Adriano Monteiro do Amaral
(
Povoa de Varzim
,
21 de Marco
de
1941
?
Porto
,
25 de Maio
de
2010
) foi um
artista plastico
,
professor
,
restaurador
e
perito
portugues
.
Adriano do Amaral, Porto, 1960
Nasceu na
Povoa do Varzim
,
[
1
]
[
2
]
onde viveu ate aos onze anos com os seus pais e as irmas Lina, Gena e Julia.
Em
1952
a familia deixa a Povoa, o pai Adriano, sua mae Teresa e seus quatro filhos, mudam-se definitivamente para a cidade do Porto, na busca de melhores oportunidades de estudo para os seus filhos.
No Porto, iniciou os seus estudos artisticos em
1956
na
Escola Soares dos Reis
, onde foi aluno de
Antonio Cruz
e Mendes da Silva.
Esta escola e fundamental para o seu percurso artistico, foi la que descobriu o desenho, a pintura e a escultura. Cultivou amizades, em especial com professores que o acompanharam toda a vida.
Auto-retrato, oleo sobre madeira, 1974
Em
1960
matriculou-se no curso superior de pintura da
Escola de Belas Artes
do
Porto
, tendo como principal referencia
Lagoa Henriques
, no entanto nao se adaptou.
Abandonou a
FBAUP
em
1964
, apos ter entrado em conflito com o professor de pintura, pediu entao transferencia para a ESBAL de
Lisboa
, onde encontra o seu grande amigo, mais tarde seu cunhado, o filosofo Carlos Amorim.
Vive intensamente Lisboa, onde estuda na
ESBAL
, paralelamente trabalha no
Instituto Jose de Figueiredo
e desenvolve trabalhos de conservacao com Edmundo Silva.
Foi tambem bolseiro da Fundacao Calouste Gulbenkian,
[
3
]
realizou trabalhos no
Museu de Arte Antiga
e conclui o curso da
ESBAL
em
1967
.
Oleo sobre madeira, 1967
Apos uma temporada em
Roma
e
Florenca
, regressa ao
Porto
em
1968
, periodo em que se acentua a sua paixao pela cultura classica, que mais tarde surge na sua pintura nos anos 80.
Em Setembro desse mesmo ano, inicia a sua atividade como professor na Escola Preparatoria de
Anadia
.
Alto-mar, 1975
No inicio dos anos 70 desenvolve um conjunto de trabalhos, com o titulo "Portugal que se despede". Talvez por influencia da sua estadia em
Italia
, estes trabalhos estao mais proximos do
neorrealismo
do cinema italiano.
Em
1973
e convidado a abrir a Escola C+S D.Duarte em
Baiao
e escreve um livro com o titulo "Estudo do Movimento".
Em
1975
e professor em S. Pedro da Cova, onde foi fundador do Museu Mineiro. Adriano Amaral empenhou-se entao, na preservacao das minas e deste patrimonio industrial, no momento de grande crise em que estavam todas a encerrar. A construcao do museu foi vital para salvar a memoria da regiao.
O museu foi inaugurado em
1976
.
E tambem na decada de 70, que realiza alguns trabalhos como cenografo para varios grupos de teatro amador.
Em
1977
nasce a sua fase
surrealista
, um surrealismo
mitologico
, muito inspirado na cultura classica, que se confronta com todo o universo freudiano da psicanalise. Sente-se seduzido pelo surrealismo de
Cruzeiro Seixas
e fascinado pelo filme de
Alfred Hitchcock
"
Spellbound
" de
1945
.
Em
1980
abre na cidade do
Porto
, o Atelier de Restauro Adriano do Amaral, espaco que foi responsavel pela recuperacao de vasto conjunto de patrimonio artistico, tanto de instituicoes como de particulares.
Esta era uma antiga ambicao sua, por em pratica todos os conhecimentos, experiencia que adquiriu no
Instituto Jose de Figueiredo
e o
Museu de Arte Antiga
.
A
peritagem
e a investigacao passaram a fazer parte do processo de recuperacao dos objetos artisticos, assim como a sua classificacao.
[
4
]
Ao longo de 40 anos aplicou novos processos e metodologias de investigacao, que foram fundamentais na identificacao, de perto de um milhar de obras falsificadas de artistas famosos.
Na pintura ao longo de toda a decada de 80, continua a trabalhar em redor do surrealismo Freudiano e o mundo dos sonhos.
