Tratado de Tordesilhas , acordo firmado entre Portugal e Espanha com a intencao de dividir a posse das terras do Novo Mundo . Com isso todo o Centro Oeste passou a pertencer ao Brasil, sendo criadas, em 1748, as capitanias de Goias e de Mato Grosso , e o Brasil foi expandido, tambem para o sul de Laguna . O proprio Robert Southey observou, a esse respeito, que:

No entanto, os resultados destas expedicoes foram desastrosos para os povos autoctones, ora reduzidos a servidao, deslocados e descaracterizados na sua identidade cultural, ora dizimados, tanto pela violencia dos colonos como pelo contagio de doencas para as quais os seus organismos estavam desprovidos de defesas. [ 16 ]

As reducoes organizadas pelos jesuitas no interior do continente foram, para os paulistas, a solucao para seus problemas: reuniam milhares de indios adestrados na agricultura e nos trabalhos manuais, mais valiosos que os ferozes tapuias , de “lingua travada” (as Reducoes eram espanholas dos “Adelantados” e nao eram portugueses). No seculo XVII, o controle holandes sobre os mercados africanos, no periodo da ocupacao do Nordeste pelos holandeses, interrompeu o trafico negreiro (Os holandeses ocuparam as colonias portuguesas na Africa, exatamente para trazerem mais escravos para o Brasil). Os colonos voltaram-se para a escravizacao do indio para os trabalhos antes realizados pelos africanos (o Nordeste estava ocupado pelos holandeses e somente apos Nassau negociar com os produtores foi possivel o retorno agricola). Com a procura houve elevacao nos precos do escravo indio, chamado o “negro da terra”, que custava cinco vezes menos do que os africanos. (O preco equivalente de um escravo na Africa ate 1850 era de um saco de cafe e era vendido no Brasil por 40 sacos de cafe). Os paulistas nao teriam atacado as missoes durante dezenas de anos seguidos se nao contassem com o apoio (ostensivo ou velado) das autoridades. Embora nao se saiba bem quais as expedicoes promovidas pela Coroa e quais as de iniciativa particular, sendo tambem imprecisa a designacao de entradas e bandeiras, o traco comum a todas foi a presenca, direta ou indireta, do poder publico (explicado com Raposo Tavares). [ carece de fontes ? ]

A acao dos bandeirantes foi da maior importancia na exploracao do interior brasileiro, bem como na manutencao da economia da colonia, fosse pelas suas consequencias para o comercio, fosse porque a captura de indigenas fornecia mao de obra para a agricultura , principalmente cana-de-acucar . Para alem disso, nao pode deles ser dissociada a descoberta de metais preciosos em varios pontos, metais esses que marcaram o papel do Brasil no conjunto do Imperio Portugues ao longo do seculo XVIII . [ carece de fontes ? ]

Os tipos de bandeiras [ editar | editar codigo-fonte ]

Estatua de Antonio Raposo Tavares , um dos mais famosos bandeirantes, no Museu Paulista , em Sao Paulo

Houve tres tipos de bandeiras: as de tipo apresador , para a captura de indios (chamado, indistintamente, “o gentio”) para vender como escravos; as de tipo prospector , voltadas para a busca de pedras ou metais preciosos e as de sertanismo de contrato , para combater indios e negros ( quilombos ). [ carece de fontes ? ]

De inicio, eram aprisionados os indios sem contato com o homem branco. Posteriormente, passaram a aprisionar os indios catequizados, reunidos nas missoes jesuiticas . Grandes bandeirantes apresadores foram Manuel Preto e Antonio Raposo Tavares , que forneciam indios as fazendas do Brasil que utilizavam de mao de obra escrava e que nao contavam com suficiente quantidade de escravos negros. [ carece de fontes ? ]

