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Caras-pintadas ? Wikipedia, a enciclopedia livre

Caras-pintadas

movimento estudantil brasileiro

Os caras-pintadas foi o movimento estudantil brasileiro realizado no decorrer do ano de 1992 que teve, como objetivo principal, o impeachment do presidente do Brasil na epoca, Fernando Collor de Mello .

Caras-pintadas em manifestacao em frente ao Congresso Nacional, em Brasilia, em setembro de 1992

O movimento baseou-se nas denuncias de corrupcao que pesaram contra o presidente e, ainda, em suas medidas economicas impopulares, e contou com a adesao de milhares de jovens em todo o pais . O nome "caras-pintadas" referiu-se a principal forma de expressao e simbolo do movimentas cores verde e amarelo pintadas no rosto dos manifestantes. [ 1 ]

Origens editar

As origens do movimento remontam ao final da decada de 1980 e inicio da decada de 1990, epoca em que os estudantes brasileiros, representados pela Uniao Nacional dos Estudantes e pela Uniao Brasileira dos Estudantes Secundaristas , tiveram grande protagonismo nas lutas sociais do pais. Tal protagonismo deveu-se, sobretudo, as campanhas pela conquista do passe livre nos transportes e da meia-entrada nos cinemas, no ambito da aprovacao da lei organica dos municipios, consequencia da promulgacao recente da Constituicao brasileira de 1988 .

Governo Collor editar

O entao presidente Fernando Collor de Mello havia chegado ao poder, em 1990, sob muitas criticas devido as interferencias de grandes organizacoes empresariais na campanha presidencial. As frentes politicas, lideradas pelo Partido dos Trabalhadores e seu candidato derrotado nas eleicoes ( Lula ), alegaram, na epoca, que os resultados eleitorais haviam sido fruto de manipulacao da opiniao publica , com participacao inclusive e principalmente da Rede Globo de Televisao .

No desenrolar do governo, o presidente Fernando Collor tomou diversas medidas de carater anti-inflacionario, como mudanca de moeda , criacao impostos (IOF) e reducao de incentivos, aumento de tarifas publicas, dentre outras, que ficaram conhecidas por " Plano Collor ". A medida de maior repercussao foi o emprestimo compulsorio ao governo de todo valor mantido na poupanca que excedesse os 50 000 cruzeiros . A medida ficou conhecida popularmente como confisco da poupanca , apesar de nao se ter caracterizado tecnicamente um confisco, ja que o dinheiro seria devolvido.

Corrupcao editar

O irmao do entao presidente da Republica , Pedro Collor de Mello , apresentou a Revista Veja , no inicio de maio de 1992, diversos documentos que indicavam corrupcao no Governo Collor . A revista publicou posteriormente vasto material que implicava em crimes de enriquecimento ilicito, evasao de divisas e trafico de influencia, e comprometia a manutencao de Fernando Collor na Presidencia. A populacao assistiu indignada a escalada de acusacoes de Pedro Collor a seu irmao (o presidente) e a Paulo Cesar Farias (conhecido por PC Farias). As principais entidades civis do pais ( OAB , CNBB , UNE e UBES , centrais sindicais, dentre outras) iniciaram o "Movimento pela Etica na Politica" no mesmo mes. O escandalo PC Farias torna-se a principal noticia no pais.

29 de maio editar

Uma primeira reuniao de estudantes aconteceu em 29 de maio, e chamou a atencao da midia pelo grande numero de pessoas, o forte engajamento politico dos participantes e a forte rejeicao ao presidente.

CPI editar

Uma CPI instalou-se em 1º de junho, e o primeiro a ser ouvido foi o acusador Pedro Collor. Com o desenrolar das investigacoes, as acusacoes foram sendo substancialmente fundamentadas. A imagem que Fernando Collor passou durante a campanha presidencial, de "jovem bon vivant ", "honesto" e "cacador de marajas", agora contrastava com a pessima imagem de "confiscador" e "criminoso" perante a populacao.

Agosto de 1992 editar

 
Presidente Collor , em 1991.

