Alexander Sutherland Neill

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Alexander Sutherland Neill
Alexander Sutherland Neill
Neill, fotografado por filha no seu aniversario
Nascimento 17 de outubro de 1883
Forfar , Angus , Escocia
Morte 23 de setembro de 1973
Aldeburgh , Suffolk , Inglaterra
Ocupacao Educador

Alexander Sutherland Neill (Forfar, Angus , 17 de outubro de 1883 ? Aldeburgh , Suffolk , 23 de setembro de 1973 ) foi um educador e escritor escoces , fundador da escola Summerhill .

Ficou famoso por defender a liberdade das criancas na educacao escolar e por ser pioneiro na aplicacao teorica da gestao democratica nas escolas.

No campo da Educacao , Neill desconstroi as supostas “verdades” que formavam parte do quadro de valores da epoca quando despreza a visao cientificista de origem positivista que exalta a primazia do(s) metodo(s) de ensino cartesiano na formacao do individuo por este esquecer-se de dar valor a sensibilidade e aos afectos, condutores da felicidade do individuo enquanto aprendiz. [ 1 ]

Biografia [ editar | editar codigo-fonte ]

Filho de uma numerosa familia, seu pai, um mestre-escola duma zona rural, usava um bastao de ferro para disciplinar a classe. Apesar disso nao fez o curso secundario no periodo regular como seus sete irmaos. Timido e pouco amigo dos livros, adorava trabalhar com as maos. [ 2 ] Mesmo assim, trabalhou um tempo como auxiliar do seu pai e aos 25 anos de idade foi para a Universidade de Edimburgo onde se graduou em Ingles, e foi editor de arte de uma revista em Londres . [ 2 ]

Em 1914 , se tornou diretor de uma pequena escola em Gretna Greem e la escreveu A Dominie Log (Diario de um Mestre-Escola), o seu primeiro livro. Ja nessa publicacao, manifesta seu descontentamento com a escola tradicional.

Em 1917 visitou Little Commonwealth , uma instituicao para jovens delinquentes que funcionava com base no principio do autogoverno ou autogestao. Homer Lane , que coordenava o reformatorio, introduziu-lhe dois elementos que foram essenciais em sua pratica pedagogica: o autogoverno e a importancia do bem-estar emocional das criancas.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial , deu aulas em King's Alfred , um colegio londrino considerado progressista, mas nao pode fazer grandes transformacoes no ensino. [ 2 ]

E ai que em Agosto de 1921 resolve fundar a International School , que mudou de sede por algumas vezes ate se estabelecer num casarao de estilo vitoriano em Leiston , condado de Suffolk , a 160 quilometros de Londres , passando entao a se chamar definitivamente ate hoje Summerhill School . [ 2 ]

Casou duas vezes. Sua segunda mulher, Ena Wood Neill, administrou Summerhill junto com ele por algumas decadas ate que a filha do casal, Zoe Readhead , assumiu o cargo.

Summerhill [ editar | editar codigo-fonte ]

Na area da educacao, o educador britanico Homer Lane foi a principal influencia de Neill. Ele tambem era um grande admirador e amigo do psicanalista Wilhelm Reich e se dedicava aos estudos da teoria freudiana .

O autor acreditava que a felicidade e fundamental para o desenvolvimento das criancas e que essa felicidade tem origem num senso de liberdade das mesmas. Para ele, as escolas tradicionais privam de liberdade seus alunos e as consequencias da infelicidade vivida pelas criancas reprimidas estao na origem da maioria dos problemas psicologicos da vida adulta.

A fundacao de Summerhill deu formato as propostas pedagogicas de Neill, distintas da linha hegemonica da epoca. Sustentava que os jovens devem ser estimulados a aprender em um ambiente de liberdade e de responsabilidade.

Seus principios se opunham ate as propostas da Escola Nova , considerada de vanguarda. Segundo ele, ela propunha mudancas didaticas mas nao fazia ainda referencia a modificacoes na sociedade [ 2 ] como gostaria que acontecesse. [ 3 ] Isso porque achava que os distintos representantes do referido novo movimento escolar se equivocavam ao desenvolver metodos elaborados que se preocupam primordialmente com o desenvolvimento cognitivo do ser humano, deixando de lado aquilo que para ele era o mais importante, ou seja, a dimensao afectiva. Portanto, ele nao so rompe com a divisao cartesiana corpo e mente, intelecto e emocoes, como ele despreza os metodos (da maneira como eram concebidos teoricamente) por completo em sua escola. Segundo Neill, a unica maneira de se conceber a educacao era pensa-la como uma etapa essencial e favoravel a formacao de seres humanos felizes. [ 1 ]

Influenciado pelo pos- I Guerra Mundial , o autor parte do principio de que a humanidade esta doente e essa doenca decorre do tratamento repressivo que as criancas recebem. Responde a isso afirmando que toda crianca tem direito a liberdade e que um grupo de criancas se autorregula, estabelecendo em conjunto as proprias normas. " Para resumir, meu ponto de vista e que a educacao sem liberdade resulta numa vida que nao pode ser integralmente vivida. Tal educacao ignora quase inteiramente as emocoes da vida, e porque essas emocoes sao dinamicas, a falta de oportunidade de expressao deve resultar, e resulta, em insignificancia, em fealdade, em hostilidade. Apenas a cabeca e instruida. Se as emocoes tivessem livre expansao, o intelecto saberia cuidar de si proprio. " (NEILL, 1963, p. 93)

Em Summerhill, as criancas nao sao obrigadas a assistir as aulas e, alem disso, as decisoes da escola sao tomadas em assembleias onde todos votam, incluindo professores, alunos e funcionarios. Para o autor, a experiencia nessa escola mostrou que, sem a coercao das escolas tradicionais, os estudantes orientam sua aprendizagem atraves do seu proprio interesse, ao inves de orientar pelo que lhe e imposto.