A palavra “paulista”, alias, segundo comenta o livro Ensaios Paulistas , Editora Anhembi, Sao Paulo, 1958, pagina 636, se deve ao Visconde de Barbacena : “Quer-nos parecer que a este governador-geral se deve o mais longinquo emprego ate hoje divulgado do adjetivo ‘paulista’, ocorrente numa ordem expedida em 27 de julho de 1671.” O gentilico deve ter-se generalizado rapidamente. Na documentacao municipal de Sao Paulo aparece pela primeira vez em ata de 27 de janeiro de 1695". [ carece de fontes ? ]

“Sertanista” e palavra que aparece em 31 de dezembro de 1678. “Bandeira” aparece a 20 de fevereiro de 1677 quando o sucessor de Barbacena narra que “os indios do vale do Rio Sao Francisco haviam degolado varias bandeiras de paulistas. Uma consulta do Conselho Ultramarino de 1676, relativa a Sebastiao Pais de Barros , ao se referir a sua expedicao, fala da ≪sua bandeira, como eles (os paulistas) lhe chamavam”. Ja da palavra “bandeirante” o mais longinquo emprego que se conhece e muito mais recente. Verifica-se num documento assinado pelo capitao-general Conde de Alva em 1740. Impressa, parece ter sido pela primeira vez em 1817, por Aires do Casal . [ carece de fontes ? ]

As Bandeiras Iniciais [ editar | editar codigo-fonte ]

Muitas vezes, o governo financiava a expedicao; outras vezes, limitava-se a fechar os olhos para a escravizacao dos indios (ilegal desde 1595), aceitando o pretexto da “guerra justa”. Dom Francisco de Sousa patrocinou as bandeiras de Andre de Leao (1601) e Nicolau Barreto (1602) que se estendeu por dois anos. Teria chegado a regiao do Guaira , regressando com um numero consideravel de indios , que algumas fontes estimam em 3 000. Em agosto de 1628, quase todos os homens adultos da Vila de Sao Paulo estavam armados para investir contra o sertao. Eram novecentos brancos e 3 000 indios , formando a maior bandeira ate entao organizada, com destino ao Guaira, para expulsar os jesuitas espanhois e prender quantos indios pudessem. [ carece de fontes ? ]

Bandeirismo de apresamento [ editar | editar codigo-fonte ]

A partir de 1619, os bandeirantes intensificaram os ataques contra as reducoes jesuiticas, e os artesaos e agricultores guaranis foram escravizados em massa. No entanto, muito antes de surgirem os primeiros aldeamentos na bacia do Prata, os paulistas ja percorriam o sertao, buscando na preacao do indigena o meio para sua subsistencia. [ carece de fontes ? ]

Essa “vocacao interiorana” era alimentada por uma serie de condicoes geograficas, economicas e sociais. Separada do litoral pela muralha da Serra do Mar , Sao Paulo voltava-se para o sertao, cuja penetracao era facilitada pela presenca do Rio Tiete e de seus afluentes que comunicavam os paulistas com o distante interior. Alem disso, apesar de afastada dos principais centros mercantis, sua populacao crescera muito. E que boa parte dos habitantes de Sao Vicente haviam migrado para la quando os canaviais plantados no litoral por Martim Afonso de Sousa entraram em decadencia, ja na segunda metade do seculo XVI, arruinando muitos fazendeiros. [ carece de fontes ? ]

Ligados a uma cultura de subsistencia baseada no trabalho escravo dos indios, os paulistas comecaram suas expedicoes de apresamento (ou preacao) em 1562, quando Joao Ramalho atacou as tribos do vale do Rio Paraiba. O bandeirismo de preacao tornou-se uma atividade altamente rendosa. Para os paulistas, atacar as reducoes jesuiticas era a via mais facil para o enriquecimento. [ carece de fontes ? ]

Diante dos ataques, os jesuitas comecaram a recuar para o interior e exigiram armas de fogo ao governo espanhol por meio das quais conseguiram deter o avanco dos bandeirantes na Batalha de M'Borore , em 1641. [ 17 ] [ 18 ]

