O
Apolineo e Dionisiaco
e um
conceito
filosofico
e
literario
ou
dicotomia
, com base em certas caracteristicas da
antiga
mitologia grega
. Muitos filosofos ocidentais e autores literarios tem utilizado esta dicotomia em trabalhos criticos e criativos.
Na mitologia grega,
Apolo
e
Dionisio
sao ambos
filhos
de
Zeus
. Apolo e o deus da
razao
e o racional, enquanto que Dionisio e o deus da
loucura
e do caos. Os gregos nao consideravam os dois
deuses
como opostos ou rivais, embora, muitas vezes, as duas divindades foram entrelacadas por natureza.
O Apolineo e o lado da razao e do raciocinio logico. Por outro lado, o Dionisiaco e o lado do caos e apela para as emocoes e instintos. O conteudo de todas as grandes
tragedias
e baseado na tensao criada pela interacao entre esses dois.
Embora o uso dos conceitos de Apolineo e Dionisiaco seja notoriamente ligado a
O Nascimento da Tragedia
de
Nietzsche
, os termos foram usados antes dele na
cultura alema
.
[
1
]
O poeta
Holderlin
os utilizou, enquanto
Winckelmann
falou de
Baco
, o deus do vinho.
Nietzsche usou o conceito na
estetica
, que mais tarde foi desenvolvido filosoficamente, aparecendo pela primeira vez em seu livro
O Nascimento da Tragedia
, que foi publicado em 1872. Sua premissa principal foi de que a fusao dos "
Kunsttriebe
" ("impulsos artisticos") Dionisiaco e Apolineo formava as artes dramaticas, ou
tragedias
. Ele continua a argumentar que esta fusao nao tenha sido alcancado desde as tragedias gregas antigas.
Nietzsche
afirma que as obras de
Esquilo
e
Sofocles
representam o apice da criacao artistica, a verdadeira realizacao da tragedia; ele afirma que e com
Euripides
que a tragedia comeca sua queda ("
Untergang
"). Nietzsche critica o uso do racionalismo
socratico
(a
dialetica
) por Euripides, em suas tragedias, alegando que a infusao da
etica
e
razao
rouba da tragedia sua fundacao, o fragil equilibrio de Dionisiaco e Apolineo.
Para continuar a divisao, Nietzsche diagnostica a
Dialetica Socratica
como sendo doente, na forma em que ela trata de observar a vida. O academico
dialetico
e diretamente oposto ao conceito de Dionisiaco, porque ele so busca negar a vida; ele usa a razao para desviar, mas nunca para criar. Socrates rejeita o valor intrinseco dos sentidos e das ideias ''superiores'' da vida. Nietzsche afirma em "
A Gaia Ciencia
"
de que, quando Socrates bebe a cicuta, ele ve a cicuta como a cura para a vida, proclamando que ele tem estado doente por um longo tempo. (Artigo 340.) Em contraste, a existencia do Dionisiaco constantemente procura afirmar a vida. Seja em prazer ou dor, sofrimento ou a alegria, a inebriante folia de Dionisio tem para a vida em si supera a doenca Socratica e perpetua o crescimento e o florescimento visceral da forca da vida.
A interacao entre o Apolineo e o Dionisiaco e aparente, Nietzsche afirmou, em
O Nascimento da Tragedia
, na
tragedia grega
: o heroi tragico do drama, o protagonista, se esforca para fazer ordenar seu destino injusto, e ele morre insatisfeito no final. Para o publico de tal drama, Nietzsche afirmou, esta tragedia nos permite o sentido subjacente da essencia, o que ele chamou de "Unidade Primordial", que revive a nossa natureza Dionisiaca ? que e quase indescritivelmente prazerosa. No entanto, mais tarde, ele abandonou este conceito dizendo que era "...um fardo com todos os erros da juventude", o tema geral foi uma especie de consolo metafisico ou conexao com o coracao da criacao.
Diferente das ideias sublimes de
Kant
, o Dionisiaco e todo-inclusivo, em vez de afasta-lo do espectador como uma sublime experiencia. As necessidades sublimes distanciam a critica, enquanto o Dionisiaco exige um grau de experiencia. De acordo com Nietzsche, a distancia critica, que separa o homem de suas emocoes mais proximas, origina-se nos ideais Apolineos, que separa-lo de sua essencial conexao com o eu. O Dionisiaco abraca a natureza caotica de tal experiencia como importante; nao apenas por si proprio, mas como ele esta intimamente ligado com o Apolineo. O Dionisiaco amplia o homem, mas apenas na medida em que ele percebe que ele e um e o mesmo com todas as demandas da experiencia humana. A divindade unica e de extrema importancia na visao Dionisiaca, pois esta relacionado com o Apolineo, porque ele enfatiza a harmonia que pode ser encontrado dentro de uma experiencia caotica.