[
5
]
[
6
]
Nesta fase surrealista, a cidade do Porto e frequentemente transportada como cenario de fundo em varios das suas pinturas, devido ao seu amor pela cidade.
Em
1989
pinta o retrato do
Duque da Ribeira
.
DNA, 1992
A partir dos anos 90, o seu surrealismo vai-se desconstruindo, transformando-se em linguagens que cruzam varios movimentos artisticos do seculo XX, em especial o cubismo.
Nesta decada de 90, o seu atelier de restauro da particular atencao a instituicoes, em especial o patrimonio da
Igreja Catolica
.
Foram assim realizadas algumas obras de grande dimensao, exemplo disso foi o caso enorme teto da Igreja S.Cipriano em
Pacos de Brandao
.
[
7
]
Por iniciativa do padre Joaquim Correia inicia-se um processo longo para salvar esta obra de arte das "chamas", pois o teto iria ser destruido na remodelacao da igreja. Esta foi uma intervencao profunda orientada por Adriano Amaral, que recuperou totalmente esta peca importante do nosso patrimonio, que mais tarde durante o processo se veio a descobrir ser da autoria de Domingos Teixeira Barreto.
Em meados dos anos 90 numa peritagem no seu atelier,
[
8
]
descobre um auto-retrato de grandes dimensoes de
Edgar Degas
, uma obra importante que estava perdida e desconhecida da historia da arte.
O feliz proprietario era um emigrante portugues em franca, que recebeu este quadro por heranca de seu pai, mas que desconhecia o seu real valor e autor. Mais tarde o proprietario vendeu o quadro em leilao em 1996, na
Sotheby's
.
Em
2001
, encerra a sua atividade como professor dando a sua ultima aula na C+S Pero Vaz de Caminha.
Nos seus ultimos anos, viveu intensamente o atelier, mergulhado na sua pintura, no estudo e na investigacao.
A sua pintura cada vez mais simplificada, desagua em um minimalismo que seria abandonado perto da sua morte.
A sua ultima fase surge em meados de
2007
, leva-nos para um retorno ao inicio do seu percurso artistico, como um circulo que se fecha.
A mulher volta a ser figura central, mulheres sentadas ou deitadas numa atmosfera azul, esperam adormecidas pelo nosso olhar.
A fase azul fica assim inacabada.
Adriano Amaral encerrou o atelier poucas semanas antes de sua morte, apos 35 anos de atividade.
Faleceu em
15 de maio
de
2010
.
Casou-se com Maria de Fatima Amorim em
25 de Julho
de
1970
.
Filho, Carlos Manuel do Amaral, nascido
1971
(Amaral), nome artistico.
Filho, Ricardo Fernandes do Amaral, nascido em
1980
, professor.
-
Natureza morta, 1958
-
Teatro Bonfim, 1961
-
Porto, 1964
-
Antonio, 1964
-
Lisboa, 1966
-
Roma, 1968
-
Roma, 1968
-
Florenca, 1968
-
Teatro, 1970
-
Fotografia, 1971
-
Escultura, 1971
-
Auditorio, 1973
-
Baiao, 1973
-
Livro Estudo do Movimento, 1973
-
Recreio, 1973
-
Portugal, 1974
-
Chapeu da educacao, 1974
-
Escultura, 1976
-
Colagem, 1976
-
Fotografia, 1977
-
Universo dos sonhos, 1977
-
Catalogo de Exposicao, 1984
-
Porto, 1988
-
Duque da Ribeira, 1989
-
1998
-
Formas, 2005
-
2008
Referencias
- ↑
O Comercio da Povoa de Varzim
. Povoa de Varzim, 4 de setembro de 1986, p. 6
- ↑
Voz da Povoa.
Povoa de Varzim, 18 de setembro de 1986, p. 6
- ↑
O Comercio do Porto.
Porto, em 31 de dezembro de 1994, p. 4
- ↑
O Primeiro de Janeiro, volume aniversario.
Porto, em 1 de dezembro 1983, p. 20, 21
- ↑
O Comercio do Porto, jornal.
Porto, em 5 de abril de 1984.
- ↑
O Primeiro de Janeiro.
Porto, em 8 de abril de 1984.
- ↑
Revista Jornal Noticias, volume 56
. Porto, 1991, p. 16, 17, 18, 19, 20, 21
- ↑
Jornal Noticias.
Porto, em 15 de outubro de 1992, ultima pagina.