Em 1696, os bandeirantes organizaram um ataque contra as reducoes jesuiticas entre os chiquitos , na Bolivia . Em resposta, os jesuitas formaram uma milicia com cerca de 500 nativos, que foram reforcados por cerca de 130 soldados enviados de Santa Cruz de la Sierra que derrotaram a incursao, matando 130 dos invasores e libertando cerca de 1 500 nativos que tinham sido capturados para serem vendidos como escravos. [ 19 ]

Cronologia do bandeirismo de preacao [ editar | editar codigo-fonte ]

Bandeirantes contra quilombos [ editar | editar codigo-fonte ]

Destacaram-se nas expedicoes para aniquilar os quilombos do Nordeste do Brasil , no seculo XVII , incluindo o Quilombo de Palmares , os bandeirantes Domingos Jorge Velho e Fernao Carrilho . [ carece de fontes ? ]

A decada de 1660 [ editar | editar codigo-fonte ]

Estatua de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera , em Goiania

O numero de entradas notaveis de origem paulistana cresceu consideravelmente depois de 1660. Diz Ensaios Paulistas, editora Anhambi, Sao Paulo, 1958, pagina 635: "Citam-se das de Fernao Dias Pais na Apucarana, a de Luis Pedroso de Barros , morto em pleno Peru , a de Lourenco Castanho Taques ao sertao dos Cataguazes, territorio de Minas Gerais , as de Sebastiao Pais de Barros e Pascoal Pais de Araujo no alto Tocantins. O extraordinario raid de Francisco Pedroso Xavier ao norte do Paraguai e sul de Mato Grosso, os de Luis Castanho de Almeida e Antonio Soares Pais , no centro de Goias, a enorme jornada de Domingos Jorge Velho , indo, em 1662, estabelecer-se no Piaui, na confluencia do Parnaiba e do Poti, acompanhado, mais ou menos contemporaneamente, por Francisco Dias de Siqueira , o Apuca , devassador das terras maranhenses. Lembremos ainda as expedicoes de Manuel de Campos Bicudo ao sul de Mato Grosso, de seu filho Antonio Pires de Campos , o primeiro Pai Pira , em terras mato-grossenses e goianas, de Bartolomeu Bueno da Silva , o primeiro Anhanguera , em territorio dos dois atuais grandes Estados do Centro, de Manuel Dias de Lima no Paraguai e em regiao hoje argentina, etc.". [ carece de fontes ? ]

O historiador Capistrano de Abreu comenta que ≪ao tempo em que os conquistadores se batiam contra os indios de Paraguacu e Ilheus, prosperava a volta de Sao Paulo um grande numero de vilas: Mogi das Cruzes , Santana de Parnaiba , Taubate , Guaratingueta , Itu , Jundiai , Sorocaba , todas anteriores a 1680, ao grande exodo do ultimo quartel do seculo XVII. Cada vila demandava destino diverso: as do Paraiba do Sul apontavam para as proximas Minas Gerais; Santana de Parnaiba e Itu para Goias ( Guaiaz ) e Sorocaba para os campos de pinheiros em que ja surgia Curitiba . Bastou o descobrimento do ouro para mobilizar toda essa forca ? ouro corrido, mas em abundancia: a populacao que acudiu procedeu toda ou quase toda do planalto, especialmente do Rio Paraiba do Sul, onde a estreiteza do vale, entre a Mantiqueira e a cordilheira maritima, produzia o efeito de condensador. E, com a vitoria dos emboabas , mais tarde, Sorocaba e Itu assumiram seu papel historico, Tiete abaixo ate a barra, Rio Parana ate o Rio Pardo, por este ate o Rio Paraguai, Sao Lourenco, Cuiaba, atingindo-se descobertos em que o ouro se apanhou as arrobas. E as dificuldade da viagem, que, desde Araritaguaba ou Porto Feliz, pedia quatro a cinco meses, atraves de mais de cem saltos, cachoeiras, corredeiras, entaipavas. Cuiaba e Mato Grosso, para nao sucumbir, terao que se desligar de Sao Paulo. [ carece de fontes ? ]