A ideia de Nietzsche tem sido interpretada como uma expressao da
consciencia fragmentada
ou instabilidade existencial por uma variedade de modernos e pos-modernos escritores, especialmente
Martin Heidegger
,
Michel Foucault
e
Gilles Deleuze
.
[
2
]
[
3
]
De acordo com
Peter Sloterdijk
, o Dionisiaco e o Apolineo formam uma dialetica; sao contrastantes, mas isto nao significa que Nietzsche queria que um fosse mais valorizados que o outro.
[
4
]
E sim a primordial dor, nossa existencia ser determina pela dialetica Dionisiaco\Apolineo.
A utilizacao do Apolineo e do Dionisiaco em um argumento sobre a interacao entre a mente e o ambiente fisico, fez Abraao Akkerman ter apontado para as caracteristicas masculina e feminina da dialetica.
[
5
]
A
antropologa
Ruth Benedict
, usou os termos para caracterizar culturas que valorizam a moderacao e modestia (Apolineo) e outras ostensivas e o excesso (Dionisiaco). Um exemplo de uma cultura Apolinea na analise de Benedict sao os povos
Zuni
em oposicao aos Dionisiacos povos Kwakiutl.
[
6
]
O tema foi desenvolvido por Benedict em sua obra principal
, Padroes de Cultura
.
A academica americana de ciencias sociais,
Camille Paglia
, escreve sobre o Apolineo e o Dionisiaco em seu best-seller,
Sexual Personae
(1990).
[
7
]
As grandes linhas de seu conceito e emprestado de Nietzsche, admitido influencia, embora as ideias de Paglia divirjam significativamente.
Os conceitos de Apolineo e o Dionisiaco compoem uma dicotomia que serve como base da teoria da arte e cultura de Paglia. Para Paglia, o Apolineo e luz e estruturadora, enquanto o Dionisiaco e escuro e
ctonico
(ela prefere
Ctonico
para Dionisiaco ao longo do livro, argumentando que este ultimo conceito tornou-se sinonimo de
hedonismo
e e inadequado para os seus objetivos, declarando que "o Dionisiaco nao e nenhum piquenique."). O
Ctonico
esta associado com o
sexo feminino
, selvagem/natureza caotica e sexo sem restricao/procriacao. Em contraste, o Apolineo e associado com o sexo masculino, a clareza, o celibato e/ou a homossexualidade, a racionalidade, solidez, juntamente com o objetivo orientado para o progresso: "Tudo otimo, na civilizacao ocidental, provem da luta contra nossas origens."
[
8
]
Ela argumenta que ha uma base biologica para a dicotomia Apolineo/Dionisiaco, escrevendo: "A disputa entre Apolo e Dionisio, e a disputa entre o superior
cortex
e o antigo
limbico
e cerebro reptiliano."
[
9
]
Alem disso, Paglia atribui todo o progresso da civilizacao humana para a masculinidade, revoltando-se contra as forcas da natureza Ctonico e virando-se para o traco Apolineo de ordenar a criacao. O Dionisiaco e uma forca do caos e da destruicao, que e o irresistivel e sedutor, o estado caotico da natureza selvagem. A sociedade e construida na rejeicao ou combate aos Ctonicos pelas virtudes Apolineas, que seria a suposta razao para o predominio de homens (incluindo
assexual
e homens homossexuais; e mulheres
lesbicas
) na
ciencia
, a
literatura
, as artes, a tecnologia e a politica. Como um exemplo, Paglia afirma: "A orientacao masculina da
Atenas classica
era inseparavel de seu genio. Atenas tornou-se grande, mas por causa de sua
misoginia
."
[
10
]
Referencias
- ↑
Adrian Del Caro, "
Dionysian Classicism, or Nietzsche's Appropriation of an Aesthetic Norm
", in
Journal of the History of Ideas
, Vol. 50, No. 4 (Oct.
- ↑
Michael, Drolet.
The Postmodernism Reader
. [S.l.: s.n.]
- ↑
Postmodernism and the re-reading of modernity By Francis Barker, Peter Hulme, Margaret Iversen, Manchester University Press,1992,
ISBN 978-0-7190-3745-0
p. 258
- ↑
Thinker on Stage: Nietzsche's Materialism, translation by Jamie Owen Daniel; foreword by Jochen Schulte-Sasse, Minneapolis, University of Minnesota Press, 1989.
- ↑
Akkerman, Abraham (2006).
≪Femininity and Masculinity in City-Form: Philosophical Urbanism as a History of Consciousness≫
.
Human Studies
.
29
(2): 229?256.
doi
:
10.1007/s10746-006-9019-4
- ↑
BENEDICT, R. (1932), CONFIGURATIONS OF CULTURE IN NORTH AMERICA.
- ↑
Paglia, Camille (1990).
- ↑
Paglia, 1990, p. 40
- ↑
Paglia, 1990, p. 96
- ↑
Paglia, 1990, p. 100.