Neill acreditava que as criancas eram naturalmente sensatas, realistas, boas e criativas. Quando educadas sem interferencias dos mais velhos, seriam capazes de se desenvolver de acordo com sua capacidade, seus limites e seus interesses, sem nenhum tipo de trauma. " Toda e qualquer interferencia por parte dos adultos so as torna robos ", afirmava. As intervencoes, segundo ele, roubavam a alegria da descoberta e a autoconfianca necessaria para a superacao de obstaculos, causando sentimentos de inferioridade e dependencia, duas fortes barreiras para a felicidade completa. [ 2 ]

Assim na sua escola, nenhum adulto tem mais direitos que uma crianca, todos tem direitos iguais. Nesse sentido o autor destaca a diferenca entre os conceitos de liberdade e licenca. Para Neill todos devem ser livres, porem isso nao implica numa liberdade sem limites. Ninguem tem licenca para interferir no espaco de outra pessoa e, ao mesmo tempo, todos tem total liberdade para fazerem o que quiserem no que disser respeito a si proprio. Por isso que ninguem deve determinar quais aulas uma crianca deve frequentar. Mas, ao mesmo tempo, ninguem tem direito de atrapalhar uma atividade coletiva. Liberdade nao pode significar direito de fazer o que bem quiser a hora que quiser. Excesso de liberdade se transforma em licenciosidade.

Neill criticava a escola tradicional tambem por enfatizar demais o lado racional das pessoas, em detrimento do lado emocional. Nesse sentido, em sua escola o teatro, a danca, os trabalhos manuais, ganham um destaque grande frente as disciplinas tradicionais. As aulas das materias convencionais existem, mas nao sao o centro da escola.

Como diretor, ele dava aulas de algebra, geometria e trabalhos manuais. Geralmente dizia que admirava mais aqueles que possuiam habilidades para o trabalho manual do que aqueles que se restringiam ao trabalho intelectual. Durante um periodo trabalhava individualmente com alguns alunos numa especie de sessao de terapia. Apos algum tempo abandonou esse trabalho individual, pois concluiu que com as sessoes ou sem os alunos resolviam seus problemas de qualquer forma. A liberdade era a responsavel por isso.

Obras [ editar | editar codigo-fonte ]

  • 1960 : Liberdade sem medo ( Summerhill: A Radical Approach to Child Rearing )
  • 1966 : Liberdade sem excesso ( Freedom - Not License! )
  • 1967 : Liberdade, Escola, Amor e Juventude ( Hearts Not Heads in the School , 1945 )
  • 1967 : Liberdade no lar ( The problem family , 1949 )
  • 1967 : Liberdade na escola ( Talking of Summerhill )

Como citar as obras [ editar | editar codigo-fonte ]

  • NEILL, A. S. (1945) Liberdade, Escola, Amor e Juventude . (Hearts Not Heads in the School). 1ª edicao (1967) Sao Paulo: IBRASA).
  • NEILL, A. S. (1960) Liberdade sem medo . 1ª edicao (1963) Sao Paulo: IBRASA,
  • NEILL, A. S. (1966) Liberdade sem Excesso . (Freedom - Not License!). 1ª edicao (1966) Sao Paulo: IBRASA.

Ver tambem [ editar | editar codigo-fonte ]

Referencias

  1. a b Alexander Neill, por Fernanda Diniz, Izabel de Almeida e Silva, Julita Benevides e Livia Lage, Propostas e Apostas Pedagogicas em Educacao Infantil, 3 de Junho de 2012
  2. a b c d e f ≪Pedagogia Alexander S. Neill, por Paola Gentile, Educar Para Crescer, 1 de Julho de 2011≫ . Consultado em 6 de fevereiro de 2014 . Arquivado do original em 4 de marco de 2014  
  3. Veemente critico da burguesia puritana e dos valores sociomorais que regiam a sociedade capitalista ocidental dos seculos XIX e XX, Neill demonstra uma crenca genuina na transformacao da ordem social a partir do trabalho e da consciencia de cada membro da sociedade. Nao que ele tivesse a pretensao utopica de formar seres revolucionarios que viessem a marcar a historia contribuindo para uma revisao do sistema vigente. No entanto, pode-se dizer que a critica social e a mola propulsora que o leva a criar uma experiencia pedagogica transgressora como e o caso de Summerhill. Acreditando que a transformacao individual e a unica via para se questionar e possivelmente mudar a estrutura social, Neill pensa e cria na sua escola as bases para que seu projeto pedagogico seja totalmente coerente com seu ideal politico Alexander Neill, por Fernanda Diniz, Izabel de Almeida e Silva, Julita Benevides e Livia Lage, Propostas e Apostas Pedagogicas em Educacao Infantil, 3 de Junho de 2012

Ligacoes externas [ editar | editar codigo-fonte ]

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