O governador Antonio Pais de Sande escreveu ao Rei em 1693 sobre os paulistas: "Sao briosos, valentes, impacientes da menor injuria, ambiciosos de honra, amantissimos da sua patria, beneficos aos forasteiros e adversissimos a todo ato servil, pois ate aquele cuja muita pobreza lhe nao permite ter quem o sirva, se sujeita antes a andar muitos anos pelo sertao em busca de quem o sirva, do que a servir a outrem um so dia". Tinha razao: provam as rebelioes contra Salvador Correia, o aniquilamento das missoes, a expulsao dos jesuitas, as desavencas com os espanhois e as sublevacoes contra a alteracao da moeda. [ carece de fontes ? ]

Podia haver distintas opinioes. Pois em carta datada de 19 de julho de 1692, o governador do Estado do Brasil, Antonio Luis Goncalves da Camara Coutinho , escreveu ao rei sobre as extorsoes que cometera Francisco Dias de Siqueira nas aldeias de indios reduzidos no Maranhao :

"Os paulistas saem de sua terra e deitam varias tropas por todo o sertao e nenhum outro intento levam mais que cativarem o gentio da lingua geral, que sao os que ja estao domesticados, e nao se ocupam do gentio de corso porque lhes nao servem para nada; assim que o intento destes homens nao e o servico de Deus nem o de Vossa Majestade e com pretextos falsos, passam de uns governos para outros e se lhes nao fazem mostrar as Ordens que levam. Enganam aos governadores, como este capitao Francisco Dias de Siqueira fez ao governador do Maranhao Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho , dizendo-lhe que ia a descobrir aquele sertao por minha ordem, que tal nao houve nem tal homem conheco, e com este engano pedem mantimentos, armas e socorro e depois com elas vao conquistar o gentio manso das aldeias e o gado dos currais dos moradores. Com que estes homens sao uns ladroes destes sertoes e e impossivel o remedio de os castigar, porque se os colherem, mereciam fazer-se neles uma tal demonstracao que ficasse por exemplo para se nao atreverem a fazer os desmandos que fazem. Assim que me parece inutil persuadi-los a que facam servico a Vossa Majestade porque sao incapazes e vassalos que Vossa Majestade tem rebeldes, assim em Sao Paulo, onde sao moradores, como no sertao, donde vivem o mais do tempo; e nenhuma Ordem do governo geral guardam, nem as leis de Vossa Majestade". [ carece de fontes ? ]

As bandeiras em busca de ouro [ editar | editar codigo-fonte ]

As bandeiras de prospeccao nasceram na metade final do seculo XVII. Na decada de 1690, foi descoberto ouro nas Serras Gerais, o chamado Sertao do Cuiete, hoje o estado brasileiro de Minas Gerais . A interiorizacao do povoamento deu origem as capitanias de Minas Gerais (separada da Capitania de Sao Paulo ainda na decada de 1720), Mato Grosso e Goias. Os principais bandeirantes de prospeccao foram Fernao Dias Pais , Antonio Rodrigues Arzao , Pascoal Moreira Cabral e Bartolomeu Bueno da Silva . Havia tambem figuras como Carlos Pedroso da Silveira , socios e procuradores dos bandeirantes, com papel igualmente importante. [ carece de fontes ? ]

A construcao do mito [ editar | editar codigo-fonte ]