Apos o recesso parlamentar de julho, o Congresso Nacional retomou a CPI que investigava o presidente Collor. Durante o mes de agosto as manifestacoes de repudio ao presidente intensificaram muito.

11 de agosto editar

Uma passeata reuniu cerca de 10 mil pessoas em frente ao Museu de Arte de Sao Paulo (MASP). As reunioes foram marcadas pela irreverencia, diversidade politica e apartidarismo. O movimento ameacava abandonar o vies politico , deixando de lado os partidos. Surgiram as primeiras pessoas com rosto pintado.

13 de agosto editar

O presidente Collor fez um pronunciamento em rede nacional de televisao , pedindo apoio a nacao. O presidente convocou a populacao a vestir as cores nacionais (verde e amarelo) e sair pelas ruas no proximo domingo (dia 16), em resposta aos que o acusavam. Sai nos jornais no dia seguinte (14), quando comeca o prenuncio do que ocorreria.

16 de agosto editar

Milhares de jovens tomaram as ruas das capitais vestindo roupas negras, e com o rosto pintado na mesma cor, em sinal de luto contra a corrupcao . Logo a imprensa noticiou o movimento dos "caras-pintadas", numa referencia a uma insurreicao militar homonima. O domingo ficou conhecido como "domingo negro".

No Rio, mais de 30 mil gritam em coro:

[ 4 ]

25 de agosto editar

O Movimento pela Etica na Politica necessitava de maior empenho da populacao nas manifestacoes contra a corrupcao, para tambem pressionar o Congresso Nacional a favor do impeachment do presidente Collor. As manifestacoes cresceram grandemente com a proximidade da votacao do relatorio final da comissao parlamentar de inquerito. Na manha do dia 25 de agosto, cerca de 400 mil jovens tomaram o Vale do Anhangabau (Sao Paulo). Aderiram em massa os estudantes do Recife (100 mil) e de Salvador (80 mil). Mas em todas as capitais haviam manifestacoes a favor do impeachment.

26 de agosto editar

 
Itamar Franco assumiu o cargo de presidente no pos- impeachment.

Em Brasilia , cerca de 60 mil pessoas fizeram manifestacoes contra o presidente Collor, enquanto o relatorio era votado pelo Congresso. O relatorio foi aprovado com dezesseis votos a favor e 5 votos contra. O pedido de impeachment comecou a ser elaborado pela Camara dos Deputados .

18 de setembro editar

A proximidade da votacao da abertura do processo de impeachment leva novamente milhares de jovens as ruas. Em Sao Paulo , cerca de 750 mil pessoas permaneceram ate as 21 horas. O movimento social passava a dominar a situacao e os rumos do pais.

29 de setembro editar

A Camara dos Deputados vota a favor do processo de impeachment . Foram 448 deputados a favor, 38 contra, 23 ausentes, 1 absteve-se. Nesse momento, ja nao havia apenas estudantes e jovens, mas sim milhoes de pessoas. O comparecimento ao Vale do Anhangabau nao teve estimativa oficial. As pessoas pintavam o rosto de verde e amarelo e tinham a certeza da saida do presidente. Em volta do Congresso Nacional, toda a praca estava tomada por manifestantes a favor do impeachment.

Saida de Fernando Collor editar

No dia 29 de dezembro de 1992, o presidente do Brasil renunciou ao cargo para preservar os direitos politicos . Porem, o Congresso Nacional realizou o julgamento, mesmo apos a renuncia, na inercia dos acontecimentos e evitando desgaste junto a sociedade mobilizada.

Ver tambem editar

Referencias

  1. a b c d ≪Saiba mais sobre os caras-pintadas≫ . Folha de S.Paulo . 30 de abril de 2009 . Consultado em 2 de agosto de 2009  
  2. Revista Istoe. De volta as passeatas. 25 de outubro de 1989
  3. Revista Veja. Pedro Collor Conta Tudo. 27 de maio 1992
  4. ≪Origens: uma historia de trinta anos≫ . PSTU.com.br . Consultado em 11 de Junho de 2015