Atualmente, varias ruas, pracas, monumentos e nomes de espacos publicos fazem referencia aos bandeirantes, em Sao Paulo. [ 12 ] As homenagens aos bandeirantes comecaram ainda no seculo XVIII , por cronistas como Gaspar da Madre de Deus e Pedro Taques de Almeida Pais Leme , que trataram de enaltecer a figura do bandeirante. [ 12 ] Depois de passarem longos anos esquecidos, os bandeirantes foram resgatados em diferentes momentos historicos. A construcao desse imaginario ufanista em torno dos bandeirantes ganhou forca no final do seculo XIX , quando a entao provincia de Sao Paulo buscava se afirmar no cenario politico nacional. Naquela altura, a economia de Sao Paulo crescia com o desenvolvimento da cafeicultura , porem a elite paulista prosseguia sem grande poder politico, que estava ainda concentrado na capital da monarquia, o Rio de Janeiro . Em consequencia, a elite paulista aderiu fortemente ao movimento republicano em busca de maior poder. Foi nessa esteira que surgiu a exaltacao da figura do bandeirante, como forma de justificar uma maior forca politica paulista, pois os bandeirantes teriam sido os "herois" que garantiram a unidade brasileira. [ 11 ] [ 12 ] [ 13 ]

Varios espacos publicos em Sao Paulo fazem referencia aos bandeirantes, como o Monumento as Bandeiras .

Porem, o advento da Republica em 1889 tambem nao acarretou na maior forca politica que a elite paulista buscava conquistar, e por isso ela continuava promovendo a valorizacao do seu passado. Historiadores como Afonso d'Escragnolle Taunay , Alfredo Ellis Jr. e Alcantara Machado , todos eles comprometidos politicamente, buscavam realcar as peculiaridades dos bandeirantes. Ellis Jr. referia-se aos bandeirantes como um "povo superior (a raca Planaltina)" ou pertencentes a uma "raca de gigantes". As atrocidades cometidas pelos bandeirantes contra os povos indigenas nao recebiam a atencao necessaria desses historiadores. Segundo Silvia Lopes Raimundo, na obra de Taunay a escravidao indigena e plenamente justificada, porquanto "a ideia de exito na conquista territorial redimiria os bandeirantes de toda e qualquer culpa em relacao a violencia praticada". [ 11 ] Darcy Ribeiro , citando Simonsen, fala em 300 mil indios capturados e escravizados pelos bandeirantes paulistas, nao obstante a maioria dos paulistas da epoca serem descendentes de indios pela linha materna, e serem falantes de uma lingua de base tupi . [ 20 ]

Porem, o momento historico para a exaltacao da figura do bandeirante surge na decada de 1930 . O presidente Washington Luis , representante da oligarquia paulista, foi derrubado pela juncao de forcas de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul , que alcou Getulio Vargas a presidencia. Sao Paulo novamente perdeu seu poder politico, e os bandeirantes surgem outra vez como elemento de uniao dos paulistas. [ 11 ] [ 12 ] [ 13 ] Segundo Katia Maria Abud, "no recrutamento dos cidadaos para pegar em armas, convinha omitir a divisao de classes e os interesses de grupos. Uma causa maior se levantava, e ela tinha o irresistivel apelo de um heroi historico". [ 12 ] Segundo Raimundo, esse periodo foi marcado por um forte sentimento de superioridade de Sao Paulo em relacao ao resto do pais, e o estado era metaforicamente tratado como "a locomotiva que carrega vinte e dois vagoes". Nesse contexto, o bandeirantismo surgia como o modelo de brasilidade, com base na busca de Sao Paulo pela hegemonia politica do Brasil. [ 11 ] [ 12 ]

Durante a Revolucao de 1932 , surgiu a expressao " paulista de quatrocentos anos ", "pela qual as familias mais antigas cultuavam sua ancestralidade e acreditavam pertencer a uma raca privilegiada". [ 12 ] Livros sobre a genealogia paulista foram relancados e, segundo Raimundo, "podemos dizer que esse grupo foi buscar na genealogia do seculo XVIII os elementos necessarios para a afirmacao de uma tradicao inventada". [ 11 ] Porem, menos da metade da populacao de Sao Paulo era descendente de colonizadores. Era necessario, portanto, ampliar o privilegio para que imigrantes , negros e indios tambem pegassem em armas. No fim, Sao Paulo perdeu a guerra de 1932, porem o mito bandeirante continuou. Segundo Adub, "O paulista se alimenta dessa mitologia para elaborar sua propria imagem, criando uma alegoria de igualdade, se nao fisica, pelo menos moral, que acaba disfarcando os conflitos de classe". [ 12 ]

Ver tambem [ editar | editar codigo-fonte ]

Referencias

  1. ≪Um Governo de Engoncos: Metropole e Sertanistas na Expansao dos Dominios Portugueses aos Sertoes do Cuiaba (1721-1728)≫ . www.academia.edu . Consultado em 12 de marco de 2016  
  2. [Relatos Sertanistas, Afonso de E. Taunay, Ed. da Universidade de Sao Paulo]
  3. CARVALHO FRANCO, Francisco de Assis, Dicionario de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil, Editora Itatiaia Limitada - Editora da Universidade de Sao Paulo, 1989
  4. a b ALDEN, Dauril. The Making of an Enterprise: The Society of Jesus in Portugal, Its Empire, and Beyond, 1540-1750. Stanford University Press. 1996.
  5. a b TAUNAY, Afonso d'Escragnolle, Historia geral das bandeiras paulistas , 11 volumes, Sao Paulo, Typ. Ideal, 1924-1950.
  6. TAUNAY, Sao Paulo nos Primeiros Anos, Sao Paulo no Seculo XVI , pagina 418, Editora Paz e Terra, 2004.
  7. a b Darcy Ribeiro (2003). O Povo Brasileiro . [S.l.]: Companhia de Bolso . pp. 435?  
  8. A FORMACAO HISTORICA DO OESTE PAULISTA: ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A INTRODUCAO DA IMIGRACAO JAPONESA1
  9. MONTEIRO, John. Negros da Terra. Indios e Bandeirantes nas origens de Sao Paulo, no sec.XVI . Sao Paulo: Companhia das Letras, 1999.
  10. NAVARRO, E. A. Metodo moderno de tupi antigo: a lingua do Brasil dos primeiros seculos . 3ª edicao. Sao Paulo. Global. 2005. 463 p.
  11. a b c d e f ≪Bandeirantismo e Identidade Nacional≫ . Consultado em 27 de fevereiro de 2016  
  12. a b c d e f g h i ≪Paulistas, uni-vos!≫ . Consultado em 27 de fevereiro de 2016  
  13. a b c ≪Identidade e regionalismo Paulista:Trajetoria e Mutacoes≫ (PDF) . Consultado em 27 de fevereiro de 2016  
  14. Identidade, etnia e autoridade nas Minas Gerais do seculo XVIII: leituras do Codice Costa Matoso
  15. Bandeirantes e pioneiros, Vianna Moog
  16. MONTEIRO, John "Os negros da terra: indios e bandeirantes nas origens de Sao Paulo". Ano: 2009 Editora: Cia das Letras.
  17. a b LA BATALLA DE MBORORE GUARANIES CONTRA BANDEIRANTES , em espanhol, acesso em 1º de outubro de 2017.
  18. a b BATALLA DE MBORORE - MISIONES (1641) , em espanhol, acesso em 1º de outubro de 2017.
  19. Actos en honor al Padre Jose de Arce y Rojas. Misionero, jesuita y martir. Apostol del Paraguay. , em espanhol, acesso em 10 de marco de 2018.
  20. RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro, Companhia de Bolso, fourth reprint, 2008 (2008)

Bibliografia [ editar | editar codigo-fonte ]

  • BORBA. Ensaios Paulistas . Sao Paulo: Editora Anhembi, 1958.
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Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]

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